Esse movimento para reduzir a
religião à sua essência teve um efeito sutil, porém dramático. O estudo de
religião tomou o lugar do estudo de teologia no mundo acadêmico. Essa mudança
foi sutil, em que, para a população em geral, religião e teologia eram a mesma
coisa, portanto as pessoas não sentiram nenhum impacto dramático. Mesmo no
mundo acadêmico a mudança foi aceita em larga escada, quase sem lamúria ou
protesto.
Há alguns anos fui convidado a
falar ao corpo docente de uma conhecida faculdade do Centro-Oeste americano com
uma rica tradição cristã e reformada. O educandário estava sem um presidente e
o corpo docente estava envolvido num auto-estudo para definir a identidade da
faculdade. Pediram-me para falar sobre a pergunta: ¨Quais são os pontos
característicos, inconfundíveis e exclusivos de uma ímpar educação cristã?
Antes da conferência, o deão me
levou para visitar o campus. Quando entramos no prédio de administração dos
professores, observei um escritório com estas palavras reproduzidas na
porta: Departamento de Religião.
Naquela noite, quando falava ao
corpo docente, eu disse: ¨Durante minha excursão pelo prédio notei a porta de
um escritório que anunciava Departamento de Religião. Minha pergunta é dupla.
Primeiro, aquele departamento sempre foi chamado de Departamento de Religião?
Minha pergunta foi recebida com
silêncios e olhares vagos. Em princípio pensei que ninguém pudesse responder à
minha pergunta. Finalmente um dos professores mais antigos da faculdade
levantou a mão e disse: ¨Não, antigamente era chamado de departamento de
Teologia. Nós mudamos o nome há uns trinta anos¨.
¨Por que o mudaram?¨ Perguntei.
Ninguém na sala tinha idéia alguma,
nem parecia se importar. O que se deixava supor era: ¨realmente não tem
importância¨.
Lembrei ao corpo docente que há
uma diferença profunda entre o estudo de teologia e o estudo de religião.
Historicamente, o estudo de religião tem sido incluído sob os cabeçalhos de
antropologia, sociologia, ou até mesmo psicologia. A investigação acadêmica de
religião tem procurado ser fundamentada num método empírico-científico. A razão
disso é bastante simples. A atividade humana é parte do mundo fenomenal. É uma
atividade que é visível, sujeita à análise empírica. Psicologia pode não ser
tão concreta como biologia, mas o comportamento humano em resposta a crenças,
ímpetos, opiniões, etc. pode ser estudado de acordo com o método científico.
Para afirmar isso de modo mais
simples, o estudo da religião é principalmente o estudo de certo tipo de comportamento humano, seja sob a rubrica da
antropologia, sociologia ou psicologia. O estudo de teologia, por outro lado, é
o estudo de Deus. Religião é antropocêntrica; teologia
é teocêntrica. A diferença entre religião e teologia é, em última análise, a
diferença entre Deus e o homem – dificilmente uma diferença pequena.
Outra vez, é
uma diferença de assunto. O assunto da teologia em si é Deus;
o assunto da religião é o homem.
C. R. Sproul
Livro: O que é teologia
Reformada
Editora Cultura Cristã.
Paginas: 6-7
Intercâmbio feito por Jhonatas
Araujo
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