terça-feira, 19 de março de 2013

Aprendendo com as Formigas


O texto de provérbios, capítulo seis, versículos de seis a oito, traz, para nos advertir contra a preguiça, a ordem de observarmos as formigas, como elas trabalham, e assim, seremos sábios. Muita gente acha que esse texto é apenas uma mera ilustração de um observador humano acerca da labuta das formigas. A advertência é muito mais séria, pois se entendemos o texto bíblico como inspirado por Deus, temos necessariamente que concluir que o mesmo Deus que inspirou Salomão a escrevê-lo também é o criador (ou designer para alguns) da formiga. Então no texto está contido, não apenas do olhar sábio de Salomão, mas o sopro inspirador daquele que fez a formiga, com todos os seus atributos e organização de trabalho. Isto é explicitado nos versos sete e oito. 
Sigamos. O sábio nos faz ainda uma admoestação (mais uma). Não basta observar a formiga, mas fazer como ela faz: trabalhar duro e de maneira eficaz, competente, da melhor maneira possível. Aí entra um detalhe importantíssimo. O que é o trabalho para o cristão? Apenas um meio de conseguir sustento financeiro, ascensão social e sucesso profissional? A bíblia não orienta isto, pois o princípio da glória de Deus em todas as coisas (1 Co 10. 31) vale, obviamente, também para o trabalho. Nossa principal função no trabalho é glorificar a Deus, buscar o seu reino em primeiro lugar (Mt 6.33). A formiga faz isso? E como faz, pois com toda a sua organização, ela louva a Deus antes de tudo, pois faz aquilo para o qual foi criada, e nisto contribui para o bom funcionamento de todo um sistema ecológico. Neste mesmo sentido, há uma advertência caso não façamos isto. Pobreza (no sentido de não ter nem o necessário) e necessidade (v. 11) são consequências de uma vida preguiçosa, desleixada e inconsequente. 
Voltando ao fato de que no texto está o sopro do criador e todo o seu conhecimento acerca da sua própria criação e não apenas a mera observação humana, a revista Cálculo em sua edição 22, de novembro de 2012, publicou um artigo no qual foi publicado o resultado de uma observação sobre o comportamento de uma colônia de formigas vermelhas. Quando um grupo destas formigas sai do ninho a busca de sementes, outras ficam à espera. Se ele volta para o ninho com sementes em pouco tempo, mais formigas logo saem em busca de mais. Se elas demoram a voltar, a colônia manda um grupo menor ou cancela a busca. A bióloga Deborah Gordon, de Stanford, chamou o cientista da computação Balaji Prabhakar. Ao observar o fato, afirmou que a forma como as formigas trabalham é “quase igual à forma como protocolos controlam o tráfego de dados na internet”. Não vou detalhar o protocolo, mas é realmente muito parecido com o que as formigas fazem. Balaji conclui: “As formigas descobriram um algoritmo que conhecemos muito bem e têm feito isso há milhões de anos”. Embora tenha dúvidas acerca dos milhões de anos, o fato é que a lição iniciada por Salomão continua. Deus continua a nos falar e nos ensinar hoje através da sua palavra, que mostra a sua criação a revelá-lo também.
 Por fim, a bióloga Deborah Gordon explica que, do ponto de vista computacional, cada formiga tem capacidades limitadas, mas como um grupo, conseguem desempenhar tarefas bem complexas. Mais uma lição: a de unidade, de corpo, de uso conjunto dos dons para um fim comum. Que Deus nos guarde hoje e sempre, para a glória do seu nome.

Presb. Cicero Pereira

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