sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Por que Deus odeia tanto o pecado do orgulho? Com a palavra C. J. Mahaney


Eis a razão: O orgulho é quando seres humanos pecadores desejam o prestigio e a posição de Deus, e se recusam a reconhecer sua dependência Dele.

Certa vez, Charles Bridges observou como o orgulho exalta o coração das pessoas contra Deus, e “disputa por supremacia” com Ele. A seguinte definição da essência do orgulho é bíblica e repleta de discernimento: Disputar com Deus por supremacia e exaltar o coração contra Ele.

Por razões pessoais, comecei a adotar esta definição de orgulho alguns anos atrás, depois de perceber que, em certa medida, eu ficara indiferente ao orgulho em minha vida. Embora reconhecesse que eu era orgulhoso, sabia que não estava suficientemente convicto disso. Assim, em vez de apenas confessar a Deus que “eu fui orgulhoso naquela situação” e implorar seu perdão, aprendi a dizer: “eu fui orgulhoso naquele momento, com aquela atitude e ação, eu estava disputando contigo por supremacia. Foi isto que aconteceu. Me perdoe.”

E, em vez de confessar a uma outra pessoa: “Foi com orgulho que fiz aquele comentário, por favor, você me perdoa?” Passei a dizer: “o que acabei de fazer foi disputar com Deus por supremacia”, e somente então pedia o perdão da pessoa. Esta prática aumentou, em meu coração, o senso de culpa quando à seriedade desse pecado.

O orgulho assume inumeráveis formas, mas possui apenas uma finalidade: autoglorificação. Este é o motivo e propósito final do orgulho – roubar de Deus a legítima glória e buscar autoglorificação, disputando com Ele por supremacia.  A pessoa orgulhosa procura glorificar a si mesma e não a Deus, tentando assim privar Deus de algo que somente Ele é digno de receber.

Não admira que Deus se oponha ao orgulho e o odeie. Que esta verdade permaneça em seu pensamento.


Mahaney, C. J. In: Humildade. A verdadeira Grandeza. Traduzido por Ana Paulo Eusébio Pereira.  São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2011. Capítulo II: Os perigos do orgulho, pp. 30.

  
Rodrigo Ribeiro
@rodrigolgd

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Reflexões sobre o Namoro Cristão


             Há aproximadamente um mês atrás, estivemos com alguns casais de namorados e noivos da 4.ª Igreja Presbiteriana de Campina Grande que acabou ensejando estas poucas e mal escritas linhas, sobre o tema “NAMOROS SUPERFICIAIS”. Nosso objetivo será então, longe de exaurir o assunto, trazer apenas uma breve reflexão sobre a realidade dos relacionamentos de namoro na hodiernidade, ressalvando algumas características do namoro cristão.

            Introdutoriamente, convém situar a temática na realidade dos relacionamentos dos nossos dias (porque já não sei mais se semanticamente deve ser tratado como modernidade, pós-modernidade ou contemporaneidade, o que só reafirma a tese de que é um tempo relativizado na própria definição). O fato é que os relacionamentos afetivos assemelhados aos vínculos familiares ou tendentes a esses, são marcados pela superficialidade. Segundo os psicólogos de plantão na net, registra-se que o tempo médio de duração dos namoros é de 1 semana a 3 meses. A espécie da moda nesses frágeis e efêmeros relacionamentos é o de “ficar” e/ou de “pegar”, que revelam tão somente a falta de compromisso das partes, ou alguma necessidade de autoafirmação pautada num hedonismo incontrolável.

            A primeira verdade que é necessário fique bem gravada nos bits da rede, e no íntimo dos corações do jovem cristão, que passa por essa fase de paquera, namoro e noivado é que Deus se agrada de compromisso, posto que família é o projeto de Deus para o homem. No ato da criação, após avaliar toda a sua obra como efetivamente algo “muito bom” (Gn 1.31), o criador percebeu que algo não era bom naquele cenário, alguma coisa gravitava destoando de toda a harmonia primitiva, que era o simples fato do homem estar só (Gn 3.18). Deus então institui a família como união de homem e mulher, numa atmosfera de responsabilidade (“deixa o home pai e mãe”), compromisso (“se une à sua mulher”) e união (“tornando-se os dois uma só carne”, Gn 3.24).

            Em contraposição a esta verdade, o “ficar” ou o “pegar” acabaram por se consolidar como alguma forma de diversão entre os relacionamentos, cujo objetivo é satisfazer a libido ou algum outro desejo utilitarista de usar o corpo do outro, beijar muito, e quem sabe ao final poder contar alguma vantagem de tudo isso numa espécie de autoafirmação social. Parece óbvio que Deus não criou o homem e mulher para ser usado como objeto de pretensões sexuais, mas para uma disposição mútua de servir um ao outro, buscando através da experimentação da vontade de Deus juntos, a construção de um projeto comum que redunde em louvor e glória para Ele, que é a verdadeira definição do amor entre um homem e uma mulher.

            Gostaria, portanto, de arrolar algumas características do namoro cristão, que julgamos sejam pautadas em valores bíblicos que apontam para esse padrão de família que o homem historicamente tem tentado distorcer, para dar evasão as suas concupiscências e inclinações pecaminosas:

a) Interesse no bem-estar e realização do outro. Diante do que está exposto nos papéis de cada membro da família nas cartas de Paulo aos efésios e aos colossenses, me parece hialino que o interesse maior na constituição da família não é uma espécie de realização pessoal, uma busca pela felicidade como podemos vislumbrar nos contos e fábulas de príncipes e princesas. Antes, o jovem cristão que busca constituir família está numa busca racional e focada em construir um projeto com outra pessoa e sua prole por vir, no intuito que sua contribuição seja decisiva na realização do outro e dos filhos, como pessoas, profissionais, cristãos, etc. A busca fantasiosa pela felicidade na realidade é uma busca sacrificial de serviço que traz ao seguidor de Cristo a realização de sua própria identidade de servo;

b) O namoro cristão não é exclusivista. Há uma tendência separatista quando nos apaixonamos, de nos afastarmos das pessoas que mais nos amam (pais, irmãos, amigos) e nos isolarmos com nosso namorado(a), dentro de uma redoma intangível. Por inferência lógica, se a família é o projeto de Deus para o homem (sentido lato) então este deve priorizar a sua, até porque a experiência familiar atual (relacionamento com pais e irmãos) revela muito da perspectiva da família que se está querendo constituir. Além do que, não se pode olvidar do princípio bíblico dos filhos quanto aos pais à medida que aqueles amadurecem (Sl 127.5);

c) O namoro cristão é tempo de conhecimento e não sinônimo de intimidades físicas. Devemos, a bem da coerência de nossa pregação, e da autenticidade de um evangelho que faz diferença em meio a uma sociedade corrompida, aprender no namoro a demonstrar carinho com respeito, buscando a familiaridade, sem necessariamente defraudar o outro. (Ef 5. 25-28). Brinco nas palestras sobre namoro que por causa da máxima que “o amor é cego” é que nossos jovens namoram em braile! Há na realidade, no meio de uma juventude que acostumou-se a consumir e a receber a informação pronta sem muitos questionamentos, um erro de definição relativo ao namoro. Todos aproveitam o sentimento e a oportunidade do namoro para “dar uns amassos”, e “curtir” ao máximo a efusão de hormônios, salivas e outras excreções possíveis nos contatos físicos entre namorados. A verdade é que o modelo de namoro que copiamos de filmes, novelas, seriados, revistas, etc., distancia-se a passos largos daquele que seria conveniente para o jovem cristão que assume seu lugar na história de fazer diferença no meio da sociedade. Namoro, como um primeiro nível de compromisso, baseado num vínculo mais frágil que o noivado e consequentemente casamento, deve caracterizar-se principalmente pelo momento de conhecer o outro, suas afinidades, gostos, convicções, valores, família e principalmente sua fé, propósitos de construírem um projeto juntos e ainda sobretudo, os defeitos com os quais se terá de conviver até que a morte os separe.

d) Amizade e companheirismo é fundamental! Se alguém me pergunta quem é a pessoa com que deveria casar, eu oriento que comece ampliando o leque de suas opções passando a considerar como potencial namorado(a), seu melhor amigo(a). Não há como imaginar a constituição de uma família entre duas pessoas que não se estimem, que não se admirem e que tenham um sincero desejo de ver o outro bem sucedido. Esses valores são construídos em amizades sinceras e perduram durante longos anos de casado, consolidando-se quando a beleza, o viço da juventude não mais existirem. Isso evita que você venha a se enganar com pessoas interesseiras que se aproximam muitas vezes tirando levar vantagem de você em alguma situação. Para desenvolver uma grande amizade é necessário demonstrar carinho, respeito, manter um canal de comunicação fulcrado na sinceridade e companheirismo.

            Para finalizar porque minha prolixia fica logo evidente, deixo para outras oportunidades discutirmos alguns outros valores para o namoro cristão, bem como da necessidade de com paciência e direção do Espírito Santo observarmos o tempo de Deus para cada etapa em nossas vidas.  Gostaria ainda de deixar registrado aos amados que tiveram paciência de ler até este ponto que minha oração para essa juventude evangélica é de que entendam que liberdade e responsabilidade não são duas linhas de sentidos opostos, mas precisam conviver paralelamente na mente e corações da nossa mocidade como marcas de uma geração comprometida com Deus e com os valores do reino.

Que Deus abençoe aos amados.

Nossa gratidão especial a Deus e ao irmãos da 4.ª IPCG que oportunizaram essa experiência.

Pelos laços do Calvário.

Itiel Alves
Igreja Presbiteriana do Catolé
Campina Grande - PB

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Vamos voltar a “pecar” biblicamente?

Ouve-se por aí que o cristianismo inventou o pecado. Não pode haver mentira maior. A noção de errar o alvo, de macular o sagrado, de vandalizar o “shalom” no qual deveríamos estar vivendo, sempre esteve conosco. Todas as religiões do mundo comportam definições, razões e características para o pecado. Filósofos pré-cristãos, como Platão e Aristóteles, lidaram com a ideia. Portanto, o pecado não é uma invenção cristã, como querem alguns detratores mal-informados. 


É parte da condição humana o julgar-se a si mesmo, o estabelecer ideais para a vida e para o comportamento moral dos indivíduos. O saber-se pecador não torna ninguém pior, antes, o torna capaz de fazer mudanças. Assisti, recentemente, ao filme “We need to talk about Kevin”. Tilda Swinton representa a mãe de um adolescente que se torna um assassino em massa. O filme narra o terror da mãe vendo o filho crescer sem consciência moral. A definição clássica de “sociopata” é esta: alguém que não é capaz de sentir dor, arrependimento, nem qualquer tipo de reação pelo mal que causa. O sociopata é o cara “sem pecado”.

A noção de pecado também não faz mal à sociedade. Toda sociedade humana impõe limites morais à ação de seus indivíduos. Toda sociedade humana tem algum tipo de definição de moralidade sexual, por exemplo. Uma de nossas tristes descobertas na Amazônia foi que o nível de promiscuidade das comunidades indígenas estava diretamente ligado ao seu desejo de autoextermínio.

Uma comunidade Nawa entre o Brasil e o Peru, por exemplo, que à primeira vista tinha um conceito muito fluido de família e cuja permissividade total afetava as crianças e até mesmo os animais que criava, revelou-se, num estudo mais cuidadoso, ser uma sociedade suicida. A tribo sofreu, durante anos, violentos estupros em massa, a marca registrada de seu contato com os “brancos”. Os homens não se respeitavam porque não foram capazes de proteger suas mulheres. As mulheres não conseguiam amar os filhos do ódio, nem a si mesmas. O desespero existencial tomou conta da tribo. O sexo perverso, arma de guerra usada contra o povo para conduzi-lo à subserviência, era então usado pelo próprio povo para produzir autoaniquilação. A família -- e as noções de restrição sexual que a acompanham -- representa a sobrevivência do povo. Ao abandonar-se a família, abandona-se a vida. O sexo irrestrito é suicídio generacional.


Qualquer semelhança com o desprezo que a sociedade ocidental contemporânea tem por si mesma e com a maneira como está pretendendo eliminar qualquer noção de moralidade sexual não é mera coincidência.


A diferença, porém, entre o pecado cristão e os outros é grande. Na Bíblia, o pecado nos nivela a todos por baixo. Seres humanos são caídos, não importa nossa posição social ou religiosa. Precisamos igualmente da graça. Não há quem escape à condição de dependente da graça. Não há oferta milionária que nos torne mais dignos na presença de Deus.


O pecado bíblico tem consequências terríveis, aqui e no além. O pecado bíblico dói em nós e no Deus que nos criou. Quando transo fora do casamento, não estou atendendo uma necessidade “legítima”. Quando falo mal do irmão, não há “causa nobre” que me justifique. Quando tiro o que não é meu, não é uma “bênção” que recebi. É pecado. Pecado gera morte.


Nosso cristianismo precisa ressuscitar a noção de pecado. Há pecado, sim, do lado de baixo do Equador. Sem atentarmos para a seriedade do pecado não há como amarmos a graça. O cristianismo não inventou a culpa; ela faz parte da nossa condição humana. O cristianismo inventou o perdão. Mas por que graça e perdão, se minimizarmos a noção de pecado? 


• Bráulia Ribeiro trabalhou na Amazônia durante trinta anos. Hoje mora em Kailua-Kona com sua família e está envolvida em projetos de tradução da Bíblia nas ilhas do Pacífico. É autora de Chamado Radical.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Em nome de Jesus...


É reconhecendo minha situação de pobre pecador que me achego a Ti. Sabedor do tamanho da Tua glória, que me faz ver o quão preciosa é minha vida desde que vi que havia sido escolhido por meio de Tua maravilhosa graça e que me faz hoje viver consciente de que não existo em vão, tenho a missão de anunciar dia após dia o Teu imenso amor para com o homem, antes perdido na escuridão, totalmente afastado de seu criador, que o fez por sinal, à sua própria imagem; agora com chance real de habitar na luz para toda eternidade - salvação.

Venho te pedir que me ensine a viver completamente dependente de Ti. Nunca permita que um elogio me coloque em um lugar que não é meu, que a Tua glória seja resplandecente em cada passo meu, não que esse corpo seja merecedor de mostrá-la, mas porque apenas o Senhor quis que fosse templo do Teu Santo Espírito.

Senhor, queria eu nunca decepcioná-lo, ser um filho perfeito que sempre estaria pronto a obedecer, independente de achar que seria bom ou ruim pra mim: mas, ah Senhor...  eu te dou graças, te adoro, sinto nisso o Teu amor, porque é no meu erro que o Senhor mostra que nada sou, é na minha queda que sujo o meu rosto de poeira que logo vira lama junto com minhas lágrimas, que é quando me encorajas a olhar pra cima e ver Tuas mãos estendidas mais uma vez, me levantas, limpa o meu rosto e senta mais uma vez comigo pra conversar, me diz que sofrerei consequências, mas que me ama e me perdoa. O Teu amor simplesmente me constrange.

Viver contigo Senhor, é dizer pra todo mundo que tenho um dono, que tenho um pai de amor, e que ninguém mais pode me tocar pra arrancar um fio de cabelo se quer da minha cabeça: é... eles estão contados! O Senhor me conhece mais que eu mesmo. Costumo ter dúvidas, o Senhor vem com a resposta certa e ainda me diz que é boa, perfeita e agradável, o que temerei? És maravilhoso Deus.

Faz com que eu nunca queira soltar Tua mão pra atravessar correndo, o fim pode ser trágico. Faz de mim um servo eficiente, que traz pessoas e mais pessoas pra te conhecer depois de falar do que fizestes por mim. Apresentá-las Jesus, dizer que foi Ele que se entregou por mim e por todos, sim, Ele levou sobre si todas as nossas dores. Foi Ele que entrou na história pra nos dar uma nova, agora de vida. É por isso Senhor que tudo vem de Ti e para Ti também o é.

Só me resta te pedir Senhor. Afinal é assim que nos orientas, e só assim posso receber, não é mesmo?! Contudo, faz tudo conforme a Tua soberana vontade.

E só mais uma coisa Pai: se possível, trás os meus pra morar conosco! Será um prazer...

Tudo isso te peço, em nome de Jesus.

 Amém.

Everson Franklin

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

UMP Indica: Carruagens de Fogo


Indico hoje o filme Carruagens de Fogo (Charriots of Fire) filme bastante conhecido pela sua trilha sonora e pouco pelo seu conteúdo. Veja a sinopse do filme, vencedor de 4 Oscars, incluindo melhor filme.

As Olimpíadas de 1924, a serem realizadas em Paris, se aproximam. Eric Liddell (Ian Charleson) e Harold Abrahams (Ben Cross) pretendem disputá-la, mas seguem caminhos bem diferentes. Liddell é um missionário escocês que corre em devoção a Deus. Já Abrahams é filho de um judeu que enriqueceu recentemente e deseja provar sua capacidade para a sociedade de Cambridge. Liddell corre usando seu talento natural, enquanto que Abrahams resolve contratar um treinador pessoal. Ambos seguem as eliminatórias sem problemas, até que uma das classificatórias de Liddell é marcada para domingo. Ele se recusa a competir, por ser este um dia santo. Percebendo a situação, um nobre oferece a Liddell sua vaga na disputa dos 400 metros. Ele aceita e vence a corrida, assim como Abrahams. A partir de então, os dois integram a equipe do Reino Unido para as Olimpíadas.

Para nós, cristãos, o exemplo de Eric Lidell, um cristão que se abstêm de correr uma prova no Dia do Senhor, e de uma vida dedicada à pregação do evangelho.

Para saber mais sobre ele, inclusive sobre seu trabalho missionário na China, acesse http://en.wikipedia.org/wiki/Eric_Liddell.


Assista uma cena épica deste filme:

Presb. Cícero da Silva Pereira

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Se eu tiver Fé poderei fazer mais milagres que Jesus? Com a Palavra Augustus Nicodemus


Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai (João 14.12).

Jesus fez esta promessa aos seus discípulos na noite em que foi traído, antes de ir com eles para o Getsêmani, durante o jantar em que instituiu a Ceia. O Senhor falou que iria para o Pai preparar lugar para os discípulos (Jo 14.1-4), e em seguida explicou como eles chegariam lá (14.5-6). Respondendo ao pedido de Filipe para que lhes mostrasse o Pai, Jesus explica que Ele está de tal forma unido ao Pai, que vê-lo é ver o Pai (14.7-9). E como prova de que Ele está no Pai e o Pai está nEle, Jesus aponta para as obras que realizou (14.10-11). E em seguida, faz esta promessa, “aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai” (14.12).

Este dito de Jesus é difícil porque parece prometer que seus discípulos seriam capazes de realizar os milagres que Ele realizou, e até mesmo maiores, se somente cressem nEle – e pelo que lemos no livro de Atos e na história da Igreja, esta promessa não parece ter-se cumprido. Compreender o real sentido desta passagem tem se tornado ainda mais crucial pois ela tem sido usada, após o surgimento do movimento pentecostal e seus desdobramentos, para defender modernas manifestações miraculosas, iguais e maiores dos que as efetuadas pelo próprio Jesus Cristo.

Há duas principais tentativas de interpretar este dito de Jesus:

1.
 As “obras” são os milagres físicos realizados por Jesus

A interpretação popular e mais comum, aceita pela maioria dos evangélicos no Brasil (esta maioria, por sua vez, é composta na maior parte por pentecostais e neopentecostais), é que Jesus realmente prometeu que seus discípulos seriam capazes de realizar os mesmos milagres que Ele realizou, e mesmo maiores. É importante notar que muitos membros de igrejas históricas, como presbiterianos, batistas, congregacionais e episcopais, entre outros, também foram influenciados por este ponto de vista. Nesta interpretação, a palavra “obras” é entendida exclusivamente como se referindo aos milagres físicos que Jesus realizou, como curas, exorcismos e ressurreição de mortos. Os adeptos desta interpretação entendem que existem hoje pastores, obreiros e crentes com capacidade para realizar os mesmos milagres de Jesus – e até maiores. Defendem que curas, visões, revelações e de outras atividades miraculosas estão acontecendo no seio de determinadas igrejas nos dias de hoje, exatamente como aconteceram nos dias de Jesus e dos apóstolos. E desta perspectiva, se uma igreja evangélica não realiza estes sinais e prodígios, significa que ela é fria, morta, sem fé viva em Jesus.

Apesar desta interpretação parecer piedosa e cheia de fé (e é por isto que muitos a aceitam), tem algumas dificuldades óbvias. Primeira, apesar dos milagres que realizaram, nem os apóstolos, que foram os cristãos mais próximos desta promessa, parecem ter suplantado aqueles de Jesus, em número e em natureza. Jesus andou sobre as águas, transformou água em vinho, acalmou tempestades e suas curas, segundo os Evangelhos, atingiram multidões. Não nos parece que os apóstolos, conforme temos no livro de Atos, suplantaram o Mestre neste ponto. Segundo, a História da Igreja não registra, após o período apostólico, a existência de homens que tivessem os mesmos dons miraculosos dos apóstolos e que tenham realizado milagres ao menos parecidos com os de Jesus. Na verdade, os grandes homens de Deus na História da Igreja nunca realizaram feitos miraculosos desta monta, como Agostinho, Lutero, Wycliffe, Calvino, Bunyan, Spurgeon, Moody, Lloyd-Jones, e muitos outros. Os pregadores pentecostais que afirmam ser capazes de realizar milagres semelhantes, e ainda maiores, não têm um ministério de cura e milagres consistente e ao menos semelhantes aos de Jesus. O famoso John Wimber, um dos maiores defensores das curas modernas, morreu de câncer na garganta. Antes de morrer, confessou que nunca conseguiu curar uma criança com problemas mentais, e nem conhecia ninguém que o tivesse feito.  Os cultos de cura de determinadas igrejas neopentecostais alegam milagres que são de difícil comprovação. Terceiro, esta interpretação deixa sem explicação o resto da frase de Jesus: “aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai” (14.12). E por último, esta interpretação implica que os cristãos que não fizeram os mesmos milagres que Jesus fez não tiveram fé suficiente, e assim, coloca na categoria de crentes “frios” os grandes vultos da História da Igreja e milhões de cristãos que nunca ressuscitaram um morto ou curaram uma doença.

Esclareço que não estou dizendo que Deus não faz milagres hoje. Creio que Ele faz, sim. Creio que Ele é poderoso para agir de forma sobrenatural neste mundo e que Ele faz isto constantemente. O que estou questionando é a interpretação desta passagem que afirma que se tivermos fé faremos milagres maiores do que aqueles realizados por Jesus.

2.
 As “obras” se referem ao avanço do Reino de Deus no mundo

A outra interpretação entende que Jesus se referia obra de salvação de pecadores, na qual, obviamente, milagres poderiam ocorrer. Os principais argumentos em favor desta interpretação são estes:

a. A expressão “quem crê em mim” é usada consistentemente no Evangelho de João para se referir ao crente em geral, em contraste com o mundo que não crê. Examine as passagens abaixo:


·                     Jo 6:35  Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede.
·                     Jo 6:47  Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim tem a vida eterna.
·                     Jo 11:25-26  Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo o que vive e crê em mim não morrerá, eternamente. Crês isto?
·                     Jo 12:46  Eu vim como luz para o mundo, a fim de que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas.

Fica claro pelas passagens acima que aqueles que crêem em Jesus são os crentes em geral, e que a fé em questão é a fé salvadora. Por analogia, a expressão “quem crê em mim” em João 14.12 também se refere a todo crente, e não àqueles que teriam uma fé tão forte que seriam capazes de exercer o mesmo poder de Jesus em realizar milagres – e até suplantá-lo!

b. O termo “obras” referindo-se às atividades de Jesus, é usado no Evangelho de João para se referir a tudo aquilo que Ele fez, conforme determinado pelo Pai, para mostrar Sua divindade, para salvar pecadores e para glorificar ao Pai. Veja estas passagens: Jo 4:34; 5:20,36;  6:28,29; 7:3; 9:3,4; 10:25,32,33,37,38; 14:10,11; 14:12; 15:24; 17:4. O termo “obras” não se refere exclusivamente aos milagres de Jesus, muito embora em algumas ocorrências os inclua. No contexto da passagem que estamos examinando, Jesus usa o termo “obras” para se referir às palavras que Ele tem falado: “Não crês que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, faz as suas obras” (Jo 14.10). É evidente, portanto, que não se pode entender o termo “obras” em Jo 14.12 como se referindo exclusivamente aos milagres físicos realizados por Jesus. O termo é muito mais abrangente e se refere à sua toda atividade terrena realizada com o fim de salvar pecadores: palavras, atitudes e, sem dúvida, milagres.

c. A frase “porque eu vou para junto do Pai” fornece a chave para entender este dito difícil. Enquanto Jesus estava neste mundo, sua ação salvadora era limitada pela sua presença física. Seu retorno à presença do Pai significava a expansão ilimitada do Reino pelo mundo através do trabalho dos discípulos, começando em Jerusalém e até os confins da terra. Como vimos, as “obras” que Ele realizou não se limitavam apenas aos milagres físicos, mas incluíam a influência dos mesmos nas pessoas e a pregação do Reino efetuada por Jesus. Estas obras, porém, estavam limitadas pela Sua presença física em apenas um único lugar ao mesmo tempo. As “obras maiores” a ser realizadas pelos que crêem devem ser entendidas deste ponto de vista: os discípulos, através da pregação da Palavra no mundo todo, suplantaram em muito a área de atuação e influência do Senhor Jesus, quando encarnado.

Adotar a interpretação acima não significa dizer que milagres não acontecem mais hoje. Estou convencido de que eles acontecem e que estão implícitos neste dito do Senhor Jesus. Entretanto, eles ocorrem como parte da obra de expansão do Reino, que é a obra maior realizada pela Igreja.

O dito de Jesus, portanto, não está prometendo que qualquer crente que tenha fé suficiente será capaz de realizar os mesmos milagres que Jesus realizou e ainda maiores – a Escritura, a História e a realidade cotidiana estão aí para contestar esta interpretação – e sim que a Igreja seria capaz de avançar o Reino de Deus de uma forma que em muito suplantaria o que Jesus fez em seu ministério terreno. Os milagres certamente estariam e estão presentes, não como algo que sempre deve acontecer, dependendo da fé de alguns, e não por mãos de pretensos apóstolos e obreiros super-poderosos, mas como resposta do Cristo exaltado e glorificado às orações de seu povo.

Post de Augustus Nicodemus em seu blog; O Tempor! O Mores!

Karlla Christina

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

É preciso cavar!


Ultimamente venho pensando muito sobre a historia que Jesus contou dos dois construtores, - o construtor sábio e o construtor insensato. O homem sábio edificou sua casa sobre a rocha. Quando veio a tempestade, a sua casa se manteve firme. O homem insensato edificou a casa sobre a areia. Quando os ventos e as chuvas chegaram, a casa foi destruída.

Antes quando ouvia ou lia essa historia pensava que para edificarmos nossa casa sobre a rocha bastava apenas sermos cristãos, ou seja, crer na palavra de Deus como verdade. Aparentemente se tratava de uma oposição estre o crente e o descrente. Mas o livro ‘’Cave mais fundo’’ de Joshua Harris me trouxe uma visão diferente sobre o assunto.

Hoje posso ver que o significado desta parábola vai bem além de cremos na palavra de Deus, nos desafia a cavarmos nossa casa em cima de sua palavra, que nossa vida seja edificada na palavra de Deus e quando o texto diz que o homem sábio teve que cavar isso nos leva a pensar que para conhecermos a Deus e seus mandamentos exige esforço de nossa parte.

Nem todos os que estão nos bancos da igreja, tem realmente cavado fundo. Muitos vivem sempre na superficialidade, se baseando em conceitos básicos e às vezes errados sobre as verdades da fé Cristã. Não se esforçam para crescer, e vivem satisfeitos e iludidos em sua inanição espiritual. Só perceberão o erro, quando a tempestade vier, e suas frágeis estruturas forem postas a prova.

Por fim, se cavarmos nossa vida na rocha na palavra de Deus, mesmo que venham os maus ventos e a tempestade, sempre ficaremos de pé, pois oque nos sustenta é a palavra de Dele. Um conhecimento superficial de Deus nos deixa desprotegidos contra os tempos maus, no entanto, uma fé alicerçada na palavra, é um abrigo seguro, um castelo forte, contra toda e qualquer tribulação. Cavemos mais fundo!


Dora Oliveira

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Confissões de um viciado em Facebook


“E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.”  João 1:14
Volta e meia, leio algum artigo ou mais um estudo falando sobre os efeitos negativos do facebook. Já chegou até ao ponto de ser associado a casos de depressão. Coisa de louco! E aí comecei a pensar sobre o assunto…
Qual é a grande graça do facebook? Qual é a jogada que deu certo? Qual é o segredo do Mark Zuckerberg? Bem, ele simplesmente enxergou uma necessidade primordial do homem e trabalhou em cima disso. Ou será que foram os irmãos Winklevoss? Enfim. Isso aí é conversa para os tribunais.
Por que será que não conseguimos ficar longe do facebook? Entramos para passar uns dez minutinhos, e quinze minutos depois passaram-se três horas. Não vemos o tempo passar. Mas somos fisgados por essa ferramenta social. Por que? Bem… pessoas. Simplesmente. O homem não nasceu para viver só, seja casamento ou amizade. Eu preciso me socializar com outros. E o facebook “permite” justamente isso. E não só o facebook. Desde as épocas de ICQ, MSN, orkut, fotolog, fotolist, blogs, vlogs, twitter, skype, Hi5, linkedin e por aí vai. As ferramentas sempre foram das mais variadas. O objetivo continua sendo o mesmo.
Mas será que essas ferramentas são eficazes em alcançar esse objetivo?
Vamos viajar um pouco…
Quantos conhecem a Mona Lisa, o famoso quadro de Leonardo da Vinci? Difícil não conhecer. Aquela jovem sentada com vestido escuro e cabelos negros lisos com um esboço de sorriso. Tipo Gioconda. Já virou, inclusive, até piada no nosso querido facebook numa suposta propaganda de alisamento de cabelo (Mona lisa X Mona crespa). Você sabe de qual quadro estou falando. Porém, reza a lenda que quando as pessoas vão visitar o quadro em si, a tela exposta no museu do Louvre, ficam um pouco desapontadas. Como? Acham a tela pequena. Ou seja, pessoas que nunca viram a tela pessoalmente se decepcionam com o tamanho reduzido do famoso quadro. Desapontamento vem de uma esperança ou expectativa frustrada. De onde veio tamanha expectativa em torno de algo que jamais se conheceu? Bem, a fama, a reputação da senhora Lisa Gherardini se tornou algo numa proporção tão grandiosa que superou o próprio quadro em si. Não faz sentido. A origem da reputação (o quadro) está aquém da reputação construída em torno da obra. Ou seja, a origem do frisson deixa a desejar. Devido a tantas reproduções e, de certo modo, falsificações da obra, o quadro original perde valor. Cria-se um simulacro, uma reprodução imperfeita, uma simulação a tal ponto que aquilo que inicialmente lhe conferiu sentido torna-se vazio. O quadro em si, por mais que nunca tenha-se verdadeiramente conhecido, se torna uma decepção.
O que o facebook está fazendo com nossos relacionamentos? O quanto será que essa ferramenta de socialização está criando um simulacro de amizade ou até corrompendo a maneira como nos relacionamos com o próximo?
Estou beirando os dois mil amigos no facebook. Amigos? Olhando para esta lista, eu talvez conheça (e por conhecer quero dizer com quem troquei palavras ao vivo, no mínimo) metade. Dessa metade, talvez quinhentos (estou chutando alto) sejam pessoas que vejo face a face algumas vezes por ano. Há muitos colegas de colégio com quem não falo há quase dez anos. Há outros que conheci numa viagem que fiz e com quem passei uma semana muito legal. E há outros com quem se quer troquei uma palavra na vida. Não faço a mínima ideia de quem são. Quando alguém me adiciona, não faço muita questão de filtrar. Como escrevo um blog e viajo bastante pela minha função na editora, imagino que sejam pessoas que acompanham meus textos ou com quem esbarrei numa conferência. Mas além disso, nunca trocamos uma palavra se quer. Já tive quem me encontrasse num congresso e perguntasse: “Você é o Andrew do blog do Andrew?” Respondo que sim. Isso é legal, porque a partir disso inicia-se uma conversa e posso até ter uma resposta aos meus textos. Mas em outros casos, alguém chega pra mim e fala: “Oi Andrew, sou seu amigo no facebook.” E fica aquele silêncio. Respondo educadamente, mas não sei muito o que dizer. Nem ele. Continua o silêncio estranho, como se tivéssemos uma relação estabelecida anteriormente e aqui estamos “botando o papo em dia”. Mas nunca houve papo. Nunca conversamos. No lugar de começarmos uma conversa nova e criarmos algo a partir do zero, fica aquela reputação, uma ideia de que já somos amigos. Será?
Como é que se conhece alguém via facebook? De verdade? Eu não coloco tudo que sou no “face”, até por uma questão de segurança. Recentemente, um parente meu começou a namorar e me espantei quando dei de cara com ele e a menina. Minha reação inicial foi preocupante: “Mas você não atualizou seu status no facebook! Como assim você está namorando?” Só foi depois que me dei conta do que eu tinha pensado. Temos agora o timeline, para a angústia de muitos. Mais uma ferramenta para postarmos nossa vida (ou pelo menos aquilo que queremos que seja conhecido) na internet. “Fulano anda sumido, afinal, quase não posta mais no facebook.” “Estou achando que o João não vai com a minha cara, afinal, ele não respondeu à minha solicitação de amizade no facebook.” “Ela está de mal comigo. Sei disso porque ela não curtiu aquela foto em que estamos juntos. Se quer comentou no meu status hoje.”
Criamos uma nova modalidade de relacionamento, e nós estamos viciados. Sou o primeiro a admitir o quanto o facebook tem me feito mal. Estou “por dentro” da vida de pessoas que, na vida real, não fazem parte da minha realidade. Faz mais de oito anos que eu não vejo aquela menina com quem eu estudei ao longo de quinze anos. Hoje eu sei que está casada. Legal. E aí? Alguém fez aniversário, logo, mandei um recado e tá tudo certo. Quando foi a última vez que você ligou para alguém no seu aniversário? Pior, quando foi a última vez que você falou encontrou alguém na semana do seu aniversário e pensou: “Ih caramba, não dei parabéns. Mas deixei recado no face, então tá legal.” Como é que a gente foge de encontros reais e saudáveis lançando mão da praticidade do facebook? É só postar uma foto, entrar no chat, mandar uma mensagem, criar um evento e tá tudo certo.
Fico pensando em quando lançaram o cinema 3D e muitos começaram a ter dor de cabeça e náuseas (fui ver Avatar e aconteceu comigo). Li um estudo que fala que isso acontece porque o cérebro percebe o movimento e se prepara para que o corpo responda. Na falta de resposta, da reação normal à percepção de movimento, essa mistura de sinais causa esses efeitos colaterais. Será que o mesmo não acontece com o facebook? O meu cérebro percebe uma realidade e se prepara para uma interação social, mas o meu dia a dia não corresponde àquilo. Será que é daí que vem meu mal estar?
Deus nos criou à sua imagem e semelhança. Deus é um Deus relacional. Pai, Filho e Espírito Santo vivem numa eterna comunhão relacional perfeita. Ao enviar Cristo para morrer em nosso lugar, o Pai quebrou a barreira entre os mundos divino e material (dando um nó na cabeça da filosofia platônica) e se colocou como homem, ao nosso lado, para morrer em nosso lugar. Fomos criados, tanto biologicamente quanto emocionalmente, para isso. A Bíblia fala tanto da necessidade de interagir, aprender e servir o próximo e tantas coisas mais.
Por que será que o facebook causa depressão? Qual será o desapontamento causado por esse site de relacionamentos? Ele toma o lugar (teoricamente) das nossas relações humanas. Por mais que estejamos em contato com nossos amigos ao redor do planeta, continuamos a mercê da telinha intermediária que tira nosso sono com “apenas mais cinco minutinhos antes de dormir”.
Sou o primeiro a dizer o quanto o facebook tem me feito mal. O problema é que estou viciado nele e não sei como largar.
Facebook é legal, é prático. Mas nenhuma mídia, por mais social que seja, é capaz de transmitir a nuança de um sorriso, a firmeza de um aperto de mão, uma gargalhada constrangedora, um espirro dado fora de hora, uma palavra balbuciada, uma voz trêmula, um choro engasgado, um cheiro gostoso ou um abraço apertado.
Tenho que reaprender a me relacionar com pessoas, e creio que não sou o único.
Andrew McAlister

Intercâmbio feito por Rodrigo Ribeiro
@rodrigolgd



terça-feira, 21 de agosto de 2012

A Mediação de Cristo na Oração


Aprouve a Deus em seu eterno propósito, escolher e ordenar o Senhor Jesus, seu Filho Unigênito, para ser o Mediador entre Deus e o homem, o Profeta, Sacerdote e Rei, o Cabeça e Salvador de sua Igreja, o Herdeiro de todas as coisas e o Juiz do Mundo; e deu-lhe desde toda a eternidade um povo para ser sua semente e para, no tempo devido, ser por ele remido, chamado, justificado, santificado e glorificado.

O trecho acima é do capítulo VIII da Confissão de Fé de Westminster, que trata exatamente do assunto da mediação de Cristo. Sobre salvação já falamos nos textos anteriores. Continuando essa sequência de textos sobre esse importante tema para nós cristãos, quero destacar a mediação de Cristo na nossa santificação, particularmente no quesito da oração.

Em Jo 14.14, somos ordenados a orar em nome de Jesus. E assim o fazemos. Mas o que isto significa? Significa que, como mediador, ele atua agora como nosso representante legal diante de Deus. Ele assume esse papel na cruz, quando desfaz o mal causado pela queda do nosso primeiro representante, Adão. Por isso oramos a Deus em nome de Jesus. Temos um representante legal, um advogado, conforme 1 Jo 2.1. A mediação é necessária, pois mesmos salvos, temos uma natureza pecaminosa e corrupta a nos descredenciar de irmos diretamente ao Pai. Então qual (quem) é o meio de acesso? O Senhor Jesus. Por isso, oramos a Deus em nome dele. Isto deve nos conduzir a uma reflexão importante. O que estamos entregando a Jesus em oração para ser por Ele apresentado ao Pai? Vejamos a seriedade da questão e pensemos porque Tiago nos exorta quanto ao que devemos pedir, (Tg 4.3). Nesta passagem, Tiago nos mostra a razão de não recebermos o que pedimos. Pedimos para nos vangloriarmos, para nossa soberba. E como deve ser o pedido? O fim da oração do Pai Nosso nos orienta quanto a isso. Pois teu é o reino, o poder e a GLÒRIA.  Quando pedimos buscando a glória de Deus, a resposta que vier será bem vinda, pois o nome dEle será glorificado. E como essa resposta virá? E a mediação atua mais uma vez, pois quando Deus nos responde, o faz em nome de Jesus (Jo 16.23). O representante que apresenta nossas orações diante do Pai também é o meio pelo qual Deus manda a resposta às mesmas, para a glória do seu nome. E isto nos leva a glorificá-lo e nos jubilarmos quando ele nos concede ou nos priva de algo, pois assim entendemos ser a sua boa, perfeita e agradável vontade. (Rm 12.2).

Por fim, é importante lembrar um fato importantíssimo: Não sabemos orar como convém. Quem nos socorre? O Espírito santo de Deus, o selo da nossa salvação, que habita em nós, nos conduzindo a entender e obedecer a vontade de Deus, revelada em sua palavra (Rm 8.26). O mais importante, porém é o que Jesus afirma em Jo 14.26: o Consolador, cuja função é nos lembrar daquilo por  Ele ensinado, foi enviado pelo pai em nome dEle, do próprio Jesus. E eis que se completa todo o ciclo em relação à mediação de Cristo na oração.

DEUS NOS ABENÇOE

Presb. Cicero Pereira

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

UMP Indica: O Ateísmo Cristão e outras ameaças à igreja



 A minha dica deste mês é o mais recente livro do Rev. Augustus Nicodemos. No combate as heresias que se produzem na Igreja Brasileira e outras ameaças à Igreja. Temas controversos são discutidos à luz do evangelho. Um livro para ser lido e relido sempre que doutrinas prejudiciais à saúde da igreja brasileira surgirem.

Augustus Nicodemus Lopes é paraibano e pastor presbiteriano. É bacharel em teologia pelo Seminário Presbiteriano do Norte (Recife), mestre em Novo Testamento pela Universidade Reformada de Potchefstroom (África do Sul) e doutor em Interpretação Bíblica pelo Westminster Theological Seminary (EUA), com estudos no Seminário Reformado de Kampen (Holanda).

Para adquirir este material acesse: http://www.mundocristao.com.br/

Missionário Ericon Fábio

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Que diferença faz se você crê nas doutrinas da depravação total do homem e na soberania absoluta de Deus? Elas realmente produzem impacto na vida de alguém? Com a Palavra, Terry Johnson

Deixe-me falar pessoalmente. A primeira grande diferença que essas doutrinas fizeram em minha vida foi a transformação de um egoísta, de um espectador sentado no banco da igreja, em um adorador de Deus. Quando tive meu primeiro contato com as primeiras doutrinas da soberania de Deus e da depravação do homem, e me reconciliei com o ensino da Bíblia, fui dominado pela admiração. Até esse ponto, o conhecimento de Deus tinha sido 'proveitoso' para mim. Eu tinha crescido consideravelmente em maturidade na faculdade. Mas eu realmente não tinha relação com Deus, exceto para tirar alguma vantagem pessoal. Ele estava ali para mim.  Certamente, é desta forma que muito do ensino bíblico de hoje faz parecer. Deus é retratado como o Auxílio Final no tratamento coma auto-imagem, a raiva, a tomada de decisão, as finanças, etc. Quando compreendi que ele me salvou e que eu estava em suas soberanas mãos, isso reordenou minha perspectiva. Eu vim a compreender tanto que ele estava muito além das pequenas caixas que eu tinha construído para ele, quanto que eu estava ali para ele, não ele para mim. Isso fez com que me curvasse em adoração perante o Deus a quem eu fui feito para glorificar.

Minha experiência com as 'doutrinas da graça' (um outro de nossos sinônimos, até aqui chamadas de depravação total e de soberania absoluta) é incomum? Não somente é incomum, mas eu penso que ela assume algo que se aproxima das expectações do novo Testamento. A doutrina da eleição não foi dada para ser um ponto de discussão teológica, mas uma chamada à adoração. É exatamente deste modo que Paulo trata do assunto em Romanos 9-11, quanto em Efésios 1.

*Terry Johnson, autor de vários livros, é pastor senior de Independent Presbyterian Church in Savannah, Georgia, nos Estados Unidos.

Trecho do livro A doutrina da graça na vida prática, publicado pela Editora Cultura Cristã

Cícero da Silva Pereira

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Carpe Diem, para quê?

“Porque, qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas qualquer que, por amor de mim, perder a sua vida, a salvará”.
Lucas 9:24

No mundo atual, a mídia, os grupos de amigos, as propagandas, a sociedade, de uma forma geral, nos convocam a viver mais a vida, a aproveitá-la ao máximo, a viver cada momento como se fosse o último, apregoando o carpe diem[1].

Entretanto, o que é “o viver a vida” que a sociedade estimula? Os exageros que satisfazem a carne: baladas, ingestão de bebidas, sexo na adolescência e fora do casamento, relacionamentos sem responsabilidade com os sentimentos alheios, traições, tudo o que está fora do padrão de vida cristão.
Nesse sentido, vemos como a citação de Jesus, no evangelho de Lucas, é atual. O modo humano de viver a vida é o caminho da perdição. O caminho na contra mão da Palavra e da vontade de Deus. Um caminho que nos faz perder a vida, tendo em vista que, aquele que sente preenchimento e prazer nessas práticas, é uma pessoa morta espiritualmente. Vive pela carne, somente. E com ela também padecerá.

A vida que Jesus nos convoca a ter é uma vida de plenitude espiritual, de amor ao próximo, de valorização das coisas que nos mantém em comunhão com o Pai. Nesse caso, somos chamados a perder a nossa vida em função do amor de Cristo. Sim, perder a vida carnal e leva uma vida de santificação, pautada na Palavra de Deus.

Como viver então nessa sociedade carpe diem? O verdadeiro cristão deve levantar-se todos os dias e perguntar-se como ele pode aproveitar plenamente o dia, de uma forma que o mantenha em comunhão com Deus. E não é fácil, nesse mundo no qual estamos totalmente imersos e com a nossa natureza carnal e corrompida, buscarmos estar no centro da vontade de Deus. São muitas as distrações e as armadilhas, camufladas de necessidades, que buscam nos tirar do caminho agradável aos olhos de Deus.

Entretanto, não estamos sós nessa luta. Como se lê em I Coríntios 3:16: “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?”. O Espírito Santo de Deus está nessa militância diária conosco para que possamos vencer o mundo, assim como Jesus o fez. Aproveitar o dia, no sentido cristão, é manter-se firme na certeza de que as práticas da carne não são comparáveis à alegria do espírito.

Que possamos escolher a boa parte, assim como fez Maria, irmã de Marta (Lucas 10:42), e que não nos desviemos nem um milímetro do caminho perfeito que Deus tem para nós.

Andrea Grace


[1] Carpe Diem, em latim, significa “aproveite o dia”.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Eis que estou à porta e bato

"E ao anjo da igreja que está em Laodicéia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca. Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu; Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e roupas brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas. Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê pois zeloso, e arrepende-te. Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo. Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono; assim como eu venci, e me assentei com meu Pai no seu trono. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas." (Apocalpse 3.14-22)

Dia desses quando passava pelo calçadão de Campo Grande, bairro aqui no Rio de Janeiro, acontecia um culto público. Eram irmãos da Assembléia de Deus, em um culto bem característico desta denominação. O pregador, então, exortava os transeuntes que se convertessem a Jesus, e o apelo estava baseado na expressão de Jesus no Apocalipse: “eis que estou à porta e bato”. Jesus quer entrar no teu coração, mas você tem que abrir a porta para ele, ensinava o pregador. A utilização deste versículo como apelo evangelístico é bem comum no meio evangélico, contudo não é este o sentido original do texto.

Apocalipse 3.14-22 é uma carta endereçada a igreja cristã de Laodicéia. Uma exortação aos cristãos e não um apelo evangelístico. Com esta afirmação não quero dizer que a utilização do versículo para fins evangélisticos seja ilegítima, apenas quero afirmar que o sentido primário do texto não é este. É preciso estar atento a tal fato, pois muitas heresias surgem de interpretações que tiram o texto de seu contexto original.

O apelo de Ap 3.20 (“eis que estou à porta e bato (...)”) é o desafio para a renovação espiritual dos cristãos de Laodicéia. O fervor inicial foi perdido, a igreja outrora quente, agora está morna. Melhor que eles fossem frios, pois ficaria claro que eles não eram cristãos, mas a situação em que viviam produzia um escândalo para a fé cristã. Eles se diziam discípulos de Jesus, mas sua vida indicava outra coisa. A fé cristã para eles se tornou numa mera rotina, tudo agora era mecânico. Não é este um perigo para a nossa fé hoje em dia também? Nos acostumamos com a fé cristã, Jesus e igreja, e nos tornamos em cristãos mornos. Nada pior, a palavra de Jesus é dura para os mornos: vou vomitá-los de minha boca.

Outro problema causou a estagnação espiritual de Laodicéia, a auto-suficiência. Somos ricos e não precisamos de nada mais. Uma condição básica para o discípulo de Jesus é a dependência de Jesus, sem ele nada podemos fazer, o real sentido da humildade cristã. Quando achamos que podemos seguir sozinhos, a derrota se inicia. Por mais que avancemos em nossa fé, por mais maduros que sejamos, nunca podemos prescindir da ação do Espírito Santos em nossas vidas.

Diante da lamentável situação dos cristãos de Laodicéia, Jesus os exorta: “Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê pois zeloso, e arrepende-te.” Jesus não os abandonou, o seu amor era o mesmo por aqueles cristãos. O castigo era uma expressão deste amor, o apelo era para que eles se arrependessem! Era necessária uma mudança radical de atitude, uma renovação espiritual como diríamos hoje.

O amor de Jesus também fica claro com a imagem de que ele estava do lado de fora da igreja, mas batia a porta de forma insistente. Os cristãos de Laodicéia podem ter colocado Jesus para fora de suas vidas, mas Jesus não os deixou a vagar sozinhos. Ele continuava a expressar o seu amor incondicional e gracioso para os cristãos de Laodicéia. Nada mais consolador. Nossos erros e pecados podem colocar Jesus para fora de nossas vidas, mas Ele sempre estará do nosso lado, batendo a porto do nosso coração.

Diante do apelo amoroso de Jesus (“eis que estou à porta e bato”), a resposta esperada era atenção a sua palavra e obediência. “Se alguém ouvir minha voz e abrir a porta”. Em toda situação de debilidade espiritual, uma saída indispensável é ouvir a palavra de Jesus, ouvir a Palavra de Deus. Em todos os grandes avivamentos espirituais, da Reforma Protestante ao aviamento americano do Século XIX, todos foram motivados pela leitura da Palavra de Deus. Não basta, porém, ouvir a voz de Deus, a obediência é atitude que se segue de imediato. Ouvir e obedecer, duas atitudes inseparáveis na vida do cristão.

E qual o resultado da renovação espiritual? Nada de acontecimentos fantásticos e inusitados, mas sim a simples e profunda intimidade com Jesus: “entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo.”. É sabido que a refeição conjunta no contexto histórico de Jesus, a Palestina do primeiro século, representava mais do que simplesmente comer uma refeição em conjunto, representava uma íntima comunhão. Partilhar uma refeição era o mesmo que partilhar um pouco de si mesmo com o outro. Esta a razão do escândalo dos fariseus perante a comum atitude de Jesus de comer junto com os pecadores e marginalizados. Quando Jesus volta ao centro do nosso coração, a comunhão é restabelecida, não há mais uma vida morna, nem arrogância, mas sim a doce e transformadora presença de Jesus. Amém.

Luís Carlos Batista
Fonte: [ Blog do autor ]




Intercambio feito por: Walber Arruda