quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Não pule do pináculo!


“Então, o levou a Jerusalém, e o colocou sobre o pináculo do temple, e disse: Se és Filho de Deus, atira-te daqui abaixo; porque está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeitoque te guardem; e: Eles te sustentarão nas suas mãos, para não tropeçardes nalguma pedra. Respondeu-lhe Jesus:Dito está: Não tentarás o Senhor, teu Deus.”
Lc 4:9-12

            Jesus havia sido levado pelo Espírito Santo para ser tentado no deserto pelo próprio Satanás e, ali, o inimigo de nossas almas faz uma proposta que deixa alguns cristãos perplexos, porque ele utiliza das Escrituras para fazê-la. Algumas pessoas, que não entendem porque exatamente Jesus não pulou do pináculo, dizem que Ele não o fez somente para não obedecer a Satanás porque, se houvesse pulado, os anjos O segurariam; mas não é esse o caso, realmente. O texto de Sl 91:9-13 fala acerca do Ungido de Deus e a proteção do Altíssimo das dificuldades e acidentes da vida. Deus O protege a fim de que nenhuma praga se achegue à sua tenda, mas o texto não diz que o Ungido deve procurar a praga para Si! Os anjos O sustentam a fim de que Ele não tropece; ora, ninguém tropeça por vontade própria!

            Aqui Satanás demonstra sua sagacidade no uso da Palavra de Deus: Ele propõe que Jesus faça algo de acordo com a má interpretação de um texto bíblico. Jesus, ao invés de fazê-lo, imediatamente responde mostrando que a interpretação do texto não dizia assim, nem jamais poderia dizê-lo, porque outros textos claramente estabelecem outra coisa. Como o mandamento que Cristo cita. Veja que a correta interpretação do texto é dada e também outros textos que apoiam essa interpretação.

            Mas, de forma similar à tentação de Jesus, Satanás tem tentado alguns crentes com outro texto distorcido. Tenho conversado com muitos jovens e debatido coisas com eles esse ano e, às vezes, costume divergir deles em alguns assuntos. Depois de demonstrar meu ponto de vista com alguns textos bíblicos, muitos tem me citado o famoso “a letra mata, mas o Espírito vivifica”. É compreensível em parte, afinal esses jovens geralmente não são capazes de empregar a Espada do Espírito para apresentar suas opiniões, e então se valem de “revelações de Deus” ou “experiências com Deus” para crerem no que creem. Eles estão pulando do pináculo.

            Digo que eles estão pulando do pináculo porque assim como o texto de Sl 91:9-13 foi distorcido por Satanás para tentar Jesus a agir de acordo com um texto mal interpretado, assim esses jovens são incentivados, por uma má interpretação de um trecho de 2 Co 3:6 a viver suas vidas cristãs de forma bem diferente do que deve ser realmente. Esses jovens talvez nunca tenham lido 2 Co 3:1-11 para entender o que realmente essa “Letra” quer dizer. E assim como a tentação de Satanás perdeu sua força quando o texto foi adequadamente interpretado, creio que essa sugestão também ficará bem mais fraca se lermos o que o texto diz.

            Abra sua Bíblia em 2 Co 3, e leia dos versos 1 a 11: Paulo está, aqui, comparando a antiga aliança com a nova e afirmando a superioridade da segunda. A primeira foi gravada com letras em pedras, e é chamada de “ministério da morte” e “ministério da condenação”; essa é a Lei. Ele afirma, porém, que havia alguma glória na antiga aliança. Para alguém que conhece alguma coisa de outros escritos de Paulo a respeito, sabe que “a Lei é boa”, e que tudo que ela diz, “aos que vivem na Lei o diz para que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus”. A Lei tem o seu propósito claro, qual seja: deixar evidente o pecado e a condenação de todos os homens, sem exceção. E por isso ela é chamada de “ministério da condenação”, e por isso se diz que “a Letra mata”. E não há nada de errado em a Lei nos condenar, porque isso é absolutamente justo.

            Também me faltaria o tempo de fazer toda uma longa exortação, com os vários textos bíblicos que nos orientam a um estudo diligente e a um conhecimento profundo da Palavra de Deus; esses jovens mesmo com os quais tenho conversado durante este ano sabem alguns. Eles sabem o “não tentarás o Senhor, teu Deus”. Mas, não obstante, pulam do pináculo! O argumento de Satanás é muitíssimo fraco, mas quantos acedem a ele! Porque ele diz: “a Letra mata, mas o Espírito vivifica, quer dizer que se você conhecer muito da Bíblia, ou se expor demais a ela, você irá ficar frio na fé; o Espírito vivifica: para evitar ficar frio, você deve apenas depender do Espírito, e não da Palavra”. Percebe que argumento fraco? Ainda que o texto dissesse o que ele não diz, poderíamos ler as Escrituras, e conhecê-las bem, dependendo do Espírito Santo a fim de que não ficássemos frios – como de fato fazemos!

            Irmãos, não pulem do pináculo! Não alicercem suas vidas, ainda suas vidas cristãs, em textos mal interpretados. Tenham cuidado! Satanás não tem intenção alguma que conheçamos a Palavra de nosso Deus; ele sabe que ela é lâmpada (Sl 119:105) e que sem ela o peregrine não encontra o caminho da cidade celestial; ele sabe que ela é semente (Lc 8:11), sem a qual o trabalhador da seara não pode fazer coisa alguma; ele sabe que ela é a água, que tanto dá vigor (Sl 1:1-3), quanto é usada para preparar a noiva do Cordeiro (Ef 5:25); sem ela, os justos não crescerão como a palmeira nem como os cedros do Líbano (Sl 92:12), e a noiva não ficará preparada.

Sabemos, porém, que os propósitos de Deus jamais serão frustrados: os peregrinos chegarão à cidade celestial; os semeadores farão o seu trabalho e a noiva estará pronta no tempo devido. Mas Deus cumpre Seus desígnios por diversos meios e um deles é o da exortação que nós fazemos uns pelos outros. E aqui está minha exortação: não pule do pináculo!


Daniel Campos
Irmão em Cristo Presbiteriano, de Belo Horizonte, que tivemos o prazer de conhecer através do grupo de leitura anual da bíblia no Facebook.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Bebendo Suco de Laranja para a Glória de Deus


Quando me perguntam: “A Doutrina de Depravação Total é bíblica?”, minha resposta é: “Sim”. Uma das coisas que pretendo dizer com esta resposta é que todas as nossas ações (sem a graça salvadora) são moralmente maculadas. Em outras palavras, tudo o que o incrédulo faz é pecaminoso e, portanto, inaceitável a Deus.
Uma de minhas razões para crer nisto encontra-se em 1 Coríntios 10.31: “Quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus”. É pecado desobedecermos este mandamento das Escrituras? Sim.
Por isso, chego a esta triste conclusão: é pecado alguém comer, ou beber, ou fazer qualquer outra coisa, se não for para a glória de Deus. Em outras palavras, o pecado não é apenas uma lista de coisas prejudiciais (matar, roubar, etc.). Pecamos quando deixamos Deus fora de consideração nas realizações triviais de nossa vida. Pecado é qualquer coisa que fazemos, que não seja feito para a glória de Deus.
É pecado alguém comer, ou beber, ou fazer qualquer outra coisa, se não for para a glória de Deus.
Mas, o que os incrédulos fazem para a glória de Deus? Nada. Conseqüentemente, tudo o que eles fazem é pecaminoso. É isso que pretendo dizer, quando afirmo que, sem a graça salvadora, tudo que fazemos é moralmente ruim.
Evidentemente, isto suscita uma questão prática: como podemos “comer e beber” para a glória de Deus? Tal como, por exemplo, beber suco de laranja no café da manhã?
Uma das respostas encontra-se em 1 Timóteo 4.3-5:
…[alguns] proíbem o casamento e exigem abstinência de alimentos que Deus criou para serem recebidos, com ações de graças, pelos fiéis e por quantos conhecem plenamente a verdade; pois tudo que Deus criou é bom, e, recebido com ações de graças, nada é recusável, porque, pela palavra de Deus e pela oração, é santificado.
Suco de laranja foi criado para ser “recebido com ações de graças, pelos fiéis e por quantos conhecem plenamente a verdade”. Portanto, os incrédulos não podem usar suco de laranja para cumprir o propósito que Deus tencionou – ou seja, uma ocasião para ações de graça sinceras, dirigidas a Ele, provenientes de um coração de .
Mas os crentes podem, e esta é a maneira como glorificam a Deus. O suco de laranja que eles bebem é santificado “pela palavra de Deus e pela oração” (1 Tm 4.5). A oração é a nossa humilde resposta de agradecimento do coração. Crer nesta verdade, apresentada na Palavra de Deus, e oferecer ações de graça, em oração, é uma das maneiras de bebermos suco de laranja para a glória de Deus.
A outra maneira é bebermos com amor. Por exemplo, não insista na porção maior. Isto é ensinado no contexto de 1 Co 10.33: “Assim como também eu procuro, em tudo, ser agradável a todos, não buscando o meu próprio interesse, mas o de muitos, para que sejam salvos”. “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo” (1 Co 11.1). Tudo o que fazemos – inclusive beber suco de laranja – pode ser feito com a intenção e a esperança de que será proveitoso para muitos, a fim de que sejam salvos.
Louvemos a Deus porque, pela sua graça, fomos libertos da ruína completa de nossos atos. E façamos tudo, quer comamos, quer bebamos, para a glória de nosso grande Deus!
Fonte: Extraído do livro Penetrado pela Palavra, John Piper, Editora Fiel.
ARTIGO PUBLICADO ORIGINALMENTE EM: http://monergismo.com/john-piper/bebendo-suco-de-laranja-para-a-gloria-de-deus/

Intercâmbio feito por Rodrigo Ribeiro

terça-feira, 25 de setembro de 2012

A soberania de Deus


Um dos personagens Bíblicos que me chama mais atenção no que diz respeito a soberania de Deus é a vida de José. Penúltimo filho de doze irmãos, amado pelo seu pai e odiado pelos irmãos, José através de sua vida nós tras preciosas lições.

       A primeira delas é que os planos de Deus para nossas vidas sempre seram cumpridos. José era chamado pelos irmão de  “O sonhador”. Ele havia sonhado com o Sol, a lua e  onze estrlas se curvando diante dele. Aquele sonho foi inspirado por Deus mostrando para José coisas que se passariam no futuro. Só que estes sonhos só faziam o ódio dos irmãos de José aumentarem. Em nossas vidas algumas vezes também acontece de Deus colocar sonhos em nosso coração, e esses mesmos sonhos incomodarem pessoas. Mas Deus continua sendo Soberano e tendo o controle de tudo em suas mãos e todo propósito de Deus para nossas vidas serão cumpridos como foi com a vida de José.

        A segunda lição que podemos aprender com a vida de José é que os caminhos de Deus são diferentes dos nossos. Deus nós faz trilhar por caminhos nada convencionais para cumprir o seu propósito. Foi assim na vida de José. Ele foi vendido como escravo aos 17 anos como escravo para Potifar. Deus era com ele e tudo ia bem, até que a mulher de Potifar começou a cobiça- ló, sendo José acusado injustamente de assédio por esta mulher. Por este motivo foi preso, mas apesar disso Deus estava com ele e o abençoava em tudo. Olhando com olhos humanos, diante daquela situação, o que Deus havia revelado a José não fazia muito sentido. Ele estava longe de sua família e agora havia sido acusado de algo que não cometeu. Em nossas vidas acontece de semelhante modo. Muitas vezes não entendemos o agir de Deus, mas Ele continua no controle de Tudo.

         A terceira lição é que Deus ao seu modo e no seu tempo cumpre seu propósito, transformando todo mal em bem. Deus mudou a História de José ao seu modo e no seu tempo. Ele foi tirado da cadeia e feito governador do Egito ao interpretar um sonho do faraó em que Deus revelava coisas do futuro. Houve falta de alimento e os seus irmãos foram comprar mantimento no Egito e se prostraram diante de José como no sonho que ele teve outrora. O que Deus havia planejado se cumpriu, mesmo com toda maldade dos irmãos de José, apesar de toda injustiça sofrida por ele. Deus tinha um plano muito maior sendo realizado através da vida de José. Ele queria poupar a vida de muita gente! Era a mão de Deus que levou José ao Egito. Deus continuava sendo soberano mesmo diante de toda injustiça e maldade. Ele transformou esse mal em bem, como só Ele sabe fazer. Que tenhamos sempre compreensão de que Deus é sempre Soberano! Ele foi soberano na vida de José e continua sendo soberano na vida de cada um de nós! Louvado seja Deus!


                                                                                                         Viviane Arruda

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

UMP Indica: A História de Ian e Larissa


Qual o verdadeiro objetivo do casamento? Casamos por alguém por que nos sentimos atraídos por ela e percebemos vantagens em tê-la ao nosso lado? Será que simplesmente saciar nossos desejos de forma utilitarista é a essência do casamento?

Na indicação de hoje, temos um vídeo muito impactante sobre a história de um jovem casal americano, Ian e Larissa, que apesar de dificuldades enormes, construíram uma relação que glorificam a Deus, e o fizeram por saber qual era o real propósito do matrimônio para eles, e principalmente para Deus. Quem os auxiliou nesta difícil jornada foi a leitura do livro Casamento Temporário do Pastor John Piper.

Assista ao vídeo, seja impactado, e sinta-se estimulado a ler também o livro.


Deus os abençoe!

Rodrigo Ribeiro e Dora Oliveira

sábado, 22 de setembro de 2012

O costume tem valor? Com a palavra João Calvino




Ora, se nos evocam o costume, certamente que nada conseguem, pois se agiria mui injustamente conosco se tivéssemos que ceder ao costume. Sem dúvida que, se os juízes dos homens fossem retos, se fazia necessário buscar o costume dos bons. Contudo, não poucas vezes costuma acontecer mui diferentemente, pois o que se vê praticado por muitos logo adquire o foro de costume. Além disso, dificilmente em algum tempo as coisas humanas estejam tão bem que o melhor agrade à maioria. Portanto, o erro público quase sempre resultou dos vícios particulares de muitos, ou, melhor, o consenso comum dos vícios, que agora estes bons varões querem que seja tido por lei.
Que  aqueles que têm olhos vejam que não  apenas um oceano de males tem inundado o orbe, que numerosas pestes ameaçadoras o têm invadido, que tudo se precipita à ruína, de tal sorte que, ou haverá de desesperar-se inteiramente quanto à situação humana, ou fazer frente a tão grandes males que às vezes é preciso aplicar a força. E o remédio é rejeitado não por outra razão, mas porque já de muito nos acostumamos aos males.
Todavia, ainda que o erro público tenha lugar na sociedade dos homens, no reino de Deus, contudo, o que se ouve e se observa é só sua eterna verdade, à qual não se pode impor a injunção de alguma extensão de tempo, de algum costume, de alguma conjuração. Assim, outrora ensinava Isaías aos eleitos de Deus que não dissessem: Conspiração, em referência a tudo aquilo em que o povo dizia: Conspiração [Is 8.12]. Isto é, que eles próprios não conspirassem compartilhando do sentimento ímpio do povo, nem temessem deles o que temiam, nem  se espantassem, mas, ao contrário, se santificassem ao Senhor dos Exércitos e este fosse para eles o temor e espanto.
Agora, pois, que lancem eles exemplos diante de nós, como queiram, não ape-nas os séculos sucessivos, mas ainda os tempos atuais. Se santificarmos o Senhor dos Exércitos, não seremos grandemente espantados. Ora, ainda que muitos séculos tenham anuído à mesma impiedade, poderoso é aquele que exerce vingança até a terceira e quarta geração [Ex 20.5; Nm 14.18; Dt 5.9]; ainda que, a um só tempo, o orbe inteiro conspire na mesma maldade perversa, pela experiência ele nos ensinaram qual seja o fim daqueles que transgridem com a multidão, quando a todo o gênero humano destruiu pelo dilúvio, preservando apenas Noé com sua reduzida família, o qual, por sua fé, e esta de um só, condenasse ao mundo todo [Hb 11.7; Gn 7.1].
Afinal, o mau costume outra coisa não é senão uma como que peste pública, em que não menos sucumbem quantos tombam na multidão. Ademais, conviria que ponderasse o que em certo lugar diz Cipriano: Aqueles que pecam por ignorância, embora não podem ser eximidos de toda culpa, contudo podem parecer de certo modo escusáveis. Aqueles, porém, que obstinadamente rejeitam a verdade oferecida pela benevolência de Deus nada têm que possam pretextar.



CALVINO, João. As Institutas da Religião Cristã: Carta ao Rei Francisco I, Livro I, pag. 34 e 35


Felipe Medeiros

@felipe_ipb



quinta-feira, 20 de setembro de 2012

A Graça e a Gratidão


"Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco”.

            Compreender os desígnios de Deus para a nossa vida é praticamente uma tarefa impossível, pois o nosso coração humano é limitado e contaminado ainda pelas fraquezas da carne. Entretanto, mesmo sabendo que o Pai tem o controle da nossa vida, como é difícil dar graças em meio às turbulências, em face do “não” que nos é dado por parte Dele, quando estamos nos afogando entre as preocupações e os problemas. Como é difícil dar graças!

            Para muitos, é difícil dar graças também em meio às alegrias. Às vezes pedimos tanto algo a Deus e, quando conseguimos, atribuímos o sucesso ao nosso mérito, nosso esforço, nossa inteligência, menos à benevolência do Pai.
           
            Entretanto, a recomendação que é dada aos cristãos, Em 1 Tessalonicenses 5:18, é que devemos ser gratos a Deus em todas as circunstâncias porque a vontade Dele está sendo cumprida em nossas vidas. Tudo o que nos acontece, de bom ou de mal, é presente de Deus para o nosso crescimento espiritual e para nos aproximar Dele.
           
            Paulo, grande discípulo de Cristo, um dos grandes instrumentos de Deus para disseminação de Sua Palavra, teve que ter a sua visão totalmente retirada pelo Senhor, durante três dias, para que o propósito de Deus se cumprisse em sua vida, para que a sua cegueira espiritual fosse curada. O sofrimento momentâneo de Paulo serviu para que ele pudesse receber a graça de Cristo.

No livro de Salmos 91:1 está escrito: “Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará”.  Aquele que está em comunhão com Deus não deve temer o porvir, não deve preocupar-se com o futuro, com as aflições e com a maldade alheia, pois descansará à sombra do Onipotente, pois está sob o cuidado Dele. E não há maior alegria do que essa. Este é o grande presente que Jesus Cristo nos deu: a graça.

Assim sendo, não importa o problema, a dificuldade, a causa das lágrimas, pois as adversidades são formas que Deus utiliza para nossa edificação e crescimento e Ele não permite que nos aconteça o mau: “ele te livrará do laço do passarinheiro, e da peste perniciosa”
(Salmos 91:3).

Portanto, alegremo-nos em meio às realizações, tenhamos fé diante das dificuldades e nunca nos esqueçamos de dar graças porque o Pai tem cuidado todos os dias de nós. Mesmo quando achamos que Ele não nos está ouvindo.

Andrea Grace

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

É Sempre uma Falta de Amor Criticar e Julgar?


Tornou-se comum evangélicos acusarem de falta de amor outros evangélicos que tomam posicionamentos firmes em questões éticas, doutrinárias e práticas. A discussão, o confronto e a exposição das posições de outros são consideradas como falta de amor.


Essa acusação reflete o sentimento pluralista e relativista que permeia a mentalidade evangélica de hoje e que considera todo confronto teológico como ofensivo. Nossa época perdeu a virilidade teológica. Vivemos dias de frouxidão, onde proliferam os que tremem em frêmito diante de uma peleja teológica de maior monta, e saem gritando histéricos, "linchamento, linchamento"!


Pergunto-me se a Reforma protestante teria acontecido se Lutero e os demais companheiros pensassem dessa forma.


É possível que no calor de uma argumentação, durante um debate, saiam palavras ou frases que poderiam ter sido ditas ou escritas de uma outra forma. Aprendi com meu mentor espiritual, Pr. Francisco Leonardo Schalkwijk, que a sabedoria reside em conhecer “o tempo e o modo” de dizer as coisas (Eclesiastes 8.5). Todos nós já experimentamos a frustração de descobrir que nem sempre conseguimos dizer as coisas da melhor maneira.


Todavia, não posso aceitar que seja falta de amor confrontar irmãos que entendemos não estarem andando na verdade, assim como Paulo confrontou Pedro, quando este deixou de andar de acordo com a verdade do Evangelho (Gálatas 2:11). Muitos vão dizer que essa atitude é arrogante e que ninguém é dono da verdade. Outros, contudo, entenderão que faz parte do chamamento bíblico examinar todas as coisas, reter o que é bom e rejeitar o que for falso, errado e injusto.


Considerar como falta de amor o discordar dos erros de alguém é desconhecer a natureza do amor bíblico. Amor e verdade andam juntos. Oséias reclamou que não havia nem amor nem verdade nos habitantes da terra em sua época (Oséias 4.1). Paulo pediu que os efésios seguissem a verdade em amor (Efésios 4.15) e aos tessalonicenses denunciou os que não recebiam o amor da verdade para serem salvos (2Tessalonicenses 2.10). Pedro afirma que a obediência à verdade purifica a alma e leva ao amor não fingido (1Pedro 1.22). João deseja que a verdade e o amor do Pai estejam com seus leitores (2João 3). Querer que a verdade predomine e lutar por isso não pode ser confundido com falta de amor para com os que ensinam o erro.


Apelar para o amor sempre encontra eco no coração dos evangélicos, mas falar de amor não é garantia de espiritualidade e de verdade. Tem quem se gabe de amar e que não leva uma vida reta diante de Deus. O profeta Ezequiel enfrentou um grupo desses. “... com a boca, professam muito amor, mas o coração só ambiciona lucro” (Ezequiel 33.31). O que ocorre é que às vezes a ênfase ao amor é simplesmente uma capa para acobertar uma conduta imoral ou irregular diante de Deus. Paulo criticou isso nos crentes de Corinto, que se gabavam de ser uma igreja espiritual, amorosa, ao mesmo tempo em que toleravam imoralidades em seu meio. “... contudo, andais vós ensoberbecidos e não chegastes a lamentar, para que fosse tirado do vosso meio quem tamanho ultraje praticou? Não é boa a vossa jactância...” (1Co 5.2,6). Tratava-se de um jovem “incluído” que dormia com sua madrasta. O discurso das igrejas que hoje toleram todo tipo de conduta irregular em seus membros é exatamente esse, de que são igrejas amorosas, que não condenam nem excluem ninguém.


Ninguém na Bíblia falou mais de amor do que o apóstolo João, conhecido por esse motivo como o “apóstolo do amor” (a figura ao lado é uma representação antiquíssima de João) Ele disse que amava os crentes “na verdade” (2João 1; 3João 1), isto é, porque eles andavam na verdade. "Verdade" nas cartas de João tem um componente teológico e doutrinário. É o Evangelho em sua plenitude. João ama seus leitores porque eles, junto com o apóstolo, conhecem a verdade e andam nela. A verdade é a base do verdadeiro amor cristão. Nós amamos os irmãos porque professamos a mesma verdade sobre Deus e Cristo. Todavia, eis o que o apóstolo do amor proferiu contra mestres e líderes evangélicos que haviam se desviado do caminho da verdade:


- “Eles saíram de nosso meio; entretanto, não eram dos nossos; porque, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco; todavia, eles se foram para que ficasse manifesto que nenhum deles é dos nossos” (1Jo 2.19).


- “Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Este é o anticristo, o que nega o Pai e o Filho” (1Jo 2.22).


- “Aquele que pratica o pecado procede do diabo” (1Jo 3.8).


- “Nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo” (1Jo 3.10).


- “todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus; pelo contrário, este é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que vem e, presentemente, já está no mundo” (1Jo 4.3).


- “... muitos enganadores têm saído pelo mundo fora, os quais não confessam Jesus Cristo vindo em carne; assim é o enganador e o anticristo... Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece não tem Deus... Se alguém vem ter convosco e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem lhe deis as boas-vindas. Porquanto aquele que lhe dá boas-vindas faz-se cúmplice das suas obras más” (2Jo 7-1).


Poderíamos acusar João de falta de amor pela firmeza com que ele resiste ao erro teológico?
O amor que é cobrado pelos evangélicos sentimentalistas acaba se tornando a postura de quem não tem convicções. O amor bíblico disciplina, corrige, repreende, diz a verdade. E quando se vê diante do erro seguido de arrependimento e da contrição, perdoa, esquece, tolera, suporta. O Senhor Jesus, ao perdoar a mulher adúltera, acrescentou “vai e não peques mais”. O amor perdoa, mas cobra retidão. O Senhor pediu ao Pai que perdoasse seus algozes, que não sabiam o que faziam; todavia, durante a semana que antecedeu seu martírio não deixou de censurá-los, chamando-os de hipócritas, raça de víboras e filhos do inferno. Essa separação entre amor e verdade feita por alguns evangélicos torna o amor num mero sentimentalismo vazio.



O amor, segundo Paulo, “é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1Coríntios 13.4-7). Percebe-se que Paulo não está falando de um sentimento geral de inclusão e tolerância, mas de uma atitude decisiva em favor da verdade, do bem e da retidão. Não é de admirar que o autor desse "hino ao amor" pronunciou um anátema aos que pregam outro Evangelho (Gálatas 1). Destaco da descrição de Paulo a frase “O amor regozija-se com a verdade” (1Coríntios 13.6b). A idéia de “aprovar” está presente na frase. O amor aprova alegremente a verdade. Ele se regozija quando a verdade de Deus triunfa, quando Cristo está sendo glorificado e a igreja edificada.


Portanto, o amor cobrado pelos que se ofendem com a defesa da fé, a exposição do erro e o confronto da inverdade não é o amor bíblico. Falta de amor para com as pessoas seria deixar que elas continuassem a ser enganadas sem ao menos tentar mostrar o outro lado da questão.


Augustus Nicodemus Lopes

Intercâmbio feito por Walber Arruda

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Duas superstições evangélicas

Pode parecer um disparate falar de superstição em meio aos evangélicos. Mas considerando superstição como crendice nascida e estabelecida em um meio, duas coisas me chamam a atenção nesse nosso universo.
A primeira é a situação de muitos pensarem que o que os torna cristãos é o fato de estarem numa igreja local. Ledo engano. O que nos torna cristãos é o novo nascimento. Quem coloca sua fé na igreja local não passa de um mero religioso. E isto é muito sério, pois quando se tem essa visão de cristianismo, termina se evangelizando mostrando a conversão como simplesmente mudar de religião. Em Mt 3.7-9, João Batista critica exatamente esta classe de pessoas ( Vendo ele, porém, que muitos fariseus e saduceus vinham ao batismo, disse-lhes: Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento; e não comeceis a dizer entre vós mesmos: Temos por pai a Abraão; porque eu vos afirmo que destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão). Há vários outros exemplos nas Escrituras, como o jovem rico que não quis abandonar as riquezas para seguir a Jesus (Mc 10.21), Nicodemus, doutor da lei  e não entendia de fato o nascer de novo (Jo 3). Tenhamos pois, nossa fé firmada na rocha, no Senhor da igreja.
                A segunda superstição parece com a primeira. Tem muito crente achando que pode ser cristão fora da igreja. Hoje eles já tem até nome. Os sem-igreja ou desigrejados.  Estes, com toda sorte de desculpas, afirmam poder ser crente longe de uma comunidade de cristãos, e coisas como  se reunir numa lanchonete pra discutir aspectos espirituais da Rio +20 é ser igreja. Isto afronta o princípio bíblico registrado pelo autor da carta aos Hebreus, capítulo 10, versículos 19 a 25, que mostra claramente ato de congregar como uma característica do novo nascido, do verdadeiro crente. No verso 24, o autor diz CONSIDEREMO-NOS uns aos outros. Ou seja, considere o seu irmão digno de ouvir a palavra, digno de receber seu perdão, digno de ouvir um pedido de perdão, digno de crescer junto com você na graça e no conhecimento, digno de ensinar e de ser ensinado. E muito mais. Isto é estimularmo-nos ao amor e às boas obras. E Deus nos proveu esta graça, nos ajuntando para o louvor da glória do seu nome.
                Em síntese, a igreja não salva. Nossa salvação está em Cristo, mas o crente de verdade, verdadeiramente convertido ao Senhor Jesus, vai procurar uma igreja local para congregar e crescer, junto com os outros membros do corpo de Cristo.
Deus nos abençoe.   Presb. Cicero Pereira

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

UMP Indica: Teologia Natural e a tarefa do Artista Conteporrâneo (Guilherme de Carvalho)


A nossa arte é voltada para sensações ou para percepções? A música que produzimos e reproduzimos até mesmo na liturgia do culto, tem como objetivo maior nos fazer sentir coisas, ou enriquecer nossa percepção?

No mês de Maio do ano de 2012, ocorreu o III Congresso de Teologia e Igreja no Mackenzie, tendo como principal preletora Nancy Pearcy, mas dentre as varias palestras, uma das que vi e me chamou bastante atenção foi este que indico agora: Teologia Natural e a Tarefa do Artista Cristão Contemporâneo, ministrada por Guilherme de Carvalho, que responde de forma brilhante e edificante as indagações feitas no parágrafo anterior.

Esta palestra traça um caminho que se inicia no iluminismo, com o que Guilherme chama de “Giro Narcísico da modernidade”, instante que o homem se coloca como centro de todas as coisas, fazendo com que o mundo exterior perca completamente o sentido, e assim, acaba aprisionado dentro de si mesmo.

Como resposta a este isolamento em si mesmo do homem moderno, o Cristianismo contemporâneo não apresenta uma alternativa correta, mas tão somente uma adaptação. Para o cristão de hoje, o mundo ainda não tem sentido, mas ele foca suas expectativas no mundo que há por vir, deixando de observar a glória de Deus neste mundo, que continua sem significado. Esta visão acaba o levando, assim como o homem hiper-moderno, a buscar somente sensações.

A resposta adequada do artista Cristão, segundo Guilherme, com base em uma consiste teologia reformada e histórica, é um combate à secularização da fé, através de uma nova concepção de Teologia Natural, que se afasta de clássica, muito críticada pelos reformadores, mais que entende a imagem de Deus na natureza, visualizada através de Jesus Cristo, o Deus revelado.

Deste modo, o cristão, deve propor uma arte que traga uma nova percepção, significado ao mundo, se contrapondo a arte hiper-moderna que se perde dentro de si mesmo, numa busca desenfreada por prazer e entendimento, sem um significado maior. Esta jornada teórica, ao longo da palestra, é demostrada através da análise de várias obras de arte plástica de autores significativos como Da Vinci, Picasso e etc.

Esta palestra é imprescindível para todos os que desejam fortalecer sua forma de apreciar a beleza da criação, percebendo nas artes os contornos do Criador, atentando ao significado espiritual de todas as coisas, assim como para os artistas cristãos que precisam se desvencilhar da arte sem significado, focando em meros sentimentos e experiências subjetivas, e alcançar um nível mais amplo e rico de arte.

Sobre o palestrante: Guilherme de Carvalho é casado com Alessandra e pai de duas mocinhas: Ana Elisa e Helena. Seu chamado é o ensino sobre a unidade de Criação e Evangelho, e o escopo universal do Senhorio de Cristo, e tem interesse especial por filosofia da religião, teologia natural e teologia da cultura. É formado pela Escola Superior de Teologia do Mackenzie, mestre em Teologia pela Faculdade Teológica Batista de São Paulo, e mestre em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo. Foi professor de teologia por vários anos, e atualmente é pastor da Igreja Esperança em Belo Horizonte e diretor de L’Abri Fellowship Brasil.

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Rodrigo Ribeiro
@rodrigolgd

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Qual o significado da expressão "Glória de Deus"? Com a palavra, Joel Beeke


A palavra glória no hebraico é kabod e deriva-se de uma raiz que significa “peso”. Por exemplo, o valor de uma moeda de ouro era determinado por seu peso. Portanto, ter peso significa ter valor ou dignidade. A palavra grega traduzida por glória é doxa e originalmente significa opinião. Essa palavra se refere à importância ou ao valor que, em nossa opinião, atribuímos a alguém ou algo. A ideia hebraica fala do que é inerente a Deus – seu valor ou dignidade intrínseca; a ideia grega fala da resposta de seres inteligentes e morais ao valor e à dignidade que eles veem manifestadas na Palavra e nas obras de Deus.

Em ambos os testamentos da Bíblia, a palavra glória significa a manifestação de excelência e da dignidade (glória demostrada), bem como a resposta de honra e adoração a essa manifestação (glória dada). A glória de Deus é a beleza de suas perfeições multiformes, bem como o esplendor admirável que emana dessas perfeições. A excelência moral de Deus resplandece em grandeza e magnificência em seus atos da criação, providência e redenção (Is 44.23; Jo 12.28; 13.31-32). Ao contemplarem essa excelência, os adoradores de Deus lhe dão glória por meio do louvor, ações de graça e obediência (Jo 17.4; Rm 4.20; 15.6,9; 1Pe 4.12-16).

BEKEE, Joel B. In: Vivendo para a glória de Deus: Uma introdução à fé reformada. Traduzido por Francisco Wellington Ferreira.  São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2010. Capítulo I0: A escritura, a graça, a fé, Cristo e a glória, pp. 163.


Rodrigo Ribeiro
@rodrigolgd