Há aproximadamente um mês atrás,
estivemos com alguns casais de namorados e noivos da 4.ª Igreja Presbiteriana
de Campina Grande que acabou ensejando estas poucas e mal escritas linhas,
sobre o tema “NAMOROS SUPERFICIAIS”. Nosso objetivo será então, longe de
exaurir o assunto, trazer apenas uma breve reflexão sobre a realidade dos
relacionamentos de namoro na hodiernidade, ressalvando algumas características
do namoro cristão.
Introdutoriamente,
convém situar a temática na realidade dos relacionamentos dos nossos dias
(porque já não sei mais se semanticamente deve ser tratado como modernidade,
pós-modernidade ou contemporaneidade, o que só reafirma a tese de que é um
tempo relativizado na própria definição). O fato é que os relacionamentos
afetivos assemelhados aos vínculos familiares ou tendentes a esses, são
marcados pela superficialidade. Segundo os psicólogos de plantão na net,
registra-se que o tempo médio de duração dos namoros é de 1 semana a 3 meses. A
espécie da moda nesses frágeis e efêmeros relacionamentos é o de “ficar” e/ou
de “pegar”, que revelam tão somente a falta de compromisso das partes, ou
alguma necessidade de autoafirmação pautada num hedonismo incontrolável.
A
primeira verdade que é necessário fique bem gravada nos bits da rede, e no
íntimo dos corações do jovem cristão, que passa por essa fase de paquera,
namoro e noivado é que Deus se agrada de compromisso,
posto que família é o projeto de Deus para o homem. No ato da criação, após
avaliar toda a sua obra como efetivamente algo “muito bom” (Gn 1.31), o criador
percebeu que algo não era bom naquele cenário, alguma coisa gravitava destoando
de toda a harmonia primitiva, que era o simples fato do homem estar só (Gn
3.18). Deus então institui a família como união de homem e mulher, numa
atmosfera de responsabilidade (“deixa o home pai e mãe”), compromisso (“se une
à sua mulher”) e união (“tornando-se os dois uma só carne”, Gn 3.24).
Em
contraposição a esta verdade, o “ficar” ou o “pegar” acabaram por se consolidar
como alguma forma de diversão entre os relacionamentos, cujo objetivo é satisfazer
a libido ou algum outro desejo utilitarista de usar o corpo do outro, beijar
muito, e quem sabe ao final poder contar alguma vantagem de tudo isso numa
espécie de autoafirmação social. Parece óbvio que Deus não criou o homem e
mulher para ser usado como objeto de pretensões sexuais, mas para uma
disposição mútua de servir um ao outro, buscando através da experimentação da
vontade de Deus juntos, a construção de um projeto comum que redunde em louvor
e glória para Ele, que é a verdadeira definição do amor entre um homem e uma
mulher.
Gostaria,
portanto, de arrolar algumas características do namoro cristão, que julgamos
sejam pautadas em valores bíblicos que apontam para esse padrão de família que
o homem historicamente tem tentado distorcer, para dar evasão as suas
concupiscências e inclinações pecaminosas:
a) Interesse no bem-estar e
realização do outro. Diante do que está exposto nos papéis de cada membro da
família nas cartas de Paulo aos efésios e aos colossenses, me parece hialino
que o interesse maior na constituição da família não é uma espécie de
realização pessoal, uma busca pela felicidade como podemos vislumbrar nos
contos e fábulas de príncipes e princesas. Antes, o jovem cristão que busca
constituir família está numa busca racional e focada em construir um projeto
com outra pessoa e sua prole por vir, no intuito que sua contribuição seja
decisiva na realização do outro e dos filhos, como pessoas, profissionais,
cristãos, etc. A busca fantasiosa pela felicidade na realidade é uma busca
sacrificial de serviço que traz ao seguidor de Cristo a realização de sua
própria identidade de servo;
b) O namoro cristão não é
exclusivista. Há uma tendência separatista quando nos apaixonamos, de nos
afastarmos das pessoas que mais nos amam (pais, irmãos, amigos) e nos isolarmos
com nosso namorado(a), dentro de uma redoma intangível. Por inferência lógica,
se a família é o projeto de Deus para o homem (sentido lato) então este deve
priorizar a sua, até porque a experiência familiar atual (relacionamento com pais
e irmãos) revela muito da perspectiva da família que se está querendo
constituir. Além do que, não se pode olvidar do princípio bíblico dos filhos
quanto aos pais à medida que aqueles amadurecem (Sl 127.5);
c) O namoro cristão é tempo de
conhecimento e não sinônimo de intimidades físicas. Devemos, a bem da coerência
de nossa pregação, e da autenticidade de um evangelho que faz diferença em meio
a uma sociedade corrompida, aprender no namoro a demonstrar carinho com
respeito, buscando a familiaridade, sem necessariamente defraudar o outro. (Ef
5. 25-28). Brinco nas palestras sobre namoro que por causa da máxima que “o
amor é cego” é que nossos jovens namoram em braile! Há na realidade, no meio de
uma juventude que acostumou-se a consumir e a receber a informação pronta sem
muitos questionamentos, um erro de definição relativo ao namoro. Todos
aproveitam o sentimento e a oportunidade do namoro para “dar uns amassos”, e
“curtir” ao máximo a efusão de hormônios, salivas e outras excreções possíveis
nos contatos físicos entre namorados. A verdade é que o modelo de namoro que
copiamos de filmes, novelas, seriados, revistas, etc., distancia-se a passos
largos daquele que seria conveniente para o jovem cristão que assume seu lugar
na história de fazer diferença no meio da sociedade. Namoro, como um primeiro
nível de compromisso, baseado num vínculo mais frágil que o noivado e
consequentemente casamento, deve caracterizar-se principalmente pelo momento de
conhecer o outro, suas afinidades, gostos, convicções, valores, família e
principalmente sua fé, propósitos de construírem um projeto juntos e ainda
sobretudo, os defeitos com os quais se terá de conviver até que a morte os
separe.
d) Amizade e companheirismo é
fundamental! Se alguém me pergunta quem é a pessoa com que deveria casar, eu
oriento que comece ampliando o leque de suas opções passando a considerar como
potencial namorado(a), seu melhor amigo(a). Não há como imaginar a constituição
de uma família entre duas pessoas que não se estimem, que não se admirem e que
tenham um sincero desejo de ver o outro bem sucedido. Esses valores são
construídos em amizades sinceras e perduram durante longos anos de casado,
consolidando-se quando a beleza, o viço da juventude não mais existirem. Isso
evita que você venha a se enganar com pessoas interesseiras que se aproximam
muitas vezes tirando levar vantagem de você em alguma situação. Para
desenvolver uma grande amizade é necessário demonstrar carinho, respeito,
manter um canal de comunicação fulcrado na sinceridade e companheirismo.
Para
finalizar porque minha prolixia fica logo evidente, deixo para outras
oportunidades discutirmos alguns outros valores para o namoro cristão, bem como
da necessidade de com paciência e direção do Espírito Santo observarmos o tempo
de Deus para cada etapa em nossas vidas.
Gostaria ainda de deixar registrado aos amados que tiveram paciência de
ler até este ponto que minha oração para essa juventude evangélica é de que
entendam que liberdade e responsabilidade não são duas linhas de sentidos opostos,
mas precisam conviver paralelamente na mente e corações da nossa mocidade como
marcas de uma geração comprometida com Deus e com os valores do reino.
Que Deus abençoe aos
amados.
Nossa gratidão
especial a Deus e ao irmãos da 4.ª IPCG que oportunizaram essa experiência.
Pelos laços do
Calvário.
Itiel Alves
Igreja Presbiteriana
do Catolé
Campina Grande - PB
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