sexta-feira, 27 de junho de 2014

O Homem é Capaz, por si mesmo, de Conhecer a Deus ou Agradá-lo? Com a Palavra, Martinho Lutero.

Precisamos permitir que Paulo explique o seu próprio ensinamento. Diz ele em Romanos 3.9: "Que se conclui? Temos nós [os judeus] qualquer vantagem [sobre os gentios]? não, de forma nenhuma; pois já temos demonstrado que todos, tanto judeus como gregos, estão debaixo do pecado". 
Não somente são todos os homens, sem qualquer exceção, considerados culpados à vista de Deus, como também são escravos desse mesmo pecado que os torna culpados. Isso inclui os judeus, os quais pensavam que não eram servos do pecado porque possuíam a lei de Deus. Mas, visto que nem judeus nem gentios têm-se mostrado capazes de desvencilharem-se dessa servidão, torna-se evidente que no homem não há poder que o capacite a praticar o bem. 
Essa escravidão universal ao pecado inclui até mesmo aqueles que parecem ser os melhores e mais retos. Não importa o grau de bondade que um homem possa alcançar; isso não é a mesma coisa que possuir o conhecimento de Deus. O mais admirável que há nos homens é sua razão e sua vontade, todavia, é forçoso reconhecer que essa mais nobre porção dos homens está corrompida. Diz Paulo, em Romanos 3.10-12: "Não há justo, nem sequer um, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer". O significado dessas palavras é perfeitamente claro. Deus é conhecido através da razão e da vontade humanas. Porém, nenhum ser humano, somente por sua natureza, conhece a Deus. Precisamos concluir, por conseguinte, que a vontade humana está corrompida e que o homem é totalmente incapaz, por si mesmo, de conhecer a Deus ou de agradá-Lo. 
Talvez alguma pessoa audaciosa atreva-se a dizer que somos capazes de fazer mais do que de fato fazemos; porém, o que aqui nos interessa é o que somos capazes de fazer, e não o que estamos ou não estamos fazendo. O trecho das Escrituras citado por Paulo, em Romanos 3.10-12, não nos autoriza a fazer tal distinção. Deus condena tanto a incapacidade pecaminosa dos homens quanto os seus atos corruptos. Se os homens fossem capazes, ainda que o mínimo possível, de movimentarem-se na direção de Deus, não haveria mais qualquer necessidade de Deus salvá-los. Deus permitiria que os homens salvassem-se a si mesmos. Porém, nenhum deles está apto nem ao menos a fazer a tentativa. 
No trecho de Romanos 3.19, Paulo declara que toda boca se calará diante de Deus, porque ninguém poderá argumentar contra o julgamento divino, visto que nada existe, em pessoa alguma, digno de ser elogiado pelo Senhor — nem ao menos um arbítrio livre para voltar-se espontaneamente para Ele. Se alguém disser: "Tenho uma capacidade própria, ainda que pequena, de voltar-me para Deus", esse alguém deve estar querendo dizer que pensa que nele há alguma coisa a qual Deus possa elogiar e não condenar. Sua boca não está calada, mas tal ideia contradiz as Escrituras. 

Deus ordenou que toda boca ficasse calada. Não é apenas certos grupos de pessoas que são culpados diante de Deus. Não apenas os fariseus, dentre o povo israelita, estão condenados. Se isso fosse verdade, então os demais judeus teriam tido alguma capacidade própria para guardar a lei e evitar de tornarem-se culpados. Porém, até mesmo os melhores dentre os homens estão condenados por sua impiedade. Estão espiritualmente mortos, da mesma forma que aqueles que de maneira alguma procuram guardar a lei de Deus. Todos os homens são ímpios e culpados, e merecem ser punidos por Deus. Essas coisas são tão evidentes que ninguém pode nem mesmo sussurrar uma palavra contra elas!
Com a palavra feito por Jhonatas Araujo
Livro: Nascido Escravo Martinho Lutero Paginas: 21 e 22 Editora: Fiel


quinta-feira, 26 de junho de 2014

A Mulher Cristã e as Reflexões sobre Temas Polêmicos Dentro e Fora da Igreja

Na semana passada, exatamente no dia 18/06 o blog Estadão publicou um texto da blogueira Ruth Manus intitulado “A incrível geração de mulheres que foi criada para ser tudo o que um homem NÃO quer.” Confesso que li esse texto várias vezes seguidas para fixar bem em minha mente sobre o assunto que estava sendo tratado e para entender que ele estava sendo escrito por uma autora não cristã.

No mesmo dia, várias mulheres compartilharam o texto, umas concordando e outras dizendo que discordavam completamente da ideia daquele texto. Após algumas discussões com amigos cristãos, percebi que 70% (estatística feita em pensamento rsrs) discordavam do texto e diziam que a autora estava propagando conceitos feministas e os outros 30%, para meu conforto, compartilhavam comigo da mesma ideia de que o texto era uma crítica ao feminismo e aos valores colocados e exigidos das mulheres ditas modernas.

Minha intenção ao escrever esse texto é trazer algumas reflexões sobre certos pontos específicos falados no texto da blogueira Ruth Manus e assim pensarmos eles à luz das Sagradas Escrituras e os envolvendo em assuntos polêmicos dentro da nossa Igreja Cristã.

Em nossa cultura moderna, percebemos predominar cada vez mais, o sentimento de independência entre meninas, jovens e até mulheres já maduras. Quem entre nós, nunca se viu pensando assim? Particularmente, fui criada em um lar não cristão e cresci ouvindo minha mãe dizer que eu deveria ser independente quando mais velha, me identifiquei muito com essa parte do texto: “[...] Somos a geração que foi criada para ganhar o mundo. Incentivadas a estudar, trabalhar, viajar e, acima de tudo, construir a nossa independência. [...]”. Até dentro do casamento a ouvia falar que eu não deveria depender do meu futuro esposo. É até normal ver isso em um lar não cristão, pois estes não crescem estruturados nas Sagradas Escrituras, mas o que mais me deixa triste é ver isso ser dito dentro de um lar cristão e perceber o quanto cada dia mais as mulheres cristãs estão deixando de entender os conceitos bíblicos sobre o seu papel como mulher que deve agradar a Deus.

Martha Peace* uma autora referência para as mulheres cristãs fala assim em seu livro Mulheres em Apuros: “Quando me pergunto ‘Quem sou eu?’ a resposta é: ‘Uma mulher criada por Deus à sua imagem. Minha responsabilidade como criatura de Deus é glorifica-Lo e servi-Lo como Ele merece. Com frequência, isso está no papel bíblico de esposa ou mãe.’”. “Disse então o homem: ‘Esta, sim, é osso dos meus ossos e carne da minha carne! Ela será chamada mulher, porque do homem foi tirada" (Gênesis 2.23). A primeira mulher (Eva) foi criada para ser auxiliadora do homem, os dois não foram criados ao mesmo tempo, Deus criou a mulher após observar que o homem (Adão) se sentia sozinho e precisava de uma auxiliadora. Não é incomum vermos até em famílias não cristãs, onde não existe o entendimento da aliança do casamento como a aliança entre Cristo e a Igreja, as mulheres cumprindo seu papel de esposa e mãe, isso sendo descrito na Palavra para regra para os cristãos, mas que é também vivido pela nossa sociedade como regras morais para o bom andamento desta.

Nos dias de hoje, as mulheres são criadas para viverem “inteiramente independentes”, sem exercer nenhum tipo de submissão, e no que isso tem resultado?  Em mulheres ainda mais dependentes, porém de si mesmas, dentro de uma forma de idolatria maquiada. Quando pensamos na consequência desse fator de não submissão, esse mal tem entrado também em nossas congregações, levando mulheres ao desejo afrontador de tornarem-se “pastoras”, buscando uma liderança bem distante da influência ou submissão a masculina, inteiramente afastadas dos padrões bíblicos. Em uma discussão recente nas redes sociais, uma garota, que dizia-se ovelha de uma “pastora”, falava que ninguém poderia dizer que Deus não se agrada de um pastorado feminino, pois todos deviam vê que as mulheres que se levantam para os ministérios são mulheres “ungidas por Deus”. Tudo bem, mas vamos partir para o que a Palavra de Deus diz: “A mulher deve aprender em silêncio, com toda a sujeição. Não permito que a mulher ensine nem que tenha autoridade sobre o homem. Esteja, porém, em silêncio. Porque primeiro foi formado Adão e depois Eva. E Adão não foi enganado, mas sim a mulher que, tendo sido enganada, se tornou transgressora. Entretanto, a mulher será salva dando à luz filhos - se permanecer na fé, no amor e na santidade, com bom senso.” (1 Timóteo 2.11-15). Essa passagem se refere à ordem no culto, mas também traz valores e ensinos para o papel da mulher cristã na igreja. O que Paulo quer dizer nessa passagem, apesar de muitos se levantarem apontando como um é um tipo de machismo, é que as mulheres não podem e nem devem exercer cargos oficiais em suas igrejas, ofícios como diaconia ou presbiterato. Muitos, cristãos e não cristãos, falam que essa passagem compromete todo o trabalho da mulher na igreja, mas não é bem assim, infelizmente para entender isso é necessário um estudo bem mais detalhado e não posso me ater à isso nesse texto.

Muitas mulheres se veem frustradas também na hora da procura por um companheiro também porque não entendem onde estão errando em seu modo de agir, de se vestir. Ruth Manus diz: “[...] Talvez se eu fosse mais delicada… Não falasse palavrão. Não tivesse subordinados. Não dirigisse sozinha à noite sem medo. Talvez se eu aparentasse fragilidade. Talvez se dissesse que não me importo em lavar cuecas. Talvez... [...]”. A autora é muito sábia nessas palavras ao confrontar que ela foi tão criada para ser totalmente avessa ao cuidado de um homem que ela pensa que talvez agindo dessa determinada forma ela possa encontrar um homem para sua vida.

Há um ponto onde não concordo com a autora que é esse: “[...] não estou aqui, num discurso inflamado, culpando os homens. Não. A culpa não é exatamente deles. É da sociedade como um todo. Da criação equivocada. Da imagem que ainda é vendida da mulher. Dos pais que criam filhas para o mundo, mas querem noras que vivam em função da família. [...]”. Ela fala que a culpa é da sociedade como um todo e nós como cristãos sabemos que a culpa é do pecado. “Quando a mulher viu que a árvore parecia agradável ao paladar, era atraente aos olhos e, além disso, desejável para dela se obter discernimento, tomou do seu fruto, comeu-o e ­o deu a seu ma­rido, que comeu também. Os olhos dos dois se abriram, e perceberam que estavam nus; então juntaram folhas de figueira para cobri­r-se.” (Gênesis 3.6-7). Sabemos que foi aqui onde o pecado entrou no mundo e a partir daí todo mal, toda corrupção, toda impureza, todo desvio advém do pecado que mora no nosso coração.

 A minha intenção com esse texto não foi a de concordar em 100% com a autora do texto polêmico, mas sim de trazer a mente e para a reflexão de que até a sociedade, aqueles que não seguem padrões cristãos, estão percebendo que está existindo algo de errado com os conceitos que antes eram válidos e seguidos para o nosso bem. Que Deus nos dê força e sabedoria para trilharmos caminhos que O agrade em todos os momentos, nós mulheres e aos homens cristãos também, que nossa regra de fé e prática seja a Bíblia e que dela tiremos os nossos “passos” a percorrer nessa peregrinação que ruma à Vida Eterna.

Termino então com uma reflexão ainda de Martha Peace*: “Conforme estudamos as Escrituras e amadurecemos em nossa compreensão acerca do pensamento e das crenças piedosas, adquirimos mais discernimento sobre as formas erradas pelas quais temos sido influenciadas. Em vez de sermos atraídas pela fascinação da filosofia feminista que agrada nossos ouvidos, o autor de Hebreus escreveu que nossas faculdades serão ‘exercitada para discernir não somente o bem, mas também o mal’. (Hebreus 5.14)”.

Tenham cuidado para que ninguém os escravize a filosofias vãs e enganosas, que se fundamentam nas tradições humanas e nos princípios elementares deste mundo, e não em Cristo. (Colossenses 2.8)


LARYSSA LOBO


*Martha Peace em Mulheres em Apuros – Soluções bíblicas para os problemas que as mulheres enfrentam. Editora Fiel, 2010.
*Link do texto da blogueira Ruth Manus: http://blogs.estadao.com.br/ruth-manus/a-incrivel-geracao-de-mulheres-que-foi-criada-para-ser-tudo-o-que-um-homem-nao-quer/


Em que Crê um Cristão Reformado?

Muitos irmãos em Cristo devem ter percebido que me identifico sempre como um "cristão reformado", apesar de, logicamente, ser um evangélico. Talvez alguns já indagaram a si próprios sobre o que significa essa expressão, porém nunca tiveram coragem de perguntar. Escrevo este artigo com o objetivo de satisfazer a curiosidade de todos aqueles que ficam com um nó na cabeça sempre que ouvem ou lêem essa expressão de minha parte.

Um cristão reformado é alguém que crê na doutrina bíblica conforme expressa pela Teologia Reformada, elaborada no tempo da Reforma Protestante. Como já foi dito anteriormente, a Reforma foi o maior avivamento da história da igreja, tendo como marco inicial a publicação das 95 Teses contra a venda de indulgências, por Martinho Lutero, em 31 de outubro de 1517. Depois de Lutero surgiram muitos outros reformadores, entre eles João Calvino. Enquanto Lutero foi o responsável pela recuperação da doutrina da justificação pela fé, Calvino recuperou a doutrina da soberania de Deus. E foi sobre essas doutrinas que se construiu a chamada Teologia Reformada, que nada mais é do que uma sistematização da doutrina bíblica.

Para que a Teologia Reformada fique mais clara a todos, gostaria de fazer uma breve confissão de fé sobre o que creio como cristão reformado. Não tenho a pretensão de ser exaustivo nesta confissão, pois para isso já existem as confissões de fé históricas. Desejo apenas apresentar a fé reformada de forma resumida para aqueles que ainda não a conhecem.

Em primeiro lugar, creio como reformado que a Bíblia deve ser interpretada seguindo o modelo histórico-gramatical. Isto significa que, por ser um livro inspirado pelo Espírito Santo (II Tm.3.16), a Bíblia deve ser interpretada em espírito de oração e na total dependência do Espírito, que ilumina nossa mente para que possamos compreender seu verdadeiro significado (I Co.2.10-16). Porém, como a Bíblia também é um livro humano, no sentido de que foi escrita por seres humanos usados por Deus (II Pe.1.21), devemos interpretá-la usando regras de interpretação, a que damos o nome de Hermenêutica Bíblica. Essa interpretação é histórico-gramatical porque deve levar em consideração o contexto histórico em que a passagem analisada foi escrita (autor, destinarários, etc) e também o contexto gramatical no qual está inserida (tipo de literatura, versículos anteriores e posteriores, etc).

Neste ponto discordo dos neo-pentecostais, que muitas vezes interpretam a Bíblia alegoricamente, atribuindo um significado simbólico ou espiritual diferente do significado pretendido pelo escritor original do texto. Também discordo dos dispensacionalistas que, sob o pretexto de interpretarem a Bíblia literalmente, acabam pegando as passagens em seu sentido literal mesmo em escritos poéticos e proféticos, cheios de símbolos e figuras, chegando a interpretações precipitadas sobre o texto bíblico.

Em segundo lugar, creio como reformado na justificação pela fé. A justificação é um ato legal, no qual Deus declara que o pecador é justo (Rm.3.22-26; 4.5), não por alguma obediência ou boa obra dele próprio (Ef.2.8), nem por algo operado nele pelo próprio Deus, mas somente por causa da obediência perfeita de Cristo à lei (Rm.5.18-19). Essa justificação é composta de dois processos: o negativo, que consiste no perdão de pecados (Rm.4.6-8), e o positivo, que consiste na imputação da justiça de Cristo (II Co.5.21). O pecador é justificado somente pela fé (Rm.3.28).

Neste ponto discordo de diversas visões sobre a justificação pela fé. Discordo dos católicos, que crêem que a justificação é uma mudança moral do pecador, uma infusão de justiça (e não imputação), confundindo justificação com santificação, e fazendo, assim, com que ela dependa não apenas da fé, mas também das boas obras (Rm.4.1-5). Discordo de muitos dispensacionalistas, que freqüentemente negam que a justificação consista também da imputação da justiça de Cristo, fazendo ela consistir apenas em perdão de pecados, e considerando a fé como sendo, ela própria, a justiça que vem de Deus. Discordo também daqueles que ensinam que no Antigo Testamento a justificação era pela obediência à lei, pois as Escrituras são muito claras em afirmar que o homem nunca foi justificado pela lei (Rm.3.20), e a fé sempre foi a condição para justificação, mesmo no Antigo Testamento (Rm.4.3).

Em terceiro lugar, creio como reformado na soberania de Deus. Por soberania de Deus deseja-se mostrar o controle absoluto de Deus sobre toda Sua criação (Mt.6.26; 10.29), e todos os acontecimentos passados, presentes e futuros, sendo Ele o Senhor da história (Dn.4.35). Deus não é somente o Criador, é também o Preservador do Universo, sustentando todas as coisas pela Palavra do Seu poder (Hb.1.3). Ele é quem determina tudo o que acontece, Sua vontade é totalmente soberana (Is.46.10), inclusive sobre nossas vontades (Fp.2.13). Logo, não existe, como muitos dizem, um livre-arbítrio. Existe sim uma liberdade e responsabilidade humana, mas que é limitada pela vontade soberana de Deus.

Nisto discordo de diversos ramos cristãos, em diversos aspectos. Discordo daqueles que crêem que a oração pode mudar a vontade de Deus, fazendo orações "determinatórias", pois em Deus não há mudança, nem sombra de variação (Tg.1.17); nossas orações são respondidas quando feitas segundo Sua vontade (Mt.6.10; I Jo.5.14) e mudam apenas acontecimentos. Discordo daqueles que pensam que certas coisas acontecem fora do controle de Deus, como catástrofes naturais, guerras ou o problema do mal no mundo, pois tudo isso está em Seus planos e foi por Ele determinado, como demonstram diversas passagens do Antigo e Novo Testamento (Gn.50.20; Rm.8.28). Discordo também daqueles que pensam poder determinar o seu próprio destino, como se o poder da vida ou da morte estivesse em suas próprias mãos (Dt.32.39).

Em quarto lugar, creio como reformado na soberania de Deus especificamente em relação à salvação(Rm.8.29-30). Isso foi perfeitamente expresso num documento chamado Cânones de Dort, elaborado entre 1618 e 1619, onde a salvação é apresentada em 5 pontos: depravação total, eleição incondicional, expiação limitada, chamada eficaz e perseverança dos santos.

Depravação total significa que o homem foi de tal forma afetado pelo pecado que é totalmente incapaz de se salvar sozinho ou mesmo contribuir, por pouco que seja, nessa salvação (Rm.3.9-20). A depravação total mostra que "todos pecaram e carecem da glória de Deus" (Rm.3.23), que os pecadores estão "mortos em delitos e pecados" (Ef.2.1) e que "todo aquele que comete pecado é escravo do pecado" (Jo.8.34). Um morto espiritual não pode fazer nada para viver, e um escravo não tem vontade própria. O poder para ressuscitá-lo espiritualmente tem que vir de fora, e para ser livre precisa antes ser liberto pelo Filho (Jo.8.36) . Por isso, ninguém pode escolher a Jesus por si próprio para ser salvo, nem fazer uso de um tipo de livre-arbítrio para aceitar ou rejeitar a salvação alcançada por Cristo.

Eleição incondicional significa que Deus, somente pela Sua soberana vontade, escolheu desde toda a eternidade (Ef.1.4) uma multidão de "todos os povos, tribos, línguas e nações" (Ap.7.9) para serem salvos de seus pecados e herdarem a vida eterna. Porém, Ele não escolheu a todos (Rm.9.13). Essa escolha não se baseou em nada de bom ou que agradasse a Deus presente nos próprios pecadores , ou alguma fé que Ele tivesse previsto pela Sua presciência (Rm.9.11); pelo contrário, foi totalmente pela Sua maravilhosa graça que Ele os escolheu soberanamente, para o louvor da Sua glória (Rm.9.14-18; Ef.1.5,6,11,12). Aqueles que não foram escolhidos estão destinados à condenação eterna no inferno, sem que Deus seja culpado pelo seu destino ou pelos seus pecados. Deus salva uns para demonstrar a Sua graça, e condena outros para demonstrar Sua justiça (Rm.9.19-24). Outra coisa interessante a se observar é que Deus não era obrigado a salvar ninguém de seus pecados, nem deixaria de ser um Deus amoroso se não o fizesse. Logo, o fato de Deus salvar uma multidão da humanidade por pura graça já é uma demonstração infinita de amor e misericórdia, acima de toda comparação.

Expiação limitada significa que o valor da morte de Cristo é absolutamente infinito e poderoso para perdoar todos os pecados daqueles que Deus escolheu, e apenas desses (Is.53.11-12). Dizer que Cristo morreu pelo mundo não significa que Ele morreu por todas as pessoas do mundo, mas por pessoas de todas as partes do mundo (Jo.3.16; I Jo.2.2). Logo, Cristo não morreu por todos os homens literalmente; apenas pelos escolhidos de Deus, que são Suas ovelhas e Sua Igreja (Jo.10.11,15; 17.9; Ef.5.5-27). Porém, essa expiação dá aos eleitos uma salvação eterna, pois, perdoados de todos os seus pecados pelo sacrifício de Cristo, e tendo sido imputada a eles a justiça de Cristo, eles já não podem ser condenados; eles tem, agora, a vida eterna (Jo.5.24).

Chamada eficaz nos fala sobre como Deus salva os Seus escolhidos. Deus usa a pregação do evangelho como meio de chamar os eleitos para Si mesmo (Rm.10.14-17). O evangelho deve ser pregado a todas as pessoas (Mc.16.15), pois não sabemos quem Deus escolheu, e a Palavra se tornará eficaz na vida daqueles que foram eleitos antes da fundação do mundo (At.13.48). O Espírito Santo irá agir na vida dos eleitos, operando a regeneração (ou novo nascimento- Jo.3.3-8) pela Palavra (I Pe.1.23), tornando-os dispostos a responderem positivamente ao convite do evangelho (At.16.14). É nesse momento que os eleitos recebem a capacidade de "escolher a Deus" e receber a Cristo (Jo.6.65), arrependendo-se de seus pecados e tendo fé em Cristo para salvação. Tanto o arrependimento como a fé são dons de Deus, dados no momento da regeneração (At.5.31; 11.18; Ef.2.8; Fp.1.29; II Tm.2.25). Por isso, ninguém deve se achar melhor que os outros por ter se arrependido ou ter tido fé, porque essa capacidade é algo sobrenatural dado por Deus. Dizer que essa chamada aos eleitos é eficaz significa que é impossível a um eleito resistir ao convite do Espírito Santo, pelo evangelho, no seu coração (Is.43.13).

Perseverança dos santos significa que aqueles que foram eleitos por Deus, desde o dia em que foram salvos, não poderão mais perder essa salvação (Jo.6.39; Rm.8.30; Fp.1.6). Como Cristo morreu por todos os seus pecados - passados, presentes e futuros - nenhum pecado pode, agora, levá-los à condenação: "Nenhuma condenação há para aqueles que estão em Cristo" (Rm.8.1). Uma vez salvo, salvo para sempre. Eles têm a vida eterna e, se é eterna, não pode acabar um dia (Jo.10.28-29). Nada, agora, pode separá-los do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor (Rm.8.35-39). Porém, isso não significa que os eleitos nunca mais pecarão, porque isso certamente irá acontecer (I Jo.1.8-10). Mas como eles foram regenerados, seu prazer agora não é mais o pecado, mas a santidade (I Jo.3:6-10). Uma pessoa que viva em pecado e alegue ter sido salva deve ter sua salvação seriamente questionada. Um cristão pode até cometer um pecado terrível, porém, esse pecado certamente requererá uma disciplina da parte de Deus, não com o objetivo de fazê-lo pagar pelo seu pecado, que ja foi pago na cruz por Cristo, mas com a finalidade de aperfeiçoá-lo, para que seja participante da santidade de Deus (Hb.12.5-13). Davi foi um exemplo dessa disciplina de Deus, no caso de Bate-Seba (II Sm.11 e 12).

Em quinto lugar, creio como reformado que o "fim principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre", como diz o Breve Catecismo de Westminster. Logo, um reformado tenta viver uma vida que glorifique a Deus em todos os aspectos, e entende que Deus é adorado e glorificado em todas as áreas de sua vida: no trabalho, na família, na sociedade, no lazer, na igreja, etc. "Quer comais, quer bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus" (I Co.10.31), como diz o apóstolo Paulo. A busca da glória de Deus e a adoração cheia de amor que brota do coração de um cristão reformado é a aplicação prática e conseqüência da doutrina da soberania de Deus. Pode-se perceber isso no próprio Paulo que, depois de discorrer sobre o assunto da soberania de Deus dos capítulos 9 a 11 de Romanos, encerra o assunto com adoração: "Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem deu primeiro a ele, para que lhe venha a ser restituído? Porque dele, por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém." (Rm.11.33-36).

Este é um pequeno resumo do que eu creio como reformado. Digo com segurança e convicção que essa é a doutrina original dos evangélicos, mas que, infelizmente, foi abandonada com o tempo. Tenho buscado um retorno ao evangelho bíblico conforme ensinado pelos reformadores, nossos pais na fé, e creio que esse é o único caminho para um verdadeiro avivamento na igreja evangélica moderna. O segredo do avivamento não é inovar, mas olhar para o passado e restaurar o que se perdeu: "Ponde-vos nos caminhos, e vede, e perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; e achareis descanso para as vossas almas." (Jr.6.16).


Minha sincera oração é que Deus utilize este artigo para abrir os olhos de muitos irmãos em Cristo às verdades esquecidas da Palavra de Deus, e que assim, despertos para o evangelho eterno, possam ter seus corações em chamas por essas mesmas verdades que custaram o sangue de nossos pais!

André Aloísio 
Publicado em: http://teologia-vida.blogspot.com.br/2006/10/em-que-cr-um-cristo-reform_116136941580431401.html

Intercâmbio feito por Walisson Arruda

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Preparando o Coração para a Adoração

Trecho do livro” Cinco Coisas que o todo Cristão Precisa para Crescer” de R.C. Sproul

É muito importante que tenhamos tempo para preparar o nosso coração para adorar a Deus antes de pôr o pé no santuário na manhã de domingo.  Deus deixou isso claro em meio às circunstâncias impressionantes da promulgação da lei em Êxodo 19. Deus chamou o povo para se preparar para entrar em Sua presença, ou para se achegar em Sua presença, mas na verdade não para a montanha onde ele iria falar com Moisés.

 “Disse também o Senhor a Moisés: Vai ao povo, e santifica-os hoje e amanhã, e lavem eles as suas roupas,E estejam prontos para o terceiro dia; porquanto no terceiro dia o Senhor descerá diante dos olhos de todo o povo sobre o monte Sinai.” (Êxodo 19:10-11)
Deus queria que o povo de Israel, antes que se achegassem, se preparassem  para se encontrar com ele.

Em nossa igreja, o culto começa às 10:30. Às 10:20, desligamos as luzes e começamos o prelúdio. Este é o sinal para o nosso povo  começar a se preparar para a adoração. Em contraste, Deus deu a Israel dois dias para se preparar. Ele exigiu que eles fossem consagrados e que lavassem suas roupas. Estas preparações foram adequadas para o que estava prestes a acontecer. Se eu disser à minha congregação que em três dias Deus irá aparecer visivelmente e que Ele queria que eles lavassem suas próprias roupas para a ocasião, tenho certeza que eles iriam o fazer. Isso parece ser um requisito insignificante para o grande privilégio de estar na presença física de Deus.  Êxodo 19:14 nos diz que Moisés fez exatamente o que Deus ordenou; Ele desceu, e santificou o povo. As pessoas também obedeceram, lavando suas roupas. Eles tomaram tempo para se preparar para a adoração. Nós devemos fazer o mesmo, ao ler a Palavra de Deus e orar por sua ajuda para adorá-Lo corretamente.

Parte de nossa preparação para o culto deve ser lembrando-nos de que Deus é o santo Senhor soberano. Voltando à Êxodo 19, lemos no verso 16:

“E aconteceu que, ao terceiro dia, ao amanhecer, houve trovões e relâmpagos sobre o monte, e uma espessa nuvem, e um sonido de buzina mui forte, de maneira que estremeceu todo o povo que estava no arraial.

Quando a trombeta soou e chegou o momento para o povo de Israel  se aproximar de Deus, todas as pessoas no arraial tremeram. Infelizmente, algumas pessoas não respondem mais a Deus em adoração dessa forma. Muitos se esqueceram de como é tremer  diante dele, pois não o consideram santo. Quão diferentes seriam suas respostas se eles pudessem vê-Lo como Ele se revelou aos israelitas:

E Moisés levou o povo fora do arraial ao encontro de Deus; e puseram-se ao pé do monte.
E todo o monte Sinai fumegava, porque o Senhor descera sobre ele em fogo; e a sua fumaça subiu como fumaça de uma fornalha, e todo o monte tremia grandemente.”

Êxodo 19:17-18

A todo momento Deus convidou o povo "Chegai-vos a mim." Mas esse convite foi limitado pelo que Deus disse após a morte de Nadabe e Abiú: ". 'Aos que de mim se aproximam santo me mostrarei”. Somos ordenados por Deus para entrar em Sua presença, para aproximar-se Dele. Não só isso, devemos chegar com confiança à Sua presença, como Hebreus 4:16 deixa claro. Mas há uma diferença entre o que vem com confiança na presença de Deus e o que vem arrogantemente. Quando chegamos confiantemente à Sua presença, ao se aproximar de Deus, devemos sempre lembrar de sua santidade.

Devemos lembrar também que não temos o direito de vir à presença de Deus por nós mesmos. Nenhuma preparação que nós possamos fazer é suficiente para nos fazer dignos disto.

Disponível no site http://www.ligonier.org/blog/preparing-your-heart-worship/
 Acesso em: 23/06/2014

Tradução Thiago Barros

sábado, 21 de junho de 2014

O que a Oração pelos Perdidos Revela Sobre nossa Crença na Soberania de Deus na Salvação? Com a Palavra, J. I. Packer

"Quando você ora por pessoas não convertidas, você o faz com base no pressuposto de que Deus tem o poder de levá-las à fé. Você suplica a Deus para fazer exatamente isso, e sua confiança em pedir repousa na certeza de que Ele é capaz de fazer o que você pede. E, de fato, Ele é: essa convicção, que motiva a sua intercessão, é a verdade do próprio Deus, escrita em seu coração pelo Espírito Santo. Então, na oração — e o cristão é mais lúcido e sábio do que nunca quando ora — você sabe que é Deus quem salva os homens; você sabe que o que faz os homens se voltarem para Deus é a obra graciosa do próprio Deus ao atraí-los para si; e o conteúdo das suas orações é determinado por esse conhecimento. Assim, por meio de sua prática intercessória, não menos do que agradecer por sua conversão, você reconhece e confessa a soberania da graça de Deus. E assim fazem todos os cristãos em todos os lugares."
J.I. Packer, citado pelo Dr. Sam Storms, sobre quem pode ou não orar pela conversão de perdidos.
"Escolhidos: Uma exposição da doutrina da eleição", em breve, pela Editora Anno Domini
FONTE: Facebook de Andrew McAlister

Rodrigo Ribeiro

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Missões na Web

A igreja tem a missão primordial de evangelizar. Esta é a ordem do Senhor Jesus para todos nós (Mc 16:15,16; Mt 28:18,19). É certo que desde que esta tarefa nos foi entregue a mais de dois mil anos, houve mudanças significativas nos meios de comunicação entre as pessoas. O compartilhamento de informações que outrora acontecia unicamente através da oralidade (ou) de forma escrita, agora dá-se também através do rádio, televisão e mais atualmente pela web, o que chamamos de meios de comunicação de massa.

Desde a popularização da internet, ela tem sido um dos veículos mais utilizados pela Igreja na tarefa de evangelizar. Há uma propagação abundante da Palavra de Deus, seja através de redes sociais, blogs ou sites. E a apropriação destes novos meios tem possibilitado um avanço formidável na transmissão do Evangelho, meio mais eficaz atualmente que a própria Televisão. Lembremos que no Brasil grande parte das programações evangélicas exibidas nas TVs abertas são produzidas por denominações neo-pentecostais, o que dispensa maiores comentários.

Em contrapartida o ambiente virtual possibilita uma presença mais democrática. E é deste espaço que nós devemos nos valer, pois tem sido outra grande porta aberta para a evangelização. Este auxílio é um privilégio que outras gerações não tiveram oportunidade de desfrutar, contudo fizeram um excelente trabalho de evangelização. Com as facilidades que temos hoje, nossa responsabilidade é ainda maior. Estas múltiplas formas de comunicar o Evangelho nos tira qualquer justificativa por não levarmos as Boas Novas aos perdidos.

A internet é um excelente campo missionário, principalmente através das redes sociais, que nos possibilita a oportunidade de mantermos contato com centenas de pessoas diariamente. Nossas postagens podem ser vistas e compartilhadas por amigos, amigos dos amigos, e até por desconhecidos. As mensagens transpõem espaços geográficos, chegando a lugares que possivelmente jamais teremos oportunidade de visitar. E tudo isto acontecendo numa velocidade incrível.

Mas, embora esta conexão em rede nos ofereça muitas facilidades, também devemos considerar algumas ciladas do evangelismo virtual, como por exemplo, a impessoalidade e o comodismo. 

O discipulado é parte importante do evangelismo, e este acompanhamento virtual não é tão eficaz quanto o pessoal, embora em casos onde não seja possível um contato direto possamos recorrer a mediação online, mas nestes casos o ideal é utilizá-la como um recurso secundário, complementando conversações reais já iniciadas; as múltiplas facilidades proporcionadas pela internet, quando podemos interagir com dezenas de pessoas sem ao menos levantar de nossa cadeira, pode nos causar certa indisposição para praticar os métodos mais tradicionais, gerando o perigoso comodismo. Lembremos que não precisamos necessariamente pedir o facebook de alguém para podermos compartilhar a nossa fé quando temos a oportunidade de conversar com ela ao vivo.


Cientes de algumas emboscadas da web, devemos aproveitar ao máximo a liberdade que gozamos de compartilhar o Evangelho sem restrições. Que possamos fazer bom uso de nossas páginas, pregando aos milhares de internautas que perambulam perdidos pela Grande Rede. Cabe a nós fazer bom uso destas novas ferramentas que se apresentam para que Cristo seja conhecido por todos os homens e estes possam ter esperança de salvação. 

Missionário Ericon Fábio

quarta-feira, 18 de junho de 2014

A Trindade e a Vida Cristã

A trindade, embora uma doutrina cardinal do cristianismo, às vezes não recebe a devida atenção. Isso se dá mesmo por parte daqueles que reconhecem a importância e a necessidade de sermos trinitarianos, de abraçarmos a fé num Deus que é um em substância e essência, mas três em Pessoa: Pai, Filho e Espírito Santo. A experiência de Sam Alberry, infelizmente, não é coisa rara:
Quando jovem cristão, eu tinha um entendimento básico que, oficialmente, Deus era uma Trindade. Mas não oficialmente, isso quase não fazia diferença na minha vida cristã. Eu orava a Deus. Sabia que Jesus tinha morrido por meus pecados. Eu lia a Bíblia e tentava viver a vida de uma maneira que agradasse ao meu Pai celestial. Nunca me ocorreu ir além disso. A doutrina da Trindade estava cuidadosamente arquivada na gaveta de “Coisas que todos os bons cristãos creem” e, então, nunca mais revista.[1]
Gostamos de enfatizar a importância da justificação pela fé. Alegamos, seguindo Lutero e tantos outros, que ela é a doutrina pela qual a Igreja cai ou fica de pé. Embora reconheçamos a importância da bendita verdade de que somos justificados unicamente por causa de Cristo, por termos fé nele, como nosso Salvador e Substituto, há algo ainda mais fundamental. É a doutrina de Deus.
Se não conhecermos o Deus verdadeiro, que se revela na sua Palavra de maneira infalível, qualquer outro conhecimento será deturpado e carente de significado. Antes de conhecermos a obra da salvação, devemos conhecer o Deus que nos salva. Assim, creio que Bavinck coloca a questão de uma forma mais bíblica:
A doutrina da Trindade é de importância incalculável para a religião cristã. Todo o sistema cristão de crença, toda a revelação especial fica de pé ou cai com a confissão da doutrina da Trindade. Ela é o núcleo da fé cristã, a raiz de todos os seus dogmas, o conteúdo básico da nova aliança.[2]
Sim, devemos conhecer o Deus que se revela. E ele, ao se autorrevelar, nos informa que é uma Trindade. A partir do que encontramos na Bíblia, a autorrevelação de Deus, podemos dizer que o ensino bíblico sobre a Trindade abrange quatro afirmações essenciais:
  1. Há um e somente um Deus vivo e verdadeiro;
  2. Este único Deus existe eternamente em três pessoas — Deus o Pai, Deus o Filho e Deus o Espírito Santo;
  3. Essas três pessoas são completamente iguais em atributos, cada uma com a mesma natureza divina;
  4. Embora cada pessoa seja plena e completamente Deus, as pessoas não são idênticas.
As diferenças entre Pai, Filho e Espírito Santo estão fundamentadas na forma como eles se relacionam um com o outro e o papel que cada um desempenha ao realizar o propósito divino.
A unidade da natureza e a distinção de pessoas da Trindade podem ser ilustradas nas seguintes afirmações adicionais:
  • O Pai é Deus;
  • O Pai não é o Filho;
  • O Pai não é o Espírito Santo;
  • O Filho é Deus;
  • O Filho não é o Pai;
  • O Filho não é o Espírito Santo;
  • O Espírito Santo é Deus;
  • O Espírito Santo não é o Pai;
  • O Espírito Santo não é o Filho.
Ao longo da história da Igreja cristã, diversos credos, confissões e catecismos tentaram resumir e apresentar as principais doutrinas do cristianismo. Como era de se esperar, os documentos que se mantiveram fieis à Escritura apresentam a doutrina da Trindade de maneira clara. Aqui, vale citar as três perguntas e respostas do Breve Catecismo de Westminster:
Pergunta 4. O que Deus é?
Resposta: Deus é espírito, infinito, eterno e imutável em seu ser, sabedoria, poder, santidade, justiça, bondade e verdade.
Pergunta 5. Há mais de um Deus?
Resposta: Há um só Deus, o Deus vivo e verdadeiro.
Pergunta 6. Quantas pessoas há na Divindade?
Resposta: Há três pessoas na Divindade: O Pai, o Filho e o Espírito Santo, e estas três pessoas são um Deus, da mesma substância, iguais em poder e glória.
Devemos deixar claro que o ensino sobre a Trindade não é uma verdade descoberta pelo homem, mas revelada por Deus. E trata-se de uma revelação especial, disponível apenas na Escritura Sagrada. Deus se revela na criação também, mas inúmeras verdades só são encontradas na Bíblia. A Trindade é uma delas, ao lado das duas naturezas de Cristo e tantas outras doutrinas gloriosas. Contemplar o céu e as demais obras da criação podem me apontar para a existência de um Criador, de um Deus, mas não para a existência de um Deus que subsiste em três Pessoas. É por isso que o Evangelho deve ser pregado, pois somente nele temos a revelação plena e salvífica de Deus. Sim, ninguém será salvo sem conhecer a Trindade.
O objetivo deste artigo é analisar como a doutrina da Trindade se relaciona com a vida cristã. Antes disso, veremos alguns erros a se evitar.

A Trindade e alguns erros comuns

Durante toda a história da Igreja, muitos tentaram simplificar a doutrina da Trindade, torná-la mais “palatável”, mais fácil de crer. Mas ao fazê-lo, eles acabaram não representando o que a Escritura ensina verdadeiramente, e terminaram com uma doutrina da Trindade bem diferente da doutrina bíblica.
Os erros mais comuns, que ainda persistem em nossos dias, são os seguintes: triteísmo, monarquismo e modalismo.
triteísmo ignora a afirmação bíblica recorrente de que Deus é um. Essa heresia afirma que há três deuses, que são do mesmo tipo e, todavia, distintos e separados um do outro. Devemos cuidar para que não sejamos triteístas quando pensamos sobre Deus, mesmo que não verbalizemos isso. O alerta é oportuno, pois alguns cristãos tendem a pensar em “Deus mais em trindade do que unidade.[3] Eles pensam nele mais facilmente como Três do que como Um-em-Três ou Três-em-Um”.[4] Note que o triteísmo é uma forma de politeísmo.
monarquismo é o erro daqueles que não reconhecem a igualdade das Pessoas da Trindade. Alguns pensam que o Filho é menos Deus que o Pai, e o Espírito Santo menos Deus que o Filho. Ou pensam que há uma subordinação ontológica das Pessoas. É verdade que na economia da salvação há uma subordinação do Filho ao Pai, e do Espírito ao Filho e ao Pai. Mas isso não está ligado à essência das Pessoas, pois os três são Deus. Trata-se do cumprimento do Pacto, do Acordo feito entre as três Pessoas. O Filho deliberadamente aceitou ser subordinado ao Pai para resgatar o seu povo, e o Espírito aceitou ser subordinado ao Filho e ao Pai para aplicar a salvação adquirida pelo Filho.
Por último, o modalismo é a heresia de que não existem três Pessoas na Trindade. Há um Deus, que é apenas uma Pessoa, mas que se revela de diversos modos (daí o nome modalismo). Portanto, existem vários modos, diversas maneiras de Deus se revelar à humanidade. Em tempos diferentes, ele se revela como Pai, como Filho e então como Espírito Santo.[5]
Tendo visto rapidamente alguns erros comuns sobre a doutrina da Trindade, vejamos a relevância dessa verdade para a vida cristã.

A Trindade e o Fim Principal do Homem

Nenhum cristão verdadeiro ousaria dizer que o ensino sobre Deus é irrelevante, ou de pouca praticidade. Longe disso! Aquele que foi salvo deseja conhecer mais e mais o Deus que o salvou.
Para o cristão reformado[6], a primazia do conhecimento de Deus é ainda mais nítida. Afinal, oBreve Catecismo de Westminster, um dos belos e antigos símbolos de fé da tradição reformada, começa com a seguinte pergunta: Qual é o fim principal do homem?
A resposta, que mesmo as crianças da família da aliança conhecem,[7] não poderia ser mais bela e bíblica:
O fim principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre.[8]
Embora a necessidade e obrigação de conhecermos e prosseguirmos em conhecer a Deus (Oseias 6.3) seja uma verdade abraçada e afirmada com vigor pelos cristãos, o mesmo não acontece com a Trindade. Muitos consideram a Trindade uma doutrina obscura, estranha, difícil demais para merecer a nossa atenção. Uma doutrina que não pode ser negada, mas que deve ser deixada de lado; afinal, é mais seguro, a fim de evitarmos alguma heresia ao lidar com tão “perigosa” doutrina.
Além disso, não poucos lutam e não conseguem encontrar alguma praticidade na doutrina de que Deus existe em três Pessoas distintas e igualmente gloriosas.
A ideia subjacente a esse pensamento é que ensinar sobre a Trindade não é diferente de ensinar sobre Deus. Contudo, o Deus que existe é uma Trindade. Se em nosso forço diário para conhecermos a Deus não buscarmos conhecer o Deus que é uma Trindade, estaremos atrás de um falso deus, um deus criado pela nossa imaginação pecaminosa.
Em outras palavras, se haveremos de cumprir o nosso fim principal, devemos necessariamente aprender sobre a Trindade. Nada pode ter mais relevância prática do que a doutrina sobre Deus, e o Deus que existe é uma Trindade.
Conhecer a Deus, conhecer como ele realmente é, conhecê-lo como revelado na Bíblia, é conhecê-lo como o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

A Trindade e a Salvação

Quando as pessoas são salvas, geralmente elas não percebem que algo trinitariano lhes aconteceu. Mas “algo trinitariano” é precisamente o que aconteceu na salvação: todo aquele que é salvo foi trazido pelo Pai (Jo 6.44) e levado pelo Espírito a confessar que Jesus é Senhor (1Co 12.3).
O Evangelho nos dá tremendo discernimento sobre a Trindade, pois no Evangelho vemos o Pai enviando o Filho, revestido de poder pelo Espírito Santo, para receber a ira do Pai e nos colocar em eterna comunhão com Deus.
Voltando à alegação, por parte de alguns, que a Trindade é irrelevante, ou no mínimo uma doutrina “opcional”. Ora, nenhum cristão argumentaria que o Evangelho é opcional. Afinal, o Evangelho é o poder de Deus, para salvação de todo aquele que crê (Rm 1.16). Todavia, o Evangelho é uma realidade trinitariana. O Evangelho torna-se ininteligível sem um conceito das Pessoas distintas de Deus.
Em 1 João 4.14, por exemplo, lemos que “o Pai enviou o seu Filho como Salvador do mundo”. Este simples versículo abre os nossos olhos para as pessoas da Trindade trabalhando em prol da nossa salvação.
A Trindade é indispensável para entendermos o Evangelho. Sem ela, “todo o plano da redenção fica em pedaços”[9].

A Trindade e a Oração

A falta do entendimento da Trindade é muitas vezes revelada na forma como oramos. Não poucas vezes as pessoas da Trindade são confundidas nas orações do povo de Deus.
― Ó Pai, Deus de amor, te agradecemos por ter morrido em nosso lugar.
Essa é, infelizmente, uma oração comum, mas revela um erro grosseiro por não distinguir as Pessoas da Trindade. Somente o Filho encarnou e somente o Filho morreu em favor do seu povo. O Pai, nem o Espírito fez isso.[10]
A nossa oração é, ou ao menos deveria ser trinitariana. O nosso Senhor ensinou claramente que devemos orar ao Pai (Lucas 11.2), em nome de Jesus (isto é, por causa dos seus méritos), e no poder do Espírito Santo.
“Orando no Espírito Santo” (Judas 20), é o que devemos fazer. É ele, a Terceira Pessoa da Trindade, quem desperta em nós o desejo de orar, e quem intercede por nós, pois não sabemos orar como convém. É Paulo quem nos ensina isso claramente:
Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis. (Romanos 8.26)
Todas as três pessoas da Trindade estão presentes na verdadeira oração. Dirigimo-nos ao Pai, o Filho conseguiu esse livre acesso, e o Espírito nos capacita e nos auxilia neste santo dever.

 A Trindade e a Adoração

O verdadeiro culto cristão é trinitariano. É algo inescapável. Deixe-me explicar.
Gosto como Tim Chester coloca isso:
Nossa adoração é inevitavelmente trinitariana. O Pai e o Filho se deleitam um no outro, na alegria do Espírito e juntos participamos desse deleite (Lucas 10.21-22).[11]Mas frequentemente perdemos a percepção disso quando não é algo explícito na forma como moldamos a nossa adoração. Mas a Trindade impacta nossa adoração (quer percebamos ou não)! Mesmo quando nossa adoração é fraca e desfigurada pelo pecado, o Espírito nos conecta a Cristo nosso Sacerdote, que nos representa diante do Pai na congregação celestial (Hb 2.11-13).[12]
Em outras palavras, a verdade da Trindade deveria estar explícita em nosso culto comunitário: nas orações, nos hinos e, sobretudo, na pregação. Contudo, mesmo quando isso não acontece, o culto ainda é trinitariano. O motivo é belo e enche o coração de alegria: a Trindade está trabalhando para nos perdoar e tornar o nosso culto aceitável.
Todavia, isso não é escusa para não trabalharmos em busca de um culto cada vez mais trinitariano. A nossa liturgia deve ser evidentemente triúna, e não apenas os ministros do Evangelho, mas toda a congregação deve ser capaz de explicar o motivo de ser assim.

A Trindade e “Deus como Amor”

Em 1 João 4.8, lemos que “Deus é amor”. Mesmo crianças podem entender que o amor exige a existência de mais de uma pessoa. Assim, se Deus é amor, entendemos que Deus é tanto o amante como o amado.
Mas se Deus não fosse uma Trindade, ele não poderia ser amor. Ele existiria durante uma eternidade “passada”,[13] isto é, antes de ter criado, sozinho, sem amar e sem ser amado.
A ideia de que Deus precisa de nós, de que ele precisava criar, é uma ideia de quem não entendeu a Trindade. Deus não estava sozinho, não estava em busca de alguém para amar ou por quem ser amado. Ele já amava e era amado antes da fundação do mundo. Vejamos:
Portanto, a criação não é Deus em busca de amor, mas Deus derramando o seu amor, jorrando o seu amor. O fato de ele nos criar, mesmo sem precisar, nos revela o seu amor. Se ele não estava carente de companhia (e de fato não estava!), se não necessitava da criação (longe disso!), e mesmo assim decidiu ir adiante e criar, só podemos exclamar: quão grande é esse amor!

Uma Palavra de Cautela

Não precisamos e não devemos simplificar o conceito da Trindade. Mas permitir que a explicação da Trindade seja complexa não significa entrar em todos os detalhes da Trindade econômica, muito menos nas noções especulativas a partir dos debates acadêmicos.
A Trindade não é um mistério, pois está revelada na Escritura.[14] Trata-se de uma verdade que Deus nos apresentou em sua Palavra inspirada, inerrante e infalível. Por outro lado, ela é um mistério[15] no sentido de não sabermos diversas coisas; na Escritura, não nos foi revelado tudo acerca da existência de Deus como uma Trindade. Não há uma descrição detalhada e exaustiva de como a Trindade “funciona”.
Portanto, devemos lidar apenas com aquilo que a Escritura nos revela acerca do Deus que existe, do Deus que é uma Trindade. Não nos é lícito especular sobre inúmeras verdades, muito menos a verdade sobre Deus. E mais: não apenas não sabemos tudo sobre Deus, mas não podemos, e nunca poderemos saber! Eu explico:
As Pessoas da Trindade são plenamente conhecidas apenas uma pelas outras. Deus é um ser Infinito e nós, seres finitos, não podemos saber tudo o que é possível saber sobre ele. Digo possível, pois, como já dissemos, trata-se de algo possível e factual entre as Pessoas da Trindade. Jesus diz em Mateus 11.27:
Ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho…
É verdade que ao final Jesus diz: “e aquele a quem o Filho o quiser revelar”. Mas não se trata de uma revelação completa. Esta não é uma interpretação forçada, pois é corroborada por outras passagens, dentre elas 1 Coríntios 2.11:
Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito, que nele está? Assim, também as coisas de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus.
O Pai conhece o Filho, o Filho conhece o Pai e ambos conhecem e são conhecidos pelo Espírito de uma forma que nunca estará acessível a nós, criaturas. A distinção Criador-criatura é instransponível. Alguns reconhecem isso, mas acham que a distinção e a limitação de conhecimento serão eliminadas no céu, após sermos glorificados. É claro que teremos um conhecimento mais claro e abrangente de quem Deus é, mas ainda será um conhecimento muitíssimo limitado. Afinal, seremos glorificados, mas não deixaremos de ser criaturas.
Este é o nosso Deus. Prostremo-nos diante dele.
FELIPE SABINO

[1] Sam Allberry, Connected: Living in the light of the Trinity (Nottingham: IVP, 2012), p. 13.
[2] Herman Bavinck, Dogmática Reformada — Deus e a Criação, Volume 2 (São Paulo: Cultura Cristã, 2012), p. 341. Ênfase adicionada.
[3] Ou seja, embora usemos o termo Trindade, devemos pensar em Deus como triunidade, como um Deus triúno. Há unidade na pluralidade!
[4] Stuart Olyott, What the Bible Teaches about The Trinity (Darlington, England: EP Books, 2011), 88.
[5] A tentativa de explicar a Trindade como a água em seus três estados (líquido, gasoso e sólido) é claramente uma visão modalista. Vale lembrar que qualquer analogia para a Trindade é inapropriada, pois não se trata de uma realidade presente e descoberta na criação. Conhecemos a Trindade somente mediante revelação proposicional do Criador, em sua Palavra.
[6] Ou seja, que creem naquilo que é comumente chamado de Teologia Reformada. Para os não familiarizados com a Teologia Reformada, recomendo as seguintes leituras: O que é teologia reformada, de R. C. Sproul; Calvinismo, de Abraham Kuyper; Vivendo para a glória de Deus, de Joel Beeke.
[7] Na verdade, o Breve Catecismo de Westminster, embora usado em nossos dias para instrução de adultos, foi criado para o ensino das crianças.
[8] Ou, como sugerem alguns amigos, “deleitar-se nele para sempre”.
[9] Stuart Olyott, What the Bible Teaches about The Trinity (Darlington, England: EP Books, 2011), 98.
[10] É claro, muitos dos que oram assim o fazem por ignorância, sem perceberem o que estão fazendo. Aliás, não poucos soltam essas “pérolas” devido ao nervosismo quando oram em público. A despeito da não intencionalidade desses cristãos, orar dessa maneira é afirmar a heresia do modalismo.
[11] Naquela hora, exultou Jesus no Espírito Santo e exclamou: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém sabe quem é o Filho, senão o Pai; e também ninguém sabe quem é o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar. (Lucas 10.21-22)
[12] Credo Magazine, Abril 2013, p. 18.

[13] Como Deus criou o próprio tempo, não existe uma eternidade passada.
[14] Diferente do uso popular do termo, mesmo por grandes teólogos, mistério não é algo desconhecido, algo nebuloso, muito menos um conhecimento místico. Antes, é um conhecimento que estava oculto, que era desconhecido, mas foi posteriormente revelado por Deus. O termo é muito usado pelo apóstolo Paulo e pode ser visto em diversas passagens, das quais citamos três: “Mas falamos a sabedoria de Deus em mistério, outrora oculta, a qual Deus preordenou desde a eternidade para a nossa glória” (1 Coríntios 2.7);   “Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos” (1 Coríntios 15.51); “O mistério que estivera oculto dos séculos e das gerações; agora, todavia, se manifestou aos seus santos” (Colossenses 1.26).
[15] Não há contradição aqui. Estou simplesmente dizendo que sabemos alguma coisa, mas não tudo (longe disso!).

FONTE ORIGINAL: https://www.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Freforma21.org%2Fartigos%2Fa-trindade-e-a-vida-crista.html&h=vAQGg0k2v

Intercâmbio feito por Lídia Santos