O texto de provérbios, capítulo seis, versículos de seis a
oito, traz, para nos advertir contra a preguiça, a ordem de observarmos as
formigas, como elas trabalham, e assim, seremos sábios. Muita gente acha que
esse texto é apenas uma mera ilustração de um observador humano acerca da
labuta das formigas. A advertência é muito mais séria, pois se entendemos o
texto bíblico como inspirado por Deus, temos necessariamente que concluir que o
mesmo Deus que inspirou Salomão a escrevê-lo também é o criador (ou designer
para alguns) da formiga. Então no texto está contido, não apenas do olhar sábio
de Salomão, mas o sopro inspirador daquele que fez a formiga, com todos os seus
atributos e organização de trabalho. Isto é explicitado nos versos sete e oito.
Sigamos. O sábio nos faz ainda uma admoestação (mais uma). Não basta observar a
formiga, mas fazer como ela faz: trabalhar duro e de maneira eficaz,
competente, da melhor maneira possível. Aí entra um detalhe importantíssimo. O
que é o trabalho para o cristão? Apenas um meio de conseguir sustento
financeiro, ascensão social e sucesso profissional? A bíblia não orienta isto,
pois o princípio da glória de Deus em todas as coisas (1 Co 10. 31) vale,
obviamente, também para o trabalho. Nossa principal função no trabalho é
glorificar a Deus, buscar o seu reino em primeiro lugar (Mt 6.33). A formiga
faz isso? E como faz, pois com toda a sua organização, ela louva a Deus antes
de tudo, pois faz aquilo para o qual foi criada, e nisto contribui para o bom
funcionamento de todo um sistema ecológico. Neste mesmo sentido, há uma
advertência caso não façamos isto. Pobreza (no sentido de não ter nem o
necessário) e necessidade (v. 11) são consequências de uma vida preguiçosa,
desleixada e inconsequente.
Voltando ao fato de que no texto está o sopro do
criador e todo o seu conhecimento acerca da sua própria criação e não apenas a
mera observação humana, a revista Cálculo em sua edição 22, de novembro de
2012, publicou um artigo no qual foi publicado o resultado de uma observação sobre o comportamento de uma colônia de
formigas vermelhas. Quando um grupo destas formigas sai do ninho a busca de
sementes, outras ficam à espera. Se ele volta para o ninho com sementes em
pouco tempo, mais formigas logo saem em busca de mais. Se elas demoram a
voltar, a colônia manda um grupo menor ou cancela a busca. A bióloga Deborah
Gordon, de Stanford, chamou o cientista da computação Balaji Prabhakar. Ao
observar o fato, afirmou que a forma como as formigas trabalham é “quase igual
à forma como protocolos controlam o tráfego de dados na internet”. Não vou
detalhar o protocolo, mas é realmente muito parecido com o que as formigas
fazem. Balaji conclui: “As formigas descobriram um algoritmo que conhecemos
muito bem e têm feito isso há milhões de anos”. Embora tenha dúvidas acerca dos
milhões de anos, o fato é que a lição iniciada por Salomão continua. Deus
continua a nos falar e nos ensinar hoje através da sua palavra, que mostra a
sua criação a revelá-lo também.
Por fim, a bióloga Deborah Gordon explica que,
do ponto de vista computacional, cada formiga tem capacidades limitadas, mas
como um grupo, conseguem desempenhar tarefas bem complexas. Mais uma lição: a
de unidade, de corpo, de uso conjunto dos dons para um fim comum. Que Deus nos
guarde hoje e sempre, para a glória do seu nome.
Presb.
Cicero Pereira
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