Não deixando a nossa congregação, como é
costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto
vedes que se vai aproximando aquele dia. (Hb 10:25)
Tem sido cada vez mais crescente o número de crentes que tem desistido
da Igreja. As causas são as mais diversas possíveis, mas desejo nesse texto
apontar alguns motivos mais voltados para fatores relacionais, pois tenho
observado que boa parte desta debandagem tem sido ocasionada por decepções,
desavenças, brigas por poder, etc. Por
isso não são poucos aqueles abandonam as Congregações tentando cultivar sua fé
em Cristo, mas, bem longe de qualquer denominação. Eles estão com suas almas gravemente
feridas, estão decepcionadas com a Igreja e não toleram mais as muitas
imperfeições do “povo” de Deus.
Se fossemos citar todos os problemas das comunidades evangélicas
certamente teríamos que escrever um livro com centenas de páginas e tenho dúvidas
se o compendio seria suficiente para abarcar todos as deficiências, tantas que
são. Parte dos Evangelhos, das Cartas Paulinas, das Epístolas Gerais e até
alguns capítulos do livro de Apocalipse se dedicam em apontar, exortar e tratar
dos muitos pecados existentes na religião judaico-cristã. O que esperar então
da Igreja atual, senão, que também continue a enfrentar as mesmas dificuldades.
Mas porque tantos tem se afastado das comunidades
evangélicas? Pontuo algumas razões:
Falsa visão da Igreja. Muitos imaginam que a Igreja é um lugar composto só de pessoas redimidas, o
que está longe de ser verdade. Ímpios podem estar infiltrados nos corais, nos
departamentos, e até nos púlpitos (1 Jo 2:19; Mt 7:15;). Estamos em convívio
constante com não-regenerados que dividem espaço do mesmo banco conosco. Eles
são instrumentos de tropeço para atrapalhar os Filhos de Deus (Gl 2:4). Os
filhos do Diabo também costumam frequentar a Igreja de Deus na terra. Só que
eles usam disfarces quase perfeitos. Suas roupas de ovelhas só não são capazes
de enganar o Supremo Pastor que conhece bem cada um de seus cordeirinhos. Já nós,
não somos tão perspicazes. É preciso lembrar de que o joio e o trigo estão juntos na mesma plantação e só
serão separados na colheita (Mt
13:24-30).
Critérios exagerados de perfeição: Há muitos santos na Igreja do Senhor (graças
a Deus!), mas cada um deles se encontra em estágios diferenciados de
santificação. Falamos da santificação progressiva, assim como define alguns
teólogos, como processo de crescimento espiritual do crente, ainda incompleto.
Mesmo para estes santos em aperfeiçoamento há a possibilidade de tropeços desintencionais.
Deslizes que todos os fiéis estão sujeitos a passar por mais vigilantes que
sejam. Até o irmão mais piedoso de nossa congregação pode nos entristecer com
alguma falta. Quando nossos critérios são exagerados idealizamos o ser
perfeito, corremos o grande risco da desilusão. É que este é um critério muito
pesado para pessoas imperfeitas como nós. Todo e qualquer lugar onde houver
gente, mesmo que esta gente seja eleita, ali também existirá toda sorte de
problemas.
Intolerância com as diferenças: Nada pode amadurecer mais um crente do que o
convívio duradouro com a Igreja. Pois é através deste relacionamento intenso
que descobrimos os defeitos e as diferentes personalidades uns dos outros à
medida que somos desafiados a compreender, tolerar e perdoar. Deus permite que
em nosso meio haja discordâncias e decepções para que sejamos aperfeiçoados na
comunhão. Os primeiros líderes cristãos enfrentaram desacordos entre si, no
entanto isto não provocou intrigas, nem ressentimentos duradouros (At 15.39; 1
Co 9:6; Cl 4:10; Fm 24; 2 Tm 4:11; Gl 2:14). Se desejamos viver longos anos e
até uma vida inteira dentro de uma Congregação, temos alto preço a pagar: A
renúncia do nosso orgulho e a liberação de perdão. Deve ser por isso que a
Bíblia trata tanto sobre estes assuntos. Pena que alguns ao se depararem com
tal situação preferem abandonar o barco, a saída de emergência sempre parece o
caminho mais fácil. Temos que aprender a lidar de forma madura com as
diferenças, entendendo que temos nossas opiniões e preferências e isto não é
motivo de nos afastarmos, mas com mansidão e espiritualidade resolvermos nossos
conflitos.
Elevada Autoestima Espiritual: Geralmente somos tentados a nos julgarmos mais
santos do que os outros. Elevando assim o critério com o qual julgamos os
demais. E isto nos expõe um terrível erro: não enxergarmos nossos defeitos e só
observamos os defeitos dos irmãos (Mt 7.3). É provável que uma pessoa pouco
tolerante com outras, se torne muito tolerante com ela mesmo. Não é correto
hiperdimensionar os defeitos alheios e minimizar os nossos. Sem contar que crentes
com espiritualidade autoestimada custam a reconhecer suas fraquezas e se
mostram resistentes quando repreendidas e confrontadas com seus defeitos.
Preferem deixar de congregar ao ter que humildemente reconhecer que também são
pecadoras, sujeitas a tropeços. Sentem-se santas demais para viverem com pobres
pecadores. Quanto a isto Salomão nos traz um alerta solene: Não sejas demasiadamente justo, nem
demasiadamente sábio; por que te destruirias a ti mesmo? (Ec 7:16). E Paulo Completa: Por isso, pela graça que me foi dada digo a todos vocês:
Ninguém tenha de si mesmo um conceito mais elevado do que deve ter; (Rm 12.3ª;
ver 1Tm 1:15). Irmãos que agem
desta forma carregam uma falsa imagem deles mesmos e dificilmente se tornam
suficientemente humildes para também reconhecerem que não são imperfeitos.
Escândalos no meio do Povo: Este me parece ser o principal motivo porque muitos
crentes desistem de congregar. Poucas coisas nos desapontam mais do que ver
escândalos na Igreja: desvio de conduta moral, finanças obscuras, brigas por
poder... Situações semelhantes a estas vem sendo cada vez mais frequentes,
principalmente com líderes. Mas será que deveríamos ser pegos de surpreso com
tais notícias?! Não. A Palavra de Deus nos mostra que eles iriam ocorrer. O Senhor Jesus alertou quanto aos escândalos
no meio de Seu povo: “E disse aos
discípulos: É impossível que não venham escândalos”, mas prometeu punir os
responsáveis: ”mas ai daquele por quem vierem! (Lc
17:1)”. Sabedor dos
danos causados pelos escândalos, o Senhor já nos deixou o alerta. Devemos nos
resguardar na confiança em Deus que é Justo Juiz e Senhor de Sua Igreja. Todos
aqueles que envergonham o Evangelho haverão de prestar contas diante de dEle.
Quem deve se afastar da Igreja são os escandalizadores (Mt 18:17; Rm 16:17),
mas por vezes ocorre o contrário, os fiéis se afastam.
Desejo fazer uma última consideração. Creio que até
podemos ter motivos legítimos para abandonar a Igreja, como estes citados acima,
mas em nenhum lugar na Bíblia encontramos conselhos para que os crentes se
afastem. Pelo contrário, a Palavra sempre nos encoraja a continuarmos
congregando, admoestando os irmãos e desfrutando de comunhão com os santos (Sl
133:1; Rm 15:14; Hb 10:25; Jd 1.3; Tg 5:16). Busquemos ao Senhor da Igreja,
pois só ele pode nos sustentar, animar e nos fortalecer. Lembre-se que você faz
parte de um corpo (Ef. 3:6; 1 Co 12:12) e não pode sobreviver sem ele, seu
lugar é a Igreja do Senhor. Que mesmo imperfeita o Senhor pagou alto preço para
que ela viva unida, assim como a perfeita unidade entre o Pai e o Filho (Jo
17:11).
Se você está afastado, retorne. Se está
decepcionado, ore. Se magoado, perdoe. Se orgulhoso, humilhe-se. Não perca
tempo. Volte agora!
Miss. Ericon Fábio
Faltou um detalhe interessante missionário!Acho que a má interpretação da função pastoral nas igrejas estão afastando as ovelhas,os pastores estão sempre exortando,e as ovelhas obedientemente ouvem e obedecem,mas ovelha também cansa,é preciso apascenta-las diariamente,os programas das igrejas,fazem com que seus ministros esqueçam o principal:O APASCENTAMENTO.
ResponderExcluir