Desde
o inicio de sua fé o cristão tem um propósito bem definido. Parecer-se com
Cristo. Para tanto ele busca firmemente a perfeição. Todo aquele que é nascido
de novo almeja isto em seu coração. Este é o seu maior intento e não descansará
enquanto não atingir este propósito. Ele se sente encorajado e fortalecido pelo
Espírito Santo e impulsionado por sua fé para seguir sua peregrinação.
Mas
logo percebe que nem tudo são flores e que apesar de ter experimentado o novo
nascimento, abandonando aqueles velhos vícios que o embaraçava no passado e
largando toda a sorte de males que o dominava por completo em outros tempos, o
velho homem ainda está alojado dentro dele, tentando pegá-lo despercebido e
assumir as rédeas do seu coração novamente. Sua natureza carnal continua
sobrevivendo, e mesmo sem o vigor de antes, vez por outra ela parece esboçar
sinais de reação. É tudo muito rápido. Quando menos se espera, o gigante que parecia
adormecido, se acorda, tentando causar estragos. E nesta hora, o mais firme dos
crentes titubeia e ver toda a sua reserva de jejuns, orações e leituras
bíblicas se esvair subitamente.
O
homem interior está sempre pronto a viver com pureza e retidão. Seu espírito
quer agradar a Deus há todo momento. E mesmo que não se entregue de forma
voluntária e desenfreada a perversão como em outros tempos, ele falha. Sua
carne acaba por fazer aquilo que ele mesmo recrimina. Porque não faço o bem que
prefiro, mas o mal que não quero, esse faço. (Rm 7.19). Há
uma desarmonia entre o querer e o fazer. Seu espírito sempre está pronto, mas
sua carne é fraca. O desejo de sua alma é oferecer sacrifícios agradáveis ao
Senhor, mas seu corpo aspira à imundícia.
É
certo que o servo de Deus consegue resistir a muitas das investidas de sua própria
carne, ele possui o fruto do Espírito. Mas nem isso é capaz de cessar sua
aflição, pois ele ainda apresenta defeitos. A única coisa que deseja o fiel, é
poder apresentar-se a Deus como uma oferta suave. Ele sabe que a “mais simples”
transgressão que comete, representa uma terrível afronta ao Senhor, a quem ele
adora com toda sinceridade. Então o coração do pobre pecador pranteia diante do
seu Deus e semelhantemente ao publicano, ele clama: Ò Deus, sê propício a mim,
pecador!
Mesmo
enfraquecido ele se aproxima do Misericordioso e lhe faz uma oração:
Compadece-te
de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; e, segundo a multidão das tuas
misericórdias, apaga as minhas transgressões.
Lava-me completamente da minha iniqüidade e
purifica-me do meu pecado.(Sl 51.,2)
Que
terrível angústia sente aquele que deseja ser fiel ao seu Criador, e não
consegue. Mas mesmo triste seu coração não se desespera, pois logo lhe vem o
Senhor e lhe restaura a alma. Pois ele é tido como bem-aventurado, porque
chora. E todo aquele que chora pelos seus pecados, será consolado. Ele se
levanta do pó e da cinza, limpa as suas vestes e continua sua jornada rumo á
perfeição.
-
Mas ele jamais a alcançará! (Alguém poderá dizer).
Ele
sabe disso! Mas nunca irá se conformar com o pecado. Sabemos
que todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado (1 Jo 5.18). E
continuará a sua caminhada até o dia em que o seu corpo será revestido de
glória. E assim como Cristo é, ele também será. E em pouco tempo, estará livre
da escravidão da corrupção deste fardo de carne, e desfrutará da liberdade
gloriosa dos filhos de Deus. E ele não precisará mais perturbar-se com a
matéria carnal, pois ela será transformada e imaculada.
E,
quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é
mortal se revestir de imortalidade, então, se cumprirá a palavra que está
escrita: Tragada foi a morte pela vitória. (1
Co 15.54)
Missionário Ericon Fábio
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