Se Deus é pessoal,
soberano, todo-poderoso, onisciente, amoroso e bom, como então explicar a
ocorrência de tragédias, calamidades, doenças e sofrimentos que atingem bons e
maus ao mesmo tempo?
Creio que qualquer tentativa que um
cristão faça para entender tragédias, desastres, catástrofes e outros males que
sobrevêm à humanidade não pode deixar de levar em consideração dois componentes
da revelação bíblica: a realidade da queda moral e espiritual do homem e o
caráter santo e justo de Deus.
Entendo que a Bíblia deixa claro que os
nossos pecados, tanto o original quanto os pecados atuais que cometemos, por
serem transgressões da lei de Deus, tornam-nos culpados e, portanto, sujeitos à
ira justa de Deus, a sua justiça retributiva, pela qual ele trata o pecador com
o que ele merece. Ou seja, a humanidade inteira, sem exceção – visto que não há um justo sequer, um único
que seja inocente e sem pecado – está sujeita ao merecido castigo de Deus,
o que inclui – atenção! – a morte, as misérias temporais (entre as quais se
enquadram as tragédias, as calamidades, os desastres, as doenças, o sofrimento,
etç.) e as misérias espirituais (que a Bíblia chama de morte eterna, inferno e
lago de fogo).
Deus traz esses castigos e misérias para
despertar a raça humana, provocar o arrependimento, refrear o pecado do homem,
incutir-lhe o temor de Deus, desapegar o homem das coisas desta vida e levá-lo
a refletir sobre as coisas vindouras.
As pessoas nascem cegas, deformadas,
morrem em tragédias e acidentes, perdem tudo o que têm em catástrofes, não
necessariamente porque são mais pecadoras que as demais, mas porque somos todos
pecadores, culpados e sujeitos a misérias, castigos e males aqui nesse mundo.
Sofrimento, calamidades etç. não são
somente um prelúdio do julgamento eterno de Deus; há também um tipo de
sofrimento no qual Deus é glorificado por meio de Cristo, em sua graça, e assim
se torna, portanto, um exemplo e um prelúdio da salvação eterna. As tragédias
servem para levar as pessoas a refletir sobre a temporalidade e fragilidade da
vida e as coisas espirituais e eternas. Muitos têm encontrado Deus no caminho
do sofrimento.
Posso não saber os motivos específicos
[do sofrimento], mas consola-me saber que Deus é justo, bom e verdadeiro, e que
todas as suas obras são perfeitas e retas, e que nele não há engano.
NICODEMUS,
Augustus Lopes. O ateísmo cristão e outras ameaças à Igreja. 1º Ed. São Paulo:
Mundo Cristão, 2011. Cáp. 21 (trechos); p. 129 – 136
Lidia Santos
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