sexta-feira, 29 de junho de 2012

Porque os crentes fiéis devem reagir aos intensos ataques dos falsos mestres? Com a Palavra, John MaCarthur.



A verdade esta sofrendo ataques intensos, e há poucos guerreiros corajosos dispostos a lutar. Quando estivermos em pé diante do tribunal de Cristo, os crentes da presente geração não poderão justificar a sua apatia, queixando-se de que a luta no conflito pela causa da verdade parecia “sobremodo negativa” para o tipo de cultura a qual vivíamos- ou afirmando que as questões eram meramente doutrinárias” e, portanto, não valiam o esforço.

Lembrem-se de que em Apocalipse 2 e 3, Cristo repreendeu as igrejas que toleravam falsos mestres em seu meio (2.14-16, 20-23). Cristo elogiou especificamente a Igreja de Éfeso por haver examinado as alegações de certos falsos apóstolos e tê-los desmascarado como mentirosos (2.2). As igrejas têm o nítido dever de guardar a fé e agir contra os falsos mestres que se infiltram nelas o próprio Cristo exige isto.

Ao mesmo tempo, precisamos notar, com cuidado que, uma defesa polêmica da fé não é, de modo algum, garantia de uma igreja saudável, e muito menos, de um cristão saudável. Cristo também repreendeu os crentes doutrinariamente sadios de Éfeso por abandonarem o seu primeiro amor (Ap 2.4). Por mais vital que seja o nosso alistamento na guerra pela verdade e na batalha pela nossa fé, mais importante ainda é lembrarmos por que estamos lutando- não meramente pela emoção de vencermos um inimigo ou ganharmos um argumento, mas por causa do amor genuíno a Cristo, que é a encarnação viva e dinâmica de tudo quanto considerarmos verdadeiro e digno de lutarmos em seu favor.

Macarthur, John. In: A guerra pela verdade. Traduzido por Gordon Chown. São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2008. pp. 27, 28.

Por Ericon Fábio

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Um convite Divino


   
     Jesus Cristo viveu nessa terra, como homem, sabendo que o caminho da sua vida o levaria até sua morte em Jerusalém, mais precisamente no Calvário. Ele “manifestou, no semblante, a intrépida resolução de ir para Jerusalém’’. Ninguém o impediria em sua missão de morrer. Tudo estava acontecendo conforme o plano: “Tudo isto ... aconteceu para que se cumprissem as Escrituras dos Profetas’’.

     Como já dito, o Calvário foi o local onde Cristo passou pelo sofrimento e morte de cruz. A estrada do calvário é, em certo sentido, onde sempre Jesus se encontra com um homem – a caminho da cruz. Neste encontro, Ele diz: “Se alguém quer vir após mim, negue a si mesmo, a cada dia tome a sua cruz e siga-me’’, e ainda diz: “quem não toma a sua cruz e vem após mim não é digno de mim’’. É bem verdade que Jesus já trilhou esse caminho: morreu, ressuscitou e reina no céu até que volte.

      A razão desse encontro com Cristo no calvário não é que ele tenha de morrer de novo, mas que nós temos de morrer. Quando ele nos chama a tomarmos nossa cruz, ele na verdade quer dizer, venha e morra. A cruz representava a pior forma de execução da época, e não um objeto para se usar em volta do pescoço.

      Quando sigo a Jesus como Salvador e Senhor, o velho auto-determinado e egocêntrico eu deve ser crucificado. Esse é o caminho da verdadeira vida: “considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus’’.

       Ser companheiro na estrada do Calvário também significa estar disposto a sofrer escárnio por Ele. Se necessário, até mesmo o martírio. “Venceram (a Satanás) pelo sangue do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho que deram e, mesmo em face da morte, não amaram a própria vida’’. O Cordeiro de Deus morreu para que pudéssemos vencer o diabo, confiando em seu sangue e derramando nosso próprio sangue.

     Por que as igrejas estão com cada vez mais pessoas, mas com uma espiritualidade fraca? Pois não se vêem tantos na Estrada do Calvário, morrendo para o pecado, calculando o preço de verdadeiramente seguir a Cristo.

      Jesus nos chama para a estrada do Calvário. Estamos dispostos a viver essa vida dura e boa, que tem conseqüências eternas gloriosas? Como disse Spurgeon:
“Será que um homem que ama o seu Senhor estaria disposto a ver Jesus vestindo uma coroa de espinhos, enquanto ele mesmo almeja uma coroa de louros? Haveria Jesus de ascender ao trono por meio da cruz, enquanto nós esperamos ser conduzidos para lá nos ombros das multidões, em meio a aplausos? Não seja tão fútil em sua imaginação. Avalie o preço; e, se você não estiver disposto a carregar a cruz de Cristo, volte à sua fazenda ou ao seu negócio e tire deles o máximo que puder, mas permita-me sussurrar em seus ouvidos: “Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?”.

Felipe Augusto
Igreja Presbiteriana do Monte Santo
Campina Grande PB

OBS: A partir deste mês, em toda última quinta-feira, teremos um texto de algum irmão de outra igreja reformada, abençoado nossa vidas, nos edificando e engradecendo este espaço.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Batman - Cavaleiro das trevas: Uma análise teo-referente



1. INTRODUÇÃO
No dia 18 de julho de 2008 estreava a continuação de Batman Begins (2005),Batman – Cavaleiro das Trevas (doravante, BCT). Sem dúvida, um dos grandes sucessos do cinema americano dos últimos anos. Nessa introdução queremos evidenciar dados incontestáveis que nos fazem concluir que BCT é uma obra que não somente merece ser avaliada como também é uma fonte apropriada de entendimento do nossozeitgeist (espírito da época).
Em primeiro lugar, a aceitação da massa. BCT foi o terceiro filme mais rentável de todos os tempos.1 Pressupondo que a relação entre filme e sociedade é de natureza retroalimentativa, a aceitação da massa revela muito dela mesma bem como revela a influência da obra no povo. É fato que em 2008 Batman já tinha noventa e nove anos. Pode-se, portanto, implicar que Morcego teve tempo suficiente para criar várias gerações de fãs. Daí a razão de sua aceitação, pode-se sugerir. Mas trata-se de um grande engano explicar a aceitação de BCT somente pelo histórico do seu herói. Os parágrafos seguintes elucidarão a questão.
Segundo, trata-se de um filme que superou as expectativas da crítica especializada. Uma palavra sobre o contexto histórico ajudará a entender melhor. Para muitos, senão a esmagadora maioria dos admiradores de Batman, Batman e Robin (1997) acabou com a reputação do homem-morcego. Denominado de “horrível”, “infantil” (bobo), “sem conteúdo” e “caro”,2 o filme de Joel Schumacher, que estreou em 1997, foi um fracasso de crítica e de bilheteria. Para os fãs do Cruzado Encapuzado3Begins surgiu como o salvador da imagem do Cavaleiro das Trevas. Por outro lado, a aceitação de Batman Begins tanto da crítica quanto da massa criou um clima de ceticismo para com o próximo da série. A razão é simples: tratava-se de uma sequência. Digo, uma sequência de um filme muito bom. Ora, a reação clássica diante de uma sequência é sempre a mesma – descrença e ceticismo.
Entretanto, BCT surpreendeu. A crítica reagiu empolgada4. Muitos deram nota máxima para a segundo filme de Christopher Nolan (diretor). Comentários como os de Lais Cattassini (Cinema com Rapadura) revelam tal empolgação: “impossível não vibrar com cada segundo de filmagem”5. Tiago Siqueira (Cinema com Rapadura) assegura o lado positivo da obra: “Tenso e emocionalmente pesado, ‘Batman - O Cavaleiro das Trevas’ não é só um mero filme, mas uma experiência cinematográfica única. Uma obra-prima absolutamente recomendada”.6
Em terceiro lugar, as atuações premiadas de um grande elenco. O cast contou com figuras renomadas e premiadas como Morgan Freeman (Lucius Fox), Michael Caine (Alfred), Heath Ledger (Coringa), Aaron Eckhart (Dent), Maggie Gyllenhaal (Rachel Dawes).
Em quarto lugar, a morte misteriosa de Heath Ledger. Ledger (Coringa) é um capítulo a parte. O reconhecimento da comunidade especializada foi unânime. MTV Movie Awards (EUA) o reconheceu como o melhor vilão, o Globo de Ouro (EUA), a BAFTA (Reino Unido) e o Oscar (EUA) o reconheceram como melhor ator coadjuvante. Isabela Boscov, comentarista da revista Veja, entende que Ledger elevou o padrão “um degrau acima” da atuação já premiada em Brokeback Mountain. Falando de sua interpretação, Boscov é direta, “é absolutamente antológica”.7 Todas as premiações foram póstumas. Ledger faleceu no dia 22 de janeiro de 2008 – seis meses antes da estréia do filme. Sua morte misteriosa e prematura gerou especulações e criaram todo um clima de mistério em torno do filme. Muitos ligaram sua morte com os efeitos da interpretação de Coringa.
Em quinto lugar, e não menos importante, o conteúdo do filme. A despeito de se tratar de um filme de super-herói (geralmente ligado público infantil), BCT não é somente entretenimento. Não se trata de um filme reduzido a grandes explosões e grandes efeitos especiais. Ele exige inteligência dos seus “leitores”. A razão é simples: BCT levanta grandes questões éticas e filosóficas. Sem dúvidas, não é um filme para crianças. Temas sobre justiça, o papel da lei, seus limites, o verdadeiro papel de um herói, loucura e caos são traçados. Soma-se a isso o fato de que esses mesmos temas não são abordados em pequenos lampejos, mas em grandes diálogos tornando-se a tônica da obra.
2. SINOPSE
Sequência do sucesso de ação Batman Begins, Batman – O Cavaleiro das Trevas, volta a reunir o diretor Christopher Nolan e o astro Christian Bale, reprisando o papel de Bruce Wayne/Batman. Com a ajuda do comissário Jim Gordon e do novo promotor Harvey Dent, Batman se dedica a combater de vez o crime organizado em Gotham. De início, o trio se mostra eficaz, porém eles logo se veem reféns de um poderoso criminoso conhecido como Coringa, que faz Gotham mergulhar na anarquia e força o Cavaleiro das Trevas a chegar mais perto do que nunca de ultrapassar a linha tênue que separa o herói do justiceiro.8

3. COSMOVISÕES SUBJACENTES

3.1. Ausência de Sobrenatural
Batman é um super-herói diferente. É um herói sem poderes sobre-humanos. Não sofreu nenhuma mutação, não veio de outro planeta, é repleto de cicatrizes, tem crises psicológicas, sofre por um amor não resolvido e é perseguido pelo “fantasma” da perca prematura dos seus pais (determinante em quase tudo em sua vida).
Ele não somente ajuda os policiais como também é salvo por eles. Suas virtudes são exclusivamentehumanas. Especificamente, são virtudes intelectuais e físicas (e.g., habilidade nas investigações, grande aptidão em artes marciais e, sem máscara, um excelente homem de negócios). Podemos dizer que Batman é o legítimo e verdadeiro Super-Homem. Por isso é o herói “mais próximo” do seu público.
Essa característica tão marcante do homem-morcego, ignorada por Joel Schumacher em Batman e Robin(1997) foi reverenciada e levada às últimas consequências por Christopher Nolan (diretor) em BCT. Para Nolan, realidade significa ausência do sobrenatural. Isso foi evidenciado em sua tentativa de evitar o uso de recursos computadorizados. Seu objetivo é evitar, ao máximo, no espectador, o referencial de ficção. Não é atoa que todas as explosões são reais.
Uma das cenas grandiosas do filme é a destruição do hospital de Gotham. Aqui Nolan não fez qualquer manipulação de imagem. Um prédio real foi destruído. No filme, é Ledger (Coringa) que aciona os explosivos. Foi exatamente isso que aconteceu.
Outro exemplo se dá com os equipamentos do Batman. Todos são reais. Sua moto, assim com sua armadura, realmente existem e podem ser utilizadas na prática. Essa busca contumaz por uma maior realidade determinou o custo do filme (180 milhões de dólares) bem como a rejeição de alguns personagens como Pingüim. Para Nolan, o Pingüim destoava do universo realista dessa série.
A realidade (ausência do sobrenatural) do Batman também pode ser vista em suas limitações. Em uma das cenas primorosas do filme, o Coringa coloca Batman em um dilema: ou ele salvaria a vida de sua amada (Rachel) ou a vida do promotor público (Dent). Revelando as limitações do herói, o Piadista afirma: “Você não pode fazer nada com toda sua força”. E realmente Batman não consegue. Aliás, ele não consegue salvar nenhum deles.
Um dos efeitos dessa busca pela realidade (sem sobrenatural) é nos aproximar do herói, sua história, seus sentimentos, bem como seus ideais. A priori se você tem uma boa saúde, muito dinheiro e um ideal, você também pode ser um Batman. Porém, como ele, não resolverá todos os dilemas da vida.
3.2. Moral e Ética
Os heróis convencionais seguem as regras. Eles não mentem (geralmente omitem), não invadem a privacidade de trinta milhões de pessoas e não torturam. Não é assim com o Batman. É fato que há certo e errado em BCT. Em outras palavras, há moral para o Cruzado Encapuzado. Porém, isso não é o mesmo que seguir a ética vigente. Ética e moral são distintos. O primeiro pode ser mudado e violado enquanto o segundo deve ser obedecido.
Batman vai além do conceito convencional de herói. Segundo o filme, ele é melhor que um herói. A obra deixa patente que ser herói não basta. Ele é o agente do bem, mas não pode estar preso às amarras da ética. Alfred, seu mordomo e conselheiro, afirma que Batman é a única pessoa que pode tomar a decisão correta, pois ele está além da lei, ele não responde à lei, ele está “nas trevas”.
Para BCT, a verdade e o legal são utópicos. Apesar de existir certo e errado, sua aplicação é irreal.Alguém tem que se sacrificar. Alguém que não está preso às amarras da ética convencional. Em sua carta de despedida, Rachel, amiga e amada por Batman, afirma: “O mundo vai sempre precisar do Batman”. Respeitando o contexto da declaração, ela quis dizer que nunca vai surgir um herói “sem máscaras” que siga as regras plenamente – um cavaleiro branco.
Como todo homem sem referencial fora de si mesmo, Batman tem suas próprias regras. Tem moral, mas é ele quem a determina. Sua ética não é baseada em um senso moral a priori (infinito e universal). “[…], a posição moral de Batman se origina de uma apreciação da complexidade do comportamento humano e das formas extremas que ele pode assumir” 9. Sua única regra é não matar. Porém, essa regra está ligada a sua experiência de orfandade prematura e traumática.
A postura de Batman lembra o viver autêntico do existencialismo de Martin Heidegger.10 Segundo o Coringa, poucos se encaixam nessa categoria. Batman e o próprio Coringa seriam um desses. Um (Batman) escolheu combater o crime, o outro (Coringa) escolheu o cinismo e a loucura. A máfia bem como a polícia, por outro lado, são “idiotas” (palavras do Coringa) porque, como a grande maioria, é escrava do sistema. Segundo Joker (Coringa), “o código de honra deles é uma piada (joke) ruim”.
A tese do Coringa é que as pessoas são tão boas quanto o mundo (sistema) permite. Não há uma regra universal. No primeiro sinal de problema ou pressão, o ser humano abandona seus códigos éticos. Se o sistema permitir, diz o Coringa, as pessoas devorariam umas as outras. “Anomalias” como Batman e Coringa seguem sua “vida autêntica”. A diferença, afirma o Coringa, é que agora o sistema precisa do Batman, por isso o aceita, mas logo o expulsará como a um leproso. Para o Piadista (Joker) sua rejeição se dá por estar na vanguarda. Ele está além do Batman. O homem-morcego ainda está preso às regras. E para o Coringa, o único jeito de viver de uma forma sensata é não ter regras.
Há certa indefinição e/ou incoerência na postura moral do Batman. Ora ele parece ser um deontologista11quando não somente não consegue matar o Coringa [talvez sua única regra] como também o salva e luta com a culpa de mortes que não foi o responsável direto;12 ora é um perfeito adepto do pragmatismo e/ou utilitarismo quando se sacrifica sendo odiado escolhendo a mentira como consolo para o povo. Batman é um enigma entre o mocinho e o ladrão, entre o que é correto fazer e o que é, de certa forma, ilimitado pela maldade, crueldade ou o desejo de realizar, pelo mal, o inimaginável. Ele faz o que é moralmente certo, mas “nas trevas”, ou seja, é um fora da lei.
3.3. Pessimismo
A realidade e proximidade do Batman para com o ser humano não são moldadas pelo romantismo do modernismo. Por mais que o herói seja inteligente, hábil fisicamente, possua ideologia e seja um dos homens mais ricos do mundo, ele não resolve tudo. Aliás, ele não consegue resolver seus próprios problemas.
O objetivo do herói do filme é dos mais nobres: inspirar o bem. No entanto, sua existência atrai criminosos cada vez mais loucos como o Coringa. Com toda sua força o herói perde sua amada, e, nas palavras do promotor Dent (aprovadas pelo próprio Batman), ele não passa do produto da indiferença e/ou crítica do povo. Aquele em quem Batman aposta suas fichas para ser o verdadeiro herói de Gotham, o herói sem máscara e seguidor da lei, acaba se tornando um criminoso – chamado posteriormente de Duas Caras.
O pessimismo não está presente somente no insucesso de Batman, mas na relação de dependência ontológica entre o bem e o mal na qual Batman e Coringa estão presos e são seus estereótipos. O filme coloca o bem como uma resposta ao mal, enquanto o mal só existe porque há o bem para combatê-lo. Coringa diz para Batman: “Eu te matar? Eu não quero te matar, você me completa...”. Em outro diálogo Coringa diz: “acho que nós dois estamos destinados a fazer isso para sempre”.
Batman é um homem tentando resolver os problemas do seu povo. Porém, sem sucesso. O Coringa é um louco, autodenominado agente do caos, que tem seus planos, ora são realizados com sucesso, ora são frustrados. Batman e Coringa representam a luta sem fim entre bem e mal.
Há uma máxima que sintetiza o filme. Ela aparece tanto no início como no fim da obra. Primeiro na boca do promotor público (Harvey Dent), posteriormente pela boca do próprio Batman. Segue: “Ou você morre herói ou vive o bastante para ver você mesmo se tornar vilão”. Esse aforismo é realizado tanto na vida do promotor que começa como a grande solução para Gotham e se torna um assassino movido pela vingança e termina com Batman que assume os crimes que não cometeu para manter a imagem do promotor. Ou seja, se alguém planeja fazer o bem, só poderá morrer herói se morrer cedo, caso contrário, se tornará um vilão (pela prática ou pela reputação). É uma questão de tempo. Nada mais pessimista.
3.4. Esperança Existencialista
Se a eternidade é cíclica e o mal e o bem sempre existirão, o que fazer, então? Batman prefere a fé (esperança) na mentira do que a verdade que não produz esperança. Segue seu último diálogo no filme logo após a morte do símbolo de esperança – o promotor Harvey Dent denominado “Cavaleiro Brilhante”: 
– As pessoas vão perder a esperança (Comissário Gordon).
– Não vão não. Eles nunca vão saber o que ele fez (Batman).
– Cinco mortos. Dois policiais. Não se pode varrer isso (Gordon).
– Não. O Coringa não pode vencer. Gotham precisa de um herói de verdade (Batman).
– Não. (Gordon)
– Ou você morre herói ou vive o bastante para ver você mesmo se tornar vilão. Eu posso ser as duas coisas. Porque não sou herói. Não como Harvey. Eu matei aquelas pessoas. É o que sou (Batman).
– Você não é (Gordon).
– Eu sou o que Gotham precisar […] Às vezes a verdade não basta. As pessoas merecem mais. Às vezes as pessoas merecem ter sua fé recompensada. (Batman).13

Destaque para sua última declaração. Para Batman, a dura realidade de uma vida sem esperança pode ser substituída pela mentira (aqui no caso não é o mesmo que omissão). Para o Cavaleiro das Trevas, a recompensa para fé é a realização da mesma, mesmo que seja um embuste. O que não se pode é parar de esperar. A mentira é um mal menor diante da falta de esperança. Nesse mundo de injustiças o povo precisa acreditar. É isso que move as pessoas.
4. MOMENTOS DE VERDADE

4.1 Os Limites da Justiça Humana
Em Eclesiastes 3:1-15 nos assegura que Deus tem um plano grandioso que abarca todos os homens e suas ações em todo o tempo. O homem não decide o seu nascimento e uma vez vivo descobre que pode morrer e ele não decidiu isso. O mesmo acontece com os vegetais. É Deus quem controla todas as coisas. Nesse mesmo contexto o autor nos revela que Deus colocou a eternidade no nosso coração sem dá condições de resposta sobre o princípio e o fim. Precisamos de Deus, precisamos de Sua revelação sobre a vida, os valores, o certo, o errado e o bem. Em 3:16-4:16 o autor apresenta algumas anomalias e aparente contradições que podem ser implicadas do que acabou de assegurar: o controle de Deus. O verso 11 diz que Deus fez tudo “formoso”. Mas, o verso 16 diz: “Vi ainda debaixo do sol que no lugar do juízo reinava a maldade e no lugar da justiça, maldade ainda”.
O Pregador observa que aonde deveria ter justiça encontramos maldade. Diante desse quadro aonde lançar nossas esperanças? O texto responde: “Então, disse comigo: Deus julgará o justo e o perverso; pois há tempo para todo propósito e para toda obra” (3.17). Em outras palavras, não justiça plena enquanto o homem for seu único agente.
O filme revela as limitações que a lei (queda) impõe na aplicação da justiça “maior” (criação). Não dá para fazer o certo estando “preso” à lei. Por duas razões: as limitações da própria lei bem como as limitações dos que a aplicam (queda). Usando a terminologia do filme, é preciso fazer a justiça “nas trevas”.
A constatação de que não se alcança verdadeira justiça pela força do homem é correta (queda). Não são poucos os que procuram justiça nos meios convencionais e experimentam frustração. Esperar pela justiça “dos homens” é esperar demais. O grande diferencial se dá em como devemos reagir diante de tal constatação (redenção). Aqui os cristãos se separam tanto do Coringa quanto do Batman. Os cristãos confiam em Deus. Romanos 12.19 é claro: “…não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor”. Além disso, o reconhecimento das limitações das leis não nos impelem a aceitar tudo da lei.
O herói das trevas, como nos mitos antigos, não deixa de ser (ou querer ser) um deus que resolve tudo com suas próprias mãos (queda). Como cristãos, ficamos com a constatação, porém mudamos na reação. Lutamos reconhecendo nossas limitações esperando que no final a justiça plena venha por meio de Deus (redenção).
4.2. Tendência ao mal
Antes de adentrar ao assunto, faz-se necessário descrever uma cena crucial: O Coringa coloca explosivos em duas barcas. Em uma delas estão “civis inocentes” (terminologia do filme), em outra, somente presos (condenados por roubo, morte etc.). O detonador dos explosivos da balsa dos presos ficou no poder dos cidadãos comuns enquanto o detonador dos explosivos da balsa dos “inocentes” ficou com os prisioneiros. O Coringa orienta ambas as balsas de que às 00:00h ele vai explodir ambas caso uma delas não esteja já destruída. Ou seja, o barco que destruir o outro, estará livre. A hora chega e nenhum barco destrói o outro. Diante desse quadro Batman diz ao Coringa: “O que você quer provar? Que lá no fundo todos são podres [ugly] como você? Só você é podre […] “Essa cidade acabou de mostrar que está cheia de pessoas que só acreditam no bem”14.
O fato é que o Coringa nesse ponto está certo. A maioria do barco dos “civis inocentes” decide por explodir o outro barco. E no barco dos presidiários, um grupo decide matar o responsável pelo barco para explodir o outro. Ambos os barcos querem explodir o outro, mas, ou não têm coragem (o barco dos “inocentes”) ou falta oportunidade (o barco dos condenados). Não faltou vontade (desejo), faltou coragem e oportunidade.
Em resposta ao Batman, o Coringa afirma que o espírito da cidade não se corrompeu completamente ainda, mas quando souberem dos atos “heroicos” do promotor (assassinou cinco pessoas) as cadeias vão ficar cheias. Ele (Coringa) colocou Harvey Dent no mesmo nível dele e do Batman. Ele agora fazia parte do grupo dos fora da lei. Segundo o Coringa, isso não foi difícil.
Batman no fundo acredita no Coringa, por isso escolhe mentir sobre o Harvey assumindo seus crimes. Ele sabe que, no fundo, o povo vai se rebelar ao saber que o promotor, a esperança de Gotham, é um assassino. Essa é a tendência da humanidade. Nas palavras do Coringa: “A loucura é como a gravidade, basta um empurrãozinho”. Se o sistema permitir, afirma o piadista, “as pessoas civilizadas comerão umas as outras”.
5. Respostas Bíblicas para Algumas Questões

5.1. O Sistema e o Indivíduo
No filme a população ou a “massa” muda de acordo com as condições. Apoia o Batman, no entanto, logo após o Coringa começar a matar pessoas ameaçando não parar até a revelação do mascarado, todos queriam a revelação de sua identidade; o que significava o fim de sua vida de herói e o começo de uma vida de prisioneiro.
Segundo o Coringa: “Loucura é como a gravidade, basta um empurrãozinho”. O Coringa defende a ideia de uma influência determinante do sistema nos indivíduos. Para ele, se colocarmos (e isso inclui o sistema) as pessoas em situações de tensão que elas revelarão quem realmente são – loucas e sem moral. Isso fica claro quando afirma que “as pessoas são tão boas quanto o mundo (sistema) permite”. O próprio Batman acredita nisso, quando no final do filme entendeu que a mentira sobre uma instituição (promotoria pública) era o melhor para o povo.
A perspectiva Teo-referente, por outro lado, assegura que nossa cosmovisão é o produto do nosso coração pecaminoso e apóstata somado às estruturas psíquico-sociais e histórico-culturais (e.g., educação [formal, e principalmente familiar nos primeiros anos de vida], cultura regional, relacionamentos, meios de comunicação). O relacionamento dessas duas nuanças (interna e externa) da construção da cosmovisão humana deve ser entendido como camadas sobrepostas. O coração (substrato interno da existência humana) é a matriz primordial seguida das camadas supracitadas.
Pressupondo uma antropologia bíblica, o homem, devido ao pecado, consequentemente, não interpreta a vida de forma neutra ou vazia como se fosse, nas palavras do empirista inglês John Lock, uma tabula rasa. Pelo contrário, o coração humano é religioso por natureza e após a queda esse coração continua sendo para-Deus, porém em rebelião.
As Escrituras nos revelam que essa esfera ou dimensão que chamamos de “coração” é a mais profunda do nosso ser (self), e por isso, inacessível a toda forma de análise ou procedimento de sondagem empírica (cf. Sl. 139.23, 24; Jr. 17.10). O acesso só se dá pela Palavra através do Espírito (1Co 2.13-15; Hb 4.12). A mudança radical de uma cosmovisão, portanto, é o que a Escritura chama de “regeneração” (Jo 3.3,4; Tt 3.5).
Em síntese, o sistema tem seu papel na formação das cosmovisões, porém não é determinante. Caso aceitássemos tal postulado eliminaríamos a culpa do indivíduo. “A idolatria [no sentido de pecado] é um problema profundamente enraizado no coração e poderosamente impingido sobre nós pelo ambiente social”15. A complexidade do ser humano não permite que façamos declarações como as que o Coringa fez. Nossa tendência, sim, é para o mal. Mas como ele se revelará é outra história. O mal não tem só uma cara (Cl 2.23; 2Co 5.12; 2Co 11.14).
5.2. O bem e o mal
Muitas são as propostas que têm se levantado diante da problemática do bem e o mal – sua existência, origem, relação com Deus e entre si. Alguns têm diminuído o poder de Deus (teísmo aberto); outros versam que o mal não passa de uma ilusão (Budismo), o que gera outro problema: a ilusão do mal. Outros adotam a visão do Coringa. Entendem o bem e mal como entidades de dependência ontológica. O filme (através do Coringa) assegura que o bem como uma resposta ao mal, enquanto o mal só existe porque há o bem para combatê-lo. Coringa diz para Batman: “Eu te matar? Eu não quero te matar, você mecompleta...”16
Para os reformadores o mal é definido como privatio actuosa. O ponto aqui é que o mal não pode existir em si e de si mesmo. Ele depende da corrupção do bem. A relação de dependência seria equivalente à do ferro e a ferrugem. O primeiro não depende do segundo para existir, mas o contrário é fato.
A incoerência de Coringa é facilmente refutada. Se o bem depende do mal, o mal passa a ser um bem encoberto. “Mas o mal do qual Deus extrai o bem é um mal verdadeiro. Da traição cometida por Judas contra Jesus vem o ato redentor da cruz, mas isso de forma alguma minimiza a perversidade do ato de Judas”.17 Nessa concepção, para experimentar bem, o próprio Deus deveria experimentar o mal.
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 1cf.http://oglobo.globo.com/cultura/mat/2008/08/10/_batman__cavaleiro_das_trevas_lidera_bilheteria_nos_eua_pela_quarta_semana-547664910.asp Acesso em: 09 de setembro de 2009, 09:28:21. Último segundo IG disse: O novo filme do Batman, “O Cavaleiro das Trevas”, bateu todos os recordes de bilheteria nas sessões do final de semana nos cinemas dos Estados Unidos. A estréia deixou bem atrás a marca sem precedentes conseguida por “O Homem Aranha”. cf.http://ultimosegundo.ig.com.br/cultura/2008/07/21/santo_blockbuster_batman_o_cavaleiro_das_trevas_arrasa_nas_bilheterias_1459434.html. Acesso em: 09 de setembro de 2009, 09:35:19.
 2 cf. Alguns comentário em www.cineplayers.com/filme.php?id=1251. Acesso em 16 se setembro de 2009; 10:29:13. Segundo Diego Sapia Maia, "O problema é que Batman & Robin não deixa espaço para interpretações, investindo em bobagens e clichês" (cf. www.cinepop.com.br/criticas/batman4.htm Acesso em 16 de setembro de 2009, 10:33:41). Leonard Maltin disse que "a história frequentemente não fazia sentido" e que "a ação e os efeitos são altos, enormes e entorpecentes" (cf. http://pt.shvoong.com/books/1694892-batman-robin/ Acesso 16 de setembro de 2009, 10:37:51). Leandro Gantois diz que "Quem poderia imaginar que depois de tantos anos de carreira o diretor Joel Schumacher iria fazer a maior besteira de sua vida, tantos sucessos e obras inteligentes no passado não foram suficientes para encobrir a porcaria feita neste quarto filme da série baseada no Homem-Morcego, o Batman" (cf. www.cinemaemcena.com.br/Critica_Detalhe.aspx?id_critica=2218&id_tipo_critica=1 Acesso: 16 de setembro de 2009; 10:42:11).
3 Outro nome para Batman3 Outro nome para Batman
4 cf. Crítica do New York Times:http://movies.nytimes.com/2008/07/18/movies/18knig.html?scp=2&sq=
July%2018%202008&st=cse. Acesso em: 22 de setembro de 2009; 09:22:41.
5http://www.cinemacomrapadura.com.br/criticas/1191/batman__o_cavaleiro_das_trevas_(the_dark_knight_batman_begins_2_2008) Acesso em: 10 de setembro de 2009, 11:17:10 [itálico nosso].
6http://www.cinemacomrapadura.com.br/criticas/1197/batman__o_cavaleiro_das_trevas_(the_dark_knight__batman_begins_2_2008) Acesso em: 10 de setembro de 2009, 11:20:45.
7 cf. http://veja.abril.com.br/videos/cinema/batman-cavaleiro-trevas-393880.shtml acesso: 17 de setembro de 2009; 09:01:12.
8 cf. site oficial: http://wwws.br.warnerbros.com/thedarkknight/ acesso: 17 de setembro de 2009; 09:30.
9 HOWARD, Jason J. Noites Escuras e o chamada da Consciência. em IRWIN, William (coord.). Batman e a Filosofia – o cavaleiro das trevas da alma. São Paulo: 2008, p.182.
10 Segue uma definição de homem autêntico: Honesto para consigo mesmo sobre o que está ou não sob nosso controle, leva à sério inevitabilidade da morte bem como assume a responsabilidade total pela direção de sua vida e deixa claro o propósito e o significado daquilo que faz. Aqui vale lembrar as palavras de Chesterton: “É mais verdadeiro dizer que um homem que confia em si mesmo certamente fracassará” (CHESTERTON, G. K. Orthodoxy, Massachusetts: Hendrickson, 2006, p.10).
11 A figura mais influente da ética deontológica é grande filósofo Immanuel Kant. Segundo Jensen: “A contínua recusa de Batman em matar, enquanto prossegue em sua missão, ainda que seja o Coringa, é um exemplo perfeito do compromisso dele com uma razão moral deontológica” (JENSEN, Randall M. A Promessa de Batman. Em IRWIN, William (coord.) op. cit., p. 85).
12 Em um dos diálogos com Batman, Coringa declara “Você é mesmo incorruptível”. E continua: “Você não vai me matar por algum senso equivocado de falso moralismo”.
13 BATMAN cavaleiro das trevas. Direção: Christopher Nolan. Produção: Emma Thomas, Charles Roven, Christopher Nolan, Los Angeles: Warner Bros. Entertainment, 2008, DVD 1 (152 min).
14 BATMAN cavaleiro das trevas. Direção: Christopher Nolan. Produção: Emma Thomas, Charles Roven, Christopher Nolan, Los Angeles: Warner Bros. Entertainment, 2008, DVD 1 (152 min).
15 POWLINSON, David. Ídolos do Coração e Feira das Vaidades: vida cristã, motivação individual e condicionamento sociológico. Brasília: Editora refúgio, 1996, p. 33.
16 A versão portuguesa diz: “eu preciso de você”.
17 SPROUL, R. C. Razão para Crer. São Paulo: Mundo Cristão, 1997, p.85.

Rômulo A. T. Monteiro


Intercâmbio feito por Rodrigo Ribeiro
@rodrigolgd

terça-feira, 26 de junho de 2012

Não há distinção no amor de Deus


           Esse texto é fruto de um desabafo feito na rede social Facebook, onde comentei que critiquei aqueles que acreditavam que a melhor coisa para uma pessoa com transtorno mental é estar presa em um Hospital Psiquiátrico, pois isso era para o "bem da sociedade". Como estudante de Psicologia, que não busca 'curar' vida, mas sim 'ajudar', me vi em meio a uma revolta tão angustiante que passei a pensar até onde realmente vai o nosso amor ao próximo?

Em Mateus 22:39-40 fala: "E o segundo, semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas." Jesus dizia antes que o primeiro mandamento é "Amarás o Senhor, teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento".

                Como cristã já pude ouvir algumas pregações sobre amar o próximo e percebi que muitos irmãos ficam consternados por não acreditarem na possibilidade disso acontecer, existem sim muitos destes que não pregam o 'Amarás ao teu próximo como a ti mesmo' por falta de credulidade de que isso possa acontecer realmente de todo o coração. Como amar aquele seu pai que te abandonou quando criança? Ou aquela pessoa que já te fez tanto mau? Ou para complicar ainda mais: como amar aquela mãe que jogou seu bebê recém-nascido em um caminhão de lixo? Confesso que não é fácil não, mas o próprio Jesus nos fala em Mateus 5:43-44: "Ouvistes que foi dito: Amarás ao teu próximo, e odiarás ao teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem", atento ao versículo 46 que fala "Pois, se amardes aos que vos amam, que recompensa tereis? não fazem os publicanos também o mesmo?".

                Muitos cristãos pregam esse amor ao próximo, mas não o vivem. Quando surge uma única oportunidade de julgar e deixar de lado o outro o fazem sem nem pensar duas vezes.

Mas o nosso Deus é sempre misericordioso para com todos nós, como vemos em Romanos 10:12-13: "Porquanto não há distinção entre judeu e grego; porque o mesmo Senhor o é de todos, rico para com todos os que o invocam. Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo." Então cremos no Deus que pode tudo. Se Ele nos fala em Sua palavra que todo aquele que crê será salvo, então temos que crê que podemos e devemos sim amar nossos irmãos e nossos inimigos, deixando claro que não me agrado dessa palavra inimigo, por ela ter um peso muito grande.

O agir Deus vai além do que imaginamos, de modo que temos que obedecer em nossas vidas o que a Bíblia nos diz, ainda mais sendo um dos mandamentos mais importantes. Cristo sabe até onde vai a nossa força e capacidade de amar, então podemos e devemos fazer a Sua vontade, pois Ele é mais do que misericordioso para conosco.

Encerro o texto lembrando-se de um evento da UMP onde fomos entregar cestas básicas em um bairro da cidade. Nesse dia eu me encontrava muito triste, mas ao entrar naquelas casas e conhecer aquelas vidas me senti extremamente tocada pelo amor de Deus, onde Ele me mostrava o quanto existe pessoas carentes de amor, então me dei conta que devemos sim amar os nossos próximos, os nossos inimigos, ou aqueles distantes porque esse amor de Deus é tão grande que não devemos ser egoístas com esse sentimento. Fui para casa nesse dia meditando nisso e percebendo o quanto temos que nos compadecer das vidas, o quanto precisamos ser luz e mostrar a verdadeira face do amor em nossas vidas.

Que a graça e a paz de Deus estejam com vocês.
LARYSSA LOBO

segunda-feira, 25 de junho de 2012

UMP Indica: João Alexandre canta Carinhoso


A indicação de hoje será direcionada a todos que tem sensibilidade e gostam de notar os traços que refletem a glória de Deus nas mais belas e preciosas manifestações de arte, naquilo que se convencionou chamar de Graça Comum (leia mais sobre isto). Perceber toda a verdade de Deus que emana de uma bela canção, envolta na mais tenra poesia, deve encher nossa alma de admiração pela criação de Deus.

Este vídeo trata-se da interpretação da música “Carinhoso” de Pixinguinha, um dos mais ilustres compositores da Música Popular Brasileira do século passado. Quem interpreta esta linda e clássica canção de amor é João Alexandre, renomado e talentoso artista cristão, no Congresso Vida Nova de Teologia 2010.

Aprecie esta bela manifestação artística, perceba os raios de criatividade que se originam na luz do próprio Criador, e conheça um pouco mais sobre a história desta canção tão bela.

Assista:


Rodrigo Ribeiro
@rodrigolgd

sexta-feira, 22 de junho de 2012

A Soberania de Deus Remove a Vanglória do Homem ? Com a palavra Charles H. Spurgeon

“Pois ele diz a Moisés: Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia
e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão” (Romanos 9.15). 

Nessas palavras, o Senhor reivindica, da forma mais clara possível, o direito de outorgar ou reter sua misericórdia, de conformidade com sua própria vontade. Assim como um monarca está investido da prerrogativa de conceder vida ou morte, assim também o Juiz de toda a terra tem o direito de poupar ou condenar o culpado, conforme Lhe parecer melhor.

Os homens, por causa de seus pecados, perderam todo o direito diante de Deus e, portanto, merecem a perdição eterna. E, se todos eles buscarem seus direitos  na presença dEle, não encontrarão qualquer fundamento para suas reivindicações. Se o Senhor age para salvar alguém, Ele o faz de modo que os objetivos de sua justiça não sejam distorcidos. No entanto, se Ele acha melhor deixar os condenados sofrerem a justa sentença, ninguém pode chamá-Lo a juízo. Tolos e imprudentes são todos os discursos que se referem aos direitos dos homens serem colocados na mesma condição diante de Deus. Ignorantes, se não forem algo pior, são as contenções contra a graça discriminadora de Deus; tais contenções expressam a rebeldia da natureza humana orgulhosa contra o trono e a autoridade de Jeová. 

Quando Deus nos mostra nossa ruína completa, nosso infeliz merecimento e a justiça do veredicto divino contra o pecado, nunca mais contestamos a verdade de que o Senhor não tinha qualquer obrigação de salvar-nos; não murmuramos diante do fato de que Ele resolveu salvar outros, como se estivesse nos causando dano, mas sentimos que, se Ele desejou volver-se para nós, isso foi um ato espontâneo de bondade imerecida da parte dEle, pelo que bendiremos para sempre o seu nome.

Como poderão aqueles que são objeto da divina eleição adorar de forma suficiente a graça de Deus? Eles não têm motivo para se gloriarem, pois a soberania divina exclui com eficácia qualquer motivo. Somente o Senhor deve ser glorificado; a própria noção do mérito humano será lançada na vergonha eterna. Nas Escrituras, não existe uma doutrina que seja mais humilhante ao homem do que a da eleição; uma doutrina que mais promova a gratidão e, conseqüentemente, seja mais santificadora. Os crentes não devem temê-la, e sim regozijarem-se nela, em adoração.  

FONTE: Revista Fé Para Hoje, Editora Fiel.

Felipe Medeiros


quinta-feira, 21 de junho de 2012

A fé que derruba o gigante

Sol a pino. Tensão no ar e um objetivo: derrubar um obstáculo que ninguém mais conseguiu. Conseguir o impossível. Essa era a missão de Davi: derrubar um gigante. Olhando de baixo da sua estatura, Davi enfrentou um homem que, há quarentas dias, atemorizava os guerreiros de sua tribo e contra o qual ninguém queria lutar (I Samuel 17).

Diariamente, nós também temos os nossos Golias para enfrentar. Às vezes passamos por problemas difíceis, que parecem não ter solução, e, comumente, nos flagramos desanimados, querendo abandonar a batalha. Como derrubar os Golias que subitamente aparecem em nosso caminho, querendo nos levar ao chão? Se observarmos a postura de Davi, frente ao seu desafio, podemos encontrar 03 posturas que podem responder essa pergunta.

1- Davi não se preocupou em armar-se para a guerra: Quantas vezes, diante das adversidades, nos preocupamos em traçar estratégias, escolher as melhores armas, palavras, atitudes, para proceder? Davi não se preocupou com isso. Saul até tentou vestir-lhe com uma armadura, mas, como não tinha prática no uso daquela vestimenta, ele recusou a peça (I Samuel 17: 38-39). A falta de armas não o fez desfalecer e, a única coisa que ele portou para enfrentar seu rival, foi “cinco pedras lisas do ribeiro” (I Samuel 17: 40).  Davi sabia que Deus proporcionaria o momento certo e armas corretas para enfrentar o gigante, “porque Deus é a minha defesa” (Salmos 59:17).

2- Davi não duvidou da sua vitória e não temeu o inimigo: Quando Davi foi apresentado a Saul, para duelar com o gigante, o rei lhe disse: “Contra este filisteu não poderás ir para pelejar com ele; pois tu ainda és moço, e ele homem de guerra desde a sua mocidade” (1 Samuel 17:33).  Davi não se abalou com essas palavras e disse a Saul: “o Senhor me livrou das garras do leão, e das do urso; ele me livrará da mão deste filisteu” (1 Samuel 17:37). Aquele que sabe que Deus está à frente dos problemas, não deve desvanecer, nem esquecer tudo o que Ele já fez, pois, como diz o próprio Rei Davi: “Senhor, quem é como tu, que livras o pobre daquele que é mais forte do que ele?” (Salmos 35:10).

3- Davi colocou Deus à frente de sua batalha: Ao se deparar com o gigante, Davi não estremeceu, ele apenas falou:Tu vens a mim com espada, e com lança, e com escudo; porém eu venho a ti em nome do Senhor dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem tens afrontado” (1 Samuel 17:45). Neste momento, Davi colocou Deus à frente de sua luta e, com apenas uma pedra lisa, ele derrotou seu adversário. Ele transpôs seu obstáculo, mas não foi Davi, foi Deus quem o guiou até a vitória. Foi a voz de Deus que o levou a derrotar o gigante. Faltava-lhe estatura, força, armas, mas não lhe faltou Deus. Quando Deus está à frente de nossas angústias, nada é motivo de temor, pois “muitas são as aflições do justo, mas o Senhor o livra de todas” (Salmos 34:19).

Nos percalços da vida, será que estamos deixando Deus nos guiar ou estamos querendo ensinar a Deus os caminhos que Ele deve nos direcionar? Será que estamos enfrentando nossos gigantes com fé ou com desconfiança? Jesus disse: “se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e há de passar; e nada vos será impossível” (Mateus 17:20). Que possamos ter mais fé, durante as adversidades da vida, e que Deus nos capacite a dizer: “És o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e em Ti confiarei” (Salmos 91:2).
Andrea Grace

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Prefiro ser mais que vencedor: Um paralelo entre Damares e Los Hermanos

Veja este trecho da canção antropocêntrica abaixo:

Deus vai bradar, anunciar em alta voz pra o universo ouvir,

Eis que um novo vencedor está chegando ai,
E vai impactar o mundo com a sua história...
Ele surgiu do anonimato dentro de um vale escuro e frio,
Venceu na terra de gigantes, grandes desafios,
Foi provado e aprovado, agora é só vitória...

Agora é só vitória,

Agora é só vitória,

A prova acabou,

A luta foi embora,
Agora é só vitória...

(Damares, música: Um Novo Vencedor)

Agora pense comigo, será se Deus realmente quer que eu seja o centro de seu plano a ponto dEle bradar ao universo que eu sou vencedor? Não seria o contrário quando deveríamos proclamá-Lo ao mundo?! Romanos 11:36 deixa claro quem é o centro de tudo.

Lamentavelmente é este tipo de canção que tem inundado as igrejas mundo afora. “Agora é só vitória, a prova acabou...” é a grande mentira da capas de jornais e programas televisivos.

É dessa forma que o evangelho vai sendo vituperado e se tornado em uma ciranda maluca onde o homem e suas vontades deleitam-se no centro.

O conceito de vencedor citado e tão vivido pelo apóstolo Paulo tem sido escandalosamente adulterado. Muitos evangélicos querem ser vencedores com contas bancárias gordas, carros do ano, apartamentos a beira mar, abraçando uma vida de luxúria e longe de tribulações, doenças, escassez. Contudo Paulo não se envergonhou de sua vida de provações e disse ao Filipenses que importa não somente crer em Cristo, como também padecer por Ele (Fp 1:29).

Então não posso afirmar que Paulo foi vencedor? – Não! Segundo esta canção da Damares, infelizmente o apóstolo Paulo seria o mais fútil dos homens desta terra.

Pessoal, o Evangelho Genuíno nos ensina a sermos mais que vencedores. Pedagogiza-nos a andarmos acima das circunstancias. Nos outorga a darmos graças em tudo e a vivermos para Glória dEle.

Cristo é o centro. Somos pó e cinza. Se as bênçãos terrenas nos alcançarem, Glória a Ele. Se elas tardarem ou não aparecerem, lembraremos da eterna glória e honra com que Deus vai nos brindar nos céus. Como disse Teresa de Ávila, "Deus é o bastante".

Entretanto, após ler e ouvir esta incauta canção “Um Novo Vencedor” não podia perder a oportunidade pra ratificar que não quero ser este tal vencedor, preferindo assim cantar: "Eu que já não quero mais ser um vencedor, levo a vida devagar pra não faltar amor”.

O Vencedor
(Los Hermanos)

Olha lá, quem vem do lado oposto
Vem sem gosto de viver
Olha lá, que os bravos são
Escravos sãos e salvos de sofrer
Olha lá, quem acha que perder
É ser menor na vida
Olha lá, quem sempre quer vitória
E perde a glória de chorar
Eu que já não quero mais ser um vencedor
Levo a vida devagar pra não faltar amor

Olha você e diz que não
Vive a esconder o coração

Não faz isso, amigo
Já se sabe que você
Só procura abrigo
Mas não deixa ninguém ver
Por que será?

Eu que já não sou assim
Muito de ganhar
Junto às mãos ao meu redor
Faço o melhor que sou capaz
Só pra viver em paz

“Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou” (Rm 8:37)

 Antognoni Misael 
(Um parceiro que sempre nos choca com seus escritos de qualidade e graça!)


Intercâmbio feito por Rodrigo Ribeiro
@rodrigolgd

terça-feira, 19 de junho de 2012

A Mediação de Cristo na Salvação


No texto anterior, falei sobre vários aspectos nos quais a mediação de Cristo nos assiste e nos permite acesso ao Senhor Deus soberano. Pois bem, o primeiro aspecto citado foi o da salvação.

                Para começar a falar sobre isto, temos que remontar à criação. Deus cria o homem, conforme sua imagem e semelhança provendo tudo de que ele precisava (Gn 1. 26-31). O objetivo de Deus para o homem[1] era plenamente e perfeitamente cumprido. Mas uma das orientações de Deus foi quebrada  (Gn 3), fazendo o homem morrer conforme Deus advertira (Gn 2.16-17).  E aqui chegamos ao ponto crucial da história. Vamos discorrer um pouco sobre o capítulo 3. Do versículo 1 ao 5 vemos Satanás com a velha história de que o homem pode ser igual a Deus, ou até mais que Deus. O versículo 6 apresenta um outro fato importantíssimo na história da humanidade. Homem e mulher caem na tentação de Satanás e desobedecem a Deus, desgraçando toda a humanidade e toda a criação.  A partir de agora, o homem está morto e perde a doce e harmoniosa comunhão que gozava com o Criador. O versículo 7 apresenta o momento no qual eles se percebem neste estado miserável de total depravação e  afastamento de Deus.

                E a mediação de Cristo, aonde entra? Vejamos, pois. Com o pecar, o homem morre espiritualmente (Rm 3.23), afasta-se de Deus e passa a desejar tudo o que afronta a Santidade de Deus. Nos versículos de 14 a 21, Deus impõe os castigos pela desobediência e começa a manifestação de sua graça. E aqui chegamos. O homem está morto em seus delitos e pecados, totalmente depravado e sem condições nenhuma de voltar-se para Deus. Então era preciso um meio, um MEDIADOR. E no versículo 15 o Senhor apresenta a maravilhosa promessa do Messias Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”. Este descendente da mulher, que pisará a cabeça da serpente é ninguém menos que o Senhor Jesus Cristo.  O que a serpente fez? Destruiu o homem por causa do pecado e o afastou de Deus. O que Jesus fez? Destruiu a obra do Diabo, estabelecendo-se como caminho de volta para Deus (Jo 14.6). Jesus media nossa relação com Deus que era de dívida por causa do pecado e fatalmente nos conduziria a condenação, pagando esta conta na cruz do calvário, e chamando os eleitos para, por meio Dele, retornarem ao Pai. E este sacrifício é figurado no versículo 21, quando Deus fez vestimenta de peles (animais) para vestir o homem e a mulher. Houve sacrifício. Somente o sacrifício de Jesus pode cobrir e limpar a vergonha dos nossos pecados.

                E esta é a razão pela qual nossa salvação é obra de Deus por meio de Jesus, pois não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos (At 4.12).

Deus nos abençoe

Presb. Cicero Pereira
@ciceroeiris


[1] Catecismo Maior de Westminster  1. Qual é o fim supremo e principal do homem?
Resposta. O fim supremo e principal do homem e glorificar a Deus e gozá-lo para sempre.
Rom. 11:36; 1 Cor. 10:31; Sal. 73:24-26; João 17:22-24.