Por Rodrigo Ribeiro
Fabiano é um personagem clássico da nossa literatura, oriundo das páginas do livro Vidas Secas do alagoano Graciliano Ramos, escrito em 1938, mas que permanece extremamente atual. A trama gira em torno de Fabiano e sua família lutando pela sobrevivência no sertão, propiciando um relato da saga dos retirantes e sua luta contra a seca.
O personagem é marcado pelo dilema com suas próprias limitações: ele julga-se limitado por sua falta de educação. Considera-se um bicho, alguém só pode utilizar sua força, visto que tem extrema dificuldade em pensar e se comunicar. Não se acha digno de ser chamado de homem, parece mais com os animais com os quais se relaciona com maior facilidade. Com relação aos homens, limita-se a obedecer.
Em determinado momento do livro, o vaqueiro envolve-se em uma confusão e acaba injustamente sendo especando e preso por um “soldado amarelo”. Neste momento sua cosmovisão acanhada entra em crise. Ele sempre se postou a favor do governo, afirmando até em certas ocasiões que apanhar do governo não era desfeita. Visualiza o governo como algo distante e perfeito. Mas diante dele estava um soldado amarelo que o oprimia injustamente. Como conciliar a idealização do governo com o homem que o representava de maneira tão falha e arbitrária?
E é aqui Fabiano se assemelha a muitos de nós, até mesmo os mais intelectuais que escondem seus pressupostos primitivos por detrás de toda a pompa acadêmica. Mas em essenciais nos assemelhamos muitos a esse vaqueiro. De que maneira? Sempre lidamos com as idealizações dos distantes. A messianização. Depositamos nossas esperanças em governos, ideologias, denominações e homens idealizados. E não percebemos que todos os governos são compostos de soldados amarelos injustos. O mesmo se aplica até mesmo às igrejas. Onde há homens, não cabe idealização.
É precisamente isto que acontece com o intelectual de esquerda que mira todas as suas esperanças em um estado idealizado que combaterá as injustiças do mercado cruel. O problema é que o estado é composto por homens. E homens são sempre cruéis a parte da graça de Deus. O mesmo se aplica aos que idolatram o mercado. Este também tem seus soldados. Diante disso tudo, somos todos “Fabianos”.
Mas reconhecer isso é o inicio da reação. Precisamos direcionar nossas esperanças para o lugar onde serão plenamente saciadas: JESUS CRISTO. Ele não tem falhas morais, nem promove injustiça alguma. Ele não é um soldado amarelo, mas sofreu a injustiça por parte dos soldados romanos em nosso favor. Ele sim é perfeito e sem mácula. Seu governo não tem fim. Somente Ele saciará nossa sede. Com ele não haverá mais vidas secas!
Rodrigo Ribeiro
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