universais, “descolamento” da lei. Muitas vezes o termo é colocado erroneamente, como sinônimo de “responsabilidade”, mas é muito mais do que isso. Principalmente na esfera pedagógica, autores de renome expressam o seu entendimento sobre a questão de forma perturbadora. Há uma avidez por uma autonomia que rejeita princípios universais:
Por exemplo, Josep Maria Puig Rovira (A Construção da Personalidade Moral, 45, Ática, 1998), na defesa da autonomia, rejeita o conceito de autoridade e de valores normativos universais, quando escreve: “A intervenção educativa deve estar centrada na passagem da moral heteronômica para a moral autônoma. Para que esse objetivo seja atingido deve- se proporcionar experiências que favoreçam o abandono da moral autoritária e convidem a valorizar e a adotar a moral de respeito mútuo e da autonomia”.
Neste mesmo livro, Puig, fazendo referência ao educador Norte americano John DEWEY (1859-1952 - em seu livro, Moral Principles in Education, Leffer&Simons, 1975), considera a autonomia o próprio objetivo da educação, o último nível a ser atingido: “No último nível, ou nível autônomo, o indivíduo atua de acordo com seu pensamento e estabelece juízos em relação aos modelos estabelecidos”.
O conhecido "filósofo da autonomia", Castoriadis (1922-1997), um dos inspiradores do movimento estudantil anarquista, na França (1968) fazia o equalização de autonomia, com liberdade: “Se quisermos ser livres, ninguém deve poder dizer-nos o que devemos pensar".
Se utilizássemos AUTONOMIA somente como sinônimo de RESPONSABILIDADE seria apropriado – afinal, o ideal é que todos cumprissem normas e princípios por convencimento próprio, e não, apenas, por imposição. Mas, como vimos, não é assim que o termo é utilizado - busca-se (e ensina-se) a rejeição de leis e normas - e é por essa razão que esta geração "autônoma" não respeita nada e nem ninguém!
A Escritura nos ensina diferentemente. Nela encontramos, sim, HETERONOMIA – o oposto de autonomia. Regras, princípios, uma lei que emana do Deus sábio e todo- poderoso. As normas não procedem de nós próprios, do nosso íntimo; mas aquelas a serem observadas, universais, procedem de Deus, de fora de nós. Elas são heteronômicas! Estão acima dos regramentos culturais - esses sim, relativos aos tempos e épocas de uma civilização.
No livro de Duteronômio (4.6), temos palavras de Moisés ao Povo de Deus. Moisés, ensina ao Povo que a dádiva de uma lei externa, procedente de Deus, é uma grande bênção. Ele ensina os benefícios da subordinação à Lei de Deus. Não é autonomia que significa liberdade. Na realidade, autonomia de Deus é caracterizada pela escravidão ao pecado. Liberdade real vem como conseqüência do enquadramento nos propósitos de Deus, da observância à heteronômica Lei de Deus. E às nossas leis, na medida em que elas refletem esses regramentos universais divinos. Isso quer dizer, respeito á vida, à propriedade; comprometimento com a verdade; não à violência e à destruição; utilização de vias corretas de protestar ou apelar de uma situação que incomoda. Em suma, ausência de baderna e tratamento exemplar dos violadores da lei - sem uma complacência supostamente humanitária, mas que destrói a frágil estrutura da sociedade e impede a convivência pacífica dos cidadãos.
Não nos enganemos, portanto, com os falsos conceitos de liberdade presentes em nossa sociedade. Principalmente os jovens não deveriam se enganar com uma falsa autonomia do direcionamento dos seus pais, representantes de Deus em suas vidas, ou de outras autoridades que resguardam a lei e os direitos. Devemos nos render à sabedoria dos princípios de Deus explicitados em sua Lei. Usufruamos dos benefícios obtidos no respeito aos seus mandamentos.
Solano Portela
Texto publicado originalmente em
http://tempora-mores.blogspot.com.br/2014/01/autonomia-leva-baderna.html
Presb. Cícero Pereira
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