POSIÇÕES
ERRADAS
Primeiramente,
há o que pode ser chamado de visão prevalecente na Igreja Católica
Romana. Esta posição é: todas as crianças não batizadas estão
perdidas, no sentido em que, quando elas morrerem, elas entrarão no
Limbus Infantum (ou Infantium), um lugas às margens
do inferno. O sofrimento delas aqui é negativo, em vez de positivo.
Elas sofrem a falta da “visão beatificada”.
Esta
posição, embora contendo realmente um elemento de verdade (já que
reconhece justamente o fato que a responsabilidade varia de acordo
com a oportunidade), está errada em duas considerações, a saber:
A) as Escrituras não designam em nenhuma parte tal importância à
omissão do batismo; B) não ensinam também em nenhuma parte sobre a
existência de um Limbus
Infantum.
Opondo-se
a isto está a posição dos que sustentam que todos os bebês são
“inocentes”. De acordo com este ponto de vista, o “pecado
original”, se é que podemos chamá-lo assim, não é sujeito ao
castigo sem que haja transgressão real. Visto que crianças pequenas
não são capazes de transgredir realmente, mas são inocentes, todas
são salvas se morrem na infância. Esta ou algo similar a esta, é a
posição de muitos protestantes evangélicos hoje. Como irmãos em
Cristo, nós amamos essas pessoas, mas nós não acreditamos que as
Escrituras endossem este argumento de sua posição. As crianças
também são culpadas em Adão. Além disso, elas não são inocentes
(veja Jó 14.4; Sl 51.5; Rm 5.12, 18, 19; 1Co 15.22 e Ef 2.3) Se elas
serão todas salvas, esta salvação não terá que ser concedida com
base em sua inocência, mas na aplicação do méritos de Cristo para
com elas.
A
POSIÇÃO OFICIAL DA IGREJA PRESBITERIANA DOS ESTADOS UNIDOS
A Confissão de Fé de Westminster
não dá uma resposta clara à pergunta se todos que morrem na
infância serão salvos. De fato, a Confissão deixa espaço para a
opinião de que alguns poderiam não ser eleitos e, portanto, não
serem salvos. Veja isto você mesmo. A Confissão declara: “As
crianças que morrem na infância, sendo eleitas, são regeneradas e
por Cristo salvas, por meio do Espírito Santo, que opera quando,
onde e como quer (Capítulo X, Seção III). Em 1903, a Igreja
Presbiteriana dos Estados Unidos, porém, interpretou este artigo de
forma que hoje sabe-se exatamente onde esta denominação se mantém
com relação a este assunto. Esta denominação adotou o seguinte
Manifesto Declaratório: “A Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos
da América, com toda autoridade, declara como segue... Com
referência ao Capítulo X, Seção III, da Confissão de Fé de
Westminster, que não é considerado como ensino, que qualquer um que
morrer na infância esteja perdido. Nós acreditamos que todos,
morrendo na infância, estão incluídos na eleição da graça, e
são regenerados e salvos por Cristo através do Espírito Santo, que
opera quando, onde e como lhe agrada”.
CITAÇÕES
DE OBRAS DE TEÓLOGOS REFORMADOS
“Todos que morrem na infância
serão salvos. Isto é deduzido do que a Bíblia ensina sobre a
analogia entre Adão e Cristo (Rm 5.18-19). As escrituras não
excluem qualquer classe de crianças em nenhuma parte, batizada ou
não batizada, nascidas em países Cristãos ou pagãos, de pais
crentes ou não crentes, dos benefícios da redenção em Cristo.”
(Charles Hodge, Systematic Theology, Vol I, 9.26)
“O seu destino é determinado
independentemente de sua escolha, por um decreto incondicional de
Deus, e nenhum ato próprio delas pode suspender sua execução; sua
salvação é forjada por uma imediata e irresistível operação do
Espírito Santo, antes e à parte de qualquer ação de suas próprias
vontades. Isto quer dizer que elas estão incondicionalmente
predestinadas para a salvação desde a fundação do mundo.” (B.
B. Warfield, Two Studies in the History os Doctrine, p. 230)
“A maioria dos teólogos
calvinistas sustenta que aqueles que morrem na infância são
salvos... Certamente não há nada no sistema calvinista que nos
impeça de acreditar nisto; e , até que seja provado que Deus não
predestina para a vida eterna todos aqueles que ele agradou chamar na
infância, podem nos permitir sustentar esta visão.” (L. Boettner,
The Reformed Doctrine of Predestination, pp. 143,144).
Não obstante, nem todos teólogos
Reformados se expressam tão positivamente. Alguns apresentam mais
claramente a diferença, segundo eles a veem, entre os filhos dos
crentes e todas as outras crianças. “As crianças da Aliança,
batizadas ou não batizadas, quando morrem, entram no céu; a
respeito do destino das outras, tão pouco nos foi revelado que a
melhor coisa que podemos fazer é nos abstermos de qualquer
julgamento positivo” (H. Bavinck, Gereformeerde Dogmatiek,
3° ed., Vol IV, p.117, minha tradução).
De forma semelhante, L. Berkhof,
embora em completo acordo com os Cânones de Dort com relação à
salvação dos filhos de pais piedosos, a quem Deus se agrada chamar
para fora desta vida em sua infância, declara, a respeito dos
outros, que “não há nenhuma evidência nas Escrituras na qual nós
possamos basear a esperança de que... os filhos dos gentios que não
tenham alcançado a idade do discernimento sejam salvos”
(Systematic Theology, pp. 638-693).
O
ENSINO BÍBLICO
A) Se aqueles que morrem em sua
infância são salvos, essa salvação não está baseada em sua
inocência, mas está baseada na graça soberana de Deus através de
Cristo aplicada a eles (Veja o terceiro parágrafo deste texto).
B) O fato de que o coração de
Deus não se preocupa só com os filhos dos crentes, mas também com
os filhos dos descrentes, e até mesmos com aqueles “que não sabem
discernir entre a mão direita e a mão esquerda”, é ensinado
claramente em Jonas 4.11.
C)“O Senhor é bom para todos, e
suas misericórdias permeiam todas as suas obras” e “Deus é
amor” (Sl 145:9; 1Jo 4.8). É nos, então, permitido concordar com
as belas linhas:
“Porque o amor de Deus é mais
vasto
Que a extensão da mente do homem
E o coração do Eterno
É o mais maravilhosamente amável
(F. W. Faber, 1854)
D) As crianças não pecaram de
qualquer forma similar aos adultos, que rejeitaram a pregação do
evangelho e/ou pecaram grosseiramente contra a voz da consciência;
E) As Escrituras, em nenhuma parte,
ensina explicitamente que todos os filhos dos descrentes que morreram
na infância são salvos. Embora com base nos pontos B, C e D, uma
pessoa possa se sentir fortemente inclinada a aceitar a posição que
todas estas são salvas, jamais se pode afirmar que as Escrituras
positivamente, e com todas as palavras, declarem isto como
verdadeiro.
F)
Deus deu ao crente e à sua semente a promessa encontrada em Gênesis
17.7 e Atos 2.38,39, e também 1 Coríntios 7.14. Por isso, os
Cânones de Dort declaram que “desde que “Devemos julgar a
respeito da vontade de Deus com base na sua Palavra. Ela testifica
que os filhos de crentes são santos, não por natureza mas em
virtude da aliança da graça, na qual estão incluídos com seus
pais. Por isso os pais que temem a Deus não devem ter dúvida da
eleição e salvação de seus filhos, que Deus chama desta vida
ainda na infância.” (I,
artigo
17).
HENDRIKSEN,
William. In: A vida futura segundo a Bíblia. Traduzido por Marcus
Ferreira. São Paulo, SP: Cultura Cristã, 2004. pp. 123-127.
Guilherme
Barros
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