Nestes dias que antecedem o pleito para escolha popular dos
magistrados em nosso País, são nitidamente observáveis as estratégias de
campanha dos candidatos, que se utilizam de diversos meios para conquistar a
confiança do povo e lograr êxito nas eleições que se aproximam. Geralmente os
candidatos agem de maneira leviana e sem qualquer tipo de pudor e ética. A
história Bíblica nos mostra que tais práticas não são recentes. Bem antes mesmo
que os cientistas políticos identificassem estas artimanhas eleitoreiras, a
Palavra de Deus já revelava os intentos perversos dos homens em busca do
“trono”, como ocorreu com Absalão, um dos filhos do rei Davi.
As Escrituras relatam a conspirata por parte de Absalão para
com seu pai, afim de usurpar a coroa real e se tornar o líder daquela nação (2
Samuel 15.1-12). Observemos seus artifícios:
Atrair a simpatia do povo: Ciente de que Davi gozava de grande empatia e prestígio por parte dos israelitas,
Absalão procurou se aproximar da população. Sua primeira medida foi ir para o corpo a corpo com o povo
para furtar o coração do povo. Sua presença diária à porta da Cidade para
receber cada um daqueles que buscavam ao rei Davi. Com aparente cordialidade,
sutilmente ele foi atraindo a simpatia de seus conterrâneos, e entre abraços e
beijos, foi conquistando a
lealdade dos homens de Israel. Fato semelhante a este
acontece em épocas de campanha eleitoral. É comum nos esbarrarmos em candidatos
que estão a cada esquina, cumprimentando e acenando atenciosamente
gratuitamente, impulsionados pela busca exacerbada por votos.
Instigar o povo contra o rei: Não demorou muito para que Absalão começasse
a provocar na população de Israel um sentimento de indignação em relação ao Rei
Davi. O filho usurpador acusava o monarca de dá pouca atenção as demandas
trazidas pelos moradores da região. “Então, Absalão lhe dizia: Olha, a tua causa é boa e reta,
porém não tens quem te ouça da parte do rei.”. Sua presença diária com o povo, somada as críticas ao atual
governo, ao mesmo passo que causava ira, provocava instintivamente o desejo de
mudança dentre o povo. Levar o povo a uma reflexão é totalmente legítimo, mas
se valer de acusações levianas e infundadas é uma manobra repugnante. O rei
Davi, não foi conhecido por ingerência, mas foi um brilhante governante para
Israel.
Fazer promessas de melhoria: Mas Absalão não apenas
apresentava as falhas do governo de seu pai, mas apresentava-se como o
solucionador de tais problemas. As promessas também faziam parte da estratégia
para obter o trono real. "Quem me dera ser designado juiz desta
terra! Todos os que tivessem uma causa ou uma questão legal viriam a mim, e eu
lhe faria justiça", este era o discurso de Absalão, como aquele que seria
capaz de resolver as falhas do reinado de Davi. O governo vigente era injusto,
mas ele era justo, a administração atual era ausente, mas ele estaria sempre
presente assistindo o povo em suas necessidades. Um discurso de esperança. E a cada quatro anos aparecem messias por todos os lados, se apresentando
como real solução para os problemas sociais e econômicos da nação, como
Absalão.
Conquistar seguidores: Não demorou muito para que o filho do rei conquistasse um número cada
vez crescente de seguidores. A escolta composta de cinquenta homens (v.15) em quatro anos quadruplicou. A conspiração ganhou força, e cresceu o
número dos que seguiam Absalão. Ao retornar de Hebrom (2 Sm 15.10), onde se proclamou rei, para dá sua cartada final, já eram duzentos homens.
Seus aliados sequer suspeitavam que estavam sendo usados por Absalão para tomar
o poder de Davi. Os israelitas foram ingenuamente enganados e participavam
ativamente do plano de Absalão. Uma massa alienada a serviço de um político
inescrupuloso, este era o cenário de Israel. Uma adesão em massa pode ser letal
para qualquer sociedade, quando seus militantes lutam em prol de objetivos particulares
de seus comandados em detrimento de melhorias para toda sociedade.
Apesar de toda investida, ao final de sua empreitada, Absalão
não logrou êxito. Foi morto no campo de batalha, no “bosque de Efraim”, antes
de alcançar o posto tão almejado. Deus preservou o reinado de Davi, para
cumprir a aliança que havia estabelecido com seu servo (2 Sm 7.16). Apontando assim
para o messias prometido que viria de sua descendência (Ap 5.5), cujo trono, é
para todo sempre.
As similaridades das atitudes de Absalão com a dos políticos
atuais em busca do poder, principalmente neste período eleitoral, são bastante
claras. É certo que a monarquia é totalmente distinta do regime democrático, mas
traçando uma paralelo comportamental, só muda o sistema de governa, pois os
homens continuam se valendo das mesmas práticas pecaminosas. Independente de
formas de governo a luta pelo poder, incorre sempre pelos mesmos córregos mal
cheirosos da politicagem. Por trás da disputa legítima pelo magistrado, existem
interesses mesquinhos de homens que querem o poder pelo poder. Para estes, os
meios justificam os fins. Eles estão dispostos a caluniar, perseguir, usar e
furtar o coração do povo. É preciso ter cuidado com os muitos “Absalões” que estão
à procura de nosso voto.
Que o Senhor nos dê discernimento em nossas escolhas, para
que possamos votar de maneira sábia.
Ericon Fábio
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