sábado, 2 de abril de 2016

Jeová Tsidekenu – Justiça nossa



Jeremias: 23. 5. Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, sendo rei, reinará e procederá sabiamente, executando o juízo e a justiça na terra. 6. Nos seus dias Judá será salvo, e Israel habitará seguro; e este é o nome de que será chamado: O SENHOR JUSTIÇA NOSSA. 7. Portanto, eis que vêm dias, diz o Senhor, em que nunca mais dirão: Vive o Senhor, que tirou os filhos de Israel da terra do Egito; 8. mas: Vive o Senhor, que tirou e que trouxe a linhagem da casa de Israel da terra do norte, e de todas as terras para onde os tinha arrojado; e eles habitarão na sua terra.

Diante da situação do nosso país, é de extrema importância que o cristão tenha uma cosmovisão bíblica sobre tudo o que tem ocorrido (assim como deve ter em toda sua vida). Tendo a certeza de que Cristo está reinando, soberanamente. Essa convicção certamente refletirá no nosso modo de agir, pensar e nos posicionar.

O caos no nosso país está instaurado. Estudiosos políticos divergem ao buscar as causas da crise e em quando o Brasil começou a entrar em colapso. O governo está envolvido em esquemas de lavagem de dinheiro, seus opositores, em crimes de corrupção. Não se pode vislumbrar uma saída que solucione os problemas da nossa crise política e econômica. Como se não bastasse o governo e oposição corruptos, outras esferas da nossa sociedade também estão corrompidas.

Nossa sociedade tem seus valores subvertidos dia após dia. (1) Defender a união de homossexuais, por exemplo, é, na visão do mundo, é um avanço e conservar os valores da família nos moldes bíblicos é um retrocesso. (2) O papel do marido e da mulher no casamento tem sido furtado por uma sociedade que ataca o sistema de família revelado por Deus. (3) A educação dos filhos cada vez mais nas mãos do Estado e menos da família. (4) A própria corrupção em cada cidadão que age com suborno, sonegação, burlando leis, etc.

Poderíamos chegar a imaginar que só há esperança na Igreja em nosso país. Em nossos pastores do Brasil. Porém, infelizmente, esta é mais uma área afetada. O evangelicalismo no Brasil está doente! (5) Há um suposto crescimento numérico de evangélicos que não mudam nada nos relacionamentos interpessoais. Antes, praticam as mesmas coisas e até piores do que o mundo. (6) Nossas canções “gospel” estão corrompidas com cada vez mais pecaminosidade, heresias, emocionalismos, carnalidade e menos doutrina, louvor e adoração a Deus. (7) Falsos profetas têm ganhado destaque no cenário nacional. E suas doutrinas, penetrado nas nossas igrejas. E com isso, o povo de Deus tem se tornado motivo de chacota entre os ímpios.

Sim! O caos no nosso país está instaurado.

Vejamos, então, o contexto de Jeremias.

Durante o reinado de Josias, o Livro da Lei foi encontrado. Ao ler, rei e sacerdotes iniciaram uma reforma na Casa do SENHOR e no Culto a Deus. Fazendo com que o povo deixasse a sua idolatria e voltasse para Deus. Porém, a reforma perdeu força com a morte do rei Josias e o povo voltou a pecar. Se corrompendo juntamente com seu governo.

É nesse contexto que Jeremias recebe o seu chamado e começa a profetizar acerca do cativeiro vindouro na Babilônia. Pois achava-se em Israel e Judá um povo cultuando a Baal (cap. 2) e não havia um justo sequer no meio do povo (cap. 5). Logo, Jeremias prega uma condenação causada pela iniquidade daquele povo (cap. 6). O povo, com o coração endurecido, não cria que viria sobre eles condenação, pois o Templo representava a proteção divina no meio deles. Porém, o templo físico não os livraria da condenação (cap. 7). Tal condenação era inevitável (cap. 8).

Com a aliança violada pelo povo de Deus (cap. 11), houve uma grande seca em Judá. Como julgamento severo de um Deus onipotente (cap 14). E isso já nos serve de alerta para o que temos vivido hoje no Brasil. Além da corrupção social, cai sobre nossa terra vários tipos de doenças, epidemias e seca. E o caminho para combater tais fatos é voltar-se para Deus em oração e contrição.
Diante de tudo o que ocorria, portanto, havia um Deus no céu que era soberano. Que revela-se a Jeremias como o Oleiro (cap. 18) que tem poder sobre o barro. Um Deus que quebraria o seu povo para fazê-lo novamente. Um aspecto de disciplina que todo aquele castigo e desolação carregava em si.

Jeremias também lança profecia contra o governo e “ais” contra os pastores (cap. 22 e 23). Esferas que também estavam corrompidas em seu tempo. Havia mal trato com o povo por parte do governo e mal trato com a noiva de Cristo por parte dos pastores [Jeremias vivia no Brasil?]. – Eu não sou SANTO, SANTO, SANTO, e amo minha noiva; imagina o tamanho do zelo do Senhor!

Diante do fracasso dos reis, dos sacerdotes, o próprio Senhor assumiria o controle de uma maneira nova. Em Jr 23:3 ele diz “Eu mesmo” farei! O Deus soberano é que estava por trás de tudo aquilo em sua provisão, amor e repreensão. E levantaria e livraria (como sempre fez) um restante, um remanescente fiel.

24:7 – Dar-lhes-ei coração para que me conheçam que eu sou o SENHOR; eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus; porque se voltarão para mim de todo o seu coração.

Então, a primeira providência tomada por Deus para reverter à situação estria em 23:4 – Levantarei a ti pastores! O amor de Deus está explicito a nós quando ele nos derrama sua graça através de Cristo, o nosso Pastor. E ele demonstra isso hoje nos dando pastores que nos são porções dessa graça amorosa.

Então chegamos ao texto que lemos no início. Jeremias 5, 6 e 7.
Em meio ao Caos, uma mensagem de Esperança, mas também de Juízo. Pois aquele que é o Salvador de Israel e Judá era também o JUSTO JUÍZ. Nos fazendo deparar com o paradoxo da Cruz, o nosso Cristo: Graça – Justiça, Cordeiro – Leão, Servo – Rei, Humilhado – Glorificado, Cruz – Trono, Salvação – Condenação.

·     A promessa – Versículo 5

“levantarei a Davi”. Essa promessa é um lembrete das escrituras. Pois se fundamenta na promessa feita a Davi em 2Sm 7:12. E tem seu cumprimento em Mt 1:1 quando lemos a genealogia de Cristo. Sendo ele reconhecido como Filho de Davi em Mt 12:23.
“Renovo Justo” é um termo messiânico que expressa o fato de o último Ungido da linhagem de Davi seria perfeitamente justo. Vejamos o que diz a Palavra do Senhor no livro de Isaías a respeito disso:

Is 4:2-   Naquele dia o Renovo do Senhor será cheio de beleza e de glória; e o fruto da terra excelente e formoso para os que escaparem de Israel.
3- E será que os restantes de Sião, e ficar em Jerusalém, será chamado santo; todo aquele que estiver inscrito entre os viventes em Jerusalém;
4- Quando o Senhor lavar a imundícia das filhas de Sião, e limpar o sangue de Jerusalém, do meio dela, com o espírito de justiça, e com o espírito de purificação (ardor).

Além disso, o termo serve de parâmetro para todos os líderes do povo de Deus, a exemplo de Josué:

Zc 6: 12 E fala-lhe, dizendo: Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Eis aqui o homem cujo nome é RENOVO; ele brotará do seu lugar, e edificará o templo do SENHOR.
  •  Versículo 6;

A união do povo seria uma das características da era Messiânica (ainda incluiria gentios). Israel e Judá seriam, de uma vez por todas unidos a um só Rei e Senhor, a saber, Jesus Cristo. Além disso, estariam “seguros” numa salvação definitiva que se assegurava em Cristo, o Renovo Justo.

- “SENHOR, Justiça Nossa”. Nesse momento, a passagem que se refere a Cristo, o trata agora como “Yahweh” ou “yahweh tsidkenu”. Nos revelando o caráter, personalidade e divindade de Cristo. Este é o âmago do texto. Aquele que julga as nações. Condenação para o mundo. Mas para nós, justiça imputada, paz com Deus. Em meio aos poderes do mundo e às circunstâncias adversas e até mesmo o nosso pecado, Ele é a Nossa Justiça.

Uma grande ironia que está aqui nessa passagem também pode nos servir de aplicação para os nossos dias. O nome “Zedequias” (objeto de condenação de Jeremias nos cap’s 21 e 22) significa “O Senhor é minha justiça”. Porém sua justiça era falha e pecaminosa. Só quem tinha poder para julgar com retidão e livrar a igreja da face da ira de Deus é o nosso Cristo e não qualquer homem. Isso nos ensina a nos refugiar unicamente em Deus diante da conjuntura atual brasileira.
·           
  •                Versículo 7;


“Não mais se dirá” – a Revelação desabrochava à medida que o tempo passava: 1) Cativeiro do Egito à 2) Cativeiro da Babilônia à Cativeiro do Pecado. Cristo é o libertador comum de todos os cativeiros da história do Seu povo. Sendo hoje Ele o libertador de todo cativeiro humano.
Diante do que vimos, no mundo  nem governos, nem a sociedade ou religiões podem nos livrar desse caos. Só o Deus que permaneceu fiel à Aliança e que nos lembra dela na sua Palavra pode nos livrar das calamidades das secas, epidemias, crises econômicas e políticas. Ele é o nosso livramento.
Cristo é o Renovo Justo para o cativeiro do pecado – ARREPENDEI-VOS!

Para concluir, uma bela poesia de Robert Murray McCheyne:

Jeová Tsidkenu – Senhor, Justiça nossa (Jeremias 23:6)
Era alheio outrora à graça e a Deus,
Não sabia do perigo nem dos pesos meus;
Amigos falavam, embevecidos, de Cristo no madeiro,
Mas, para mim,
Jeová Tsidkenu ainda não era verdadeiro.

Lia com prazer para me entreter ou me livrar da ansiedade,
A exuberância de Isaías, ou de João, a simplicidade;
Mas, nem mesmo ao imaginar de Cristo o sangue carmesim,
Jeová Tsidkenu significava algo para mim.

Como as lágrimas que as filhas de Sião vertiam,
Chorava quando as águas sua alma encobriam;
Não pensava, contudo, em meus pecados cravados no madeiro;
Para mim, Jeová Tsidkenu ainda não era verdadeiro.

Quando a graça generosa  despertou-me com a luz do alto,
Fui tomado de temor e de mortal sobressalto;
Nenhum refúgio ou segurança em mim mesmo posso encontrar,
Somente Jeová Tsidkenu pode me salvar.

Diante desse nome nenhum terror pode restar;
Banida a culpa, com ousadia hei de me aproximar
Para beber da fonte viva que jamais terá fim;
Jeová Tsidkenu é tudo para mim.

Meu tesouro e glória eterna, Jeová Tsidkenu!
Jamais me perderei, Jeová Tsidkenu!
Seja nas águas, seja em terra firme, em ti serei vencedor,
Minha corda e âncora, minha armadura e escudo protetor!

Mesmo no vale da sombra da morte,
Lembrar-me-ei desse nome e serei forte;
Pois, quando o Senhor desta vida febril me libertar,
Jeová Tsidkenu serão as últimas palavras que meus lábios hão de pronunciar.


Walisson Alves
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