O
exercício de escrever muitas vezes é sangrento para alguns aventureiros do
reino das letras. Certas vezes as palavras teimam em passear distante de nosso
pensamento, e por mais que as busquemos, e ofereçamos todas as benesses
possíveis para que elas nos invadam a mente e deslizem calmamente para a ponta
dos dedos e transmitirem a algum teclado uma mensagem passada durante o
percurso, pelo coração, as mesmas reinam soberanas e distantes da nossa
vontade, como a dizer: - Vá, tente traçar algumas linhas sem nós. E assim ficamos
inertes, saudosos, desejando nossas amigas palavras como desejamos umas
sementes para plantar uma ideia. Estes momentos não são iguais e muito menos
coerentes. Ás vezes, quando num jejum de leitura, elas parecem que nunca
estiveram ali, e assim qualquer esforço de organizar uma frase, a partir da
união desses ícones vocabulares, se esvai. Por outro lado, em alguns instantes
a cabeça fervilha de ideias e quando vamos às letras, eis que a verdade
aparece: estou só, sem palavras e sem rumo para minha escrita. E agora, onde
está aquele estado de êxtase mental, capaz de desafiar o mais profícuo escriba?
Foi-se como poeira no vento, de tal maneira que mesmo antes de vê-la, já não é
mais. Fazemos então, todo tipo de ginástica e negociação. Andamos, relaxamos,
bebemos água, e quando voltamos, a única mensagem que temos é a delas, as
palavras, a nos dizer que não adianta fazer nada. Elas não nos querem. E
continua o nosso suplício. Como entregar o texto pro blog? Não vai dar tempo.
Não tem como. Um misto de desespero e conformismo começa a tomar conta. O
desespero de se conformar com as ausências daquelas que tanto nos ajudam, nos
acompanham, fazem nossa ideias ficarem mais claras, nos auxiliam nas dúvidas e
até nos mostram quando são desnecessárias, a fim de que a frase fique mais
elegante. Desta vez elas resolveram não aparecer. Então fazer o que? Desistir,
por enquanto desta batalha e render-me à dizer que não tenho o que dizer, pelo
fato de estar sem palavras. E ao encaminhar uma despedida, lembro-me de pensar
no Senhor Jesus, a Palavra, o Verbo de Deus, que prometeu nunca me abandonar,
ainda que em momentos de extrema ausência, seja de familiares, amigos, bens,
saúde ou mesmo de palavras. E, definitivamente, não tenho palavras para
agradecer tamanha graça.
Deus nos abençoe
Presb. Cicero Pereira
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