segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Nova Ordem Mundial

 A história da humanidade tem sido marcada por acontecimentos que modificaram, drasticamente, os comportamentos dos seres humanos, afetando diretamente as dimensões políticas, econômicas, éticas e sociais. Geralmente, estas mudanças ocorreram após grandes tragédias, a exemplo do atentado terrorista ocorrido em 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos.

Após superar o impacto dos primeiros momentos de uma tragédia que assumiu grandes proporções procuram-se, imediatamente, explicações para as causas dos incidentes. Em seguida, a tragédia provoca mudanças de rumo que afetam a sobrevivência dos homens no planeta, verificou-se tal fenômeno após as I e II guerras mundiais. Em muitos momentos dramáticos da história da humanidade foi necessário estabelecer uma NOVA ORDEM MUNDIAL, como necessidade de adaptar-se a uma nova realidade.

Esta reflexão nos conduz aos primórdios da vida humana, expresso na literatura bíblica:
 
“E conheceu Adão a Eva, sua mulher, e ela concebeu e deu à luz a Caim, e disse: Alcancei do SENHOR um homem. E deu à luz mais a seu irmão Abel; e Abel foi pastor de ovelhas, e Caim foi lavrador da terra. E aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao SENHOR. E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura; e atentou o SENHOR para Abel e para a sua oferta. Mas para Caim e para a sua oferta não atentou. E irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o semblante. E o SENHOR disse a Caim: Por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante? Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar” (GÊNESIS 4.1-7).

Este livro relata o início da criação e a parte mencionada descreve o momento posterior à queda do homem. A criação depara-se com uma situação caótica, a queda do homem do seu estado original alterou, terrivelmente, as condições de sobrevivência na Terra, estabelecendo uma NOVA ORDEM MUNDIAL. O capítulo acima apresenta um resumo sobre os principais aspectos desta tragédia que afetaram diretamente a vida do homem e de todo o planeta.

E A VIDA CONTINUA...

            Os quatro primeiros versículos do texto narram à vida cotidiana no contexto familiar, no ambiente de trabalho e no culto religioso. Estes três aspectos da vida humana estão relacionados ao evento da criação, citados em Gênesis no capítulo 1 a partir do versículo 26 até o capítulo 2:3.

O capítulo 4 apresenta o registro trágico do homicídio ocorrido entre irmãos, no local de trabalho como desfecho dos efeitos do culto. Neste relato sobre o início da vida a partir da queda do homem reafirma-se o propósito da criação relativo a família, ao trabalho e ao culto religioso.

A família é vista como uma instituição divina formada por pessoas criadas a imagem e semelhança de Deus, refletindo tal imagem no relacionamento entre seus membros. Adão e Eva, ao gerarem filhos, cumpriram um decreto divino. No relato referente ao trabalho, Abel e Caim desempenharam atividades decretadas pelo Criador, demonstrando capacidades peculiares aos seres racionais, criados com condições propícias ao desenvolvimento intelectual, bem como de produzir para a sobrevivência.

 Ao concluir a criação, Deus abençoou o sétimo dia, decretando que este seria separado para Sua adoração. Caim e Abel pretenderam obedecê-Lo, por meio de ofertas e sacrifícios em forma de culto religioso. O culto de Caim reprovado por Deus e, o assassinato do irmão no local de trabalho foram evidências do início da NOVA ORDEM estabelecida para a criação. No entanto, a queda não alterou os planos de Deus para a vida no planeta, pois a família, o trabalho e o culto prosseguiram, mas, estas atividades foram contaminadas pela presença do pecado no mundo.

Aplicação: Ser pais e filhos exemplares, agir com ética no lugar de trabalho e cumprir com zelo os deveres religiosos evidenciam a imagem de Deus refletida no homem. No entanto, o envolvimento ativo no cumprimento dos decretos de Deus para a criação (família, trabalho e igreja) não anula a sentença divina proveniente da desobediência.

SOB O REGIME DA LEI

         O desenvolvimento do drama, exposto anteriormente, apresenta distinções claras entre seus principais personagens. Caim, o primeiro filho foi lavrador, oferecendo uma oferta do fruto da terra ao Senhor, teve sua oferta rejeitada. Abel, o segundo filho foi pastor de ovelhas, oferecendo um animal como oferta ao Senhor, teve a sua oferta aceita. A parte b do versículo 4 apresenta o motivo da rejeição de Caim e da aceitação de Abel: “...atentou o SENHOR para Abel e para a sua oferta. Mas para Caim e para a sua oferta não atentou.”

 O texto prossegue narrando a indignação de Caim e, o pronunciamento de Deus decretando a NOVA ORDEM sobre a vida de Caim. Os versículos 6 e 7 destacam o pronunciamento de Deus e seus efeitos sobre a vida deste homem. Deus revela a Caim a base do relacionamento entre eles, sendo uma ratificação da aliança firmada entre Deus e Adão, “E tomou o SENHOR Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar. E ordenou o SENHOR Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás’ (GENESIS 2:15-17).

Eis um relato estarrecedor para Caim e todos os seres humanos. Ao infringir a lei de Deus, o homem tornou-se réu, cuja sentença divina foi à morte, atingindo toda a humanidade. O Senhor, ao aceitar Abel e sua oferta revela uma aliança entre Ele e o homem diferente daquela firmada no jardim do Èden.

Aplicação: O pecado instaurou uma NOVA ORDEM MUNDIAL, tornando o homem réu dos seus próprios atos, afetando diretamente a sua relação com Deus.

O JUSTO VIVERÁ PELA FÉ

            Concluímos a reflexão anterior afirmando que ao aceitar Abel e sua oferta. Deus revelou uma aliança entre Ele e os homens, diferente daquela firmada com Adão. A oferta de Abel está diretamente ligada à NOVA ORDEM estabelecida por meio da nova aliança. Conforme Gênesis, Caim reconhecia a existência de Deus, prestando-lhe culto em forma de sacrifício. Ao ofertar do fruto da terra, ele acreditava que o produto proveniente do esforço humano poderia agradar à Deus, agindo assim desprezou as palavras que Deus havia proferido aos seus pais sobre sua justiça contida na aliança revelada em Gênesis 2:15-17. Ao oferecer das primícias do rebanho, e da gordura, Abel agiu de acordo com a palavra de Deus “E fez o SENHOR Deus a Adão e à sua mulher túnicas de peles, e os vestiu” (GÊNESIS 3:21). Abel ofereceu sacrifício de um animal ao Senhor, pois foi com a pele de um animal que Deus cobriu a nudez de seus pais, portanto, ele atentou para a lei de Deus e para seus efeitos sobre os seres humanos com o evento da queda. A oferta de Abel expressava confiança na providência de Deus que segundo a sua palavra proveria um meio para libertar o homem do estado caótico em que se encontrava, assim “...pela fé, Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício do que Caim; pelo qual obteve testemunho de ser justo(HEBREUS 11.4). 

Aplicação: Não valorizar os preceitos contidos na palavra de Deus, leva todas as atividades realizadas pelo homem, inclusive o nosso culto, uma afronta à santidade de Deus. O único meio eficaz para sermos aceitos por Deus é agirmos de acordo com a sua palavra.

CONCLUSÃO


            A cosmovisão cristã reformada entende que, a família, o trabalho e a religião são frutos dos decretos de Deus desde o início da criação, revelada no livro do Gênesis. Entende, assim, que todas as esferas da vida encontram-se contaminadas pelo pecado, devido a quebra da lei que Deus estabeleceu na aliança feita com o homem. Deus proveu um meio para restaurar o homem, transferindo as exigências previstas na lei para seu filho Jesus Cristo, revelando em seu sacrifício uma NOVA E ETERNA ORDEM, a ser adquirida, exclusivamente, pela fé. 

Presb. Amauri Ribeiro

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