quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Decepcionados com a Igreja

Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia. (Hb 10:25)

Tem sido cada vez mais crescente o número de crentes que tem desistido da Igreja. As causas são as mais diversas possíveis, mas desejo nesse texto apontar alguns motivos mais voltados para fatores relacionais, pois tenho observado que boa parte desta debandagem tem sido ocasionada por decepções, desavenças, brigas por poder, etc.  Por isso não são poucos aqueles abandonam as Congregações tentando cultivar sua fé em Cristo, mas, bem longe de qualquer denominação. Eles estão com suas almas gravemente feridas, estão decepcionadas com a Igreja e não toleram mais as muitas imperfeições do “povo” de Deus.
Se fossemos citar todos os problemas das comunidades evangélicas certamente teríamos que escrever um livro com centenas de páginas e tenho dúvidas se o compendio seria suficiente para abarcar todos as deficiências, tantas que são. Parte dos Evangelhos, das Cartas Paulinas, das Epístolas Gerais e até alguns capítulos do livro de Apocalipse se dedicam em apontar, exortar e tratar dos muitos pecados existentes na religião judaico-cristã. O que esperar então da Igreja atual, senão, que também continue a enfrentar as mesmas dificuldades.
Mas porque tantos tem se afastado das comunidades evangélicas? Pontuo algumas razões:
Falsa visão da Igreja. Muitos imaginam que a Igreja é um lugar composto só de pessoas redimidas, o que está longe de ser verdade. Ímpios podem estar infiltrados nos corais, nos departamentos, e até nos púlpitos (1 Jo 2:19; Mt 7:15;). Estamos em convívio constante com não-regenerados que dividem espaço do mesmo banco conosco. Eles são instrumentos de tropeço para atrapalhar os Filhos de Deus (Gl 2:4). Os filhos do Diabo também costumam frequentar a Igreja de Deus na terra. Só que eles usam disfarces quase perfeitos. Suas roupas de ovelhas só não são capazes de enganar o Supremo Pastor que conhece bem cada um de seus cordeirinhos. Já nós, não somos tão perspicazes. É preciso lembrar de que o joio e o trigo estão juntos na mesma plantação e só serão separados na colheita (Mt 13:24-30).
Critérios exagerados de perfeição: Há muitos santos na Igreja do Senhor (graças a Deus!), mas cada um deles se encontra em estágios diferenciados de santificação. Falamos da santificação progressiva, assim como define alguns teólogos, como processo de crescimento espiritual do crente, ainda incompleto. Mesmo para estes santos em aperfeiçoamento há a possibilidade de tropeços desintencionais. Deslizes que todos os fiéis estão sujeitos a passar por mais vigilantes que sejam. Até o irmão mais piedoso de nossa congregação pode nos entristecer com alguma falta. Quando nossos critérios são exagerados idealizamos o ser perfeito, corremos o grande risco da desilusão. É que este é um critério muito pesado para pessoas imperfeitas como nós. Todo e qualquer lugar onde houver gente, mesmo que esta gente seja eleita, ali também existirá toda sorte de problemas.
Intolerância com as diferenças: Nada pode amadurecer mais um crente do que o convívio duradouro com a Igreja. Pois é através deste relacionamento intenso que descobrimos os defeitos e as diferentes personalidades uns dos outros à medida que somos desafiados a compreender, tolerar e perdoar. Deus permite que em nosso meio haja discordâncias e decepções para que sejamos aperfeiçoados na comunhão. Os primeiros líderes cristãos enfrentaram desacordos entre si, no entanto isto não provocou intrigas, nem ressentimentos duradouros (At 15.39; 1 Co 9:6; Cl 4:10; Fm 24; 2 Tm 4:11; Gl 2:14). Se desejamos viver longos anos e até uma vida inteira dentro de uma Congregação, temos alto preço a pagar: A renúncia do nosso orgulho e a liberação de perdão. Deve ser por isso que a Bíblia trata tanto sobre estes assuntos. Pena que alguns ao se depararem com tal situação preferem abandonar o barco, a saída de emergência sempre parece o caminho mais fácil. Temos que aprender a lidar de forma madura com as diferenças, entendendo que temos nossas opiniões e preferências e isto não é motivo de nos afastarmos, mas com mansidão e espiritualidade resolvermos nossos conflitos.

Elevada Autoestima Espiritual: Geralmente somos tentados a nos julgarmos mais santos do que os outros. Elevando assim o critério com o qual julgamos os demais. E isto nos expõe um terrível erro: não enxergarmos nossos defeitos e só observamos os defeitos dos irmãos (Mt 7.3). É provável que uma pessoa pouco tolerante com outras, se torne muito tolerante com ela mesmo. Não é correto hiperdimensionar os defeitos alheios e minimizar os nossos. Sem contar que crentes com espiritualidade autoestimada custam a reconhecer suas fraquezas e se mostram resistentes quando repreendidas e confrontadas com seus defeitos. Preferem deixar de congregar ao ter que humildemente reconhecer que também são pecadoras, sujeitas a tropeços. Sentem-se santas demais para viverem com pobres pecadores. Quanto a isto Salomão nos traz um alerta solene: Não sejas demasiadamente justo, nem demasiadamente sábio; por que te destruirias a ti mesmo? (Ec 7:16). E Paulo Completa: Por isso, pela graça que me foi dada digo a todos vocês: Ninguém tenha de si mesmo um conceito mais elevado do que deve ter; (Rm 12.3ª; ver 1Tm 1:15). Irmãos que agem desta forma carregam uma falsa imagem deles mesmos e dificilmente se tornam suficientemente humildes para também reconhecerem que não são imperfeitos.
Escândalos no meio do Povo: Este me parece ser o principal motivo porque muitos crentes desistem de congregar. Poucas coisas nos desapontam mais do que ver escândalos na Igreja: desvio de conduta moral, finanças obscuras, brigas por poder... Situações semelhantes a estas vem sendo cada vez mais frequentes, principalmente com líderes. Mas será que deveríamos ser pegos de surpreso com tais notícias?! Não. A Palavra de Deus nos mostra que eles iriam ocorrer. O Senhor Jesus alertou quanto aos escândalos no meio de Seu povo: “E disse aos discípulos: É impossível que não venham escândalos”, mas prometeu punir os responsáveis: ”mas ai daquele por quem vierem! (Lc 17:1)”. Sabedor dos danos causados pelos escândalos, o Senhor já nos deixou o alerta. Devemos nos resguardar na confiança em Deus que é Justo Juiz e Senhor de Sua Igreja. Todos aqueles que envergonham o Evangelho haverão de prestar contas diante de dEle. Quem deve se afastar da Igreja são os escandalizadores (Mt 18:17; Rm 16:17), mas por vezes ocorre o contrário, os fiéis se afastam. 
Desejo fazer uma última consideração. Creio que até podemos ter motivos legítimos para abandonar a Igreja, como estes citados acima, mas em nenhum lugar na Bíblia encontramos conselhos para que os crentes se afastem. Pelo contrário, a Palavra sempre nos encoraja a continuarmos congregando, admoestando os irmãos e desfrutando de comunhão com os santos (Sl 133:1; Rm 15:14; Hb 10:25; Jd 1.3; Tg 5:16). Busquemos ao Senhor da Igreja, pois só ele pode nos sustentar, animar e nos fortalecer. Lembre-se que você faz parte de um corpo (Ef. 3:6; 1 Co 12:12) e não pode sobreviver sem ele, seu lugar é a Igreja do Senhor. Que mesmo imperfeita o Senhor pagou alto preço para que ela viva unida, assim como a perfeita unidade entre o Pai e o Filho (Jo 17:11).
Se você está afastado, retorne. Se está decepcionado, ore. Se magoado, perdoe. Se orgulhoso, humilhe-se. Não perca tempo. Volte agora!


Miss. Ericon Fábio

Comentários
1 Comentários

1 comentários:

  1. Faltou um detalhe interessante missionário!Acho que a má interpretação da função pastoral nas igrejas estão afastando as ovelhas,os pastores estão sempre exortando,e as ovelhas obedientemente ouvem e obedecem,mas ovelha também cansa,é preciso apascenta-las diariamente,os programas das igrejas,fazem com que seus ministros esqueçam o principal:O APASCENTAMENTO.

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