Nascido em Paulo Afonso, pastoreou por muitos anos na cidade de Monteiro e hoje é o pastor da IV Igreja Presbiteriana, a igreja a qual este blog pertence. É com enorme satisfação que entrevistamos o Pastor Fabio José Bernardo, nesta conversa que de tão longa dividimos em duas partes. Leia o inicio desta entrevista, que só será concluída na semana que vem:
01 - Pastor, em que momento de sua vida o senhor descobriu que era vocacionado para o ministério pastoral e como isso ocorreu? Quais foram os principais obstáculos que surgiram no inicio desta caminhada?
A convicção de chamado ministerial é sem dúvida singular e inesquecível. Estava a cerca de 2 anos a Igreja Presbiteriana de Paulo Afonso/BA numa época em que havia um despertamento grandioso quanto a oração, evangelização. Por vezes incontáveis era chamado para levar a mensagem da Palavra de Deus em praça pública num trabalho evangelístico e meu coração efervescia por levar a mensagem que transformou a minha vida e cria que o mesmo poderia acontecer com outros. E isto estava vendo acontecer à medida que o tempo passava. Num determinado dia fiz uma oração que falei, "que será de mim se não for levar a mensagem e pregar a tua Palavra". Esta frase na oração e outras mensagens bíblicas ficaram no meu coração e começou a brotar em mim a convicção de que tinha as evidências de chamado para missões, não me via com condição e capacidade de me tornar um pastor. Eu era um "pregador" e acreditava que podia ser um missionário em terras distantes ou não levando a mensagem e evangelizando. Ali, todavia, era apenas o início.
Comecei a orar e perguntar a Deus se era isso que Ele queria de mim. Nenhuma resposta veio, até que numa viagem com o Presb. Galdino e outros jovens ouvi uma música e para mim era especial e como se o som se tornasse boca de Deus para mim quando em uma canção num "diálogo especial" acompanhando a letra da música eu disse: "a minha vida eu entrego a Deus, pois o seu Filho entregou por mim. Não importa onde for, seguirei meu Senhor". Ao voltar de viagem continuei orando e dizendo ao Senhor da mesma forma. Para onde o Senhor me mandar irei irresolutamente, o que Ele determinar farei. Importa obedecer! Nada anormal para um cristão cheio do Espírito Santo.
Todavia, a dúvida me assaltou e me vi em mais uma vez me questionando: "é Deus que está falando ou é meramente um desejo pessoal" Afloraram meus complexos e dificuldades naturais como origem pobre, poucos estudos, sem jeito e traquejo para ministério. Então caí nos braços da incredulidade e minha convicção ruiu. Por conseguinte, numa conferência evangelística, algo muito comum naquela igreja um pastor pregou Ef 2:10 quando diz: "Pois somos feituras de Deus, criados em Cristo..." Naquela mensagem fiquei convicto de que Deus nos faz de maneira especial e singular e que com nossos talentos e dons nos quer usar. Deus me criou daquele jeito e queria me usar como eu era e como Ele queria. Naquela altura já estava na dúvida se era ministério missionário ou pastoral.
Continuei a orar e agora, a colocar diante de Deus outro problema: Missionário ou Pastor? Tive uma resposta vinda do Senhor quando num sábado, trabalho da UMP, uma santa mulher de Deus, irmã Eufrásia (esposa do presb. Gonçalo) pregou sobre o chamado de Moisés. A partir daquele dia prometi ao Senhor que nunca mais duvidaria e que iria me preparar para ter as ferramentas nas mãos e saber usá-las para fazer a sua obra no ministério pastoral. Parece até que terminou, mas ousadamente cheguei para o pastor, na época Rev. Célio Miguel, hoje pastor na IP do Farol em Maceió e disse que queria ir para o seminário e estudar para ser pastor. Ele me explicou o que precisava fazer conforme as instruções da IPB, que precisava terminar o "segundo grau", no caso estava próximo de terminar o Técnico em Contabilidade e que precisava comunicar aos meus familiares e meu pai me disse: "Você tá doido! quem vai te dar o que comer, o que vestir, isso é coisa sem futuro". Mas tais declarações não abalaram a minha fé nem minhas convicções ministeriais. Sem incentivo de casa, sem condição financeira, sem conhecer nem ao menos o seminário. Lancei-me à ordem divina.
Metade do custeio do curso foi pago pela Primeira IP Paulo Afonso, a outra metade um homem de Deus e fé, chamado Rev. José Maria Passos, quando todos me negaram verba no Presbitério, ele fez uma ligação para o Seminário Presbiteriano do Norte e conseguiu uma bolsa de estudos e voltei daquela reunião do presbitério para viajar para Recife, fazer a inscrição de vestibular no Seminário Presbiteriano do Norte no qual fui aprovado em todas as matérias. Ingressei no seminário no ano de 1992 terminando o curso em meados de 1996.
02 - Um tema recorrente neste espaço é o uso da internet como forma de propagar o evangelho para as pessoas e a IV Igreja Presbiteriana de Campina Grande tem desenvolvido alguns projetos nesse sentido. Quais as diretrizes que o senhor identifica como essenciais para que estes projetos possam continuar crescendo e atingindo o objetivo de glorificar o reino de Deus? Como pode haver uma eficaz relação entre os trabalhos no plano físico da igreja com o que tem sido feito na esfera virtual?
Entendo que é de suam importância evangelizar e propagar o evangelho a tempo e fora de tempo, como afirmou o apóstolo Paulo, e, ainda mais, que ele (Paulo) fez de tudo para dalguma forma alcançar os que jazem nas trevas em virtude da cegueira espiritual que permeia a raça humana. Para tanto, é mister ter como diretriz primeiramente não se afastar da Palavra de Deus. Sempre que nos distanciamos dela incorremos em erro os mais variados. Desde os primeiros pais até hoje continua sendo a mesma coisa e se torna necessário levar a sério o que Deus diz em sua Palavra, para o nosso próprio bem, se queremos permanecer em sua presença.
Em segundo lugar é necessário ter a percepção que ainda que a propagação seja virtual, o real e existencial irá ratificar como verossímil o que se divulgou. O mundo não espera de nós apenas uma mensagem que emociona, mas que transforma, que tira do fosso, que traz vida. Na verdade o evangelho é a única opção de vida que o homem tem. Deus será glorificado não pela mensagem, tão somente, mas pelas obras que os homens tementes e piedosos apresentam a partir da ortopraxia em sintonia com a ortodoxia, que jamais deverão se divorciar.
Em terceiro lugar o amor como a Cristo e a sua obra como última diretriz. Quando temos amor no que fazemos teremos prazer e alegria no que nos envolvemos. De nada adianta escrever, refletir, meditar e até pregar se nossa motivação não for o amor, como bem esclarece Paulo em sua primeira epístola aos coríntios no capítulo 13. Quando transbordamos do amor de Cristo nada que fazemos para ele é enfadonho, pode ser cansativo, estressante. Todavia produzirá prazer porque estaremos trabalhando naquilo que fomos chamados e vocacionados por Deus.
Para que haja uma sintonia entre a esfera virtual e a eclesiástica, julgo que apenas uma palavra resume tudo. Esta palavra é piedade. Piedade é uma palavra que tem sido mal utilizada e mal interpretada. Quando falo piedade não quero dizer pieguismo, pietismo ou farisaísmo. Nem tão pouco estou falando de respeito às coisas religiosas ou devoção. Mas um modo de vida que se centraliza em Deus, comprometimento. Luta constante e ininterrupta para agradar a Deus e não se afastar da sua vontade. Há sempre piedade quando conhecimento e prática estão juntos. É necessário conectar virtual e existencial para que a experiência cristã seja verdadeira. É necessário conhecer as coisas profundas de Deus e o virtual hoje e sempre será apenas virtual. Deus é uma pessoa e procura adoradores que o adorem em espírito e em verdade, diz o evangelho de João. Não basta ter um remédio nas mãos e saber que ele tem o poder de nos curar de uma enfermidade, é necessário tomar o remédio e seguir as instruções médicas. Piedade, portanto, é esta é esta conexão necessária para uma relação eficaz entre o real e o virtual eclesiástico.
Um abraço e até a próxima. (Na semana que vem)
Pastor Fabio José Bernardo
@fabiobernardo7
Entrevista feita por Rodrigo Ribeiro
@rodrigolgd
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