No dia 31 de outubro do ano em
curso, completaremos 496 anos da reforma protestante. Evento este que foi o
divisor de águas para a Igreja do Senhor. Pensar no legado que este movimento
espiritual (ponto áureo) nos deixou, e analisar a atual realidade em que se
encontram os “protestantes” do nosso tempo, é de lamentar profundamente diante
do descaso que alguns cristãos expressam renegando a sua história, doutrina e
confissão de fé que nortearam os fiéis no passado, tem sido o diferencial para
os remanescentes no presente e de fato, nos conduzirá em triunfo até o dia de
Cristo. É a partir deste fato inquestionável, que como jovem pastor, amante das
Escrituras, expresso o meu protesto diante desse teatro em que se encontra o
evangelho no Brasil:
1. Protesto contra a indiferença dos evangélicos nas
discussões de âmbitos sociais, políticos e econômicos de nosso país.
2. Protesto contra muitas igrejas que na tentativa de
desenvolverem um trabalho social relevante e por não terem uma leitura mais
densa das Escrituras, acabam se tornando ONGREJAS.
3. Protesto contra a superficialidade de boa parte dos
autodenominados evangélicos, a ausência do conhecimento de Deus pelo método
indelével da pregação, é um fato que nos assusta!
4. Protesto contra os púlpitos vendidos à psicologizações,
teorias freudianas, mensagens de auto-ajuda, uma leitura a partir de outras
lentes, e não da própria Escritura.
5. Protesto contra a pobreza musical e poética dos
evangélicos brasileiros. Torna-se um árduo trabalho selecionar algo de bom para
se ouvir. São centenas de canções centradas num antropocentrismo exacerbado.
6. Protesto contra a enxurrada de músicas evangélicas que
não dizem nada e, portanto, não acrescentam nada à vida cristã. Canta-se muito, mas não há pedagogia, pois
essas “letras” não refletem a beleza do Rei expressa em Sua Palavra.
7. Protesto contra o comércio em que se tornou a fé
evangélica. O cristianismo do Senhor que não tinha onde reclinar a cabeça se
tornou a mina de ouro e fonte de poder dos já magnatas evangélicos e moeda de
troca das camadas de baixo da comunidade evangélica.
8. Protesto contra os pastores da mídia e artistas
evangélicos que estão enriquecendo as custas do povo brasileiro já tão sofrido.
Alguns deles cobram fortunas para exercerem seus “ministérios” em outras
igrejas e para suas apresentações. Isso é ministério? Não para Paulo (cf. 1 Co
9.18).
9. Protesto contra a desonestidade de liberais que não
pregam em suas igrejas o que ensinam na academia. Fazem isso ou por medo de
perderem o emprego ou por saberem que a teologia que lecionam mataria sua
igreja.
10. Protesto contra a enxurrada de novos seminários teológicos
que são abertos com fins unicamente lucrativos. Eles exigem o mínimo dos alunos
e têm muito pouco a oferecer a nível acadêmico. São meios de se conseguir um
diploma fácil com uma carga horária diminuta. O resultado disso, são pastores e
professores de teologia despreparados. “Teólogos” de cabeças ocas devidamente
reconhecidos pelo MEC
.
11. Protesto contra as igrejas que “matam” seus pastores
sobrecarregando-os de atividades e desviando-os de seu chamado à Palavra e à
Oração.
12. Protesto contra os pastores que “matam” suas igrejas
privando-as de uma pregação expositiva fiel às Escrituras e de um pastorado
regado a oração e amor. Elas morrem de inanição espiritual.
13. Protesto contra o descaso de algumas denominações
históricas que abandonam suas confissões de fé em nome do famigerado
pragmatismo.
14. Protesto contra muitos pastores de igrejas confessionais
que se mostram desonestos absorvendo e desenvolvendo em seus ministérios
práticas oriundas de denominações de linha pentecostal e neo-pentecostal. Seria
muito melhor que saíssem, ou fundassem sua própria denominação do que pertencer
a uma igreja confessional e na prática não subscrever a sua doutrina.
15. Protesto contra a frouxidão doutrinária do evangelicalismo
brasileiro. Em muitas realidades, se
“prega” tudo, menos a Palavra de Deus.
16. Protesto contra a ignorância dos denominados evangélicos
frente o legado da Reforma Protestante do séc. XVI. O reflexo disto dentre
outras coisas é a reprodução de alguns erros de ordem moral, litúrgica,
doutrinária e etc, que foram cometidos no passado tudo por falta de
conhecimento.
17. Protesto contra boa leva de cristãos que se autoproclamam
reformados, mas sua ortodoxia não reverbera num ortopraxia. Não evangelizam,
não se envolvem com a obra missionária, não desenvolvem atividades de caráter
social, são turrões, briguentos. Alguns
limitam-se apenas a discutir teologia nas redes sociais criando desta forma uma
verdadeira ojeriza para com aqueles que não conhecem a fé reformada.
18. Protesto contra a falta de santidade daqueles que proclamam
em alto e bom som sua fé em Jesus. Alguém precisa informar que uma das ordens
do Senhor para o Seu povo é a santidade (cf. 1 Pe 1:16; Hb 12:4).
19. Protesto contra o abandono de uma cosmovisão que abarque a
compreensão da fé em todas as áreas de nossa existência isto inclui tudo:
educação, medicina, artes, política, ciência, questões contemporâneas, ética, e
tudo mais.
20. Protesto contra meus próprios pecados. Não me conformo em
ser como sou. Mas, sou o que sou, pela graça de Deus.
Pr. José Rafael
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