Crente século XVI – Caríssimo irmão é um grande privilégio conversarmos sobre nossa fé comum, ainda que estejamos separados por quase cinco séculos. Gostaria muito de saber dos avanços da causa de Cristo nos seus dias. Importa se lhe fizer algumas perguntas?
Crente atual – Claro que não, digníssimo irmão. Eu é que me sinto honrado em conversar com alguém que esteve em uma época tão distinta de nossa história, fique a vontade para me fazer as suas perguntas.
Crente século XVI – Acredito que você está informado de nossas agruras no passado. De como labutamos por reformar a religião vigente em nossa época e como o Senhor nos concedeu graça de prevalecermos contra os nossos adversários. Gostaria de saber como andam eles e que tipo de adversários vocês têm nestes dias?
Crente atual – Estimado irmão, ainda contamos com muitas lutas para mantermos nossas convicções. Os mesmos inimigos do passado ainda prevalecem, de fato, eles receberam um duro golpe em sua época, porém ainda persistem, com suas mesmas idolatrias e dogmas ultrapassados, mas agora eles mantêm um discurso mais moderado, nos chamando de irmãos separados e empreendem esforços para unir todas as igrejas cristãs em algo chamado de ecumenismo. Na realidade nossos maiores inimigos são aqueles que estão dentro daquilo que chamamos “evangelicalismo”, aqueles que se parecem conosco e não são e que são contados como se fossem evangélicos.
Crente do século XVI – Ora, irmão. Em nossos dias também tínhamos nossos opositores que surgiram em nosso meio. Eles eram conhecidos como anabatistas e místicos e nos trouxeram muitos males. Quais são os inimigos da igreja de Cristo nesses dias e quais são suas doutrinas.
Crente atual – Os inimigos da igreja atualmente, travestidos de ovelhas são aqueles que anulam a cruz de Cristo e fazem do Seu sacrifício algo menor do que nada. Eles dizem que podem salvar a si mesmos e quando dão alguma parte a Cristo dizem que Ele possibilitou a salvação apenas, mas não que Salvou eficazmente os eleitos que Ele mesmo comprou com Seu precioso sangue. Alguns deles continuam acreditando em teologias místicas e pensam que Deus atende uma agenda evocada por líderes poderosos que fazem “grandes sinais”, como curas, línguas estranhas e que podem até mesmo falar com uma palavra de revelação divina. Mais recentemente, alguns grupos passaram a crer que não podem ser pobres e que a riqueza pode ser adquirida com a frequência em alguma reunião realizada pela igreja e por chamadas “campanhas”, onde se pode comprar, através da oferta, a bênção do Senhor. Esses são um grupo grande que não pregam a conversão e que mantém grandes impérios econômicos de mídia e em geral enfrentam processos na justiça.
Crente século XVI – Em nossa época já existiam pessoas assim, como mencionadas por você, esses eram conhecidos como semi-pelagianos e mais tarde foram chamados de arminianos. Com relação aos místicos eles eram mais comuns aos papistas que buscavam a glória do homem e não de Deus. As campanhas que você mencionou, também eram feitas por eles, estranho o fato desses que você comentou sejam conhecidos como evangélicos. Mas me diga como está à adoração do povo em dias tão modernos que tipo de experiência nosso povo tem experimentado com nosso Senhor?
Crente atual – Hoje em dia adorar na igreja e em particular é algo bem menos praticado. É bem mais comum a adoração coletiva, mas não a adoração coletiva pratica na igreja, onde o adorador é motivado a conhecer a glória de Deus e tem repulsa a sua vileza pecaminosa. Existem em nossos dias grandes grupos de músicas que são contratados pelos poderes públicos e que fazem grandes encontros religiosos. Esses ganham grande quantia de dinheiro ao fazerem esses encontros e se dizem “ministros de Cristo”. O povo consequentemente, vê nesses encontros a oportunidade de receber aquilo que não recebem na igreja. Esses encontros não contam com a ministração da Palavra, mas apenas menção dela, e os sentimentos proporcionados pela música são mais importantes do que a Palavra de Deus.
Crente século XVI – Isso realmente é muito sério. Mas o que dizer dos pastores dessas ovelhas de Cristo? O que eles fazem para manter a igreja longe dessas práticas?
Crente atual – Eles, hoje em dia, têm inúmeras dificuldades. São tentados a atender tais reivindicações com medo de perder suas funções em igrejas grandes, além de serem fracos em conhecimento bíblico e também no temor de Cristo. Aspiram grandes coisas, como crescimento econômico, influência e notoriedade pública através da política. Muitos deles não estudam mais as Santas Escrituras, nem mesmo a conhecem bem. Pois preferem o conhecimento de certas linhas do conhecimento humano como psicanálise e marketing, além de gestões empresarias. Eles são mais administradores do que pastores. Mas nem todos podem ser contados dessa maneira, havendo como sempre há pessoas fiéis ao Senhor que se empenham em ter seus ministérios aprovados pelo Senhor.
Crente século XVI – Caro irmão, quando entregamos o bastão as nossas gerações posteriores sabíamos que não teríamos solo fértil. Pois, a fábrica de ídolos insiste em ganhar o coração humano. Já em nossa época tínhamos muitos desafios, mas permanecemos firmes e conseguimos muitos avanços. Espero que vocês encontrem como barrar esses desafios tão urgentes na época de vocês e que o nome do Senhor sai vitorioso, no valioso testemunho de homens fiéis. Espero sinceramente que nossa época, bem como, nossos líderes sirvam de inspiração para vocês e que vocês sejam bem sucedidos em tudo. Essa é a nossa sincera oração pela igreja do Senhor.
Crente atual – Ficamos honrados por tão grande entusiasmo. Sabemos dos desafios e buscaremos sempre que possível levar adiante a mesma fé dos nossos antepassados. Mesmo sabendo da grande oposição, o Senhor será conosco. Que Ele continue a nos conduzir e certamente sairemos vitoriosos. Deus seja glorificado em todos os tempos, nações e circunstâncias, amém.
Rev. Fabiano Ramos Gomes
PUBLICADO ORIGINALMENTE EM: http://evangelismoereforma.blogspot.com.br/2012/03/uma-conversa-informal-sobre-o.html
Intercâmbio feito por Walber Arruda
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