Em decorrência da
proximidade das comemorações relativas ao dia dos namorados, o clima artificial
de romantismo tem se intensificado sob as hostes comerciais da mídia, que
milita contra os valores familiares nos outros dias do ano, mas que no mês de maio concede uma trégua oportuna. Neste período é
comum que os solteiros sintam-se excluídos, mas esta é uma
realidade que também não perdura, em regra, durante o restante do ano. Muitos
se orgulham de sua "solteirice", e revelam uma grande aversão a relacionamentos
sérios, que envolvam abnegação e sacrifício mútuo. A premissa básica destas
pessoas é que sem relacionamentos, o que impera é a liberdade plena.
Segundo Tim Keller,
em seu livro “O Significado do Casamento”, esta visão é fruto de uma mudança de
paradigma no que diz respeito aos conceitos de casamento e família, que antes
eram vistos como um dever, um compromisso a ser alcançados pelos homens que
desejam se desenvolver como tais, mas que hoje é visto como um empecilho
desnecessário aos novos alvos da sociedade pós-moderna: o prazer sem restrições
e uma busca egoísta por autoafirmação e satisfação, conduzido a uma espécie de
consumismo nos relacionamentos e uma a eterna adolescência.
De fato, o casamento, e o namoro e noivado
como relacionamentos que o prenunciam, exigem comprometimento e renúncia,
palavras abominadas pelas pessoas de nossa sociedade. No entanto esta concepção
de "solteirice", como uma fase da vida absolutamente livre, não tem o mínimo
respaldo bíblico, pois o cristão é comissionado ao serviço, e isto irá
acontecer indecentemente de status no facebook. A bem da verdade, todo cristão
é um escravo:
Pois aquele que,
sendo escravo, foi chamado pelo Senhor, é liberto e pertence ao Senhor;
semelhantemente, aquele que era livre quando foi chamado, é escravo de Cristo.
1 Coríntios 7:22
1 Coríntios 7:22
Este mesmo princípio
é reafirmado em diversas outras passagens, e inclusive colocada por Paulo
explicitamente em Gálatas, quando ela nos intima a sermos servos uns dos outros
(Gálatas 5:13). E esta é a grande verdade a ser compreendida: sempre seremos
servos, por amor a Cristo. No casamento, esta sujeição mútua, conforme Efésios,
se revela na submissão da esposa, no amor sacrificial do marido, e também na
obediência dos filhos e na responsabilidade dos pais. Mas ainda que algum cristão
não esteja vinculado a família alguma, ele está unido a outros irmãos pelos vínculos
da cruz e assim também deve servir a esta família na fé.
Um jovem sente-se tentando
a não se envolver com um alguém do sexo oposto, pois despreza a noção que terá
de aprender sacrificar suas vontades em benefício de outro? Isso não é
exclusividade de maridos, pois João se dirige a todos nós quando afirma: “Nisto conhecemos o
amor, em que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar a nossa vida pelos irmãos” (I Jo 3:16).
De igual modo pode
uma jovem sentir-se inclinada a fugir de relacionamentos em virtude de uma
resistência a qualquer noção de submissão que limite sua liberdade, mas não se
apercebe que todos nós recebemos a seguinte limitação: “Ninguém
busque o seu próprio interesse; e, sim, o de outrem” (I Co 10:24).
Um cristão solteiro não pode jamais
fugir de relacionamentos por causa de uma resistência em se sujeitar-se e sacrificar-se
por outros, pois somos escravos de Cristo e uns dos outros. Os mandamentos para
a família não são estranhos a nós, mas, na verdade, são apenas o mesmo princípio
posto para todos, só que em uma intensidade muito maior, proporcional ao
compromisso firmado na família da aliança. Aliás, Paulo, escrevendo aos
coríntios, advoga inclusive que os que tem o dom, continuem solteiros e assim
sirvam com ainda mais afinco causa de Cristo. Assim sendo, fica claro que a solteirice
não implica em menos abnegação, pelo contrário, significa maiores possiblidade de
serviço e entrega.
Rejeite a noção mundana de liberdade. Ela só ecoa a antiga
tentação da serpente. Sirva sempre, seja como solteiro ou casado. Somos todos
escravos de um mesmo Senhor.
Rodrigo Ribeiro
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