A
graça comum não traz
perdão
nem purifica a natureza do homem, e não efetua a salvação dos
pecadores. No entanto, ela
retém o poder destrutivo do pecado, mantém em certa medida a ordem
moral do mundo, possibilitando assim uma vida ordenada e promove o
desenvolvimento da ciência e da arte.
O nome “graça comum” expressa a ideia de que esta graça se estende a todos os homens, povos, línguas e nações.:
“Contudo,
não se deixou a si mesmo sem testemunho, beneficiando-vos lá do
céu, dando-vos chuvas e tempos frutíferos, enchendo de mantimento e
de alegria os vossos corações.”
Atos 14:17
Há
também outro modo usado por Deus para manifestar sua graça, esse
limita- se apenas aos escolhidos, é a chamada graça especial.
Essa
doutrina reformada nos mostra com muita clareza o quanto Deus é
misericordioso com o homem, não sendo merecedor de tamanho favor,
Deus graciosamente nos dá
a Salvação eterna. Esta é
a graça que nos salva.
A Graça comum na vida do cristão muitas vezes é entendida de forma distorcida, onde é separado o que é religioso “vida espiritual ” e o que é profano “vida secular”, trazendo consequências para a nossa vida. Sendo dividido assim, ”Santo” é ir a igreja, orar, ler a Bíblia,ouvir músicas evangélicas e conversar sobre assuntos religiosos. E as demais coisas cotidianas são vistas como seculares, gerando assim um erro gravíssimo, pois toda a vida humana tanto a área chamada espiritual como a secular são áreas onde a graça de Deus é manifesta. Deus é quem capacita através dos dons e talentos, quem dá saúde, que o sustenta em todos os momentos da vida sem distinções.
Visto
que o ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus,
refletindo aquilo que Deus é, o próprio Deus o capacita para que de
forma positiva realizem boas obras nas mais variadas áreas da vida
como a cultura, a arte e a ciência. Por isso tanto os não cristãos
como os cristãos são capazes de produzir coisas boas, nobres,
bonitas, agradáveis e justas. Embora a natureza do homem seja caída
e maculada pelo pecado, não devemos rejeitar o que ele produz.
Contudo se aquilo que foi feito não reflita a glória de Deus, não
é proveitoso; como por exemplo, uma canção feita por um cristão,
se essa música não glorifica a Deus, não é útil nem agradável,
deve ser rejeitada, mas uma música feita por um não cristão, sendo
útil, agradável e proveitosa é lícito desfrutarmos dela, pois foi
feita através da capacitação que Deus o deu. Os dois principais
fins da Graça Comum são o favor e os privilégios dados aos
eleitos, e a Glorificação de Deus.
Ruan Medeiros
Este
texto foi baseado na aula nº 08 da revista Palavra viva – Teologia
Reformada, publicada em 2013 pela Editora Cultura Cristã.
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