sexta-feira, 12 de julho de 2013

Como Devemos Lidar com o Conhecimento Produzido pelos Incrédulos? Com a Palavra Calvino.

Negaremos nós a verdade que brilhou sobre os antigos juristas que estabeleceram a ordem cívica com grande equidade? Diremos que os filósofos cegos em sua fina observação e artística descrição da natureza? Diremos que os homens que conceberam a arte do discurso e nos ensinaram a falar razoavelmente eram faltos de entendimento? Diremos que são insanos os que desenvolvem a medicina, devotando o seu labor em nosso benefício? [...] Não, não podemos ler os escritos dos antigos sem grande admiração. Maravilhamo-nos com eles porque somos compelidos a reconhecer quanto foram notáveis.

Mas contaremos qualquer coisa como digna de louvor ou nobre sem ao mesmo tempo reconhecermos que vem de Deus? Que nos envergonhemos de nossa ingratidão, na qual nem os poetas pagãos caíram, pois eles confessavam que deuses tinham inventado a filosofia, as leis e todas as artes úteis. Esses homens a quem as Escrituras denominam “homens naturais” eram verdadeiramente argutos e sagazes na sua investigação das coisas inferiores. Que nós, igualmente, aprendamos do exemplo deles quanto aos dons que o Senhor deixou à natureza humana, até mesmo depois de ela ter perdido o seu verdadeiro bem.

CALVINO, João. Instituas 2.2.15 apud HORTON, Michael. In: O Cristão e a Cultura. São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2006.
Rodrigo Ribeiro
@rodrigolgd

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