Precisamos
permitir que Paulo explique o seu próprio ensinamento. Diz ele em Romanos 3.9:
"Que se conclui? Temos nós [os
judeus] qualquer vantagem [sobre os gentios]? não, de forma nenhuma; pois já
temos demonstrado que todos, tanto judeus como gregos, estão debaixo do
pecado".
Não somente
são todos os homens, sem qualquer exceção, considerados culpados à vista de
Deus, como também são escravos desse mesmo pecado que os torna culpados. Isso
inclui os judeus, os quais pensavam que não eram servos do pecado porque
possuíam a lei de Deus. Mas, visto que nem judeus nem gentios têm-se mostrado
capazes de desvencilharem-se dessa servidão, torna-se evidente que no homem não
há poder que o capacite a praticar o bem.
Essa
escravidão universal ao pecado inclui até mesmo aqueles que parecem ser os
melhores e mais retos. Não importa o grau de bondade que um homem possa
alcançar; isso não é a mesma coisa que possuir o conhecimento de Deus. O mais
admirável que há nos homens é sua razão e sua vontade, todavia, é forçoso
reconhecer que essa mais nobre porção dos homens está corrompida. Diz Paulo, em
Romanos 3.10-12: "Não há justo, nem
sequer um, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram,
à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer".
O significado dessas palavras é perfeitamente claro. Deus é conhecido através
da razão e da vontade humanas. Porém, nenhum ser humano, somente por sua
natureza, conhece a Deus. Precisamos concluir, por conseguinte, que a vontade
humana está corrompida e que o homem é totalmente incapaz, por si mesmo, de
conhecer a Deus ou de agradá-Lo.
Talvez
alguma pessoa audaciosa atreva-se a dizer que somos capazes de fazer mais do
que de fato fazemos; porém, o que aqui nos interessa é o que somos capazes de
fazer, e não o que estamos ou não estamos fazendo. O trecho das Escrituras
citado por Paulo, em Romanos 3.10-12, não nos autoriza a fazer tal distinção.
Deus condena tanto a incapacidade pecaminosa dos homens quanto os seus atos
corruptos. Se os homens fossem capazes, ainda que o mínimo possível, de
movimentarem-se na direção de Deus, não haveria mais qualquer necessidade de
Deus salvá-los. Deus permitiria que os homens salvassem-se a si mesmos. Porém,
nenhum deles está apto nem ao menos a fazer a tentativa.
No trecho
de Romanos 3.19, Paulo declara que toda boca se calará diante de Deus, porque
ninguém poderá argumentar contra o julgamento divino, visto que nada existe, em
pessoa alguma, digno de ser elogiado pelo Senhor — nem ao menos um arbítrio
livre para voltar-se espontaneamente para Ele. Se alguém disser: "Tenho
uma capacidade própria, ainda que pequena, de voltar-me para Deus", esse
alguém deve estar querendo dizer que pensa que nele há alguma coisa a qual Deus
possa elogiar e não condenar. Sua boca não está calada, mas tal ideia contradiz
as Escrituras.
Deus
ordenou que toda boca ficasse calada. Não é
apenas certos grupos de pessoas que são culpados diante de Deus. Não apenas os
fariseus, dentre o povo israelita, estão condenados. Se isso fosse verdade,
então os demais judeus teriam tido alguma capacidade própria para guardar a lei
e evitar de tornarem-se culpados. Porém, até mesmo os melhores dentre os homens
estão condenados por sua impiedade. Estão espiritualmente mortos, da mesma
forma que aqueles que de maneira alguma procuram guardar a lei de Deus. Todos
os homens são ímpios e culpados, e merecem ser punidos por Deus. Essas coisas
são tão evidentes que ninguém pode nem mesmo sussurrar uma palavra contra elas!
Com a palavra feito por Jhonatas Araujo
Livro: Nascido Escravo
Martinho Lutero
Paginas: 21 e 22
Editora: Fiel
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