“Disse, pois, Jesus, aos judeus que haviam
crido nele: Se vós permanecerdes na
minha palavra, verdadeiramente sois meus discípulos; e conhecereis a verdade, e
a verdade vos libertará.”
Jo 8:31-32
Observando atentamente o discurso do Senhor
Jesus nos versos acima, podemos retirar lições importantíssimas para nossas vidas, além de sermos levados a nos
questionar se somos verdadeiramente seus discípulos. Para que possamos
interpretar de forma fiel o assunto tratado por Ele e compreender o seu objetivo
ao usar essas palavras, é interessante observamos o contexto da passagem, a
partir de João 8:21 até o verso 30, seguindo abaixo:
Estando na
Judeia, Jesus fala aos judeus a respeito da sua morte de forma indireta (v.21),
e os líderes daquele povo não compreendem as suas palavras (vs.22-27).
Prosseguindo o seu discurso, Jesus deixa claro que os que não crerem nEle
morrerão sem perdão dos pecados (v.24). Ele mostra sua dependência do Pai
(v.28,29), e ressalta sua deidade quando se intitula de “EU SOU QUEM SOU¹”. Daí em diante, muitos judeus crêem
nele (v.30).
A partir de então,
entramos nos versos com os quais iniciamos: “Disse, pois, Jesus, aos judeus que
haviam crido nele: Se vós permanecerdes
na minha palavra, verdadeiramente sois meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” Jo
8:31-32.
Vamos começar a observar os versículos. Note que há uma linha de
raciocínio entre eles. Veja no texto que: Junto à fé (“haviam crido”) tem de vir necessariamente a permanência na Palavra e, por conseguinte, o conhecimento da verdade e a liberdade.
Vejamos como
seria se Jesus, nesse discurso, tivesse utilizado algumas negativas em suas
frases, apenas invertendo o sentido: Se
vós NÃO permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente
NÃO sois meus discípulos; e NÃO conhecereis a verdade, e a verdade NÃO vos
libertará. Perceba que o crucial nesse discurso de Cristo aos que creram
Nele é a Permanência na Palavra, ou
em outras palavras, a obediência aos seus ensinamentos. O conhecimento da
verdade e a liberdade vêm atrelados a ela. É imprescindível, portanto, que um
cristão evidencie essa obediência, visto que ela é intimamente associada à fé
genuína, caso contrário, há fortes riscos de o mesmo não ter sido regenerado
pelo Espírito Santo, de não ser verdadeiramente discípulo de Cristo, de não ser
um verdadeiro cristão. Tenhamos cuidado! Vigiemos!
Em 1 Jo 2:3-6, o autor deixa essa
verdade ainda mais clara para nós. Veja: “E nisto sabemos que o conhecemos: se
guardarmos os seus mandamentos. Aquele que diz: Eu conheço-o, e não guarda os
seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade. Mas qualquer que guarda a sua palavra, o amor de Deus
está nele verdadeiramente aperfeiçoado; nisto conhecemos que estamos nele.
Aquele que diz que está nele, também deve andar como ele andou.”
Difícil mesmo para nós é andar como Cristo
andou. Todos os dias nos deparamos com situações que nos impulsionam a
desobedecer à Palavra, e trava-se uma luta entre o que é abominável e o que é
amável aos olhos de Deus. Caímos muitas vezes, mas não podemos desanimar. O
fato é que permanecer no erro é caminho de morte. O caminho da vida é estreito,
mas não estamos sós, como vemos em 1 Jo 2:1,2: “Filhinhos meus, estas coisas
vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado
junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo; e ele é a propiciação não somente pelos
nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro.”
Joel Beek, na Conferêcia Fiel 2012,
palestrou a respeito da segurança da salvação, ou como vimos, sobre a segurança
de sermos verdadeiros discípulos de Cristo. Ele disse: O problema é que muitos
recebem a Jesus somente como um salvador, porque amam não ir para o inferno ou
como um protetor, pois amam a sentir-se seguros, mas não o recebem como Ele
realmente é: um Salvador totalmente belo que me salva de todos os meus pecados
e que também é o Senhor e o Tesouro supremo de toda a minha vida. Essa é a
diferença entre a segurança falsa e verdadeira. Na segurança falsa, a pessoa
quer que Jesus o ajude de toda forma, mas a pessoa não deseja mudar – quer
tanto Jesus como o mundo. Contudo, a fé
verdadeira almeja por mudança; deseja receber a Cristo como Ele realmente
é, tomar sua cruz e segui-lo.
Ter segurança da salvação nos impulsiona a
permanecer na Palavra. E permanecer na Palavra é negar a própria vontade,
obedecer as instruções de Deus, buscar santidade. É ser moldado pelo caráter divino,
é não ter a vida como preciosa, é considerar os desejos desse mundo como
abrolho quando comparados ao desejo de agradar ao Pai. Permanecer na Palavra é
ter um coração grato pelo sacrifício de Cristo, pela abundante graça derramada,
sabedores de que nada podemos, nada
somos e nada temos sem Cristo. Permanecer na Palavra é, portanto, uma evidência notável de um cristão que teme a
Deus e coloca toda a sua esperança Nele e em nada mais.
Que Deus
continue abençoando sua vida!
Letícia Lima
Leitura recomendada:
“E quem disse que seria fácil?”. Segue o link: http://ump-da-quarta.blogspot.com.br/2012/11/e-quem-disse-que-seria-facil.html
¹ “EU SOU QUEM SOU” nome que Deus usou sobre si
mesmo no Velho Testamento quando falou com Moisés (Êx. 3:14-15). Jesus usa o
nome divino “EU SOU QUEM SOU” (Jo 8:24,28; 13:19) para falar sobre si mesmo no
Novo Testamento. Cristo diz, em outras palavras, que Ele e o Pai são um, que
Ele é Deus (Jo 5:18; 10:30,33; 14:7-11).
² Benton, John; Peet, John. As Doutrinas da Graça. São Paulo: Cultura Cristã, 2008. P.89
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