Notoriamente,
tem havido um interesse impressionante no que tange à teologia reformada ou o
que chamamos de Calvinismo, em especial entre os jovens. Temos visto um resgate
dos sermões e escritos dos gigantes do passado, como também muitas igrejas e
instituições (seminários) abraçando a fé reformada. Trata-se de uma ótima
notícia, pois estamos voltando as nossas origens, olhando para as grandes
confissões do século XVI, para os famosos solas (Só
a Escritura, Só a Graça, Só a Fé, Só Cristo e Só aDeus Glória), para os
cinco pontos (Depravação total, Eleição
incondicional, Expiação limitada, Graça irresistível e Perseverança dos santos).
Vale salientar que, quando falamos em calvinismo, estamos falando em uma
cosmovisão de mundo, e não a algo restrito apenas à doutrina da salvação como
muitos pensam. A visão de mundo calvinista tem avançando de tal maneira que o
Rev. Leandro Lima em seu livro O futuro
do calvinismo, diz que a conhecida revista americana Time Magazine afirmou que o novo calvinismo é uma das dez ideias
que estão mudando o mundo. Isso sem dúvida alguma nos deixa impressionados!
Conseguintemente,
tenho acompanhado muitos jovens que têm se encantado pela teologia reformada, têm
a estudado, têm se dedicado às Escrituras, entretanto, por muitas vezes, os
mesmos estão apenas envolvidas em discussões e muitas delas sem expressarem o
amor e humildade provenientes da Escritura e da teologia que bebem. Daí,
confesso que me sobrevém grande preocupação.
Desejo
dividir este texto em três partes sucintas e preciosas para o nosso
crescimento. Primeiro, abordaremos um pouco da realidade que temos presenciado
mesclando com a definição de alguns termos. Segundo, olharemos alguns
reformados da história e a atuação dos mesmos. Por fim, em terceiro lugar, veremos
o que a Bíblia diz acerca deste assunto.
ORTODOXIA x ORTOPRAXIA
Como
dissemos acima, a busca e o interesse principalmente dos jovens pela teologia
reformada tem sido algo surpreendente, porém, muitos destes moços têm se
enchido de conhecimento, famintos pela comida escassa, mas o que deveria ser
motivo para humildade, simplicidade, modéstia, temperança, piedade, tem
conduzido à arrogância, soberba, prepotência, quase a ponto de não ver mais
como um irmão em Cristo aqueles que não compactuam dos seus pensamentos e, por
muitas vezes, até a convivência fica comprometida. As oportunidades que muitos
têm as utilizam para descarregar a metralhadora e assim fuzilar alguém que não
concorde com ele. As discussões não têm por finalidade orientar o incauto, ou
ajudar o débil na fé com todo amor que podemos demonstrar por entender que
trata-se de um irmão em Cristo, e que o instruindo estou demonstrando amor e
cuidado com a Igreja de Cristo, como também cumprindo uma orientação bíblica
expressa em Cl 3.16: “Habite,
ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente
em toda a sabedoria”, mas, sim, os mais variados motivos egoístas é que estão
em jogo, talvez, mostrar quem sabe mais ou quem está no patamar mais alto de
conhecimento; digamos que seria o crente de primeira categoria. O grande
congregacional do passado D.M. Lloyde Jones uma vez disse o seguinte: “Devemos ter
conhecimento com amor, sem amor e só com conhecimento tornamo-nos obstinados e
orgulhosos”. Vale salientar que não há nada de errado em ter conhecimento,
muito pelo contrário, um dos grandes problemas do passado como disse Oséias,
como também atual, é a falta de conhecimento que leva à destruição, contudo,
como disse o apóstolo Paulo: “sem amor de nada valerá”. Lembrando também que
não estamos falando desse amor romântico e anti bíblico que tolera o erro e faz
de conta que o pecado não existe, mas sim da falta de amor no sentido de tratar
e se dispor a conversar com muita longanimidade e disposição com aqueles que
ainda não compreenderam, pela dificuldade natural de algumas questões,
doutrinas bíblicas que perduram ao longo da história da igreja.
Duas
palavras nos ajudarão muito aqui: Ortodoxia e ortopraxia. Sendo bem objetivos,
a ortodoxia trata da doutrina e crença correta, já a ortopraxia versa sobre a
ação correta. A ortodoxia seria o conhecimento e a ortopraxia a prática deste
conhecimento. Biblicamente falando, Tiago disse isto em sua epístola no
capítulo 1.22: “Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não
somente ouvintes, enganando-vos a vós
mesmos.” Tornai-vos denota que estes irmãos não estavam colocando em prática a
palavra de Deus. Mas por que praticar? Porque Tiago os considera como inúteis
por
serem meros ouvintes. Não que ouvir a Palavra de Deus seja errado, mas o alvo
é ouvi-la e praticá-la. Em outras passagens da Escritura, observamos essa
verdade, por exemplo Rm 2.13: “Porque os simples ouvidores da lei
não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de
ser justificados.” Lc 11.28: “Ele, porém, respondeu: Antes, bem-aventurados
são os que ouvem a palavra de Deuse a guardam!”
Ou seja, a menos que a palavra seja colocada em prática, ela não terá sido
verdadeiramente recebida (acolhida). Por isso já afirmava o grande reformador
de Genebra João Calvino: “obediência é a mãe do verdadeiro conhecimento
de Deus.”
ERUDIÇÃO E PIEDADE: EXEMPLOS DA HISTÓRIA DA IGREJA
Acreditamos
que valerá a pena passear rapidamente na história olhando alguns gigantes do
passado, visto que os grandes pregadores, teólogos, missionários, derivam da
linha reformada. Quem já não escutou falar de João Calvino, John Owen, Jonathan
Edwards, como uns dos maiores teólogos que esta terra já presenciou. William
Carey e David Brainerd, dois dos grandes missionários que essa terra já viu. O
diário de vida deste último tem sido o grande influenciador de jovens a obra
missionária. Não esquecendo de falar de George Whitefield e Charles H. Spurgeon
como grandes pregadores; este último mais conhecido como o príncipe dos
pregadores.
Por
muitas vezes, já vi gente se arrepiando e se contorcendo ao ouvir este nome:
João Calvino. Com toda certeza o mesmo não desejaria, e porque não dizer que
não concordaria em dar seu nome ao sistema doutrinário que foi batizado como
calvinismo. Talvez poucos conheçam a humildade deste grande homem que, segundo
Leandro Lima no livro o futuro do Calvinismo diz:
“Calvino
pregou seu último sermão em 6 de fevereiro de 1564 e morreu em 27 de maio do
mesmo ano, sendo sepultado num cemitério comum, numa sepultura sem qualquer
identificação, como ele próprio havia solicitado. O túmulo comum representava a
humildade do reformador, mas não a grandiosidade de sua vida e a influência
mundial de sua obra.”
Sem falar nas contribuições dadas
por ele na vida urbana da cidade de Genebra. Para isso, já que não teremos
tempo pra isso, indico o artigo do Rev. Sérgio Paulo Ribeiro Lyra, o qual está
o endereço eletrônico no final do texto, como também grandes livros com a
biografia de Calvino das editoras Cultura Cristã e Fiel.
O que falar então do patriarca do presbiterianismo
John Knox, um homem de oração. Foi um reformador
que atuou na Escócia no Séc. XVI. Knox, foi um homem tão comprometido com a
oração a ponto de a rainha da Escócia dizer que temia mais as orações de John
Knox do que os exércitos da Inglaterra. A ponto dele passar noites e noites em
oração, e quando a sua esposa vinha chamá-lo para se alimentar, ele dizia: “como
eu posso comer, como eu posso me alimentar se o meu país está perecendo!” E ele
orava em lágrimas uma das suas frases mais famosas: “Dá-me a Escócia pra Jesus
senão eu morro”. Ele viu um dos maiores milagres da oração e da pregação da
palavra quando em 1560 o parlamento estava adotando o protestantismo como
religião daquele país pela influência poderosa de Knox, através de suas orações
e pregações fervorosas.Um outro grande nome do passado, Martinho Lutero, nos
ensina muito acerca de oração. Lutero falava que quanto
mais ocupado estivesse, mais se dedicaria a falar com o Salvador. Estes eram
homens que tinham um grande conhecimento, consequentemente, tal conhecimento
fazia seus joelhos dobrarem.
Como
não lembrar dos puritanos que por muitas vezes ouviam sermões de uma hora e
meia; dormiam mais cedo nos sábados para estarem atentos e dispostos para o dia
do Senhor. Eles amavam tanto a pregação que quando alguém pregava apenas meia
hora eles se sentiam roubados. Leitura bíblica e culto diário era uma prática
comum nos lares puritanos. Oh, que belos dias!
FÉ X OBRAS: UMA ANÁLISE BÍBLICA
Olhando
neste momento para as Escrituras, observaremos as palavras de Tiago 2.14-26.
Tiago afirma que a fé sem obras é morta, e dará os argumentos pelos quais ele
assevera que a fé sem obras não salva. No versículo 14 ele pergunta qual é o
proveito da fé que não tem obras? Qual o proveito da fé a qual Tiago está
falando? Obviamente, que o proveito da fé é a salvação. Portanto, Tiago conclui
que uma fé sem obras não tem proveito algum porque é falsa, por isso não pode
salvar. A ordem lógica em Tiago é: A salvação é mediante a fé; a fé produz
obras. Conseguintemente, onde não há obras, a fé não existe; logo, profissão de
fé sem obras que a acompanham não tem qualquer proveito. Então, o que Tiago diz
aqui é o seguinte: “Se a sua profissão de fé não é acompanhada de obras,
revela-se como meras palavras.” Não foi esse o contraste lançado em Tg 1.25?
Preste atenção, pois isto foi algo que aprendi ao analisar esta passagem! A
palavra obras deve ser entendida não apenas como atos de misericórdia para com
os necessitados, mas também, e principalmente, como atos de obediência à
vontade de Deus, conforme Tiago deixará muito claro em dois personagens do AT
nos versículos 21 à 26. Portanto, uma confissão de fé que não for acompanhada
das obras que atestam sua genuinidade não é de proveito algum, por isso ele
diz: “Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo?” Deste modo, fé e obras são dois
lados da mesma moeda. Onde está uma, está a outra. Onde falta uma, certamente
falta a outra. Não temos como discorrer nos demais versículos, porém fica-nos
claro o argumento de Tiago.
Às
vezes, tenho a impressão que somos doutores em ortodoxia, porém leigos em
ortopraxia. Daí vale lembrar as palavras do grande Jonathan Edwards quando disse:
“tudo o que dizemos será inútil, se não for confirmado pelo que fazemos”. Se
por um lado, como diria o grande John Stott, crer é também pensar, poderíamos
sem dúvida alguma afirmar que crer é também agir.Talvez com o tempo e
conhecendo melhor a doutrina e a história, muitos perceberão as falhas e verão
a diferença de suas atitudes para as dos autores bíblicos, como também para as
dos gigantes da história da Igreja. Se questionamos muito as pessoas que
negligenciam o conhecimento, e até afirmamos ser um pecado grave, não seria do
mesmo modo (um pecado grave) quando não praticamos o que sabemos?Tornai-vos,
pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos.
Como um amigo me falou: “Se alguns pecam em negligenciar o conhecimento,
precisamos reconhecer que também pecamos quando ficamos apenas no
conhecimento.” Logo, essa falta de frutos, ausência de prática em nosso
comportamento, deve nos levar a uma auto reflexão sincera, que culmine em
arrependimento e confissão de pecados.
No
fim da história, Obras (prática) sabe que precisa de fé(conhecimento), visto
que sem conhecimento ela não será eficaz e não atingirá os resultados
proveitosos. Por outro lado, fé (conhecimento) sabe que precisa de obras (prática),
caso contrário sua vida será inútil, não teria sentido. Em vista disso, obviamente,
elas são inseparáveis.
Com
certeza são em casos como esses que poderíamos utilizar aquelas expressões para
ocasiões mais que especiais: o que Deus uniu não separe o homem! #FICAADICA ;)
Referências
LIMA,
Leandro Antônio de. O futuro do calvinismo: Os desafios e oportunidades da pós
modernidade para a igreja reformada. São Paulo, Cultura cristã, 2010.
Artigo
do Rev. Sérgio Paulo Ribeiro Lyra:
Pr. Valker Neves
Um
grande amigo nosso, pastor da Congregacional Zona Sul, parceiro de longa datas
da UMP da IV.
ENTENDO A SUA DEFESA DA FÉ SEM OBRAS SER MORTA, OU QUE A OBRA CITADA POR TIAGO É A PRATICA DA FÉ, MAS TAMBÉM DEVE SALIENTAR QUE A FÉ É QUEM NOS SALVA PELA GRAÇA E NÃO O PRATICAR AS OBRAS, FÉ É DOM E DADO POR DEUS E PRATICARMOS A VONTADE DE DEUS TENDO FÉ NELE JA É UMA OBRA E NÃO PODE DIZER QUE É MORTA. PAULO NOS ESCREVE QUE ABRAÃO CREU EM DEUS E ISSO LHE FOI IMPUTADO COMO JUSTIÇA, A FÉ PRODUZ JUSTIÇA E SALVAÇÃO PELA GRAÇA.VEJA O QUE ESTA ESCRITO EM ROMANOS 4:Que diremos, pois, ter alcançado Abraão, nosso pai segundo a carne?
ResponderExcluirPorque, se Abraão foi justificado pelas obras, tem de que se gloriar, mas não diante de Deus.
Pois, que diz a Escritura? Creu Abraão em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça.
Ora, àquele que faz qualquer obra não lhe é imputado o galardão segundo a graça, mas segundo a dívida.
Mas, àquele que não pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça.
Assim também Davi declara bem-aventurado o homem a quem Deus imputa a justiça sem as obras, dizendo:
Bem-aventurados aqueles cujas maldades são perdoadas, E cujos pecados são cobertos.
Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o pecado.
Romanos 4:1-8
ENTENDEU: AQUELE QUE NÃO PRATICA MAS CRÊ:Mas, àquele que não pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça.
Romanos 4:5
ISSO RECHAÇA O QUE TIAGO ESCREVEU E O QUE VC QUER PROVAR, ENTENDO O QUE VC ESCREVEU E DEFENDE E SOMOS IRMÃOS EM CRISTO E NÃO QUERO QUE CREIA DA MESMA FORMA QUE EU MAS LEIA MAIS UM POUCO E NÃO TIRE CONCLUSÕES BASEADAS SÓ EM TIAGO LEIA ROMANOS E OUTRAS PARTES DA BIBLIA TBEM! FIQUE NA PAZ DE CRISTO JESUS!!!!!!!