A Igreja cristã protestante sempre foi
conhecida por sua postura firme e convicções resolutas em relação a sua fé. As
firmes convicções doutrinárias defendidas ao longo do tempo e a resistência à
união com falsas crenças, culminaram por atrair a antipatia de muitos, se
tornando alvo de críticas, com acusações de serem arrogantes, radicais,
intolerantes, alienados, entre outros termos pejorativos. Críticas estas vindas
por parte daqueles que não confessam a religião revelada nos Escritos sagrados
e querem a todo custo promover a união de todos os credos num movimento da
religião moderna conhecido por ecumenismo.
O ecumenismo nos moldes atuais nada
mais é do que uma tentativa humana de unir todos os credos, pretendendo assim,
abraçar todas as diferenças em nome da paz. Apontando a tolerância como elo de
harmonia entre as diferenças, o movimento apresenta um aparente discurso
inclusivista e livre de qualquer preconceito.
Agora atentemos para o seu significado
bíblico. Ecumenismo vem de uma
palavra grega que originalmente significa “todo o mundo habitado”
(Mt 24.14; At 17.26; Hb 2.5). O ecumenismo bíblico, por sua vez, é
totalmente diferente da união sincretista da religião moderna, pois trata da
unidade de um grande povo formado não exclusivamente por uma linhagem segundo a
carne, mas que abarca pessoas de diferentes raças, tribos e nações, e que tem
em comum a semente da fé em Cristo Jesus. Escolhidos segundo a graça eletiva de
Deus, revelada primeiramente em Abraão, mas estendida a todos os santos
espalhados pela terra e que estarão diante do trono de Deus glorificando-o para
sempre.
Fica evidente que o posicionamento
reformado deve-se aquilo que as Escrituras apontam como a verdadeira unidade
religiosa e nada tem haver com ódio e intolerância, como propagado pelos que
defendem o pluralismo religioso. O Senhor Jesus orou para que todos fossem um,
mas enfatizou que esta unidade só poderia ser possível se fincada na verdade. “Santifica-os na verdade; a tua
palavra é a verdade” (Jo 17.17); “Não rogo
somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por
intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um [...]” (Jo 17.21,22).
Portanto, fora deste princípio qualquer
tentativa de comunhão será falsa e danosa para o povo de Deus.
A luta pela verdade sobrepõem-se a
qualquer outra tentativa de unidade religiosa. Martinho Lutero sintetizou bem a
condição bíblica de unidade quando considerou que deveríamos buscar a paz, se
possível, mas a verdade a todo custo. Então, o que eles chamam de arrogância, é
na verdade a firme convicção de fé reformada. Temos certeza sobre no que cremos
e isto não nos foi revelado por homens, mas pelo próprio Deus através das
Escrituras. Esta sociedade pós moderna rotula de arrogantes aos que tem certeza
no que crêem, pois eles mesmo não sabem no que acreditam, crêem em tudo e em
nada ao mesmo tempo, estão completamente perdidos, pois negam-se a glorificar a
Deus (Rm 1.21).
Outra acusação leviana sofrida pelos
protestantes é a de causarem divisão e discórdia na Igreja por motivos
supérfluos. Mas este nunca foi o interesse dos reformados, aliás, vale
ressaltar que nem foi esta também a intenção dos primeiros reformadores, que
procuraram manter a unidade evangélica de forma coerente com as Escrituras,
objetivo este impossível de ser alcançado por motivos históricos já bem conhecidos.
Em suma, não importa que sejamos falsamente tidos por arrogantes,
e tachados por cristãos extremistas, lutemos juntos pela fé evangélica (Fl
1.27) com coragem e ousadia para denunciarmos o falso ecumenismo, disfarçado de
tolerância e harmonia, mas que na verdade representa uma séria ameaça à unidade
orgânica da Igreja do Senhor Jesus. Descansemos no que disse o Apóstolo Pedro
inspirado por Deus: Se, pelo nome de Cristo,
sois injuriados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da
glória e de Deus (1 Pe 4.14).
Ericon Fábio
Nenhum comentário:
Postar um comentário