quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Torna-te Padrão!

"Ninguém despreze a tua mocidade; pelo contrário, torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza." (1 Timóteo 4:12)

Quando o apóstolo Paulo partiu da Ásia pela última vez, ele severamente avisou os presbíteros de Éfeso acerca de "lobos vorazes" e "homens falando coisas pervertidas" que se levantariam no meio deles (Atos 20:17, 29-30). (4:1-5).  Na sua carta enviada a Timóteo em Éfeso (1:3), Paulo novamente avisa pelo Espírito que "alguns apostatarão da fé" (4:1). Este desvio da fé seria o resultado da obediência a "espíritos enganadores e a ensinos de demônios" (4:1). Pessoas encantadas pela mentira de falsas doutrinas agem contra a sua própria consciência (4:2; veja Romanos 2:14-16) e fazem coisas que os "que conhecem plenamente a verdade" jamais devem fazer (4:3-5; veja os avisos em 2 Tessalonicenses 2:9-12 e 1 João 4:1). Se esforçavam por encobrir sua perversidade interior mediante ritos externos, com o objetivo de descrever atos meritórios de salvação!

Desta forma, para que as pessoas não caíssem neste erro, Paulo exorta o jovem Timóteo à fidelidade e à diligência no ministério. Era necessário que homens fiéis como Timóteo ensinassem cada vez mais "as palavras da fé e da boa doutrina" que eles mesmos praticavam (4:6), rejeitando as "fábulas profanas" que eram tradições de homens tolos. Pois estas celeumas traziam constantemente, discussões sem fim como ele falou em 1:4.

Diante daquele quadro, Paulo escrevendo ao jovem presbítero (Ordenado pelo próprio apóstolo como vemos em 1:18) o entreteceu a disciplina pessoal com as obrigações oficiais. Só o ensinamento da verdade daria aos homens o que era necessário para a prática espiritual.

Assim como é necessário o exercício físico para manter o corpo em boa forma, também é necessário exercitemos a nossa alma "na piedade" (4:7).  Posto ser o exercício espiritual muito mais proveitoso do que o físico, pois prepara pessoas para terem a força de lutar e esforçar-se na esperança, de nossa graciosa salvação.

Uma exegese bem acurada, nos mostra ainda que além de tímido e acanhado, Timóteo era mais jovem em relação aos outros Presbíteros. Porém Paulo não queria que isso fosse uma barreira para ele pregar o evangelho. : "Que ninguém pense pouco de você". Desta forma, o apóstolo também tinha como objetivo, que a carta fosse lida perante toda a igreja. Muitos estavam desprezando a autoridade do então jovem ministro, por causa de sua juventude.

Timóteo deveria então tornar-se exemplo, estabelecer sua autoridade através de uma vida piedosa. Sem gabar-se de ter sido ordenado presbítero. Paulo não queria que a juventude de Timóteo impedisse a sua eficácia como pregador da palavra de Deus. Afinal, o que faz de um servo de Cristo um bom ministro não é a sua idade, mas sua fidelidade para com a palavra que lhe fora conferida (4:12-13, 16; veja 1 Coríntios 4:1-4).

Torna-te padrão na Palavra!
Paulo enfatiza que o bom ministro deveria de ser, um bom modelo dos crentes através Palavra, pregando e protegendo a Doutrina, dedicando-se fiel e laboriosamente ao estudo das Sagradas Escrituras, pois aqui reside nossa confiança suprema. O que levou Charles Hodge a dizer certa vez: “O evangelho é tão simples que as crianças pequenas podem compreendê-lo, e é tão profundo que os estudos dos mais sábios teólogos nunca vão esgotar suas riquezas.”

Já João Calvino, dizia que para alguém chegar a Deus, o Criador, é necessário que tenha a Escritura por guia e mestra. Pois o verdadeiro conhecimento de Deus está na Bíblia. Isto porque, a Escritura é a única regra inerrante de fé e prática da vida da igreja.

“É a Verdade que santifica e liberta, porque a Palavra de Deus é a verdade”. A interação com a Escritura é essencial para a saúde espiritual da congregação e sem ela o crescimento espiritual é impossível.

Não podemos permitir sermões e mensagens rasas em nossos púlpitos! Se quisermos uma congregação saudável, devemos conceder-lhes uma boa nutrição.

“Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho.”
Salmos 119:97-105

Torna-te padrão no procedimento, na conduta, nos costumes!

        O jovem ministro, deve empenhar-se cada vez mais, por manter uma postura exemplar. Ele haverá de educar as suas ovelhas, também atravéz de seus atos.

Devendo ser movido irresistivelmente por afeições Santas.  Pois alertava Edwards, que as afeições Santas são suficientemente fortes para levar à ação. As afeições Santas, envolvem a cooperação coordenada de mente, vontade e emoções. Por serem as inclinações mais fortes da alma humana, as afeições se manifestam em todas as partes da pessoa: pensamentos, sentimentos e conduta.

Mostra-me tua vida, que direi tua teologia!

Torna-te padrão no amor!

        De que forma?

No profundo e mais sincero apego pessoal a seus irmãos, com uma genuína preocupação por seu próximo (inclusive seus inimigos). Aqui o amor, indica uma relação horizontal. Você tem chorado com os que choram na sua igreja? Você tem se alegrado por uma conquista de suas ovelhas? Ou tem sido indiferente a todas estas coisas?


Torna-te padrão na Fé!

                     Como tem sido o exercício de suas orações? Ou seja, o exercício desse dom de Deus deve brotar de uma relação vertical. Como tem tomado decisões?

            O que Neemias fez quando soube que o povo de Jerusalém encontrava-se numa situação precária e insegura, sujeito às agressões dos povos que controlavam as regiões adjacentes à cidade? A Bíblia diz que dia e noite. Neemias orava continuamente.(Neemias 1.6)

Modernamente ouvimos muito sobre os grandes homens do passado em nossa teologia, mas será que os temos copiado?

Além das confissões, também estão presentes as ações de Agostinho de hipona, por exemplo?

John Huss (pré- reformador) quando morreu queimado na fogueira, orou dizendo: “confio que pela graça de Deus ainda hoje hei de beber dele no Seu Reino. Os bispos retrucaram: Nós entregamos a tua alma aos demônios do inferno. Neste momento, Huss orou ao Senhor dizendo: E eu entrego o meu espírito nas tuas mãos, oh Senhor Jesus Cristo. A ti entrego a alma que tu salvaste!”

Jeronimo de Savonarola liderou uma reforma política e cultural na Itália, mas antes disso se entregou em oração.  Na época, o povo abandonou a literatura torpe e mundana para ler os sermões do famoso pregador. Os ricos socorriam os pobres em vez de oprimi-los. Foi neste tempo que o povo fez a grande fogueira, na "piazza" de Florença e queimou grande quantidade de artigos usados para alimentar vícios e vaidade. O pregador foi ameaçado, excomungado e, por fim, no ano de 1498, por ordem do Papa, foi queimado em praça pública. Com as palavras: "O Senhor sofreu tanto por mim!”

Assim fizeram também os reformadores:

Martinho Lutero foi um homem de oração. Dizia ele, que orava regularmente duas horas todos os dias e sempre que tinha muita coisa para fazer, ele dobrava para quatro horas o seu tempo em oração.

E o que dizer das orações de John Knox? As quais redundaram em tão grande avivamento na Escócia, que certa vez: a Rainha da Inglaterra exclamou: "Eu temo mais as orações de John Knox do que um exército de 10 mil homens marchando contra nós."

Assim fizeram os puritanos, assim fizeram os grandes homens. Alimentavam diariamente a sua fé, com sua vida de oração.

A história também conta, que quando Edwards pregou “pecadores nas mãos de um Deus irado”, as pessoas pediam para que ele parasse.  Algumas se agarravam nos pilares, outras por tão forte temor, acreditaram que o juízo havia chegado. Mas poucos sabem que, antes de pregar neste dia, Edwards por 3 dias não se alimentou, por 3 noites não dormiu, ele rogou a Deus sem cessar, “daí-me a nova Inglaterra!”

Afirma-se que um teólogo, que um ministro normal, deve orar no mínimo, 350 horas por ano, John Wesley, orava 700 horas por ano, assim ele fez por 54 anos. Ele recebeu o apelido de o “Tição de fogo”.

David Brainerd, antes de sair e pregar às tribo dos peles-vermelhas, índios canibais, escreveu em seu diário:  “assim passei a tarde orando, para que não confiasse em mim mesmo.”

Por fim, certa vez perguntaram a Spurgeon, que pastoreava uma igreja de 12 mil membro na Inglaterra, o tabernáculo metropolitano, qual segredo de tão grande crescimento? e ele respondeu: “Oração!”

Passe o que passar, aja o que houve, continue orando! Pois: “Todo crente deve ter desejo fervoroso de contar com Deus em cada momento de sua vida”. (João Calvino, A Verdadeira Vida Cristã, São Paulo, novo Século, p. 31)

Torna-te padrão na pureza!

        Torna-te perfeito e reto na completa conformidade, de pensamento e ato, com a lei moral de Deus. É preciso que o jovem ministro tenha uma vida movida para santidade, guiado com “Luz na mente e fogo no coração!”. Pois Se a impiedade é o seu deleite aqui na terra, o que lhe agradará no céu, onde tudo é limpo e puro? Você não seria feliz lá se você não é santo aqui.  Ou, como disse Spurgeon, "seria mais fácil um peixe viver numa árvore que um descrente no Paraíso".


Parafraseando Paul Washer, vos digo que a teologia moderna, os manterá como meninos, porque os homens são perigosos. Satanás sabe que um homem piedoso e íntegro é uma das coisas mais perigosas na face da terra!

Finalizo exclamando:

Firme-se na palavra!
Tenha uma conduta digna de respeito e retidão!
Ame os seus irmãos!
Tenha sua fé por inabalável!
Conserve a pureza!

E só assim, não haverá lobo enganador, falso profeta, ou qualquer homem que um dia possa enganar o teu povo. Muito menos, nenhum ímpio deste mundo podre e vil, poderá de ti dizer qualquer coisa torpe!

Torna-te padrão!

Wollney Ribeiro
Facebook: www.facebook.com/wollney.ribeiro

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Porque os Homens não Falam? – Lição 2

Semana passada começamos nosso estudo sobre por que os homens não falam.
  • A primeira coisa que vimos foi que há um desejo entre a maioria dos homens de ser “um homem de verdade”, mas aquilo que geralmente fazemos é ir procurar uma lista de coisas a fazer ou passos a seguir, os quais ajudarão a nos tornarmos homens de verdade. Estamos sempre tentando dar esses passos por contra própria e isso geralmente falha. Concluímos que, para sermos homens de verdade, é preciso preocuparmo-nos menos em seguir uma porção de passos e, ao invés disso, esforçarmo-nos mais para sermos tementes a Deus.
Ser temente a Deus significa ser semelhante a Deus, assim precisamos ver como Deus é. Em Gênesis 1:2 vimos que Deus se moveu dentro da escuridão e do caos e, ao falar, criou vida e ordem.
  • Se o homem é criado à imagem de Deus, então ele precisa fazer o mesmo. Os homens precisam se mover dentro do caos e da escuridão e criar vida e ordem. Fazemos isso ao falar ou fazer – ao nos envolvermos emocionalmente.
  • Mas a tendência natural do homem é evitar a escuridão. Nossa tendência natural é evitar situações bagunçadas. Vimos cinco exemplos em Gênesis de homens que ficaram quietos, que evitaram situações bagunçadas – Adão, Abraão, Ló, Betuel e Isaque. Em todos os nossos exemplos, os homens foram presenteados por uma situação que era de caos ou de desordem. Na verdade era apenas a vida real. Mas eles não fizeram nada, e assim suas esposas se intrometeram com sugestões, ou com engano ou tomaram o controle. Em cada exemplo, a consequência foi mais caos e relacionamentos rompidos.
  • Assim, para resumir a última semana: quando Deus falou, ele colocou ordem no caos. Quando o homem falha em agir, e falar, segundo a imagem de Deus, a consequência é mais caos. E é muito importante reconhecer: causa o rompimento dos relacionamentos.
Esta semana vamos falar sobre por que os homens ficam calados.
A Realidade do Mistério
Há muitas coisas na vida que dão prazer, tais como poder, influência, dinheiro, status, ligações, realizações, sucesso, posses, comida, sexo, recreações, etc. Todas essas coisas são boas quando no seu devido lugar, mas temos a tendência de pensar que elas são a fonte da felicidade. Elas nos fazem sentir bem, mas não trazem a verdadeira felicidade. Não trazem satisfação.
  • Se você estiver procurando pela felicidade no dinheiro, poderá jamais conseguir o suficiente. Sei que já ouviu a ilustração sobre John D. Rockefeller quando foi perguntado a respeito de quanto dinheiro é suficiente, e ele respondeu: “só um pouquinho mais”. Não dá prá acreditar que, se fôssemos milionários, desejaríamos mais, mas se é nisso que estamos procurando felicidade, ou segurança, então desejaríamos.
  • Se é no sexo que você está tentando achar a felicidade, sua esposa nunca o satisfará.
  • Se é no poder que você está buscando a felicidade, então nunca terá o suficiente.
  • Se é nos bens materiais que você tenta encontrar a felicidade, então sua casa nunca será grande o suficiente e seu carro nunca será novo o suficiente.
  • Se é nisto que você está procurando felicidade, quando estas coisas se forem, você ficará arrasado.
Deus quer que desfrutemos destas coisas, mas desfrutá-las não é a razão pela qual Deus nos colocou aqui. Deus nos criou com um propósito. A Bíblia toda é resumida em dois mandamentos – Amar a Deus e Amar ao Próximo. E Paulo resume toda a lei com a afirmação: ame a seu próximo; assim o propósito de Deus para nós é amar aos outros – construir relacionamentos, nos aproximarmos da vida de outras pessoas e ajudá-las a se aproximarem de Deus. Encontraremos as maiores alegrias da vida quando fizermos isso. Mas os relacionamentos estão uma bagunça. Conversamos muito sobre caos na semana passada. Bagunça = caos. Relacionamentos = caos. Os relacionamentos envolvem um mistério.
Odiamos o caos e o mistério. O que realmente queremos na vida é ter certeza.
  • Isso é verdade com relação à nossa religião. Queremos ter certeza em nossa religião. Queremos tudo preto no branco. Queremos pensar que há respostas diretas e conhecidas, de modo a discutirmos sobre pontos doutrinários e igrejas divididas, e assim podermos estar em companhia daqueles que crêem da mesma maneira que nós, e que reforçarão nossas opiniões, fazendo-nos sentir que estamos certos. Para muitas pessoas é difícil reconhecer que Deus é infinito e que nós somos finitos, e que há algumas coisas que simplesmente não podemos compreender. Há muitas coisas na Bíblia que simplesmente não são claras.
  • Isso é verdade no processo de tomar decisões. Queremos saber se a decisão que estamos para tomar é a certa. Queremos que Deus nos mostre exatamente o que devemos fazer. Mas as decisões são cheias de mistério. Há mistério envolvido em decidir com quem casar, que emprego aceitar, se reformamos ou não nossa casa, que carro comprar, em que títulos investir, etc. Muitos de nós ficam paralisados pelo processo de tomar decisões e cometer erros. Não conseguimos decidir o que fazer, e assim não fazemos nada.
  • Isso é verdade em nossos relacionamentos. Não há certeza nos relacionamentos. Há somente caos e mistério. As pessoas desapontam. Elas nos decepcionam, nos machucam… Como a pessoa reagirá se eu fizer isto ou aquilo? Minha esposa ainda me amará se souber que estou com medo de…? Por que minha esposa está deprimida? Por que meu filho é briguento na escola?
Assim, o que tentamos fazer é encontrar uma maneira de eliminar o mistério.
Como eliminamos ou dissipamos o mistério?
Em Busca de Certeza
A Teologia da Receita
Muitas pessoas usam a teologia da receita. A teologia da receita resiste às falsas promessas de certeza. Por teologia da receita quero dizer a crença de que se pudermos encontrar um determinado conjunto de passos ou princípios, e então segui-los corretamente, eles farão todo o trabalho por nós. Nós realmente gostamos de passos para seguir. Essa é uma das razões pelas quais os livros de auto-ajuda, as convenções dos guardiães da promessa e as conferências sobre vida familiar são tão populares. Geralmente saímos delas com uma lista de coisas a fazer. Algumas pessoas lêem os livros, vão às conferências e saem convictas de seu pecado e com uma nova determinação de confiar mais em Deus à medida em que avançam na vida. Mas outros saem dessas conferências apenas com um novo conjunto de passos a seguir. A teologia da receita diz: “Se eu pegar minhas meias, arrumar a cozinha para minha esposa e desistir do futebol de segunda à noite, então meu casamento será ótimo.” Quando isso não funciona, nossa conclusão é que esses eram os passos errados e assim vamos à procura de outra lista. Jamais entendemos que aquilo que realmente precisamos fazer é aprender como nos relacionar com nossas esposas.
Acho que uma das melhores e mais mal-usadas passagens da Bíblia a esse respeito está em Efésios 5:25. Ela diz que os maridos devem amar suas esposas como Cristo amou sua igreja e a Si mesmo se entregou por ela. Tenho ouvido as pessoas ensinarem sobre esta passagem e o que entendem é que precisamos nos sacrificar pelas nossas esposas. Então dão sua lista de coisas que podemos fazer para nos sacrificar. Mas o conceito todo por trás desta passagem é que Cristo veio à terra para construir relacionamentos com os homens. Nós O rejeitamos e O matamos. O que isto significa para o marido é que ele precisa se aproximar de sua esposa e construir um relacionamento com ela. No processo, ela vai rejeitá-lo, desapontá-lo, machucá-lo, vai argumentar com ele, não vai reagir a ele, etc. E é aí que o sacrifício entra – em estar disposto a ser machucado no processo de se aproximar de sua esposa. O sacrifício entra ao se estar disposto a penetrar o caos e o mistério dos relacionamentos.
A Vida Continua
Outro jeito que podemos adotar para dissipar o mistério é tentar ignorar as necessidades dos relacionamentos e concluir que, de qualquer forma, “a vida continua”. Assim, fugimos das pessoas e dedicamos nossa energia às coisas controláveis, coisas em que somos bons. Habilidades como talento atlético, dons acadêmicos, ou jeito com máquinas, muitas vezes vêm à tona para nos dar um sentimento de poder, competência, apreciação, etc. Quando os relacionamentos estão por demais confusos e desanimadores, nos voltamos para aquelas coisas que nos trazem esses prazeres passageiros de que já falamos. No entanto, são passageiros, e assim gastamos mais e mais tempo no trabalho ou enterrados em nossos hobbies, ou consertando coisas na garagem, tentando satisfazer os anseios de nossas almas.
Por exemplo, se você é programador de computadores, acho que seria correto dizer que seu trabalho nunca se acaba, e se as coisas estão ruins em casa, seria muito fácil sempre trabalhar até tarde. Você poderia honestamente dizer à sua esposa que seu serviço está atrasado, pois nesse tipo serviço você está sempre atrasado. E fazer isso muito é mais atrativo mesmo; programação de computadores é um lugar seguro onde se esconder das pessoas. Um computador é apenas uma caixa estúpida que faz exatamente aquilo que você lhe diz. Assim você está no controle. E quando você está programando ou desenhando um gráfico ou qualquer outra coisa, você está sendo criativo. Isso atrai ao homem e satisfaz de forma ilusória aquilo que Deus pretendia que ele fosse.
Ou talvez sua solução seja ir jogar golfe ou pescar. Essas atividades são divertidas, desafiadoras e, mais importante, não exigem tanto que atrapalhe os relacionamentos.
Sendo Ditador
Outra maneira de tentar dissipar o mistério é sendo ditador. Se você é categórico e autoritário, com frequência poderá sujeitar os outros onde não o questionem, ou poderá pelo menos mantê-los a uma distância segura, a fim de que não tenha que tratar do assunto.
Aplacando a Dor
Outros tentam dissipar o mistério ao tentar aplacar a dor através do álcool, da pornografia, etc. Das quatro formas, esta é, socialmente, a menos aceitável, mas os outros métodos são, da mesma forma, mal e pecaminosidade.
Você pode pensar em outras maneiras que adotamos para dissipar o mistério?
Três Modos de Se Relacionar
Precisamos entender o princípio que move cada homem. O movimento define a vida de um homem. Se não estamos nos movendo na direção certa, então nos moveremos na direção errada. Bom movimento significa atravessar a miséria pessoal em direção a Deus. Mau movimento é o movimento direcionado para nada mais do que o alívio da miséria pessoal. As coisas sobre as quais acabamos de falar, entorpecer a dor, ser ditador, continuar a vida, e a teologia da receita, todas são exemplos de mau movimento – tentativas de aliviar a dor.
Uma vez que os homens são fundamentalmente seres que se relacionam, todos os movimentos serão vistos mais claramente na maneira de um homem se relacionar.
O Homem Carente
O homem carente sabe que precisa dos relacionamentos para ser feliz, mas sua visão dos relacionamentos é distorcida. O que ele quer é que os outros venham até ele e conheçam suas necessidades, sem que exijam algo de bom de sua parte. Na verdade, ele está procurando a felicidade nas pessoas, não em Deus. Ele está esperando que as pessoas lhe dêem aqueles prazeres de que falamos anteriormente.
Este é o homem que chega em casa todas as noites e solta um profundo suspiro ao entrar pela porta, a fim de que a família saiba o quanto ele esteve trabalhando o dia todo por eles (Isso é mentira. Ele está trabalhando para si mesmo.) Ele quer que cuidem dele, mas está enviando um sinal na expectativa de que não esperem nada dele.
Este é o homem que se sente como um mártir porque está casado com uma mulher que não se interessa por sexo. A verdade é que ela não reage porque ele não está se dirigindo a ela e então não há nada a que reagir. Quando ela não atende às suas necessidades, ele se sente como um mártir e se sente justificado ao cobiçar outra mulher ou ter um romance, pois é seu direito ter suas necessidades sexuais satisfeitas, e sua esposa não as está atendendo.
O que este homem precisa fazer é perceber sua atitude infeliz – ver o seu mal – e se arrepender. Mas o homem carente não vê isso.
O Rei Saul é um bom exemplo. Ele tinha necessidade de respeito. Quando falhou em exterminar os amalequitas e seus animais como Deus ordenara (deixou vivo o rei, o gado e o rebanho) e foi pego por Samuel, começa a se embananar e diz que deixou-os vivos para sacrificar a Deus. Quando Samuel diz que é melhor obedecer do que sacrificar, Saul diz, pequei, mas então, imediatamente, pede a Samuel que volte com ele à capital e fique a seu lado na adoração pública. Quando Samuel se vira para partir, Saul agarra a orla de seu manto e o rasga. Então Samuel diz que o rasgo em seu manto é uma ilustração de que Deus vai retirar o reino de Saul. Saul diz novamente “pequei”, mas rapidamente acrescenta “honra-me, pois, agora, diante dos anciãos e do povo de Israel…” Ele estava mais preocupado com as aparências e em manter o respeito do povo do que com seu pecado. I Sm. 15:13-30.
O Homem Durão
Superficial mas inflexível descreve este homem. Ele tem a postura “a vida continua”, que já discutimos. Este é o tipo “grandalhão silencioso” sobre o qual falamos na semana passada. Raramente fala sobre suas lutas pessoais e tende a “resolver” rapidamente qualquer tensão nas relações que não puder evitar ou dispensar. Ele canaliza sua força para as coisas em que é bom e se recusa, mesmo que por um momento, a mostrar-se envolvido em qualquer coisa em que não seja bom – isto é, nos relacionamentos. Quer ficar onde se sente confortável. Quer dissipar o mistério.
Ser durão não significa necessariamente ser malvado ou cruel. Ele não tem que ser grosseiro. Pode ser cordial o tempo todo – e geralmente é. Ele é legal, acima de reprovação, só não tem envolvimento emocional. Ele tem uma porção de colegas, mas nenhum amigo chegado.
Ele somente não se permite sentir qualquer coisa. O homem carente sente a dor, e se preocupa com ela. O durão a ignora.
O Homem Temente a Deus
O homem temente a Deus é sensível, mas isso não o leva à preocupação ou à queixa. Ele é magoado pelos relacionamentos rompidos, mas em vez de fugir ou exigir que os outros venham até ele, usa essa mágoa para dar mais definição e energia à sua responsabilidade nos relacionamentos. Ele está disposto a sacrificar seu prazer (legítimo ou ilegítimo) a fim de poder ajudar aos outros. Ele liberta os outros de seu controle e os encoraja, a fim que sejam livres para lutar com a sua própria solidão, dor e egoísmo. Ele esteve em meio às batalhas e atravessou para o outro lado – para o lado de Deus. Ele quer ajudar os outros a encontrarem a Deus também.
Assim, há três modos de se relacionar: você pode ser um homem carente, sempre arrastando os outros de encontro às suas necessidades. Ou pode ser do tipo durão e ignorar seus sentimentos, e os dos outros, canalizando sua energia para as coisas em que é bom. Ou pode ser um homem temente a Deus, e sentir sua própria dor, e a dos outros, e usar isso para crescer pessoalmente, e depois usar seu crescimento para ajudar os outros a crescerem.
O Que Falar Não É
Na última semana começamos falando sobre o silêncio de Adão. Ao mesmo tempo mostramos que ficar em silêncio não é bom. Fugir de nossos relacionamentos não é bom.
Provavelmente você também chegou à conclusão de que isto significa que precisamos falar claramente.
Como geralmente é o caso, quando aprendemos aquilo que não deveríamos estar fazendo, pulamos o problema e decidimos que vamos resolvê-lo depois. No entanto, geralmente vamos para o extremo oposto. Assim, precisamos compreender com o que temos que tomar cuidado. Precisamos compreender o que falar não é.
Falar não é dizer coisas sem sentido
Você pode falar muito e nunca tocar em assuntos importantes. Talvez você fale o tempo todo sobre esportes ou computadores e nunca tenha qualquer conversa significativa. Menciono computadores porque essa é a minha fraqueza. Quando fazemos isto, ainda estamos ficando calados sobre coisas importantes, mesmo que nossas bocas estejam completamente abertas.
Paulo diz em I Coríntios 13:1 que quando falamos sem amor somos como o bronze que soa e como o címbalo que retine. O alvo principal de nosso estudo na última semana, e o de hoje também, é como realmente ter relacionamentos melhores. É sobre como amar. Assim, a afirmação de Paulo em I Coríntios é muito apropriada. Efésios 4:15s também está relacionado, onde Paulo fala sobre dizer a verdade em amor.
Falar não é só conversar
Digo isto outra vez porque desta vez quero mostrar que, para o propósito de nosso estudo, falar também envolve ações. Envolve tanto palavras quanto obras. Se você só diz que vai fazer algo e não faz, então isso não tem valor. Tiago fala sobre isso no capítulo 2. Falar significa envolver-se. E acho que devo ressaltar que significa envolver-se emocionalmente.
Falar não é dominar
Falar não é controlar uma situação aos berros ou submeter os outros à humilhação ou à obediência. Isso apenas torna uma pessoa introspectiva e distante de Deus. Você também imporá aos outros a resignação ou os incitará à rebelião para se preservarem. Você pode ver isto em seus filhos. Se é assim que você se relaciona, um filho pode ser complacente e cordato e o outro sempre metido em encrencas na escola.
O que quero deixar claro é que não estou dizendo que os homens devam começar a dominar todas as situações e relacionamentos à sua volta. Não estou dizendo que precisamos ser categóricos e simplesmente dizer às nossas esposas para calarem a boca quando discordarem de nós.
Quando você faz isso, não está sendo um homem forte. Está somente tentando tomar o controle (através da carne) e impor ordem à situação e fazer com que os outros recuem para que você não tenha que tratar do assunto. Você está se escondendo outra vez, como Adão fez no jardim do Éden.
Conclusão
Todas estas coisas são exemplos do que falar não é. Então, o que é falar?
Falar é dizer ou fazer qualquer coisa que seja necessária para me aproximar de outra pessoa e levar a mim mesmo e a essa outra pessoa a confiar em Deus em meio às situações da vida, em meio ao caos.
Com o Que o Silêncio se Parece: Alguns Exemplos Atuais:
Exemplo 1
Testemunho é um bom exemplo de caos. Quando você está no meio de uma conversa com alguém e o assunto gira em torno de algo que você poderia facilmente usar para perguntar à pessoa sobre suas crenças pessoais, o que você faz? Você fala? Ou ignora o empurrão do Espírito Santo porque teme que a reação da pessoa possa ser de rejeição a você? O que você precisa fazer é ir em frente e fazer-lhe a pergunta, e confiar os resultados a Deus. Precisamos nos mover dentro do caos e falar. No entanto, com muita frequência, ficamos com medo e permanecemos calados.
Exemplo 2
Recentemente estive lendo outro livro sobre relacionamentos baseados em vergonha e percebi que o que eu estava lendo naquele livro se relacionava com nosso assunto. O livro dizia que se você cresceu numa família onde ouvia coisas como “você não vai vestir isso, vai…” ou “não acredito que fez isso…”, etc. Então uma das maneiras como seus pais o controlavam era através da vergonha. Alguns chamam isso de relacionamentos baseados em vergonha. Alguém que cresce nesse tipo de ambiente vai ter uma opinião muito baixa sobre suas ideias e sobre sua capacidade.
Com isso em mente, pense na seguinte situação: Um marido e sua esposa têm diferentes opiniões sobre alguma coisa. O que isso significa? Significa simplesmente que cada um deles tem uma opinião diferente. Não significa que um esteja certo e o outro errado. Se um homem é casado com uma mulher de opinião e de fortes convicções, ela poderá presumir que o marido está errado sempre que a opinião dele diferir da dela. Se o marido cresceu debaixo de um relacionamento baseado em vergonha, ele sentirá que sua opinião está errada quando esta diferir da opinião de sua esposa. Se ele seguir sua inclinação natural de ficar em silêncio, apenas se calará e deixará que a opinião de sua esposa dite a política da família. Isso não é liderança. Não estou dizendo que o marido precise sempre seguir sua própria opinião porque ele é o líder. Estou dizendo que ele precisa avaliar aberta e honestamente ambas as opiniões e então seguir aquela que pensa ser a melhor para sua família.
Mas, o que acontecerá se o marido ficar diante de sua esposa e disser “Querida, não acho que devamos fazer isso. Acho que devemos fazer aquilo em vez disso.”? Ela pode seguir sua liderança. Ela também pode questioná-lo ou enlouquecê-lo, ou magoá-lo e evitá-lo. E se a decisão dele revelar ser ruim? Então ela pode dizer “Eu disse.” Mesmo que ela não diga isso, certamente pensará.
Essa é a vida real e é um caos. Isso pode descrever por que Ló concordou com o desejo de sua esposa de viver em Sodoma e Gomorra.
Exemplo 3
O que você diz ou faz quando o professor da escola de seu filho ou da Escola Dominical chega para você e lhe diz que Johnny estava sendo cruel com outro garoto ou estava colando numa prova, etc.? Você lhe dá a maior surra de sua vida quando ele volta para casa ou o tranca em casa por um mês? ou conversa com ele para tentar descobrir o que está acontecendo com seu cérebro imaturo, que o faz querer fazer essas coisas? Talvez ele esteja buscando a atenção que não tem em casa. Ele pode precisar ser disciplinado, mas só disciplinar muitas vezes é simplesmente um esforço para controlar a situação e a criança enquanto ela está sob seu teto. Você pode disciplinar sem nunca realmente estar envolvido. Se você não trabalhar no relacionamento e descobrir a razão pela qual ele se comporta mal, quando ele sair de casa, vai fazer aquilo que seu coração desejar.
Isso é o caos. Esses tipos de situações fazem muitos homens congelar, ficar em silêncio, e fugir para algo em que são bons, ou atacar violentamente os outros e tentar forçá-los a entrar nos eixos.
A Solução
Não posso lhe dar qualquer passo a seguir. Você tem apenas que entender suas tendências e reconhecer quando está deslizando prá esse tipo de coisa e então voltar-se para Deus e seguir em frente. A solução é confiar em Deus e se aproximar dos outros dentro do caos.
Com frequência há muitas verdades contidas nessas listas e passos, mas colocamos o carro adiante dos bois. Na verdade, as listas e passos são mais como um bom relacionamento se parece do que meios para se chegar lá.
O homem viril, temente a Deus, é aquele que, diante de situações caóticas, diz: “Não sei o que fazer Senhor, mas penso que isto seja o melhor para minha família e vou fazê-lo e confiar a Ti as conseqüências.”
A Responsabilidade da Mulher
Entender essa luta nos homens e em si mesmas.
Entender sua tendência natural de intrometer-se e assumir o controle (Gn. 3:16);

  • Não tentar isso; parecerá funcionar por algum tempo, mas no final, o caos reinará (a mensagem de Juízes);
  • Confiar em Deus e esperar;
  • Isso é o oposto da responsabilidade do homem, que é:
  • Confiar em Deus e agir. A responsabilidade do homem é confiar em Deus e falar.
  • A responsabilidade da mulher é confiar em Deus em ficar em silêncio.
Hampton Keathley IV

Pablo Nóbrega

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Mortificação Total

  Conversando um tempo atrás com um amigo-irmão, entramos num assunto interessante sobre pecado. Falávamos sobre a dificuldade de sermos cristãos em meio aos ataques constantes do inimigo e confessávamos alguns pecados em busca de ajuda. No desenvolver do diálogo, lembrei-me de uma frase muito forte e verdadeira: “Você não mortificará nenhum pecado a não ser que, sincera e diligentemente, busque lidar com todo pecado.” (Tentação e Mortificação do Pecado- John Owen), essas palavras ampliaram a nossa visão sobre como vencer a carne e mortificar nossas vontades.

     Infelizmente, muitos de nós agimos como reféns de nossas fraquezas e pecados, mesmo sabendo que não somos mais escravos do pecado: “Se pois o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo 8:36); muitas vezes caímos em tentação e sentimos o gosto amargo do peso na consciência e a tristeza gerada pela desobediência. Queremos de uma vez por todas estar livres daquilo que nos maltrata, seja uma mentira, uma tentação, uma preguiça, uma fofoca, uma falha de caráter e etc. Queremos o fim de certas coisas que fazem parte muitas vezes do nosso dia a dia, nos cerca quando estamos a sós e nos perturba, aquilo que é a nossa pedrinha no sapato, “espinho na carne”.   

     Embora tenhamos liberdade em Cristo, não nos foi dado o direito de escolher qual pecado mortificar. Como cristãos, precisamos fazer morrer tudo que é pecado e querer viver uma vida em santidade em Cristo Jesus. Portanto, é justamente aqui que John Owen entra, com uma explicação excepcional que nos ajudará a entender como de fato precisamos fazer morrer o pecado:

     “Um cristão é provado por um desejo pecaminoso. Este desejo pecaminoso (pense naquele que melhor se aplica a você) perturba o cristão. Está sempre derrotando-o e rodeando-o de modo que ele aspira por uma libertação completa. Não apenas isso, ele luta, na verdade, contra esse pecado, ora e lamenta quando é derrotado por ele. Ao mesmo tempo, contudo, há outros deveres da vida cristã que ele não leva muito a sério. Pode passar dias sem desfrutar de verdadeira comunhão com Deus. Pode ler sua Bíblia de um modo casual, negligenciando a meditação na Palavra de Deus e gasta pouco ou nenhum tempo em oração.
Estes deveres negligenciados ou executados de modo indiferente na sua vida cristã são pecados (pecados de omissão), mas não o perturbam como o pecado do qual deseja ser liberto. Bem, o ponto que estamos procurando enfatizar é que o cristão não deve esperar obter libertação do pecado que o perturba enquanto não começar a tratar os outros pecados com a mesma seriedade.”

     Quem quiser mortificar qualquer forma perturbadora de lascívia na sua vida, de modo completo e aceitável, deve cuidar de ser igualmente diligente na obediência a todos os deveres aos quais Deus o chama. Deve, também, saber que todo desejo pecaminoso, toda omissão no cumprimento do dever, entristece a Deus.
Enquanto houver um coração enganoso, que esteja preparado para negligenciar a necessidade de lutar pela obediência em cada área, haverá uma alma fraca que não está permitindo que a fé execute toda sua obra. Qualquer alma que se encontre numa condição tal de fraqueza, não tem o direito de esperar o sucesso na obra da mortificação.  

     Na continuação do livro, Owen fala sobre esse desejo em “mortificar o pecado”, como algo egoísta e falho, isso mesmo, egoísta porque o que queremos é apenas um momento de paz interior e um alívio para nossa consciência. Por esse motivo, não ganhamos a guerra contra a carne. Tememos as conseqüências de tal pecado, mas não observamos o amor de Cristo na Cruz, nem muito menos nos achegamos a um relacionamento sincero com Ele. Vivemos em função de uma libertação parcial, e não de uma cura total em nossa vida espiritual. Potencializamos o nosso pecado de estimação e esquecemos-nos dos pecados de negligencia com a palavra e oração.  Essa negligência leva a frieza e ao individualismo, nos faz esquecer princípios básicos, e como uma planta que, quando não regada vai desfalecendo, assim são todos os que negligenciam a observar a palavra e vida de Cristo.

     Se ficarmos bitolados a um pecado, em algum momento, as nossas forças não irão suportar e cairemos nele, ficaremos arrasados por ele e poderemos até mesmo, nos entregar a esse pecado. Não somos fortes o suficiente para vencermos se não estivermos com a vida alicerçada em Cristo e sua Palavra.

     Portanto, assim como Cristo se entregou por completo, para nos salvar por completo, precisamos fazer morrer o nosso homem completo! Nossas orações precisam ser direcionadas para toda uma vida, “para toda uma morte”, pois assim teremos a verdadeira vida. "purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne, como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus" (2 Cor. 7:1).

     Que Deus nos ajude a deixar de lado o que maltrata a nossa alma, para que possamos identificar tudo que maltrata ao Espírito Santo. Que Deus nos ajude, por meio do Espírito a chorarmos e ficarmos tristes, todas as vezes que passamos o dia sem ao menos falar com Ele e que isso tenha o mesmo peso, sintamos o mesmo arrependimento por esse pecado, assim como de outros.

     Termino aqui, com o mais um trecho do livro de Owen: “Pense nas muitas maravilhosas manifestações da providência de Deus na sua vida. Pense nas provações que Ele transformou em bênçãos para você e nas provações das quais Ele o poupou. Pense em todas as maneiras como Deus o tem abençoado. Depois de todas estas manifestações da graça de Deus por você, poderia continuar a permitir que os desejos pecaminosos endureçam seu coração contra tal graça? Perturbe sua consciência com a ajuda de tais pensamentos, e não pare enquanto seu coração não estiver profundamente tocado pela sua culpa. Enquanto isso não se der, nunca fará esforços vigorosos para mortificar estes desejos pecaminosos.”.


   

Gustavo Abreu