Davi foi, sem sombra
de dúvidas, um dos personagens mais importantes e controversos da história
judaico-cristã. Suas façanhas nos conduzem facilmente da mais extrema
admiração, até o mais alto nível de decepção. Este mesmo personagem transitou
entre os sublimes momentos de fé, de adoração sincera, arrependimento genuíno,
e esplendor poético nos salmos, mas também se encontrou em lugares deploráveis,
executando pecados inomináveis e terríveis.
Variadas são as
lições que pudemos tirar da vida deste servo de Deus, desde a inclinação que
devemos ter em contemplar e louvar Deus com toda nossa capacidade artística,
como de fato ele fez, assim como podemos aprender a ter fé em Deus, e enfrentar
todos os obstáculos visíveis movidos pelo firme propósito de glorificar o Seu
nome, como ocorreu no episódio de seu confronto com o Golias. Mas também
devemos refletir bastante nos erros deste homem, pois nos mostra a capacidade
destrutiva que habita dentro de nós, o pecado, e também nos ensina a respeito
da importância do arrependimento sincero, e principalmente, a inestimável
misericórdia de nosso Deus, que perdoa as nossas transgressões de forma
graciosa.
Mas, o momento
especial que gostaria de refletir neste instante é exatamente o final do
reinado de Davi, quando este indica seu filho Salomão como seu sucessor,
transfere a este a responsabilidade de erguer o templo e oferece uma parte de
seus bens como oferta para construção do mesmo, fazendo assim com que muitos outros
agissem da mesma forma, de forma deliberada e voluntária. Tal redundou em um
momento impar de celebração e festa.
Depois desta oferta,
Davi orou a Deus, e os termos da oração dele nos revelam o saldo da história
vivida por este homem (I Crônicas 29. 10-20). Ele destaca a grandeza de Deus,
que tudo governa, e ressalta que toda a honra, o poder, a glória e a riqueza
vêm Dele. Reconhece a condição do povo diante de tão grande Deus, afirmando
assim que Ele não precisa de nada, mesmo assim aceita de bom grado as ofertas
de seu povo. Mas ressalta também que Deus esquadrinha os corações e sabe a
intenção de cada, só se satisfazendo naqueles que contribuem com genuína
alegria. No fim da oração, antes de conclamar que todos se curvem e adore a
Deus, ele pede ao mesmo que faça com que o coração do povo e do novo rei seja
inclinado a servir a Deus.
Nesta breve oração
podemos detectar aquilo que Deus construiu com o tempo e com dolorosas e
valiosas lições na vida de Davi: Acima de qualquer trono ou governo, existe um
Deus grandioso que tudo controla para sua glória. Ele não depende de nós, mas
se alegra quando nos doamos a ele, entregamos nossas vidas como oferta. Esse
Deus conhece nossos corações, não podemos enganá-los. E tão grande soberania
significa que até mesmo o desejo de amá-lo e obedecê-lo vêm Dele. Este foi o
último ato público de Davi com rei de Israel, e sua última oração registrada
nas Escrituras Sagradas. Este é o fim do relato da vida terrena de Davi.
Que possamos ser
agraciados com tão precioso conhecimento, e que todas as situações de nossa
vida nos conduzam a uma maior maturidade, para que ao final de nossa jornada
tenhamos a mesma lucidez e sabedoria do Rei Davi. Que os altos e baixos da
nossa vida cristã nos façam ter, no final de tudo, esta concepção positiva e
proveitosa de tudo que vivemos, assim como Davi o fez nesta “última” oração.
Rodrigo
Ribeiro
@rodrigolgd
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