Como bem diz a composição de Marcelo Camelo, da banda Los Hermanos: “Todo o carnaval tem seu fim / Todo o carnaval tem seu fim / E é o fim, e é o fim”. Isto mesmo! Acabou o carnaval, findaram-se os retiros “espirituais”, e para muitos acabou o sabor da alegria, do folguedo, da celebração. Após a folia, re-começa, a rotina com as cinzas do costume religioso que necessariamente não reflete a mudança essencial da caminhada dos cristãos, a saber: a atitude do arrependimento. Para os alguns protestantes, ou melhor, evangélicos, restam outro tipo de cinzas, refiro-me as cinzas dos retiros, das promessas de reconciliação, e de mudanças na vida, que foram sopradas pelos ventos de uma existência moldada pelos padrões vigentes da nossa sociedade apartada de Deus.
É fundamental que todo carnaval tenha seu fim, porque quando o coração faz a experiência da decepção e do desencanto em relação à alegria superficial, disfarçada e artificial, é que uma nova jornada de fé, verdade, alegria e esperança surgem como um novo começo para a vida. A cada dia vejo que, somente para aqueles que estão decepcionados com o mundo que despreza a alegria de Cristo, o carnaval realmente terminou. Aqueles que seguem a Cristo não possuem tempo para perder com uma alegria produzida sob efeitos de drogas lícitas e ilícitas, que usa as máscaras midiáticas da cultura, sugerindo que a festa é apenas uma representação da diversão, da felicidade e alegria do povo brasileiro.
O que não se diz é que as máscaras do carnaval servem também para velar e re-velar vidas encurtadas e diminuídas pelas doenças sexualmente transmissíveis, abortos, uso de drogas, acidentes nas estradas fruto do uso irresponsável do álcool, sem falar do buraco existencial que fica na alma quando se vê que apesar de tanto prazer extravasado, a sede por paz e alegria, continua latejando no coração misturado com um sentimento de culpa real.
Não menos necessário, o carnaval dos retiros espirituais também precisa ter o seu fim. Com isto não estou dizendo que retiros são desnecessários, pelo contrário, acho que são fundamentais para a formação espiritual. A questão é que também necessitamos estar decepcionados com aquelas atitudes, que nos levam para os retiros em busca de uma “espiritualidade” que é do tamanho do impacto psicológico do evento, e por isso mesmo não possuem estrutura para suportar a vida real. Tal carnaval de máscaras “espirituais” também precisa chegar ao fim para que uma nova jornada seja enxergada.
Os discípulos de Cristo mais do que nunca, precisam proclamar ainda com mais força o Evangelho da alegria no Senhor Jesus. Evidentemente que a alegria no Senhor não possui simetria em relação à alegria do carnaval, porque a felicidade prometida por Cristo não é sintética, artificial e não se vale de máscaras. A alegria dos filhos de Deus se manifesta no amor a justiça (Sl 45.7), no contentamento com a graça do Senhor (Sl 90.14), no consolo real nas horas de aflição (Is 49.13). A Alegria do Senhor não poderá ser roubada (Jo 16.22), é parte da natureza do reino de Deus (Rm 14.17), chora lamentando o pecado (2Co 7.9) e regozija-se com a verdade (1Co 13.6). Finalmente, a alegria cristã é um fruto do Espírito Santo (Gl 5.22), é um imperativo em todas as circunstâncias da vida (Fl 4.4) e se torna completa quando andamos na verdade (2Jo 4). Que o Senhor nos ajude a caminhamos nesta alegria do Evangelho, testemunhando em todo o tempo a verdadeira alegria em Cristo.
Rev. Francisco Macena
Facebook: https://www.facebook.com/macenacosta
Nenhum comentário:
Postar um comentário