terça-feira, 18 de junho de 2013

REFLEXÕES NO SALMO 134 - As Bençãos do Culto e uma Reflexão sobre nossa Peregrinação.

CONSIDERAÇÃO PRELIMINARES

Os Cânticos de Romagem eram salmos que eram entoados pelos peregrinos ao caminharem para o Templo de Jerusalém, para as festas religiosas. Era uma espécie de hinário para os viajantes saudosos dos pátios de Deus e fazem parte desse grupo os salmos 120 até 134, num total de quinze salmos.

Servos que assistiam na casa do Senhor – levitas, responsáveis pelo trabalho no templo.  (1 Cr 9.33)

Sião – Jerusalém

ANÁLISE DO TEXTO
As bênçãos do culto e uma reflexão sobre nossa peregrinação.

1 – A bênção de estar na casa do Senhor - Sl 122.1 (outro cântico de romagem) relata a alegria dos judeus em irem ao templo em Jerusalém. Não é momento de tristeza, nem de desânimo, mas de congraçamento, de louvor a Deus e de exultação na unção do Espírito Santo. Não é a toa que vários empecilhos se levantam para nos impedir de estarmos na casa do Senhor. Precisamos ser diligentes, disciplinados e estudiosos da palavra de Deus para entender a importância desse momento.

2 – A bênção do trabalho na casa do Senhor – Os cantores deste salmo lembram os levitas de exaltar e bendizer o nome do Senhor pelo fato de, por eles serem responsáveis pelos trabalhos na casa do Senhor, estavam constantemente no templo. E aqui temos um grande aprendizado para todos nós:

2.1 O privilégio de ser ministro na casa do Senhor – devemos nos alegrar com o chamado de Deus para nossas vidas e esmerarmo-nos para desenvolvermos nossos dons a fim de servir ao Pai e ao próximo. Cresça, desenvolva, estude, aprimore-se. Não enterre o seu talento. Devemos, porém, ter cuidado com esta expressão, pois muitas, senão na maioria das vezes, ela é interpretada de maneira errada. Não enterrar o talento significa você reconhecer seu talento, aprimorar seu talento, usar seu talento para a glória de Deus, aprimorar seu talento e assim vai num círculo virtuoso. Disso Deus se alegra, e não de fazermos as coisas de qualquer jeito, com a desculpa esfarrapada e sem-vergonha de que é para Deus. Ser ministro na casa de Deus é bênção, mas também é responsabilidade.

2.2 Um dos pontos levantados pela reforma é             O SACERDÓCIO UNIVERSAL DOS CRENTES. Isto é, todo crente é um sacerdote de Deus e deve fazer conhecido Seu Nome aonde for. Mt 5.18 diz “Assim também brilhe a vossa luz diante dos homens para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem ao Pai que está nos céus.” Este aspecto é chamado pelos calvinistas de mandato cultural. Ou seja, nossos talentos também nos foram dados por Deus para usarmos fora da igreja.

2.3 – Vemos outro fator importantíssimo aqui. Deus deve ser bendito. Deus deve ser louvado. Apenas então somente o Senhor Jesus. É o que chamamos de culto cristocêntrico. Hoje vemos cada vez mais o homem querer tomar o lugar de Cristo na adoração. São tantas coisas que cultos já são comparados a grandes shows. Opinando sobre um CD de um grupo ligado a uma igreja disse: A julgar por esse disco, um bom programa para se divertir no domingo a noite é ir à igreja ver o coral cantar. Enquanto isto, a Bíblia afirma: “Só a teu Deus adorarás e só a Ele darás culto”

3 – Derramamento de bênçãos por parte de Deus – De Sião (Jerusalém), isto é, do momento da reunião Deus conduz seu povo em bênção dali para todos os lugares em quer que eles façam. Isto se manifesta no culto de várias maneiras:

3.1 – A adoração comunitária privilegia e estimula a adoração individual, que se manifesta nas práticas devocionais.

O doutor James Houston, criticando o abandono da leitura devocional em nossos dias por uma literatura funcional e pragmática, afirma: “Os hábitos de leitura do chiqueiro não podem satisfazer a um filho e aos porcos ao mesmo tempo”. Ao usar a imagem da Parábola do Filho Pródigo, ele nos chama a atenção para o risco de nos acostumarmos com a vida do chiqueiro. Para Houston, as práticas devocionais nos ajudam a perceber que existe algo maior e mais excelente na vida de comunhão com o Pai.

O reverendo A. W. Tozer (1897-1963) escreveu um artigo afirmando que “Deus fala com o homem que mostra interesse”, e que “Deus nada tem a dizer ao indivíduo frívolo”. Mais do que cultivar o hábito de ler a Bíblia, orar e participar do culto, o que na verdade fazemos quando cultivamos estas práticas devocionais é demonstrar o interesse vivo que temos por Deus e por sua Palavra. 

3.2 - O alimentar-se da palavra de Deus nos dá ânimo, força, direção e condições de analisarmos tudo à sua luz e diminui consideravelmente o risco de sermos levados por qualquer vento de doutrina. Já não são ventos. São grandes tempestades. As pragas da teologia da prosperidade, do teísmo aberto. Já apareceram coisas como trízimo (fazendo referência a trindade, orienta os fiéis a ofertarem 30%). Acreditem vocês. E isto engana muita gente que não se alicerça na palavra de Deus, que deve emanar dos púlpitos ocupados por homens sérios.

Conclusão

Se levamos Deus a sério, levamos também o culto a sério, pois uma reunião não é um momento isolado. Um espaço de duas horas com começo, meio e fim. A reunião, o ajuntado de pessoas termina, mas o culto não. Este é feito com a nossa vida, em todos os momentos, em todos os instantes. E este é o motivo que nos alegra em estarmos juntos com os irmãos. Mostrarmos que nos esforçamos em fazer da nossa vida um culto de louvor e adoração a Deus todo-poderoso, pois já chegou o dia em que não adoramos apenas em Jerusalém ou em Samaria, como Cristo falou a mulher samaritana. O pai procura adoradores que o adorem em Espírito e em verdade.

Por fim, destacamos o aspecto escatológico. A peregrinação a Jerusalém também simboliza a nossa peregrinação à Jerusalém celestial. Portanto, independente das circunstâncias terrenas, sejam elas boas ou más, a alegria de sabermos para onde estamos indo deve preencher nosso coração e louvarmos a Deus, pois de Sião Ele nos abençoa, hoje e sempre.


Presb. Cícero da Silva Pereira

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