quinta-feira, 3 de outubro de 2013

A Mensagem que Veio do Céu

A Bíblia é a revelação de Deus à humanidade. Deus é o seu autor, o Espírito Santo, seu intérprete e o Senhor Jesus, o seu assunto central. Ela expressa a vontade de Deus para o homem e lhe mostra o caminho da salvação.

Sondas especiais estão sendo enviadas ao espaço, para, entre outras coisas, tentar um contato com inteligências alienígenas. Acredita-se que muitos mistérios e enigmas da história deverão ser desvendados e, quem sabe, isso ajudará os seres humanos a resolver seus problemas mais agudos e, mais ainda, poderá responder àquelas clássicas perguntas: “De onde viemos? Quem somos? Para onde estamos indo?” A humanidade sente-se insegura diante dos problemas que se avolumam sem solução: desequilíbrio ecológico, perigos biológicos, escalada da violência, crime organizado, tráfico de drogas, acidentes nucleares, desemprego, fanatismo religioso, terrorismo, pobreza, fome, opressão. De alguma forma maneira, sentimos que precisamos desesperadamente, de respostas, mas não sabemos onde encontrá-las. O fracasso das utopias tem deixado um sentimento de torpor e desânimo, como aquela sensação do homem perdido no deserto que, ao ver uma miragem, pensou ter visto e só encontrou areia. Tendo, durante muito tempo, rejeitado qualquer revelação nos antigos escritos sagrados, o homem se viu num imenso, misterioso e silencioso universo.

Ultimamente, um número cada vez maior de esperançosos abandona o materialismo dos pais e segue à busca do místico, tentando resgatar a herança cultural e espiritual. Daí o renascimento de antigos cultos pagãos. Daí a voracidade pelos escritos sagrados da Antigüidade. Daí a crença no poder dos cristais e no uso de mantras. Do Livro dos Mortos às profecias de Nostradamus, a nova geração começa a acreditar que a resposta estava ali o tempo todo.

Mas quem garante que a sabedoria dos antigos merece confiança? E se tudo não for mais uma panacéia enganadora que, a seu tempo, também vai decepcionar? Muitos céticos se recusam a acreditar em verdades absolutas, por uma razão muito simples: como o homem, limitado em seu conhecimento e compreensão, pode chegar à certeza? A História é testemunha de que os homens erram muito. O máximo que podemos tentar é o chute filosófico, é a opinião que pode ou não pode ser mais válida que as opiniões dos outros.

A única possibilidade da verdade absoluta estaria na existência de um ser infinito, possuidor de todo conhecimento, sabedoria e poder. Esse ser faria afirmações verídicas e absolutas por que não estaria, como nós estamos, limitado ao espaço e ao tempo. Assim, esse ser poderia nos ajudar a compreender as coisas que estão além do nosso alcance. Certamente, esse ser não revelaria todo o seu conhecimento. Primeiro, porque seria necessário sermos infinitos para ter todo o conhecimento. Segundo, esse ser saberia o que era e o que não era apropriado revelar a nós. Dependeria de sua infinita sabedoria administrar a concessão do seu conhecimento. Milhões, hoje, acessam a rede internacional de computadores. A informação disponível é estonteante. Basta um computador, um modem e uma linha telefônica. Mesmo assim, esse conhecimento é limitado. Como seria ter uma Mente Infinita? Que tipo de pesquisa faríamos? Que área iria nos interessar mais?

Até agora consideramos isso uma hipótese. Não obstante, se isso for realidade? E se, de fato, esse ser já se revelou e entrou em contato com os seres humano? Existe algum indício na História de que isso já terá acontecido? Muito mais do que indícios. Através dos séculos, diversos homens alegaram ter recebido revelações do próprio Criador. Certamente muitos deles não passavam de enganadores e provaram isso pela fragilidade das suas informações ou pela falta do cumprimento de suas profecias. Mas isso significa, necessariamente, que todos aqueles que alegaram receber revelações de Deus estão mentindo? Não é um fato que a existência do dinheiro falso pressupõe a existência do verdadeiro? Não seria de se esperar que o mesmo Deus que nos criou se preocuparia em se comunicar conosco? Não seria o próprio sentimento religioso um sinal, dentro da personalidade humana, de que há alguém lá em cima e desejoso de se relacionar conosco? Vejamos alguns homens que afirmam acreditar nessa revelação.

Os Profetas do Velho Testamento
Eles alegam ter recebido revelações de Deus. Esses homens, através dos séculos, escreveram livros que, segundo eles, eram mensagens enviadas pelo próprio Deus. Não devemos dispensá-los como fanáticos antes de ouvir o que têm a dizer: Certamente o Senhor Deus não fará coisa alguma sem primeiro revelar o Seu segredo aos Seus servos, os profetas. (Am 3.7). Eis que ponho na tua boca as minhas palavras. (...) e falarás tudo quanto Eu te mandar. (Jr 1.9 e 7). Vejamos, também, os seguintes passos de Packer: “A fórmula Assim diz o Senhor, que introduz no Antigo Testamento oráculos proféticos, trezentas e cinqüenta e nove vezes, serve de testemunha da realidade da revelação, uma testemunha do fato de que o profeta não criava suas próprias mensagens, mas falava como porta-voz de Deus, de tal modo que aquilo que dizia precisava ser recebido, não como adivinhações, ou especulações humanas nem como idéias fantasiosas, mas como declarações divinas, sendo por isso mesmo verdades infalíveis.” (Packer, p.17). Os profetas estavam tão cônscios da responsabilidade de entregar a mensagem de Deus que muitas vezes pediam a Deus que os poupasse desse peso.

Os Escritores do Novo Testamento

Estes são unânimes em reconhecer a revelação do Velho Testamento como originária da inspiração divina. O autor da carta aos Hebreus, por exemplo, enfatiza a realidade da revelação não somente através dos profetas, mas principalmente através de Jesus: Havendo Deus, outrora, falado muitas vezes e de muitas maneiras aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias nos falou pelo Filho (...). (Hb 1.1 e 2). A este respeito, afirma, de maneira clássica, o apóstolo Pedro: Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura foi dada por vontade humana; entretanto, homens (santos) falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo. (2 Pd 1.20 e 21). As profecias do Velho Testamento não eram especulações particulares sobre a História de Israel nem hipóteses levianas. O Espírito Santo, onisciente, impelia os profetas de tal maneira que o que registravam era a Palavra de Deus. O Apóstolo Paulo também afirma isso: Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça. (2 Tm 3.16). O Deus que soprou o fôlego de vida nos seres viventes é o mesmo que soprou Sua Palavra nas consciências dos Seus profetas.

A Igreja Primitiva estava plenamente consciente da natureza sobrenatural e divina das Escrituras. Quando o Colégio Apostólico se viu na necessidade de um novo apóstolo, Pedro lembrou que a traição de Judas fora predita: Irmãos, covinha que se cumprisse a Escritura que o Espírito Santo proferiu, anteriormente, pela boca de Davi. (At 1.16). Além disso, os escritores do Novo Testamento também reconhecem ter sido guiados pelo Espírito Santo para registrar novas revelações de Deus. De acordo com a promessa do próprio Jesus, o Espírito Santo lembraria de tudo o que Ele havia ensinado e os guiaria a toda a Verdade.

Mais Evidências

Se o próprio Espírito Santo supervisionou a entrega e o registro da revelação, Ele, sendo Deus onipresente, onisciente e onipotente, garantiu que isto seria feito sem erros. De imediato, as pessoas dizem que a Bíblia é livro de homens. Em outras palavras, falha e imperfeita. Por mais sinceros, eruditos e criteriosos que fossem os profetas, eles ainda estavam sujeitos às limitações da sua época e do seu conhecimento. Como poderiam deixar de errar? É natural, assim, esperar que a Bíblia apresente erros gritantes em questões filosóficas, científicas, literárias ou históricas. Os milagres, por exemplo, são vistos como lendas da Antigüidade, tão verdadeiros e históricos quanto Branca de Neve e os Sete Anões. De fato, tais conclusões seriam inevitáveis se o fator sobrenatural fosse descartado. Mas, se o Espírito Santo, sendo o mesmo Deus, estava por trás da produção da Bíblia, então é perfeitamente admissível que homens falhos fossem instrumentos para transmitir informações infalíveis. E foi exatamente isso o que ocorreu. Acostumamo-nos tanto a destacar as chamadas discrepâncias da Bíblia que, muitas vezes, perdemos de vista fatos relacionados com ela tão fantásticos que somente poderiam ser explicados por sua origem divina.

A Unidade da Bíblia

A Bíblia, na verdade, não é um livro, mas uma coleção de livros. São sessenta e seis escritos distinto. Alguns deles têm autoria em comum como, por exemplo, o Evangelho de Lucas e Atos dos Apóstolos. Mas, na sua maioria, foram escritos por pessoas distintas, em épocas e locais diferentes e locais diferentes. Entre seus escritores, figuram um erudito como Isaías e um caipira como Amós, um rabi e um médico, além de profetas, reis, pescadores, poetas, historiadores. Viveram num período de pelo menos mil e quatrocentos anos em lugares tão diversos, como a Grécia, a Palestina e a Pérsia. Apesar dessa diversidade, o que chama a atenção do leitor da Bíblia é a sua espantosa unidade. Parece uma só história, grandiosa e abrangente. Do Gênesis ao Apocalipse, Deus figura como protagonista. As promessas da chegada do Messias, no Velho Testamento, são cumpridas no Novo. Como explicar esta unidade sem levar em conta a intervenção daquele que é o único e infalível Senhor da História?

A Mensagem Singular da Bíblia

Outro fato interessante é o conteúdo da mensagem bíblica. Entre a Bíblia e os outros escritos religiosos e filosóficos existe um abismo intransponível. Certamente valores como a verdade, a honestidade, e justiça e o altruísmo são comuns aos melhores escritos da humanidade. Nisso a Bíblia se identifica com todos os outros. Mas o que dizer do Deus apresentado pela Bíblia? Que contraste com a energia impessoal do Hinduísmo ou com os frágeis e grotescos deuses dos panteões greco-romanos! Deus se apresenta em toda a Sua majestade e grandeza: santo, justo, fiel, onipotente e onisciente; perfeito em amor e misericórdia, imutável em todos os Seus atributos. O próprio mistério da Santíssima Trindade demonstra um Deus maior que nossa razão. O homem, na Bíblia, é retratado no seu melhor e no seu pior estado. Enquanto na Filosofia o homem é deificado como senhor do seu próprio destino, na Bíblia o homem é criatura de Deus, pecador e dependente. Enquanto em algumas crendices o homem é parte de um jogo de dados cósmicos, joguete nas mãos de forças poderosas, na Bíblia o homem é criado por Deus com dignidade e sentido na História. O caminho bíblico para a salvação vai de encontro à idéia arraigada, no espírito humano, de que cada um deve promover a sua própria salvação. Na Bíblia, a salvação é um presente que não pode ser comprado, mas recebido com gratidão. O perdão dos pecados não ocorre por cerimônias vazias, mas mediante a morte do Filho de Deus na cruz, no lugar de pecadores. O destino final, na Bíblia, não é a aniquilação da personalidade nem um paraíso de prazeres carnais, mas a comunhão com Deus por toda a eternidade. E isto somente para aqueles que um dia aceitaram o caminho oferecido por Deus. Nenhum homem conceberia a idéia de um inferno de sofrimento eterno.

O Poder Transformador da Bíblia

Um outro fato impressionante, em relação à Bíblia, é o poder dela para transformar vidas. A Palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes. (Hb 4.12). A simples leitura da Bíblia tem libertado viciados, regenerado criminosos, purificado pervertidos. O poder deste livro sagrado produz amor onde existe ódio, promove a paz onde existe a guerra, desenvolve conhecimento espiritual onde existe ignorância. Alguns céticos eruditos se aproximaram dela para ridicularizá-la e não conseguiram resisti-la. Hoje a defendem com todas as suas forças. Apesar de muitas vezes queimada e banida, a Bíblia continuou exercendo sua influência benéfica na raça humana. Que outro livro tem trazido tantas influências positivas na vida de pessoas e sociedades quanto a Bíblia?

O Cumprimento das Profecias

A Bíblia também demonstra sua origem divina pela precisão com que suas profecias são cumpridas. Os escritos de Nostradamus impressionam por ter, supostamente, predito acontecimentos que de fato tiveram lugar neste século. Mas suas afirmações são nebulosas e obscuras, sujeitas a diferentes interpretações. Por outro lado, as profecias bíblicas são cristalinamente específicas. Note, por exemplo, as profecias relacionadas com a pessoa do Messias. Centenas de anos antes, os profetas predisseram de que tribo seria Jesus, onde nasceria, como seria a Sua obra, como morreria. Tais fatos foram tão exatos, que não podem ser atribuídos a outras épocas nem a outras pessoas. Um dos fatos históricos mais marcantes foi o restabelecimento do Estado de Israel, após quase dois mil anos de exílio e sofrimento. A Bíblia, séculos antes, afirmara que isso ocorreria.

Deus, Senhor da História, com Seu poder e sabedoria infinitos, orquestrou, com exímia precisão, Seu processo de revelação. Levando em conta a cultura e personalidade de cada um dos profetas, Deus provê a raça humana de uma revelação e fez questão de preservá-la e dissemina-la, para que os homens tivessem acesso às riquezas de Sua sabedoria.

Juiz Supremo

É uma afirmação fantástica conferir à Bíblia a autoridade do próprio Deus. O caminho mais fácil é receber os escritos judaico-cristãos como impressões pessoais, sujeitas ao crivo de nossa razão ou preferência pessoal. Entretanto, como vimos, esta alternativa não é deixada para aqueles que crêem em Cristo como Filho de Deus. Na verdade, os cristãos têm afirmado, através dos séculos, que acreditam num milagre, aliás, numa série de milagres ocorridos no espaço e no tempo. Homens limitados e falhos receberam e registraram, sobrenaturalmente, revelações do próprio Deus, as quais deveriam ser publicadas a todos os homens. Sem dúvida, tais reivindicações são tão sérias quanto o fato de acreditar na ressurreição literal de Cristo e no julgamento final. Em última instância, trata-se de uma questão de fé. Entretanto, esta fé não é um salto no escuro, mas uma firme convicção na veracidade e no poder de Deus.

A partir do instante em que aceitamos a autoridade da Bíblia, somos chamados pela força da Palavra a nos submetermos à autoridade de Deus. Se Ele, o Criador, de fato se revelou aos homens através de palavras, tal revelação tem a força de lei para as Suas criaturas. Como Soberano do Universo, Deus tem o direito de exigir plena obediência às Suas ordens e fazer valer Sua autoridade através de justo julgamento. Deus, sendo onisciente e eterno, faz da Sua Palavra autoridade para todas as áreas da vida humana, sejam elas espirituais, morais, intelectuais e físicas.

No atual clima de relativismo, a opinião parece ser o único referencial para o que a pessoa deve crer ou praticar. Dentro desse contexto, o aborto e o homossexualismo devem ser analisados por critérios puramente pragmáticos. O fato de Deus ter revelado os limites da sexualidade humana e o respeito pela vida não é mais válido para o homem moderno. Ele não acredita que Deus tenha falado. Entretanto, para os evangélicos que aceitam a Bíblia como a Palavra de Deus, pesa a responsabilidade de levar essa convicção a sério. Não obstante, é triste notar que, também neste caso, a teoria está longe da prática. Hoje em dia, supostas revelações místicas têm mais autoridade do que a clara exposição da Bíblia. Cremos em idéias jamais ensinadas pelos profetas, por Jesus ou pelos apóstolos: regressão psicológica, decreto, entre outras coisas que jamais foram ensinadas na Bíblia. Então, por que as praticamos? [O motivo é ] Por que funcionam? [O motivo é] Por que atraem as pessoas?

Assumir a autoridade da Bíblia implica enfatizar aquilo que ela enfatiza. Em nome da relevância, estamos assimilando filosofias da época atual e saímos à busca de textos fora de contexto para justificá-las. Uma pregação teocêntrica enfatizará a mensagem da Bíblia. Certamente, ela não é popular. Nunca o foi. Se o crescimento numérico fosse o critério para a verdade, Jesus não teria tido muito sucesso na Sua vida terrena, pois até alguns dos Seus discípulos mais próximos O abandonaram quando Ele começou a expor todas as implicações do discipulado. Se cremos na Bíblia como a Palavra de Deus, devemos pregá-la, quer ouçam quer deixem de ouvir. Em flagrante contraste com a mensagem bíblica, a pregação atual promete benesses sem compromisso, auto-afirmação em lugar de auto-negação. Foi o próprio Senhor Jesus quem disse: Quem quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. (Mc 8.34).

Assumir a autoridade da Bíblia implica recebê-la como a sabedoria de Deus na solução dos problemas humanos. Já na época de Jeremias, havia profetas auto-proclamados que ofereciam cura barata, mas ineficaz. Deus diz através do profeta: Curam superficialmente a ferida do meu povo. (Jr 6.14; 8.11). O povo de Deus abandona as águas cristalinas da verdade para beber nas cisternas furadas e apodrecidas do erro. O remédio de Deus parece ser mais amargo, porém é eficaz.

Assumir a autoridade da Bíblia implica em fazer de seus princípios referencias absolutos de ética. Não é de hoje que o mundo é pervertido e corrupto. Os cristãos da Igreja Primitiva tinham que enfrentar, diariamente, as pressões corruptoras do degradado Império Romano – o que, muitas vezes, os conduziram à tortura e ao martírio. Eles levaram a sério o mandamento de Jesus para serem sal da terra e luz do mundo. Atualmente, muitos evangélicos não têm sido conhecidos pela integridade. Pelo contrário, os mesmos critérios ou a falta de critérios são usados nos negócios e nas relações inter-pessoais. Pessoas não-evangélicas ficam impressionadas com a alta cumplicidade, entre alguns evangélicos, na corrupção praticada com tanta naturalidade. Se afirmamos ser a Bíblia a Palavra do próprio Deus, somos responsáveis de acatar as ordens do Rei.

Rev. Jorge Noda


Fonte: Revista Raio de Luz, Ano 28 – Edição 111, Outubro de 1998.


Intercâmbio feito por Rodrigo Ribeiro

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