“A plena satisfação em Deus é algo perigoso mesmo. Pode lhe custar os
amigos. Pode custar-lhe a reputação e até mesmo sua vida. Mas valerá a pena,
“pois a graça de Deus é melhor do que a vida!” (Sl.63.3)” Jonh Piper.
No mês de outubro deste ano de
2012, tive a rica oportunidade de participar da Conferência Fiel para pastores
e líderes – Alicerces da fé Cristã. E foram dias de muita edificação e
aprendizado. Lá havia muitos pastores renomados, preletores de fora do País, verdadeiras
referências do estudo da teologia reformada. Porém a maior lição que aprendi
lá, e cujo vou compartilhar com vocês não foi Paul Washer que me ensinou,
também não foi Joel Beeke, ou qualquer outro dos palestrantes ali presente. Por
incrível que pareça, a pessoa que me levou a refletir sobre esta valiosa e
essencial reflexão nem estava participando da conferência (nem se quisesse,
pois não teria condições). Ao fim desta
reflexão contarei essa história que me levou a entender e contemplar tamanha
verdade que deve habitar nossos corações, e o quanto isso vai interferir nas
nossas vidas.
Em meio há tantas aberrações
teológicas no que diz respeito à jornada Cristã, à nossa peregrinação aqui na
terra, a teologia reformada sempre enfatizou o fato de não pertencermos a esse
mundo, de que não devemos viver focados no hoje e no agora, e que aqui
passaremos por lutas, aflições, provações e etc. Disso todo Cristão deveria
saber. Mas até que ponto essa verdade invade nossos corações? Será que nós
conseguimos entender o que essa verdade tem de acarretar no nosso modo de ver e
de viver neste mundo? Será que ansiamos a volta de Cristo para buscar a sua
noiva? A resposta é clara: Não.
A grande verdade, a raiz do
evangelho, a essência do Cristianismo é A plena satisfação em Deus. Você
deve está pensando em sua cabeça que todo mundo sabe disso, que isso não é
novidade para ninguém. Mas para muito de nós essas palavras não passam de
“letras pretas em um fundo branco”. Ou seja, eu sei o que estou lendo, mas eu
não entendo o sentido literal desta frase: A plena satisfação em Deus.
No capítulo 6 do evangelho de
João, Jesus realiza alguns milagres em certo dia, então no dia seguinte muitas
pessoas vão ao encontro dEle. Cristo inicia um discurso sobre o fato de que Ele
é o pão da vida, e quem comer dEle jamais voltará a ter fome. Tal discurso não
foi bem aceito por aquelas pessoas, que começaram a contestar o fato de que
Deus havia mandado maná do Céu para seus antepassados, ou seja, eles queriam satisfação
imediata, queriam que Jesus os desse algo que os satisfizessem fisicamente. Mas
Jesus continuou com seu discurso, afirmando que os seus antepassados comeram do
maná e morreram, mas Ele é o pão da vida, quem comesse desse teria a vida
eterna. Ele continua a pregar essa verdade até que muitos discípulos se
retiram. Sobre o que Jesus estava pregando ali? O que Jesus estava falando? Ele
estava afirmando que Ele é suficiente, que só Ele basta para nossas vidas, que
só Ele e mais nada é o caminho para a vida eterna.
O rei Davi ao escrever o Salmo 23
reconhece que Deus era suficiente para ele, que não importava onde ou como ele estivesse,
a certeza que Deus estava com ele era o suficiente para lhe consolar. “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da
morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu
bordão e o teu cajado me consolam” (Salmo 23.4).
Nós Cristãos temos que ter essa
mesma consciência, de que podemos e vamos passar por tribulações, que nesse
mundo teremos aflições, que podemos perder tudo (família, bens, poder). Mas que
podemos se regozijar na certeza de que Deus sempre estará conosco, e que se
estamos nEle temos TUDO. Não porque Ele nos dará tudo, mas porque Ele é nosso
TUDO.
“Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a
minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho
do evangelho da graça de Deus” (Atos 20:24).
Para encerrar meu texto, volto á
me referir à pessoa que me ensinou uma maravilhosa lição nos dias da
conferência: um morador de rua que me viu falando ao telefone com a Bíblia em
baixo do braço na sacada do hotel e veio falar comigo. Enquanto ele se
aproximava tive certo receio, e de repente ele me saudou com um surpreendente:
“Jesus está comigo!” Nossa! Essa afirmação veio como uma facada no meu coração.
Eu olhei para mim mesmo, me vi com uma boa roupa, um celular, em uma viajem,
hospedado em um hotel confortável, e então pensei: “ Eu tenho motivos para
afirmar isso, mas esse cara, como ele pode afirmar isso com tanta certeza?!” E
ele seguiu me contando sua história. Contou que já foi preso, mas que agora
morava em uma praça, e afirmava com toda certeza de que Deus tinha lhe
perdoado, e que estava com ele em todo tempo. Maravilhado e ao mesmo tempo envergonhado
com a história daquele homem, só consegui dizer uma frase aquele rapaz, eu
disse: “Se você não tem nada, e tem á Jesus, você tem TUDO!” E ele me
respondeu: “Nossa! Este sou eu! Eu não tenho nada, mas tenho Jesus, eu tenho
TUDO! Isso vai passar, então eu vou morar com Ele.” Como escutar tal testemunho
e não lembrarmos das palavras do profeta Habacuque?: ”Porque ainda que a figueira não
floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, e
os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da malhada sejam
arrebatadas, e nos currais não haja gado; Todavia eu me alegrarei no SENHOR;
exultarei no Deus da minha salvação” (Habacuque 3:17-18).
Esse morador de rua não tinha o
que comer, o que vestir, nem mesmo onde morar, mas reconhecia a sua suficiência
em Cristo, e nós que temos tudo que gostaríamos ter, será que realmente não nos falta TUDO?!
Que Deus tenha
misericórdia de nós!
Guilherme Barros
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