Negaremos
nós a verdade que brilhou sobre os antigos juristas que estabeleceram a ordem
cívica com grande equidade? Diremos que os filósofos cegos em sua fina
observação e artística descrição da natureza? Diremos que os homens que
conceberam a arte do discurso e nos ensinaram a falar razoavelmente eram faltos
de entendimento? Diremos que são insanos os que desenvolvem a medicina,
devotando o seu labor em nosso benefício? [...] Não, não podemos ler os
escritos dos antigos sem grande admiração. Maravilhamo-nos com eles porque
somos compelidos a reconhecer quanto foram notáveis.
Mas
contaremos qualquer coisa como digna de louvor ou nobre sem ao mesmo tempo
reconhecermos que vem de Deus? Que nos envergonhemos de nossa ingratidão, na
qual nem os poetas pagãos caíram, pois eles confessavam que deuses tinham
inventado a filosofia, as leis e todas as artes úteis. Esses homens a quem as
Escrituras denominam “homens naturais” eram verdadeiramente argutos e sagazes
na sua investigação das coisas inferiores. Que nós, igualmente, aprendamos do
exemplo deles quanto aos dons que o Senhor deixou à natureza humana, até mesmo
depois de ela ter perdido o seu verdadeiro bem.
CALVINO, João. Instituas
2.2.15 apud HORTON, Michael. In: O
Cristão e a Cultura. São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2006.
Rodrigo Ribeiro
@rodrigolgd
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