CONSIDERAÇÃO PRELIMINARES
Os
Cânticos de Romagem eram salmos que eram entoados pelos peregrinos ao
caminharem para o Templo de Jerusalém, para as festas religiosas. Era uma
espécie de hinário para os viajantes saudosos dos pátios de Deus e fazem parte desse grupo os salmos 120 até
134, num total de quinze salmos.
Servos que assistiam na casa
do Senhor – levitas, responsáveis pelo trabalho no templo. (1 Cr 9.33)
Sião – Jerusalém
ANÁLISE DO TEXTO
As
bênçãos do culto e uma reflexão sobre nossa peregrinação.
1 – A bênção de estar na casa do Senhor - Sl 122.1 (outro cântico de
romagem) relata a alegria dos judeus em irem ao templo em Jerusalém. Não é
momento de tristeza, nem de desânimo, mas de congraçamento, de louvor a Deus e
de exultação na unção do Espírito Santo. Não é a toa que vários empecilhos se
levantam para nos impedir de estarmos na casa do Senhor. Precisamos ser
diligentes, disciplinados e estudiosos da palavra de Deus para entender a
importância desse momento.
2 – A bênção do trabalho na casa do Senhor – Os cantores deste salmo
lembram os levitas de exaltar e bendizer o nome do Senhor pelo fato de, por
eles serem responsáveis pelos trabalhos na casa do Senhor, estavam
constantemente no templo. E aqui temos um grande aprendizado para todos nós:
2.1 O privilégio de ser ministro na casa do Senhor – devemos nos alegrar
com o chamado de Deus para nossas vidas e esmerarmo-nos para desenvolvermos
nossos dons a fim de servir ao Pai e ao próximo. Cresça, desenvolva, estude,
aprimore-se. Não enterre o seu talento. Devemos, porém, ter cuidado com esta
expressão, pois muitas, senão na maioria das vezes, ela é interpretada de
maneira errada. Não enterrar o talento significa você reconhecer seu talento,
aprimorar seu talento, usar seu talento para a glória de Deus, aprimorar seu
talento e assim vai num círculo virtuoso. Disso Deus se alegra, e não de
fazermos as coisas de qualquer jeito, com a desculpa esfarrapada e sem-vergonha
de que é para Deus. Ser ministro na casa de Deus é bênção, mas também é
responsabilidade.
2.2 Um dos pontos levantados
pela reforma é O SACERDÓCIO UNIVERSAL DOS CRENTES.
Isto é, todo crente é um sacerdote de Deus e deve fazer conhecido Seu Nome
aonde for. Mt 5.18 diz “Assim também brilhe a vossa luz diante dos homens para
que vejam as vossas boas obras e glorifiquem ao Pai que está nos céus.” Este aspecto
é chamado pelos calvinistas de mandato cultural. Ou seja, nossos talentos
também nos foram dados por Deus para usarmos fora da igreja.
2.3 – Vemos outro fator
importantíssimo aqui. Deus deve ser
bendito. Deus deve ser louvado. Apenas então somente o Senhor Jesus. É o
que chamamos de culto cristocêntrico. Hoje vemos cada vez mais o homem querer
tomar o lugar de Cristo na adoração. São tantas coisas que cultos já são
comparados a grandes shows. Opinando
sobre um CD de um grupo ligado a uma igreja disse: A julgar por esse disco, um
bom programa para se divertir no domingo a noite é ir à igreja ver o coral
cantar. Enquanto isto, a Bíblia afirma: “Só a teu Deus adorarás e só a Ele
darás culto”
3 – Derramamento de bênçãos por parte de Deus – De Sião (Jerusalém),
isto é, do momento da reunião Deus conduz seu povo em bênção dali para todos os
lugares em quer que eles façam. Isto se manifesta no culto de várias maneiras:
3.1
– A adoração comunitária privilegia e estimula a adoração individual, que se
manifesta nas práticas devocionais.
O
doutor James Houston, criticando o abandono da leitura devocional em nossos
dias por uma literatura funcional e pragmática, afirma: “Os hábitos de leitura
do chiqueiro não podem satisfazer a um filho e aos porcos ao mesmo tempo”. Ao
usar a imagem da Parábola do Filho Pródigo, ele nos chama a atenção para o
risco de nos acostumarmos com a vida do chiqueiro. Para Houston, as práticas
devocionais nos ajudam a perceber que existe algo maior e mais excelente na
vida de comunhão com o Pai.
O
reverendo A. W. Tozer (1897-1963) escreveu um artigo afirmando que “Deus fala
com o homem que mostra interesse”, e que “Deus nada tem a dizer ao indivíduo
frívolo”. Mais do que cultivar o hábito de ler a Bíblia, orar e participar do
culto, o que na verdade fazemos quando cultivamos estas práticas devocionais é
demonstrar o interesse vivo que temos por Deus e por sua Palavra.
3.2 - O
alimentar-se da palavra de Deus nos dá ânimo, força, direção e condições de
analisarmos tudo à sua luz e diminui consideravelmente o risco de sermos
levados por qualquer vento de doutrina. Já não são ventos. São grandes
tempestades. As pragas da teologia da prosperidade, do teísmo aberto. Já
apareceram coisas como trízimo (fazendo referência a trindade, orienta os fiéis
a ofertarem 30%). Acreditem vocês. E isto engana muita gente que não se
alicerça na palavra de Deus, que deve emanar dos púlpitos ocupados por homens
sérios.
Conclusão
Se levamos Deus a sério, levamos também o
culto a sério, pois uma reunião não é um momento isolado. Um espaço de duas
horas com começo, meio e fim. A reunião, o ajuntado de pessoas termina, mas o
culto não. Este é feito com a nossa vida, em todos os momentos, em todos os
instantes. E este é o motivo que nos alegra em estarmos juntos com os irmãos.
Mostrarmos que nos esforçamos em fazer da nossa vida um culto de louvor e
adoração a Deus todo-poderoso, pois já chegou o dia em que não adoramos apenas
em Jerusalém ou em Samaria, como Cristo falou a mulher samaritana. O pai
procura adoradores que o adorem em Espírito e em verdade.
Por fim, destacamos o
aspecto escatológico. A peregrinação a Jerusalém também simboliza a nossa
peregrinação à Jerusalém celestial. Portanto, independente das circunstâncias
terrenas, sejam elas boas ou más, a alegria de sabermos para onde estamos indo
deve preencher nosso coração e louvarmos a Deus, pois de Sião Ele nos abençoa,
hoje e sempre.
Presb.
Cícero da Silva Pereira
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