quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Eis que estou à porta e bato

"E ao anjo da igreja que está em Laodicéia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca. Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu; Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e roupas brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas. Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê pois zeloso, e arrepende-te. Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo. Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono; assim como eu venci, e me assentei com meu Pai no seu trono. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas." (Apocalpse 3.14-22)

Dia desses quando passava pelo calçadão de Campo Grande, bairro aqui no Rio de Janeiro, acontecia um culto público. Eram irmãos da Assembléia de Deus, em um culto bem característico desta denominação. O pregador, então, exortava os transeuntes que se convertessem a Jesus, e o apelo estava baseado na expressão de Jesus no Apocalipse: “eis que estou à porta e bato”. Jesus quer entrar no teu coração, mas você tem que abrir a porta para ele, ensinava o pregador. A utilização deste versículo como apelo evangelístico é bem comum no meio evangélico, contudo não é este o sentido original do texto.

Apocalipse 3.14-22 é uma carta endereçada a igreja cristã de Laodicéia. Uma exortação aos cristãos e não um apelo evangelístico. Com esta afirmação não quero dizer que a utilização do versículo para fins evangélisticos seja ilegítima, apenas quero afirmar que o sentido primário do texto não é este. É preciso estar atento a tal fato, pois muitas heresias surgem de interpretações que tiram o texto de seu contexto original.

O apelo de Ap 3.20 (“eis que estou à porta e bato (...)”) é o desafio para a renovação espiritual dos cristãos de Laodicéia. O fervor inicial foi perdido, a igreja outrora quente, agora está morna. Melhor que eles fossem frios, pois ficaria claro que eles não eram cristãos, mas a situação em que viviam produzia um escândalo para a fé cristã. Eles se diziam discípulos de Jesus, mas sua vida indicava outra coisa. A fé cristã para eles se tornou numa mera rotina, tudo agora era mecânico. Não é este um perigo para a nossa fé hoje em dia também? Nos acostumamos com a fé cristã, Jesus e igreja, e nos tornamos em cristãos mornos. Nada pior, a palavra de Jesus é dura para os mornos: vou vomitá-los de minha boca.

Outro problema causou a estagnação espiritual de Laodicéia, a auto-suficiência. Somos ricos e não precisamos de nada mais. Uma condição básica para o discípulo de Jesus é a dependência de Jesus, sem ele nada podemos fazer, o real sentido da humildade cristã. Quando achamos que podemos seguir sozinhos, a derrota se inicia. Por mais que avancemos em nossa fé, por mais maduros que sejamos, nunca podemos prescindir da ação do Espírito Santos em nossas vidas.

Diante da lamentável situação dos cristãos de Laodicéia, Jesus os exorta: “Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê pois zeloso, e arrepende-te.” Jesus não os abandonou, o seu amor era o mesmo por aqueles cristãos. O castigo era uma expressão deste amor, o apelo era para que eles se arrependessem! Era necessária uma mudança radical de atitude, uma renovação espiritual como diríamos hoje.

O amor de Jesus também fica claro com a imagem de que ele estava do lado de fora da igreja, mas batia a porta de forma insistente. Os cristãos de Laodicéia podem ter colocado Jesus para fora de suas vidas, mas Jesus não os deixou a vagar sozinhos. Ele continuava a expressar o seu amor incondicional e gracioso para os cristãos de Laodicéia. Nada mais consolador. Nossos erros e pecados podem colocar Jesus para fora de nossas vidas, mas Ele sempre estará do nosso lado, batendo a porto do nosso coração.

Diante do apelo amoroso de Jesus (“eis que estou à porta e bato”), a resposta esperada era atenção a sua palavra e obediência. “Se alguém ouvir minha voz e abrir a porta”. Em toda situação de debilidade espiritual, uma saída indispensável é ouvir a palavra de Jesus, ouvir a Palavra de Deus. Em todos os grandes avivamentos espirituais, da Reforma Protestante ao aviamento americano do Século XIX, todos foram motivados pela leitura da Palavra de Deus. Não basta, porém, ouvir a voz de Deus, a obediência é atitude que se segue de imediato. Ouvir e obedecer, duas atitudes inseparáveis na vida do cristão.

E qual o resultado da renovação espiritual? Nada de acontecimentos fantásticos e inusitados, mas sim a simples e profunda intimidade com Jesus: “entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo.”. É sabido que a refeição conjunta no contexto histórico de Jesus, a Palestina do primeiro século, representava mais do que simplesmente comer uma refeição em conjunto, representava uma íntima comunhão. Partilhar uma refeição era o mesmo que partilhar um pouco de si mesmo com o outro. Esta a razão do escândalo dos fariseus perante a comum atitude de Jesus de comer junto com os pecadores e marginalizados. Quando Jesus volta ao centro do nosso coração, a comunhão é restabelecida, não há mais uma vida morna, nem arrogância, mas sim a doce e transformadora presença de Jesus. Amém.

Luís Carlos Batista
Fonte: [ Blog do autor ]




Intercambio feito por: Walber Arruda




Comentários
1 Comentários

1 comentários:

  1. Amém!Exortação mais que oportuna para os nossos dias.Graças a Deus que Ele insiste conosco provando o seu Amor incondicional!"Mais de Cristo eu quero ouvir,nos seus passos prosseguir,sempre perto dele andar e seu Amor manifestar."

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