Ele vos deu vida,
estando vós mortos nos vossos delitos e pecados. (Ef 2:1)
A carta de alforria era o documento que garantia o direito de
liberdade a um escravo, concedida por seu proprietário. A Bíblia descreve o
homem comum como um servo do pecado, inclinado às práticas de desobediência a
Deus. (Rm 6.16). E o mesmo também permanece subjugado até que lhe seja
concedido o atestado de soltura espiritual, concedido exclusivamente pelo
Espírito Santo, através da Obra de Cristo (Tt 3:4-6).
A ação atribuída a este ato do
Espírito é chamada de Regeneração, ou Novo Nascimento: o meio pelo qual o homem
abandona o terrível estado de escravidão que se encontra, tornando-se nova
criatura (Jo 3:3-6). Essa transformação não
ocorre por livre escolha e desejo do escravizado, pois o mesmo se encontra
totalmente incapaz de tomar qualquer decisão desta ordem. Pois a Bíblia é
enfática ao afirmar que o homem natural é servo do pecado (Rm 6:17). A raça
humana está terrivelmente depravada. Não importa quem sejam, nem o que façam,
todos estão aprisionados à sua natureza corrompida (Rm 3.23).
O fato mais curioso é que, diferentemente do escravo comum
que deseja adquirir sua liberdade a todo custo. O homem natural não demonstra a
mínima insatisfação com sua vida iníqua. Sente-se confortável com as práticas
que comete e vive em declarada e espontânea afronta ao Criador (Cl 1:21; Rm 5:10).
Ele é como um servo que ao receber Carta de Alforria do seu senhor, ver os
portões abertos das senzalas, mas nega-se a ir embora, preferindo permanecer
sujeito àquele que lhe aprisionou. Da mesma forma, porta-se o ímpio com relação
a sua permanente condição de pecador.
Sendo assim, o homem nem quer, nem pode deixar de ser
escravo. Seu estado espiritual é de morte. Portanto, ainda que as portas da
prisão estejam escancaradas e suas algemas destrancadas, ele permaneceria
inalteravelmente inerte, como todo ser sem vida.
Em meio a tudo isto, surge-nos uma pergunta: Como um
indivíduo nesta situação pode de forma autônoma, e espontaneamente, buscar uma
mudança, à parte do Espírito, ou mesmo de forma sinérgica? Os defensores do
livre-arbítrio cometem um terrível equívoco ao presumir que a criatura pode
optar pela liberdade ou não de sua alma. Algo impossível para alguém que está
morto, portanto, totalmente incapaz de esboçar alguma atitude que altere sua
condição. O mesmo depende indubitavelmente dAquele que sopra onde quer (Jo 3.8).
Portanto, a transformação do homem é obra particular e
exclusiva do Espírito Santo. Apenas por seu intermédio o pecador é regenerado,
e a partir daí todos os seus atos de arrependimento surgirão em conseqüência à
ação realizada pelo Espírito de Deus em seu coração. Somente através deste agir sobrenatural, o
homem pode gozar de plena liberdade espiritual. Por meio privativo do
Regenerador, o servo do pecado poderá ver-se livre uma vez por todas da
escravidão que assolava sua alma. A carta de alforria é definitiva e quem a
concede é Poderoso para libertar o pobre pecador das enegrecidas e sujas
prisões da perdição e transportá-lo para o Reino de Deus em total segurança (Cl
1:13) .
Ericon Fábio
Nenhum comentário:
Postar um comentário