Considerando que vivemos tempos difíceis, onde a sociedade
jaz numa cultura subterrânea, que por sua vez, valoriza o poder de constranger,
colocando o “ter” ou o parecer “ter” acima do “ser”, ao mesmo tempo em que o
resultado pragmático é idolatrado acima da vida e da ética, a busca por
exemplos capazes de inspirar uma ética em favor do bem surge como objeto
principal do personagem “Homem-Aranha”.
É importante notar que no princípio do filme, o jovem Peter
não é um ‘super-herói’, mas apenas um jovem, com limitações manifestas que se
voltaram contra ele, através de pessoas que o tratavam como um lerdo esquisito.
Visto e rotulado pela sociedade como um fraco, Peter vê cada
vez mais distante o sonho de namorar sua paixão – a bela Mary Jane. Além disso,
ele morava com os tios, que além de idosos, atravessavam uma situação difícil
para sobreviver com o mínimo de dignidade. Certamente este tipo de “homem” não
serve de inspiração para o nosso tempo. Contudo, um dia acontece algo
extraordinário. Numa feira de ciência, acidentalmente, Peter é picado por uma
aranha geneticamente modificada e a partir de então recebe poderes. À medida
que o jovem Peter descobre seus novos poderes, de maneira inevitável, segue um
padrão de conduta marcado pelo egoísmo, pelo desejo de obter fama e pela sede
se impor sua força perante os outros, para assim de alguma forma impressionar
Mary Jane.
Preocupado com o caráter do sobrinho, o tio Ben lhe diz: “Com
grandes poderes vem grandes responsabilidades”. O jovem Peter não aceitou a
lição ética do tio, e quando teve a chance de fazer o bem ele tomou uma decisão
em favor da vingança. O resultado foi a morte do seu tio, mas daquele dia em
diante, Peter começou a entender que fazer o bem é fundamental para ser
“homem’.
Tomar decisões em favor do bem nunca foi algo fácil para
Peter. Em muitos momentos ele vivenciou crises existenciais. Em um desses
momentos, a Tia May lhe disse: “Deus sabe como as crianças precisam de heróis!
Gente corajosa, altruísta, dando exemplo para todos nós. Todos adoram heróis.
Acredito que há um herói dentro de todos nós que nos mantém íntegros, que nos
dá força e nos enobrece. E por fim, nos deixa morrer com dignidade, mesmo que,
às vezes, seja preciso ser firme e desistir daquilo que mais queremos. Até dos
nossos sonhos”.
Críticos e filósofos ao analisar o personagem ‘Homem-Aranha’
conseguem discernir linhas fortes de um herói meio kantiano, meio utilitarista
e porque não meio niilista que busca o bem como um ato de coragem. Seja como
for, o fato é que realmente nossa cultura é carente de exemplos bons.
Jesus nos deu o maior de todos os exemplos de bondade,
altruísmo e pureza. Seus seguidores devem recordar e guardar no coração suas
palavras que nos responsabilizam no sentido de fazer o bem. Ele disse:
"Amai, porém, os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem esperar
nenhuma paga; será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo. Pois
ele é benigno até para com os ingratos e maus. Sede misericordiosos, como
também é misericordioso vosso Pai. " (Lucas 6:35-36) Como cristãos, numa
sociedade sedenta de bons exemplos, devemos nos esforçar em “fazer o bem
perante todos os homens” (Romanos 12:17), sabendo que “aquele que sabe que deve
fazer o bem e não o faz nisso está pecando.”(Tiago 4:17).
Segundo a sabedoria de Deus não podemos nos furtar em fazer o
bem, principalmente “estando na mão o poder de fazê-lo.” (Provérbios 3:27).
Mitos como o ‘Homem-Aranha’ efetivamente possuem algum valor, na medida em que
nos despertam para a prática do bem. Entretanto, mais importante é seguir Jesus
Cristo, assumindo todos os dias, o compromisso em favor da justiça, ajudando os
desamparados, resistindo aos opressores e acima de tudo espalhando o Evangelho
da paz com Deus. Seguindo Jesus Cristo, verdadeiramente aprenderemos a “andar
fazendo o bem”. (Atos 10:38).
Rev. Francisco Macena da Costa.
Publicado originalmente em: http://feembusca.blogspot.com.br/2011/06/etica-do-homem-aranha-e-etica-de-jesus.html
Intercâmbio feito por Rodrigo Ribeiro
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