Em uma batalha, um comandante tem que se certificar que todos seus soldados tem o treinamento, suprimentos e ordens necessárias antes do combate. Eles devem estar preparados. Sendo Jesus nosso general, nos deu uma missão e todo o preparo necessário para seu cumprimento: “vão pelo mundo todo e preguem o evangelho a todas as pessoas”[1]. Diante dessa ordem tão clara e específica, justificamos nossa inércia pela falta de capacitação, estamos pré-parados esperando um preparo que nunca chega.
Quando sou convidado para ministrar alguma oficina sobre evangelismo, sempre começo perguntando aos participantes: “qual o preparo necessário para evangelizar?”. As respostas sempre variam entre aprendizado de um método ou modelo de apresentação do evangelho, curso específico de evangelismo e até mesmo curso básico de teologia. No entanto nas Escrituras vemos Jesus ser proclamado por pessoas com pouco ou quase nenhum preparo.
Por exemplo, no evangelho segundo Marcos, capítulo 5 e versículos 1 a 20, vemos que Jesus salva um homem de uma multidão de demônios que o afligia. Esses demônios derrotados tentam trazer um grande prejuízo àquela região entrando numa manada de porcos que se atira no lago. Os moradores daquela região, embora tivessem testemunhado o sinal de que Jesus era o Cristo demonstrando sua autoridade e poder até mesmo sobre os espíritos malignos, insistem para que Ele vá embora dali. O valor dos animais e o medo de seus donos é maior que a alegria da salvação de Deus.
Enquanto isso, o homem que foi liberto daquela legião de demônios pede insistentemente para que Jesus permita seguí-lO, mas Ele... não deixa! Jesus impede que aquele homem junte-se ao seus discípulos, ordenando que ele “volte para casa e conte aos seus parentes o que o Senhor lhe fez e como Ele foi bom para você”[2]. Mas será eficiente esse ministério com tão pouco preparo?
O evangelista nos informa no versículo 20, que Ele não somente pregou a seus familiares, mas por toda a região conhecida como Decápolis e o resultado foi que “todos ficavam maravilhados”. Como foi poderosa a ação desse enviado, fiel ao chamado do Senhor para a missão dada: dar testemunho do que Deus fez em sua vida!
O jovem gadareno em Decápolis[3], André a seu irmão Simão[4], Filipe a Natanael[5], A mulher samaritana em sua cidade[6]... não faltam na Bíblia relatos de pessoas que testemunharam de forma simples e eficaz sobre a pessoa, a obra e os ensinamentos de Jesus.
Perdemos muitas oportunidades de proclamar o Evangelho porque consideramos o evangelismo um programa da igreja que necessita um sofisticado preparo teológico e não o resultado natural do novo nascimento. Testemunhar nas situações do dia a dia, contando o que o Senhor nos fez e como tem sido bom para nós é uma maneira poderosa de proclamar o Evangelho com naturalidade e grande eficiência.
Não devemos negligenciar o aperfeiçoamento pelo conhecimento da Palavra de Deus. Toda preparação e capacitação para a melhor ação no Reino vem do Senhor e faz parte do discipulado e crescimento cristão. Devemos nos apresentar a Ele “como obreiro que não tem do que se envergonhar e que maneja corretamente a Palavra da Verdade”[7]. Não devemos tampouco atribuir a falta de preparo o que muitas vezes na verdade tem sido vergonha do Evangelho e falta de amor pelo próximo.
Como canta o Grupo Logos:
“Há muitos que perdidos pro fim caminham, sem saber
Vão, sem ouvir da paz! Sem conhecer a paz!
Será que não nos pesa deixar que morram sem saber
Que só Jesus é paz? Que só em Cristo há paz?
Vai contar ao povo o que Jesus por ti um dia fez!
Teu amor consegue aos outros alcançar?
Só então, os teus amigos transformados em irmãos,
Galardões eternos lá nos céus serão!”
Que o Senhor nos perdoe por não usarmos cada situação do nosso dia a dia para anunciarmos a Jesus. Sejamos ousados sabendo que não é nosso preparo, mas o Espírito Santo quem convence do pecado, da justiça e do juízo..
[1]Marcos 16.15
[2]Marcos 5.19
[3]Marcos 5.1-20
[4]João 1.35-42
[5]João 1.43-51
[6]João 4.1-42
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