quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Evidências de um Crente Cheio do Espírito Santo


(Ef 5: 15-21)

Introdução
O Espírito nos capacita a testemunhar a Cristo de forma fiel e com poder (At 1:8). Desta maneira, a Igreja não se assombra diante dos obstáculos que muitas vezes tentam fazê-la calar ou mesmo desanimar. Ela vai no poder e sabedoria do Espírito, cumprindo a sua missão imperativa e incondicional de testemunha de Cristo. A Igreja, não pode deixar de dar testemunho, visto que ela “não pode fugir à vocação do seu próprio ser”.  (At 1:8; 4:8-13,31; 9:17-20; 11:21-25;13:9-12). Como Igreja, somos levados sob a direção do Espírito, de forma irreversível a testemunhar sobre a realidade de Cristo e do poder da Sua graça.
O trabalho que temos a realizar no reino de Deus só será possível mediante a capacitação do Espírito Santo. Alias, não existe vida cristã sem o Espírito Santo, pois essa vida começa com o novo nascimento e ninguém nasce de novo a não ser através do Espírito (Jo 3:5).
A doutrina do Espírito Santo é de importância fundamental para a Igreja, pois somos habitação do Espírito, e como vimos, sem Ele não há vida cristã, nem ministério, nem dons espirituais nem pregação genuína.
O conceito de Paulo, quanto à plenitude do Espírito Santo, consiste em seis pontos:

1-       Vê prudentemente como anda (Ef 5:15)
O apóstolo falou sobre os pecados da vida pagã (4:25; 5:14), que devem ser abandonados, e ao fazê-lo, referiu-se ao abandono da escuridão daquela velha vida e ao tornar-se luz no Senhor. Luz é um símbolo tanto de conhecimento como de pureza. Esses irmãos da igreja de Efeso tinham sido iluminando em Cristo. Por isso devem viver de modo digno (Ef 4:1).
Portanto observai (vigiar, olhar) atentamente como estais vivendo...
Sede estritamente cuidadosos acerca da vida que levais. A ideia de Paulo aqui, é que seus irmãos pudessem manter o controle dos princípios pelos quais governam suas vidas.
 A figura bíblica do “andar” é significativa, pois aponta para a nossa realidade diária de caminhar, nos deparando com novas e desafiadoras situações, para as quais o Espírito nos conduzirá de forma segura conforme as Escrituras.
O propósito de Paulo aqui é mostrar que necessariamente a maneira como se porta aqueles que foram iluminados pelo Espírito Santo é oposta ao homem natural. Não como imprudentes, mas como sábios.  A palavra prudência vem do latim “prudentia” que quer dizer: virtude que leva o Homem a prever e a evitar os erros e os perigos.



2-       Redime o tempo (Ef 5:16)
Mais uma vez ele é bastante prático. Andar em sabedoria diz respeito em particular ao uso adequado do tempo.
Um dos maiores desafios que temos na atualidade é em relação à administração e uso correto do nosso tempo. Há algumas expressões que são características do homem moderno:
 “A vida está muito corrida”. “Não tenho tempo para nada”. “A gente não vê o tempo passar”. “Parece que o tempo hoje passa mais depressa que antigamente”. Na realidade o problema não é o tempo, é o modo de vida. O que faz o tempo “passar” mais depressa são as inúmeras atividades com as quais nos envolvemos.
A Bíblia fala a respeito do tempo. O sábio Salomão, ao escrever Eclesiástes disse que há tempo para todo o propósito debaixo do céu. O apóstolo Paulo quando aqui desafia os membros da igreja com a seguinte expressão: “Remindo o tempo Porque os dias são maus.” Efésios 5:16. O que fica patente nestes textos bíblicos é que o tempo precisa ser corretamente administrado.
Paulo lembra que os dias são maus, como crentes não podemos relaxar, mas usar cada oportunidade para conduzir outros das trevas para luz.  Podemos também compreender que, os dias, sendo maus, estão sob o julgamento de Deus, e por esse motivo “o tempo se abrevia” (1 Co 7:29), e cada oportunidade deve, portanto, ser aproveitada antes que seja tarde demais.

3-         Procura compreender a vontade de Deus (Ef 5:17)             
O Rev. Augustus Nicodemus, em um de seus posts no Tempora, diz o seguinte:
O ponto central de Calvino era que o Espírito fala pelas Escrituras. Não que o Espírito estivesse restrito à Pregação da Palavra e aos sacramentos, mas sim que Ele não pode ser dissociado de ambos. O Espírito havia sido dado à Igreja, não para trazer novas revelações, mas para nos instruir nas palavras de Cristo e dos profetas. De acordo com Calvino, o Espírito sela nossas mentes quando ouvimos e recebemos com fé a palavra da verdade, o Evangelho da salvação (Ef 1:13). Ele limita-se a guiar os crentes e a iluminar seus entendimentos naquilo que ouviu e recebeu do Pai e do Filho, e não de Si mesmo (Jo 16:13). Como o ensino divino se encontra nas Escrituras, a obra do Espírito consiste em iluminá-las, fazendo com que esse ensino seja entendido pelos fiéis.
A vontade de Deus é revelada com beleza, graça e verdade nas paginas das Escrituras Sagradas.
"Um reavivamento", diz o Dr. Héber de Campos, "que é produto da obra do Espírito Santo na igreja, certamente tem sua ênfase naquilo que tem sido esquecido por muito tempo: a Palavra de Deus. A autoridade da Palavra de Deus passa ser algo extremamente forte num momento genuíno de reavivamento. A Bíblia passa novamente a ser honrada como a única Palavra inspirada de Deus".

 4-        Canta um novo Cântico (Ef 5: 19)
A Confissão de Westminster (1647) capta bem isso ao dizer: “... O modo aceitável de adorar o verdadeiro Deus é instituído por Ele mesmo e tão limitado pela sua vontade revelada, que não deve ser adorado segundo imaginações e invenções dos homens ou sugestões de Satanás nem sob qualquer outra maneira não prescrita na Santa Escritura.” Adorar a Deus de modo não prescrito em Sua Palavra é um ato idólatra, pois deste modo, adoramos na realidade a nossa própria vontade e gosto. Aqui há uma inversão total de valores: em nome de Deus buscamos satisfazer os nossos caprichos e desejos; Deus se tornou um mero instrumento para a expressão de nossa vontade; a lógica dessa atitude é a seguinte: desde que estejamos satisfeitos, descontraídos e leves, é isso o que importa. Quem assim procede, já recebeu a sua recompensa: A satisfação momentânea do seu desejo pecaminoso.

5-         Dá sempre graças por tudo a Deus (Ef 5:20)                
A expressão “dai graças” é a tradução do verbo grego Eu)xariste, que tem o sentido, conforme o traduzido, de “agradecer”. A sua raiz é a mesma do substantivo Eu)xaristi/a (Eucaristia), que pode ser traduzido por “gratidão” (Cf. At 24:3).
Paulo diz que devemos ser imitadores de Deus e, como tais, ao invés de vivermos com conversações torpes, deveram andar em ações de graça (Ef 5:1-4).
A nossa gratidão a Deus é o resultado da certeza de que Ele cuida de nós e que, de fato, não existem eventos casuais, sorte, azar ou fatalismo. Deus é Quem nos guarda! Portanto, em todas as circunstâncias, podemos encontrar motivos para agradecer a Deus, certos de que Ele é o Senhor da história e nada nos acontece sem a permissão governativa de Deus e que tudo o que nos ocorre tem um sentido proveitoso para a expressão de nossa vida: física, psíquica e espiritual. “Sabemos que todas as cousas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8:28). O “bem” dos filhos de Deus é tornar-se cada vez mais identificado com o seu Senhor (Rm 8:29-30).

6-         Sujeita aos outros (Ef 5:21)
   O crente cheio do Espírito revela esta realidade não apenas no seu relacionamento com Deus, mas, também, com o seu próximo. O crente cheio do Espírito está pronto para o serviço em humildade, sem pretensões de grandeza ou de honra, tendo como princípio orientador do seu comportamento, o “temor de Cristo”, sabendo que tudo o que somos e temos provém de Deus (1Co 4:7; 15:10; 2Co 3:5; 2Pe 1:3). Isto significa que uma Igreja cheia do Espírito não é regida pela disputa de cargos, honrarias, individualismo ou vanglória; isto porque há a consciência de que todos servem uns aos outros para a Glória de Deus e o aperfeiçoamento dos santos (Mt 18:1-4; 20.28; Rm 12:10; Ef 4:2,3,11-16; Fp 2:3; 1Pe 5:5).

Um exemplo negativo daqueles que se julgavam “espirituais”, encontramos em Corinto, onde grassava arrogância espiritual, facções, e imoralidade (1Co 1:11,12; 3:1-9; 11:17-22; 14:26-33). A alegação espiritual dos coríntios não correspondia à sua prática de vida; no entanto, revelava a fragilidade e imaturidade de sua fé.

Conclusão
Podemos interpretar o texto de (Ef 5:18), como que Paulo dizendo: “Sede constantemente, momento após momento, controlados pelo Espírito.”  Hoekema
O imperativo presente ensina-nos que ninguém pode, jamais, reivindicar ter sido cheio do Espírito de uma vez por todas. Estar sendo continuamente cheio do Espírito é, de fato, o desafio de uma vida toda e o desafio de cada dia.
 Enchei-vos do Espírito” –, não uma opção de vida cristã para alguns, que pode ser seguida ou não. A ordem bíblica é categórica e para todos os crentes em Cristo. O verbo está na voz passiva, indicando que o sujeito da ação é passivo; Deus é o autor do enchimento.
“O Espírito Santo não trabalha, portanto, independentemente da obra de Cristo, como pregam todos aqueles que enfatizam o culto ao Espírito Santo e acabam por desviar os olhos dos fiéis da pessoa de Cristo. O Espírito Santo não vem como “uma segunda bênção”, nem vem realizar fenômenos sem sentido ou fora do contexto revelador de Cristo, tais como curas espetaculares, risos santos, quedas, urros, dentes de ouro ou quaisquer outras maravilhas glorificadoras dos homens que as realizam. Ele vem selar o trabalho de Cristo na vida do crente, abrindo-lhe o coração à conversão, batizando-o com a abençoada regeneração, fazendo morada no coração de todos os salvos, promovendo a comunhão cristã, edificando o Corpo de Cristo, iluminando o entendimento e operando o crescimento em santificação.” (Pb. Solano Portela).

José Rafael
Pastor da Igreja Congregacional do Centenário em Campina Grande
Um valoroso irmão em Cristo que muito nos honrou com esta brilhante participação em nosso blog.

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