Em meio à miséria do povo, surgiram homens que se intitulam
enviados de Deus, e através de milagres, envolviam as multidões de miseráveis,
os conduzindo a segui-lo de maneira cega, em busca do fim da injustiça, das
desigualdades, das secas, enfermidades. Este fenômeno do século passado foi
chamado de Messianismo, tendo marcas tão profundas na história do Brasil que se
tornou um elemento da cultura nordestina, juntamente com o cangaço e outras
manifestações culturais.
O discurso dos profetas do sertão se disseminou em meio à pobreza
e o abandono, nos lugares onde o estado não chegava, tão pouco a igreja oficial
da época, católica romana. De forma bastante carismática, estes andarilhos,
embebeciam as multidões com demonstrações de poder e promessas de subversão da
ordem social, implantando o reino de Deus em definitivos com todas as benesses
materiais, acabado com o sofrimento daquele povo.
Alguns destes homens implantaram verdadeiros Estados paralelos,
como no caso de Antônio Conselheiro, um dos mais célebres representantes do
messianismo, mas outros protagonizaram matanças em rituais sanguinários, como
no caso da Pedra Bonita. Mas a reação do poder político estabelecido quase
sempre foi bastante hostil a estes grupos, citando como exemplo mais notórios o
massacre de Canudos, onde nem crianças, mulheres e idosos foram poupados.
Ocorre que este movimento está longe de ser uma página virada em
nossa história, e também não se trata de uma inovação brasileira. Os messias
transloucados do sertão são os reflexos de uma situação espiritual muito mais
antiga: Os falsos mestres. E no repertório destes lobos, frequentemente há uso
de sinais miraculosos (Mateus 24:23-26). Os pregadores de falsos Cristos estão
presentes desde sempre, mas assumem feições diferentes em contextos específicos.
Neste sentido, uma indagação torna-se inevitável: qualquer
semelhança do discurso destes messias do passado com os atuais pregadores
neo pentecostais é mera coincidência? A resposta sincera é não! São tão falsos
mestres quanto os outros. Alimentam-se da pobreza, da ignorância e da cegueira
espirituais tais quais os seus precursores. E ainda fazem usos de milagres e
prodígios para validarem seus discursos carismáticos de poder, com uma forte
carga mística, prometendo benefícios materiais a uma multidão faminta.
Bem que poderíamos chamá-los de PRÉ-NEO PENTECOSTALISMO, não é?
A mesma cegueira espiritual que brotava no castigado sertão, ainda
tem alcançado a muitos de nosso país, e os falsos mestres, falsos apóstolos e
bispos, tem se alimentando dos desvalidos espirituais para construir impérios.
E esta é uma das grandes diferenças entre os antigos messias e os atuais: os da
nova geração não perseguidos pelo poder político, alguns deles têm até aliança
espúrias com os governantes, e também não vivem uma peregrinação miserável pelo
sertão, mas gozam de bastante recursos e privilégio, sendo muitos destes
milionários.
Diante destas contestações, acredito que a nomenclatura
neo messiânicos faz mais jus a estes modernos pregadores de um falso evangelho
do que o termo neo pentecostal, visto que apesar das discordâncias com os pentecostais,
tal nomenclatura é ofensiva a estes, visto que não podem ser colocados junto
com os charlatões da fé.
O Messianismo não morreu, e está presente aos nossos olhos, nos
esperando em nossa televisão e na esquina da nossa casa. Talvez não haja mais um
fim sangrento para seus seguidores, no entanto, caso persistam neste engano, um
destino bem pior e terno os aguarda. Devemos denunciar as heresias destes
falsos mestres, a fim de resgatar de suas mãos aqueles que pertencem ao Pai,
afinal, só existe um Messias: Jesus Cristo, o Filho de Deus, que vive e reina
para todo o sempre! Amém!
Que
Deus ilumine o entendimento dos que depositam sua fé nesse homens, e nos dê a
coragem e amor necessário para lutar contra o engano, proclamando o evangelho
que salva tanto o sertanejo, como o sulista, ou o europeu. Salva todo o que Nele
crê!
Rodrigo
Ribeiro
@rodrigolgd
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