segunda-feira, 11 de maio de 2015

Eu posso fazer todas as coisas







No post de hoje, eu gostaria de considerar brevemente um dos versículos mais conhecidos e frequentemente-citado do Novo Testamento. Na verdade, ele é um dos versos mais populares na cultura evangélica americana hoje.

Foi impresso em cartazes e inspirador de arte de parede. Uma rápida busca na Internet revela que você pode comprar chaveiros, anéis, botões, t-shirt, etiquetas, cartões postais, pulseiras, bolsas, e outras bugigangas cristianizadas com as palavras deste versículo estampada, bordado, ou em relevo sobre eles. 

Mas a ironia é que, ao tomar este versículo fora de contexto, muitas pessoas têm realmente transformou-o em sua cabeça, tomando por significado o oposto do que ele realmente significa. Eles transformaram-no em um slogan de empoderamento pessoal, declaração de auto-realização, ambição, e realização. Para muitos, este versículo tem sido banalizado em uma espécie de lema motivador para a prosperidade material, progressão na carreira, ou o sucesso atlético.


Mas, na realidade, não é nada do tipo.

Até agora, você já deve ter adivinhado que o versículo que estou descrevendo é Filipenses 4:13. Lá, o apóstolo Paulo escreve: "Tudo posso naquele que me fortalece."

Se lermos Filipenses 4:13 em isolamento, fora de seu contexto, é possível ver porque tantos o tomam como uma declaração de capacitação pessoal. Fora de contexto, "todas as coisas" parece que poderia se referir ao que quer que alguém pode querer realizar em ganhar um jogo de futebol, para perder peso, para conseguir um novo emprego, para ganhar a riqueza material. Fora de contexto, muitas vezes é tratado como um impulso espiritual de auto-confiança que pode ser aplicado a qualquer ambição ou aspiração na vida.

Mas no contexto, este versículo tem um significado muito específico, definido significado e um que a maioria dos americanos não querem ouvir falar, mas que é muito importante para nós, como crente, nos lembrarmos.

Fora de contexto, Filipenses 4:13 é usado como uma promessa em branco de check-in para o que é desejado. Mas no contexto, é um versículo acerca do contentamento. Não é sobre os seus sonhos se tornando realidade ou seus objetivos a serem cumpridos. Pelo contrário, é sobre ser alegre, satisfeito, 
e  firme, mesmo quando a vida é dura e suas circunstâncias parecem impossíveis.

Você vê, este versículo não é sobre ganhar o jogo de futebol; é sobre como você reage quando você perde o jogo de futebol, ou se machuca para a temporada, ou deixa de fazer parte da equipe completamente. Não se trata de conseguir o novo trabalho, a casa nova, ou aquela roupa nova; É sobre encontrar a sua satisfação no trabalho que você já tem, na casa que você já possui, e no seu guarda-roupa.

Este não é um versísuclo sobre ter competência para alterar as suas circunstâncias; ao contrário, é um verso sobre confiar no poder de Deus, a fim de se contentar em meio a circunstâncias que você não pode mudar.

Considere-se, por um momento, o contexto de Filipenses 4:13. Escrevendo aos crentes de Filipos, Paulo diz:

(10) Alegro-me grandemente no Senhor, porque finalmente vocês renovaram o seu interesse por mim. De fato, vocês já se interessavam, mas não tinham oportunidade para demonstrá-lo.
(11) Não estou dizendo isso porque esteja necessitado, pois aprendi a adaptar-me a toda e qualquer circunstância.
(12) Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade.
(13) Tudo posso naquele que me fortalece.

Você pode ver lá, que quando o apóstolo diz: Eu posso tudo naquele que me fortalece, ele está falando sobre o contentamento. Em qualquer circunstância, ele tinha aprendido a estar contente por depender de Cristo que lhe deu a força para perseverar em qualquer situação.

E essa é uma perspectiva que somos chamados a imitar. De fato, imediatamente antes os versos citados acima, Paulo escreve no versículo 9:

(9) Ponham em prática tudo o que vocês aprenderam, receberam, ouviram e viram em mim. E o Deus da paz estará com vocês.

Ele diz a seus leitores a seguir o seu exemplo, e então ele imediatamente fala sobre contentamento. Claramente, a atitude que Paulo possuía é aquele que deve nos caracterizar bem.


Nathan Busenitz
Link original: http://www.tms.edu/preachersandpreaching/i-can-do-all-things/


TRADUZIDO E EDITADO POR LARYSSA LOBO
https://www.facebook.com/laryslobo

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Reflexão sobre a Cruz




Os ladrões representavam toda a humanidade: os salvos pela graça e os que nunca desfrutaram nem desfrutarão do renascer que a salvação oferece. Um, salvo em seus últimos momentos. O outro, com seu coração endurecido mesmo estando pregado numa cruz prestes a morrer. Não teve seus olhos desvendados para ver que o Deus criador dos céus e da terra estava ao seu lado, na mesma condição, na mesma sentença.
Deus, estava coroado. E recebia as honrarias dos soldados que o chamavam de "Rei". Em cima de sua cabeça estava escrito em três idiomas: "Este é o Rei dos Judeus". No lugar chamado Caveira, importou que Deus fosse levantado assim como a serpente abrasadora de bronze feita por Moisés no deserto, a fim de que todo aquele que olhasse para Cristo, fosse salvo.
Todos nós somos um daqueles ladrões. Todos nós estamos destituídos da glória de Deus por natureza. Pecamos, e com juízo iremos carregar nossa cruz uma hora ou outra. A qualquer momento iremos estar pregados numa cruz. Seja do lado direito ou esquerdo. Seremos salvos por pura graça e misericórdia de Deus ou morreremos e partiremos pro sofrimento eterno. Acontece que no meio disso tudo, há um Deus. Um Deus cujo amor é incompreendido. Um Deus imensurável. Que mesmo ao sangrar, exalava glória e poder. Um Deus que tem poder pra salvar. Porém eu e você receberemos por justiça, mas Ele, que mal fez? Um dos malfeitores, reconhecendo isso, disse as palavras certas, no momento certo, para a Pessoa certa: "Lembra-Ti de mim, quando entrares no teu reino". E no mesmo dia, esteve aquele malfeitor, com Jesus no paraíso.
[...]
E dois varões com vestes brancas disse as mulheres que foram ao túmulo visitar o corpo de Jesus: "Por que buscais entre os mortos aquele que vive?"
Onde estão agora os soldados que diziam: "Salvou a muitos mas não pode salvar a si mesmo"? A verdade é que quando a terra escureceu, a terra tremeu e o véu se rasgou, o mais duro dos corações ali presente bradou: "Verdadeiramente este era o filho de Deus" Então ele e todos, saíram batendo no peito!
E o verbo se fez carne e habitou entre nós. Veio para os seus, mas os seus não o receberam. Mas vimos a sua glória, glória como a do unigênito do Pai. Foi ferido por nossos erros e transpassado por nossos delitos e ainda por nossas iniquidades foi moído. E o SENHOR agradou-se em moê-lo. E Jesus agradou-se em ser moído. Ao que falou em alta voz: Eloí, Eloí, lamá sabactâni? Que quer dizer: Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste? E do cálice não foi livrado, mesmo pedindo - se fosse possível.
E toda a história da humanidade e da criação converge para aquela sexta, para aquele sábado e para aquele domingo. Domingo cujo JESUS de Nazaré (Pode sair algo bom dali?) RESSUSCITOU!
Onde está óh morte a tua vitória? Onde está óh morte o teu aguilhão? O MEU REDENTOR VIVE!
Somos a nação da cruz. Salvos pelo sangue de Jesus.


Lucas Mendonça

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Pecados Mortificados



"Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena; prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e avareza, que é idolatria" (Colossenses 3.5)
Enquanto deixarmos que pecados de estimação ocupe o trono no coração, a Graça e Santidade sempre se mostrará excessivamente fraca e baixa em nós. Porém, quando tais pecados são destronamos e mortificados pelo poder da Espada do Espírito, Graça e Santidade rapidamente se tornarão mais e mais fortes em nós. 
Quando um homem toma veneno, nada o fará melhor até que aquele veneno seja posto para fora. Pecados não confessados é um veneno para a alma. E amenos que ele seja vomitado e lançado fora pela prática do arrependimento e o exercício da fé no sangue de Cristo, a alma nunca crescerá em Graça e Santidade.

Se, após você ter conseguido subjulgar todas as suas corrupções e os seus mais ousados desejos, quiser atingir graus mais elevados de santidade, Oh, não pense que seus ídolos de ouro e de prata, facilmente irão baixar suas armas e renderem-se com facilidade aos seus pés. Lembre-se que o pecado que tenazmente nos assedia, fará tudo o que ele puder para manter o seu espaço, por isso, é que você precisa se opor a ele com todas as suas forças e esmagá-lo completamente.
Oh! irmãos, lidem com seus pecados como os Filisteus lidaram com Sanção, furou seus olhos e o fez trabalhar forçado num moinho da mortificação, até que toda a sua força foi consumida. 
Li a respeito de um homem que, quando perguntado sobre qual a melhor maneira para mortificar o pecado, respondeu: 

Primeiramente, o melhor meio de mortificar o pecado é meditando sobre morte.
Segundo, medite sobre o dia do Juízo;
Terceiro, medite sobre a alegria do Céu;
Quarto, medite sobre os tormentos do inferno;
Quinto, medite sobre a morte e sofrimento de Jesus;

Sem dúvida que esta ultima fechou com chave de ouro. 
Pois, a visão diária do nosso Salvador sangrando, gemendo, morrendo é a unica coisa que subjulga e mortifica os pecados de estimação. Ô amigos! nunca deixem de olhar para o Cristo Crucificado, até que virtudes fluam dEle para a crucificação daqueles pecados que assediam, os quais fazem o possível para impedir o crescimento e o florescimento da santidade.

(Thomas Brooks)

Publicado e Editado por Clélio Simões
https://www.facebook.com/clelio.simoes?fref=ts

terça-feira, 21 de abril de 2015

A falta de confessionalidade como razão do caos teológico contemporâneo



Organizar a fé em sistematizações ou resumi-la em credos não é algo somente dos séculos XVI em diante, os judeus usavam a Shema (duas primeiras seções da Torá) para professar a sua fé (exemplo encontrado em Deuteronômio 6:4-9). As varias declarações de fé encontradas no Novo Testamento (João 4:42 , 6:14, 6:69) além do Credo Apostólico datado dos primeiros séculos da igreja cristã que tinha função pedagógica para o batismo dos novos na fé e para combater as heresias da época.
Após o marco da Reforma Protestante, em 31 de Outubro de 1517, o cristianismo teria a sua principal divisão em função dos abusos encontrados em diversos pontos da doutrina da Igreja Católica Romana e embora Lutero inicialmente não tivesse a intenção se fundar uma nova religião, mas sim purificar a igreja de tais desvios e para que ficassem claras as intenções de Lutero, as 95 teses constituíam a exposição publica e escrita dos desvios. Contudo, a resposta protestante aos abusos da ICAR gradualmente foram copilados nos Cinco Solas e também no moto Ecclesia Reformata et Semper Reformanda Est. Posteriormente as confissões de fé Belga (1561), Catecismo de Heidenberg (1563), Segunda Confissão Helvética (1566), Cânones de Dort (1618-1619), Confissão de Fé de Westminster (1647) e seus Catecismos Maior e Menor (1648).
Augustus Nicodemus fala que comumente alguns dos lemas reformados são usados e entendidos de maneira diferente em nossos dias, por exemplo o moto Ecclesia Reformata et Semper Reformanda Est (A Igreja é reformada e está sempre se reformando). Nicodemus diz que o holandês calvinista Gisbertus Voetius (1589-1676), que escreveu tal moto na época do Sinodo de Dort, dificilmente estava se referindo a ‘igreja estar sempre mudando’, de forma que a voz passiva do “Ecclesia Reformata” lembra que o agente da reforma não é a igreja, mas sim o Espírito Santo, que leva os cristãos às Escrituras, entendendo que a verdade não muda [1] . Mas em nossos dias não é bem assim que acontece. Evocando para si a justificativa de que a igreja “está sempre se reformando”, as mais variadas aberrações entraram na igreja com a interpretação errônea que isto significava novas interpretações que não tem nenhum comprometimento com as Escrituras.
Toda falsa doutrina tem como principal argumento o recebimento de novas revelações da parte de Deus, ou seja, começam então a negar o Só a Escritura e assim ao contrário do que pensam ser o progresso da igreja, voltam as práticas da ICAR e regressam a uma situação de obscuridade da qual contrasta fortemente com a iluminação do Verdadeiro Espírito que nos chama a Palavra e somente a ela. A falta de apego confessional deságua na livre interpretação pessoal dos textos bíblicos e não na livre consulta (CFW cap. 1. V), porém é necessário não menosprezar a história da Igreja, onde os Pais da Igreja se esmeraram para explicar passagens e fundamentar a fé cristã, inclusive não rejeitando a doutrina apostólica, mas se apoiando nela.
É obvio que a subscrever uma confissão não é incoerente, a Bíblia é infalível, as confissões não. A autoridade das confissões é vinda da própria Bíblia, por isso ser confessional significa entender que tal confissão é a interpretação mais harmoniosa do Sagrado Texto e isto não coloca a confissão acima das Escrituras nem deixa de lado o lema Só a Escritura. Joel Beeke cita que os primeiros reformadores reconheciam o serviço que as confissões prestavam à igreja na adoração (tarefa doxológica), o testemunho (tarefa proclamadora), o ensino (tarefa didática) e a defesa da fé (a tarefa disciplinadora), ou seja, nas confissões a igreja declara no que ela crê [2].
Sérios desvios doutrinários como o arminianismo, adventismo, mormonismo, liberalismo, neopentecostalismo e etc. tem aparecido pela falta de apego às confissões reformadas. Os Cânones de Dort, por exemplo, foram os cinco artigos escrito contra os seguidores dos ensinos de Armínio. Eles foram elaborados em 154 sessões durante sete meses, rejeitado os ensinos dos remonstrantes. Uma volta no arminianismo, em função do pentecostalismo, não teria ocorrido se fosse levado em conta o trabalho do Sínodo de Dort. Talvez fosse possível evitar a força que neopentecostalismo tem desde Charles Finney. Não obstante Ellen G. White não teria influenciado com seus escritos a volta às praticas da lei cerimonial e civil de Israel por parte do adventismo, quem sabe Joseph Smith Jr tivesse suas duvidas sanadas antes das mesmas o levar a fundar a religião mórmon ou mais talvez ainda mais importante nos nossos dias, o liberalismo teológico fosse apenas uma clara blasfêmia contra Deus.
Claramente o abandono das confissões da época da reforma constitui um perigo que nos fez chegar até o atual quadro de caos no meio evangélico. Somos filhos de um retorno efetivo às Escrituras, principalmente com Lutero e Calvino, mas claramente a ausência literal ou funcional do apego as confissões reformadas como o trabalho da vida dos reformadores e dos Pais da Igreja, nos tem feito perceber a necessidade da ‘igreja ser reformada e sempre se reformar’. Não nesse sentido em que a Palavra é diluída nos achismos das seitas, mas no sentido de volta às Escrituras guiada pelo Espírito Santo.
É importante frisar que não se trata de tornar qualquer confissão um ídolo, mas sim tentar abandonar o ídolo da interpretação particular das escrituras, ou seja, o ídolo do “eu”. Não há duvidas que o espírito deste século tem usado de estratégias que se valem do argumento da comparação das confissões com a tradição romana, para diminuir obra do Espírito ao longo da história da igreja. Confissão alguma tem caráter igual ou superior às Escrituras, inclusive as próprias confissões claramente expressam a inerrância bíblica, algo que tanto a tradição católica nega (igualando-se a Palavra) quanto os líderes carismáticos que negam efetivamente com suas novas revelações e interpretações, a autoridade bíblica.
Um cristianismo confessional sem dúvida expõe mais do que um credo aos de fora da comunhão, o cristianismo confessional tem contribuído para que os próprios cristãos sejam mais conhecedores da Palavra e não sejam levados por qualquer vento de doutrina que se proliferam aos montes à medida que a volta de Cristo se aproxima. Que Deus nos dê a graça de poder encontrar na Sua Palavra a verdadeira espada do Espírito!


[2] BEEKE, Joel R. Vivendo para a glória de Deus. Capítulo 2: pág. 35. Editora Fiel, 2010.


Felipe Medeiros

felipealexandremedeiros@outlook.com

sábado, 18 de abril de 2015

O que é um calvinista? Com a Palavra Augustus Nicodemus



1 – Creio que Deus predestinou tudo o que acontece. O Deus que determinou todas as coisas é um Deus pessoal, inteligente, justo, santo e bom, que traçou seus planos infalíveis levando em conta a responsabilidade moral de suas criaturas. Ele não é uma força impessoal, como o destino. Portanto, as decisões que tomamos não são mera ilusão e nossa sensação de liberdade ao tomá-las não é uma farsa. Eu acredito que as nossas decisões e escolhas são bem reais e que fazem a diferença. Elas não são uma brincadeira de mau gosto da parte de Deus. De uma maneira para mim misteriosa, porém perfeitamente compatível com um Deus onipotente e infinito, ele consegue ser soberano sem que a vontade de suas criaturas seja violentada. Ao mesmo tempo, ao final, sempre prevalecerá aquilo que Deus já determinou desde a eternidade. Encaro essa relação entre a soberania de Deus e a responsabilidade humana como sendo parte dos mistérios acerca do ser Deus, como a doutrina da Trindade e das duas naturezas de Cristo

2 – Creio que Deus predestinou desde a eternidade aqueles que irão se salvar. Esta convicção não me impede de orar pelos descrentes e evangelizar. Ao contrário, evangelizo com esperança, pois Deus haverá de salvar pecadores. Creio que Deus já sabe, mas oro assim mesmo. Sei que ele ouve e responde, e que minhas orações fazem a diferença. Sei também que, ao final, através de minhas orações, Deus terá realizado toda a sua vontade. Não sei como ele faz isso. Mas, não me incomoda nem um pouco. Não creio que minha oração seja um movimento ilusório no tabuleiro da soberania divina.

3 – Não creio que Deus predestinou todos para a salvação. Da mesma forma, não creio que ele foi injusto e nem que ele fez acepção de pessoas para com aqueles que não foram eleitos. Não creio que Deus tenha predestinado inocentes ao inferno, pois não há inocentes entre os membros da raça humana. E nem acredito que ele tenha deixado de conceder sua graça a quem merecia recebê-la, pois igualmente não há pessoa alguma que mereça qualquer coisa de Deus, a não ser a justa condenação por seus pecados. Deus predestinou para a salvação pecadores perdidos, merecedores do inferno. Ao deixar de predestinar alguns, ele não cometeu injustiça alguma, no meu entender, pois não tinha qualquer obrigação moral, legal ou emocional de lhes oferecer qualquer coisa.

4 – Creio que Deus sabe o futuro, não porque previu o que ia acontecer, mas porque já determinou tudo que acontecerá. Por isso, entendo que a presciência de que a Bíblia fala é decorrente da predestinação, e não o contrário. Negar a predestinação e insistir somente na presciência de Deus com o alvo de proteger a liberdade do homem levanta outros problemas. Quem criou o que Deus previu? E, se Deus conhece antecipadamente a decisão livre que um homem vai tomar no futuro, então ela não é mais uma decisão livre.

5 – Creio que apesar de ter decretado tudo que existe desde a eternidade, Deus acompanha a execução de seus planos dentro do tempo, e se comunica conosco nessa condição. Quando a Bíblia fala de um jeito que parece que Deus nem conhece o futuro e que muda de ideia algumas vezes, é Deus falando como se estivesse dentro do tempo e acompanhando em sequência, ao nosso lado, os acontecimentos. É a única maneira pela qual ele pode se fazer compreensível a nós. Quem melhor explica isso é John Frame, no livro "Não Há Outro Deus," da Editora Cultura Cristã, que recomendo entusiasticamente.

6 – Creio que Deus é soberano e bom. A contradição que parece haver entre um Deus soberano e bom que governa totalmente o universo, por um lado, e por outro, e a presença do mal nesse universo é apenas aparente e, por enquanto, sem explicação. Diante da perversidade e dos horrores desse mundo, alguns dizem que Deus é soberano mas não é bom, pois permite tudo isto. Outros, que ele é bom mas não é soberano, pois não consegue impedir tais coisas. Para mim, a Bíblia diz claramente que Deus não somente é soberano e bom – mas que ele é santo e odeia o mal. Ao mesmo tempo, a Bíblia reconhece a presença do mal do mundo e a realidade da dor e do sofrimento que esse mal traz. Ainda assim, não oferece qualquer explicação sobre como essas duas realidades podem existir ao mesmo tempo. Simplesmente afirma ambas e pede que vivamos na certeza de que um dia Deus haverá, mediante Jesus Cristo, de extinguir completamente o mal e seus efeitos nesse mundo.

Deve ter ficado claro que um calvinista, para mim, é basicamente um cristão que aceita o que a Bíblia diz sobre a relação entre Deus e o homem e reconhece que não tem todas as explicações para as questões levantadas. Para muitos, esse retrato é de alguém teologicamente fraco e no mínimo confuso. Mas, na verdade, é o retrato de quem deseja calar onde a Bíblia se cala.

Treco do artigo Os seis pontos do meu calvinismo, publicado em http://tempora-mores.blogspot.com.br/search?q=soberania

Iris Bernardo

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Reformado ou deformado? Algumas reflexões sobre teoria e prática





Temos acompanhado atualmente um grande número de evangélicos, especialmente os jovens, aderindo às doutrinas reformadas como modelo doutrinário. Isto nos alegra, pois é sempre bom ver crentes querendo conhecer mais a Deus através da arcabouço de teses  reformadas. Porém, o que de um lado  nos traz alegria, por outro lado gera uma preocupação enorme ao constatarmos que muitas dessas adesões são feitas apenas por modismo (pra onde a galera tá indo, eu também vou). Poderiam perguntar: "Mas não é bom, pois no meio disso tudo tem gente comprometida?".  Seria, se esta adesão fosse simplesmente fogo de palha, mas não é. E pior, é uma adesão sem compromisso com os princípios bíblico-reformados. E isto causa uma anomalia, uma deformação, um reformado longe do sola scriptura, um cristianismo sem Cristo, um ateísmo prático. Verdadeiras deformações. Estas manifestações não só passam longe dos princípios da reforma como fazem muitos se afastarem deles. Há também aqueles que já vivem em igrejas reformadas e até professaram a fé, acham bonito o modelo reformado, mas na prática vivem do jeito que querem e não desejam prestar contas a ninguém.

Onde quero chegar? No simples fato de que é moda se dizer reformado, mas viver de acordo com isto são outros quinhentos. Ou seja, por mais que se diga cristão reformado e até professe publicamente tal fé, é no viver que isto vai se manifestar.  O grande estopim disto tudo é que, quando se trata de viver as Escrituras, começa-se a relativizar as Escrituras. Eu sei que a Bíblia diz assim, mas.. não tem nada demais. E assim, de nada demais em nada demais, vai se tentando fazer largo um caminho que é estreito, e forçar uma porta também estreita. 

Quando se pergunta a posição de um crente sobre determinado assunto, a resposta começa assim: "Na minha opinião...", quando devia ser: "Conforme as Escrituras..". E assim poderíamos expressar melhor a unidade do pensamento cristão sobre família, governo, trabalho, descanso muitos outros assuntos presentes em nossa visa e que fazem parte de nossa estada nesse mundo. Quando trocamos a Escritura pelo que achamos, caímos no pecado da idolatria e passamos a viver como senhores de nossas vidas. Não, não é assim, pois o "sola scriptura"  (2 Tm 3.15-15) deve ser uma constante em nossas vidas e viver longe disso só vai trazer juízo (Os 4.6). Ao colocarmos as Escrituras acima de nosso pensar, glorificamos a Deus, mortificamos nossa carne e vivemos, na prática, o lema igreja reformada sempre reformando. O oposto também causa prejuízos enormes: à igreja, pois um testemunho de vida longe das Escrituras afeta a todos os membros; ao crente que vive longe dos princípios das Escrituras; e também aos perdidos, que em vez de serem exortados a confessarem e se arrependerem de seus pecados, são estimulados a continuarem atolados em sua miséria por cristãos deformados em sua prática de vida. Será que pensamos nisto quando mantemos ou estimulamos crentes a namorarem descrentes? A Bíblia é clara quando diz não haver comunhão entre luz e trevas. Mas mesmo assim, muitos jovens enveredam por esses caminhos, e quando são exortados, sejam por pais ou por outros crentes, se dizem julgados e não admitem estar fazendo nada de errado. Sexo antes do casamento? Como Deus pode reprovar o amor? estes são apenas  alguns exemplos. No seu livro Ouro de Tolo (p. 13), publicado pela Editora Fiel, John MacArthur afirma que 

"De fato, o discernimento está tão  na moda quanto a verdade absoluta e a humildade. Fazer distinções e julgamentos claros contradiz os valores relativistas da cultura moderna. O pluralismo e a diversidade tem sido exaltados como virtudes mais elevadas do que a verdade. Não devemos estabelecer limites definitivos ou afirmar qualquer absoluto. Isto é considerado retrógrado e deselegante. E, embora esta atitude para com o discernimento bíblico seja esperada do mundo secular, ela tem sido cada vez mais abraçada por um número cada vez mais de cristãos evangélicos.

O livro é de 2005, mas mostra claramente o mal que assola o evangelicalismo brasileiro.

A vida de renúncia está cada vez mais longe dos cristãos modernos. Parece até que textos como Mt 16.25 e 1 Pe 3.8-17 sumiram das Bíblias do povo. Queremos viver uma vida nos regalando do bom e do melhor por aqui, como se isto fosse tudo que temos. A filosofia do "comamos e bebamos que amanhã morreremos" tem afetado os crentes, e estes tem corrido desenfreadamente atrás do tesouro corruptível e deixando o que tem realmente valor em segundo plano (Mt 6.20). É promoção no trabalho, melhores salários, aquisição de mais bens de consumo, nem que pra isso morramos de trabalhar relegando a família, o descanso e o Dia do Senhor.  Como pais dizemos que queremos nosso filhos crescendo piedosamente, mas o entupimos da atividades, preparando-o para este mundo e não para glorificar a Deus neste mundo;dizemos querer nossas filhas sendo esposas submissas e piedosas, mas na prática, enfatizamos o curso superior que ela deve fazer do que qualquer outra coisa. Estas coisas citadas são legítimas, mas se colocadas em primeiro plano desonram a Deus, afastam o crente do culto, pois a atividade (ou trabalho para os adultos) é sempre mais importante. Queremos uma igreja fiel às Escrituras, mas relativizamos a aplicação dos princípios bíblicos por medo de perder membros e a disciplina, uma das marcas distintivas de uma igreja, vai se tornando peça de museu.

No aspecto litúrgico, os cultos tem sido cada vez mais centralizado o homem, as celebrações tem sido cada vez mais transformadas em shows w pastores e cantores se fazem artistas se apresentando enquanto o público sai satisfeito por ter visto o espetáculo da fé. Lamentável. O Soli Deo Gloria há muito tem dado lugar ao Glória ao homem. O pecador , em vez de ser confrontado com seu pecado, tem seu ego massageado, o crente, em vez de prestar um culto a Deus, que receber entretenimento de qualidade. Sobre este assunto e falando especificamente sobre pregação MacArthur diz:

"A pregação 'sensível aos interessados' nutre pessoas centralizadas em seu próprio bem estar. Quando você diz às pessoas que o principal ministério da igreja é consertar para elas o que estiver de errado nesta vida - suprir suas necessidades, ajudá-las a enfrentar seus desapontamentos neste mundo e coisas assim - a mensagem que você está enviando é que os problemas desta vida são mais importantes do que a glória de Deus e a majestade de Cristo. Novamente, isto corrompe a vedadeira adoração."

O cenário é caótico. Em vez de reformados, temos verdadeiros cristão deformados. Mas Deus é fiel com a sua Palavra e sustenta seu povo. Mesmo em meio ao caos, o remanescente é sustentado (veja o exemplo do profeta Jeremias), Josué e Calebe, entre outros outros. Todos estes testemunharam momentos terríveis de desobediência na história do povo de Deus, mas foram sustentados por Deus e se mantiveram firmes na fé.  Assim tem sido com pastores e igrejas que tem, mesmo em meio a dificuldades, pecado e apostasia, mantem-se fiéis a Deus, aos princípios bíblicos e confessionais, sendo sal e luz  neste mundo mergulhado na podridão do pecado. Jovens buscando relacionamentos saudáveis, castos e santos. Mulheres submissas aos seus maridos e homens que amam suas esposas a ponto de dar a sua vida por elas, e assim refletindo a graça do amor de Cristo por seu povo. Pais que orientam seus filhos nos princípios bíblicos, no caminho em que devem andar, vendo-os crescer em estatura, graça e sabedoria, da qual o princípio é o temos ao Senhor (Pv 1.7). Cristãos comprometidos com o mandato cultural, manifestando a glória de Deus nesta sociedade pervertida, sendo bons servos, patrões, alunos, professores, motoristas, e em tudo que Deus nos colocar a fim de glorificar o seu santo nome. Deus nos conduza a estar neste rol. Através da santa reforma pela palavra, abandonamos o conformar-se com o século (deformação), tomando a forma de Cristo (2 Co 3.18), para a glória dele.

Deus nos abençoe

Presb. Cicero Pereira





terça-feira, 24 de março de 2015

Eis que estou convosco: O ensinamento da Páscoa na última ceia



Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.
João 16:33

e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém.
Mateus 28:20 b

            Desde o capítulo 13 até o 17, existe um longo discurso de Cristo que tem por objetivo preparar os discípulos para a sua partida eminente, sendo necessário consola-los e prometer um outro consolador, uma parte do Pai que estaria com eles a ensina-los, fazendo lembrar de tudo o que Ele os havia ensinado (cap. 14:26). É interessante, como a presença de Jesus por todo aquele tempo, todas as suas palavras e ensinamentos de maneira repentina seria tomada e os discípulos de repente se viram às vésperas da partida daquele que significava tudo para eles.
É imaginável que o sentimento solidão os inundava ao entenderem a notícia da partida de Jesus. Eles estariam órfãos e não somente isto, além de se verem numa situação da predição da morte do Mestre, ainda são informados que passariam por aflições enquanto estivessem nesse mundo. Embora tenha sido mais uma notícia que provavelmente os entristeceu, antes disto Cristo havia ensinado várias lições que os ajudariam em sua nova caminhada cristã.
No capítulo 13, Cristo deu exemplo de humildade ao cumprir uma tarefa que era dever dos empregados do cenáculo: lavar os pés dos discípulos. John MacArthur comentando um texto da última ceia[1], diz que lavar os pés dos discípulos foi além de um exemplo de humildade, foi também um exemplo da verdadeira santidade, de forma que:
A lavagem externa nada vale o coração estiver contaminado. E o orgulho é uma prova segura da necessidade de uma limpeza do coração. Cristo tinha feito uma observação semelhante para os fariseus em Mateus 23.25-28. Agora ele lavou os pés dos discípulos, ilustrando que até mesmo crentes com corações regenerados precisam ser lavados periodicamente da corrupção externa do mundo.
            Na intensificação da preparação para os discípulos para a sua ida, Cristo os lembra que as aflições do mundo podem ser superadas com humildade e santificação. Nesse processo de santificação, era necessário vigiar e estar periodicamente se lavando de todo o pecado. Porque o que é o pecado se nada mais do que considerar que a minha forma de fazer algo é melhor que a de Deus? Isto é de longe humildade. A santificação passa por um processo de cotidianamente negar a si mesmo. Cristo afirma que mesmo sendo Mestre e Senhor (cap. 13:14-15) lavou os pés para que ele fosse tomado como exemplo. Cristo é Senhor, mas foi o menor servo, negando a si mesmo como exemplo. Em sua partida, todos os seus não estariam órfãos desse exemplo, pois o Consolador estaria com eles para os lembrar disto tudo.
            Após o lava-pés os discípulos voltam a ceiar e Jesus indica que será traído por um dos próprios discípulos. O verso 22 conta que os discípulos olharam uns para os outros, como quem analisa, mas não foram capazes de saber sobre quem Jesus se referia. Porém a lição aqui talvez fosse mais pessoal, semelhante ao que Paulo escreve na primeira carta aos Coríntios (11:28-32), Cristo estava promovendo um exame introspectivo, um julgamento que cada um deveria fazer de si mesmo sobre seus pecados ao lembrar que o Salvador de suas vidas houvera deixado aquele sacramento como lembrança de que ele voltaria para buscar os que são realmente seus. Essa análise deve ser diária, contudo sabemos que ela ganha mais intensidade quando nos lembramos do sacrifício do nosso Senhor na cruz.
Na continuação do discurso, Cristo enfatiza o escrito de Levítico 19.18 sobre o amor ao próximo. Algumas bíblias tem o título dessa passagem como “o novo mandamento”, mas aqui não há nada de novo, o texto de Levítico é bem claro: Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor”. Aqui é ensinado que os que amam uns aos outros são reconhecidos como discípulos de Cristo, porém não é qualquer amar com qualquer amor, talvez o sentido de “novo mandamento” seja no sentido de amar “assim como eu vos amei” (verso 34). O padrão aqui se torna mais elevado, pois o vinculo do amor é uma obrigação aos que fazem parte do Corpo de Cristo, a prova desse elevado padrão pode ser melhor entendida quando consola os seus discípulos no capítulo 15:13, Ele diz que ninguém tem amor maior do que dar a própria vida pelos seus amigos. Isso é magnífico, pois a comunhão com o irmão é um meio de graça para que as aflições do mundo possam ser vencidas. Cristo está conosco através de todos que são juntamente Corpo!
Chegando no capítulo 16, há um conforto para todos os cristãos, prometendo o Espírito Santo, o consolador, aquele que convenceria o mundo do pecado, da justiça e do juízo (verso 8). Era necessário que Ele morresse para que sua presença fosse oferecida a todos que cressem na Sua justiça. Para que muitos de todas as tribos, povos e raças pudessem partilhar das mesmas bênçãos que os apóstolos desfrutaram durante a presença de Cristo encarnado. Agora, era necessário que Ele fosse para que todos os salvos fossem confortados com a promessa “eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos” (Mt 28:20b). Seu corpo físico seria morto, mas Ele mesmo estaria com cada cristão até a sua volta triunfal, mesmo em meio às garantidas aflições que todos, sem exceção, haverão de viver. Contudo veja, mesmo no caminho de sua morte, Jesus já sabia que a sua vitória estava garantida. Que esplêndido! Era a morte da morte na morte de Cristo!
Ele esteve conosco, está e sempre estará como prometeu. Ele é digno de toda honra e poder, venceu a morte e virá para nos buscar. É este Cristo que ensinou tudo isto para que tenhamos paz nele, nós nunca passamos por aflições sozinhos porque Deus está sempre em ação, e mesmo que pareça que Ele não está respondendo, Ele está ao seu lado dando força nas mais diversas situações, através da sua Palavra, da comunhão dos santos, do seu Espírito. Ele está vivo, Ele ressuscitou!

[1] MACARTHUR, John. A morte de Jesus. Cultura Cristã, p. 36-53.

Felipe Medeiros

felipealexandremedeiros@outlook.com

segunda-feira, 23 de março de 2015

ASSIM, BELA E MODERADA

“Que do mesmo modo as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia” 
(1 Timóteo 2:9)
   Hoje eu me propus a tratar de um tema bastante pertinente e pouco tratado entre as jovens da nossa geração, venho falar sobre moderação nas vestimentas de uma mulher cristã, e quero me restringir apenas as mulheres solteiras, pois, o tema é bastante abrangente e enseja varias discussões, vou apenas tratar aqui, das jovens solteiras. Quero que vocês moças atentem para tudo que será dito nesse texto, observem com atenção cada palavra, é muito importante que vocês compreendam que a forma como se vestem pode estar sendo pecaminosa, e este primeiro pecado seria o do adultério, mas, você pode estar agora se perguntando, se você é solteira, porque então, poderia haver o pecado do adultério? e eu te explico! Porque os homens, em geral, são muito mais afetados pelo que veem, do que as mulheres, roupas imoderadas podem ensejar no olhar pecaminoso de qualquer homem. O Senhor Jesus Cristo disse: “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para cobiçá-la, já em seu coração cometeu adultério com ela”. (Mateus 5:27-28). Se um desejo lascivo como este é uma violação do sétimo mandamento, então, vestir-se intencionalmente de maneira que provoque ou estimule tal pecado, também deve ser pecaminoso. Por esta razão, o Catecismo Maior de Westminster mostra que o sétimo mandamento ensina “moderação no vestuário” (Resposta 138) e proíbe “imoderação no vestuário” (Resposta 139). As mulheres, em geral, são afetadas por uma combinação de estímulos, diferentemente dos homens. O desejo sexual é imediatamente despertado nos homens pelo olhar. “Fiz aliança com os meus olhos; como, pois, os fixaria numa virgem?” (Jó 31:1). Outros trechos da Escritura confirmam esta ênfase de que os homens pecam facilmente ao olhar para uma mulher. Não posso concluir também que haja má intenção em alguma irmã em Cristo em se vestir de forma imoderada, é meu dever como cristã em ser caridosa em meus julgamentos e atribuir as melhores intenções ao que os outros cristãos fazem. Eu tenho plena convicção de que há mulheres Cristãs que não tem a menor ideia do que causam nos homens com seu modo de vestir. Também sei que a responsabilidade da mulher é limitada e em alguns casos, exigir de uma mulher que evite toda a cobiça masculina, somente para se assegurar que não é ela quem está provocando é errado, sei que alguns homens podem cobiçar as mulheres não importando a forma como elas se vistam. O islamismo é um testemunho vivo do absurdo de se pensar que limites externos podem resolver o problema do pecado.
     Em 1Timóteo 2:9, Paulo diz que, as mulheres devem se ataviar com “traje modesto”, vestindo-se “com pudor”. A ideia é de uma adequada reserva, com recato, sobriedade, moderação ou autocontrole. Por que então nos vestir? Referindo-se ao homem, antes da queda, lemos que “ambos estavam nus, o homem e a sua mulher; e não se envergonhavam” (Gênesis 2:25). Depois que Adão pecou, nos é dito que, “foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais” (Gênesis 3:7). E, depois, “fez o SENHOR Deus a Adão e à sua mulher túnicas de peles, e os vestiu” (Gênesis 3:21). É evidente que o propósito das roupas era cobrir, mesmo que houvesse apenas Adão e Eva naquele lugar. Quero deixar claro, que devemos reconhecer a beleza feminina, pois, a mesma foi dada por Deus, a própria escritura nos mostra mulheres bonitas como, Sara, Raquel e as filhas de Jó, e se vestiam com extrema moderação, a beleza feminina foi concedida por Deus, e dessa forma devemos dar o devido valor e reconhecimento a mesma, não é pecado que os homens a reconheçam. A Santa Escritura não condena roupas bonitas e não exige deliberadamente um caráter monótono na forma de se vestir.
   Você jovem solteira pode me trazer o seguinte questionamento: ”Como poderei eu, solteira, conseguir um marido se não me fizer atrativa?” E eu trago pra você a resposta dada pelo Rev. David Silversides para o mesmo questionamento: ”Primeiro, vestir com modéstia não significa vestir roupas feias ou tristes. Moderação e bom gosto sempre serão “o seu melhor aspecto”. Segundo, a atenção masculina que você atrair para si por vestir-se de forma indecente não vale um centavo. E qualquer marido, obtido por tais meios, não será um marido que lhe fará como esposo. Pois, um homem que é lascivo antes de se casar continuará lascivo depois das bodas. O casamento ajuda os homens a buscarem a santidade; casamento não cura os homens que não são santos. A atração sexual tem sua importância dentro do casamento, mas um homem piedoso a manterá em justa medida. Ele não sentirá necessidade de vê-la vestida de forma indecente para decidir se você seria uma boa esposa em todos os sentidos, incluindo o aspecto físico. Terceiro, o vestir imodesto irá desencorajar os homens de Deus que podem estar pensando e considerando esta mulher. Ele ponderará se você é alguém sério em seguir a Cristo e, ainda, se você vai se vestir assim depois de casada. Então, não há vantagem alguma para uma mulher cristã vestir-se imodestamente.”
   Moças, vos trago o conselho de Elizabeth George ”A mulher que é bela aos olhos de Deus enfeita-se diariamente com roupas que não fazem parte de seu armário. Provérbios 31.25 diz: ” A força e a dignidade são os seus vestidos”. Esses dois preciosos ornamentos são as peças mais importantes da indumentária de nossa mulher virtuosa, porque são vestimentas de um caráter piedoso.” Quero vos dizer, que não se atenham a padrões de beleza estipulados pelos homens, quero vos dizer que a maior beleza que vocês podem ter está em ser uma mulher virtuosa, piedosa. Não venho aqui hipocritamente condenar a moda, pois me pego sendo vitima dela por muitas vezes, de mesma forma, não venho querer dizer para que vocês percam o seu desejo de vestir-se bem, de arrumar o cabelo, ou fazer uma bela maquiagem, mas digo, que vocês atentem a forma como se vestem, eu vejo igrejas que se tornaram desfile de moda no domingo, o dia sagrado do SENHOR. Moças o centro de suas vidas, não pode ser a roupa do próximo culto, ou do próximo encontro com as amigas. Chamo a atenção de vocês para uma leitura complementar do texto da minha querida amiga Sonaly Soares ”A SANTIDADE VOS TORNA BELA”, leiam com atenção, compreendam o quão bela vocês serão em santidade. ”Portanto as pessoas mais bonitas que podem existir nesse mundo, são aquelas que se assemelham a Ele, que foram recriadas nEle, para serem conformadas a imagem dEle (Rm 8.29). O que torna uma mulher bonita e admirável é a vida de Deus que foi gerada nela através da obra regeneradora do Espírito Santo e que se manifesta por meio da pureza, expressada em sua maneira de se vestir, como trata as pessoas, nos relacionamentos, na obediência aos mandamentos do Senhor, na maneira como se comporta com os homens, na forma de falar e em todos os aspectos da sua existência.” (Sonaly Soares)
   Podemos tratar de forma pratica agora, exemplificando algumas roupas, como mini saias, mini biquinis, grandes decotes, ou roupas em geral, que não cumpram a sua função principal que é cobrir, mostrar uma parte o todo de lugares que só devem ser conhecidos por seu marido é errado, o intuito dessas roupas é meramente sexual, a exemplo da mini saia que foi criada pela Mary Quant ela diz que ”Foi com o propósito de tornar o sexo mais disponível… Mini roupas são uma marca daquelas garotas que querem seduzir um homem”. Chamo a atenção de vocês, para Isaías 47:2,3, a Babilônia retratada como uma mulher que se exibe: “Toma a mó, e mói a farinha; remove o teu véu, descalça os pés, descobre afinal as pernas e passa os rios. A tua vergonha se descobrirá, e ver-se-á o teu opróbrio; tomarei vingança, e não pouparei a homem algum”. Vestir-se de forma moderada nunca vai indicar que nos vestiremos de forma brega, ou feia, e sim com elegância, se vestir bem, nunca vai ser o mesmo que se vestir de forma provocante. Nós, certamente devemos seguir os Puritanos em sua preocupação com a moderação no vestir, porque esta é uma exigência Bíblica, tanto para o século 17, quanto para o século 21.
Soli Deo Gloria.
Rebeka França

sexta-feira, 20 de março de 2015

O QUE SIGNIFICA CRER NO PERDÃO DOS PECADOS? COM A PALAVRA C.S. LEWIS



        Falamos muita coisa na igreja (e também fora dela) sem pensar no que estamos falando. Por exemplo, dizemos no credo: “Eu creio no perdão dos pecados”. Fiquei repetindo isso por muitos anos antes de me perguntar por que isso estava no credo. À primeira vista, parece difícil valer a pena explicar. “Quando alguém é cristão”, pensei comigo, “é claro que acredita no perdão dos pecados. É uma evidência gritante.” Porém, parece que quem escreveu e compilou os credos achou que essa era uma parte da nossa crença que precisávamos lembrar toda vez que fôssemos á igreja. Depois que me dei conta disso, se me perguntassem hoje, eu diria que eles estavam certos. Acreditar no perdão dos pecados não é tão simples quanto eu pensava. A crença real nesse tipo de coisa facilmente nos escapa se não tivermos a disciplina de continuar alimentando-a.
       Acreditamos que Deus perdoa os nossos pecados, mas também que ele não o fará a menos que nós perdoemos os pecados que as outras pessoas cometem contra nós. Não há dúvida sobre a segunda parte dessa declaração. Está escrito no Pai-Nosso e foi fortemente enfatizado pelo nosso Senhor. Se você não perdoar, não será perdoado. Não há parte mais clara no ensinamento de Jesus, e ela não dá margem a exceções. Deus não diz que devemos perdoar os pecados dos outros se eles não forem tão assustadores ou desde que existam circunstâncias atenuantes ou algo desse tipo. Devemos perdoá-los todos, não importa o quanto eles sejam malignos, miseráveis e frequentes. Se não o fizermos, também não seremos perdoados de nenhum dos nossos.

Extraído de O Peso de Glória, escrito por C.S. Lewis.

LÍDIA SANTOS
https://www.facebook.com/lidiasantoss?ref=ts&fref=ts



quinta-feira, 19 de março de 2015

É MUITO FÁCIL DE NOVO?


E mais uma vez falo sobre a facilidade de ser conselheiro de uma turma como a UMP da IV. Pode parecer repetitivo, mas é verdade. Uma turma de jovens cientes de sua condição de pecadores e carentes da graça de Deus. E, por meio dessa graça, vem buscando viver o Evangelho para a glória do Senhor. A prova disso é que eles tem me suportado já há algum tempo. Tempo no qual tenho aprendido muito, crescido ao entender o ânimo, a vontade de trabalhar, as precipitações naturais da juventude, suas ansiedades, frustrações, alegrias, vitórias e derrotas. Mas acima de tudo, um desejo imenso de servir ao Senhor e amá-lo de toda a sua alma, com todas as suas forças e entendimento. E aprender com professores desse naipe é muito fácil, realmente. Por isso que eu digo ser fácil ser conselheiro dessa turma. O que tento passar pra vocês aprendo com vocês mesmo. Teria melhor fonte? Duvido.
Foi assim nos vários momentos que Deus nos proporcionou.  DJP em Natal (2013), Congresso da Sinodal (2013), Congressos da Federação, Aniversários de nossa UMP (2013, inesquecível e 2014 estão ai de testemunha). E muito ainda virá, pois temos muito a crescer na graça e conhecimento de Deus.
 E aqui chegamos. Nesta semana, reiniciamos os trabalhos do blog, teremos o primeiro culto na igreja dirigido pela UMP na igreja (depois de amanhã) e na próxima quinta reiniciaremos o grupo de estudos com o novo livro. Vocês perceberam que todas estas coisas concentraram-se nesses dias? E vendo isso, só me resta louvar a Deus pela vida de cada um de nossos jovens e que Ele, sem sua graça e sabedoria, nos mantenha alegres na esperança, fortes na fé, dedicados no amor, unidos no trabalho.
E trabalho não falta este ano. E o primeiro deles, aqui em curso. Que Deus abençoe grandemente os leitores de nosso blog. Que nossos textos venham carregados de graça e sabedoria. Teremos ainda o Dia do Jovem Presbiteriano em João Pessoa, no mês de maio, Congresso da Sinodal em Julho, Congresso da Federação em dezembro e uma série de trabalhos neste ano. Nosso 22º aniversário, onde teremos o Rev. Paulo Brasil e o retorno de Gladir Cabral. E, em cada um deles, oportunidades de aprender mais com vocês. Deus seja conosco. E não vou me cansar de dizer: É muito fácil.

Vamos em frente.





quarta-feira, 18 de março de 2015

Tens Certeza Que És Salvo?





O Pastor Paulo Júnior traz uma breve meditação descrevendo como enxergar a diferença entre dois tipos de "crentes": o nascido de novo, alguém que teve uma experiência verdadeira com o Espírito Santo e um "Simpatizante" do Evangelho ou mero religioso.

O vídeo nos faz refletir sobre como está a nossa caminhada com Deus. Reflitam e sejam edificados!

Clique abaixo e assista.

Tens Certeza Que És Salvo ? - Paulo Junior

terça-feira, 17 de março de 2015

Uma lição que é aprendida em meio a lágrimas

Eis que fizeste os meus dias como a palmos; o tempo da minha vida é como nada diante de ti; na verdade, todo homem, por mais firme que esteja, é totalmente vaidade.
Salmos 39:5

Confiamos demais em nós mesmos. Apresentamos um quadro grave de fobia ao desconhecido e inesperado. Até os mais aventureiros entre nós, só desejam a adrenalina nos limites da sua diversão, pois uma coisa é permitir que seu corpo seja atirado do alto de uma ponte, amarrado apenas por uma corda, outra totalmente diferente é permitir que alguém tenha acesso irrestrito a nossa conta bancária e que cuide de nossos interesses em nosso. Odiamos perder o controle de nossas vidas. Isso nos apresenta um diagnóstico: o problema não é que confiamos pouco nos outros, mas significa que confiamos demais em nós mesmos, e só.
            Tal procedimento, quando direcionado aos homens, encontra algum respaldo, mas quando direcionamos esta desconfiança a Deus, incorremos numa atitude de completa insensatez e incredulidade. Mas o melhor de tudo é que o Senhor, se nos ama, não permitirá que fiquemos nesta situação. Ele nos arrancará dela. De que forma? O repertório de medidas a serem tomadas por sua santa mão são infinitos, no entanto, estejamos certo que por vezes serão dolorosos, embora sempre bons e necessários.
O Salmista expõe diante de nós um coração que aprendeu estas verdades a custo de bastante sofrimento. Ao contemplar a finitude e brevidade da vida, em comparação com a eternidade de Deus, como podemos procurar estabilidade e segurança em nós mesmos? Seria uma carteira assinada ou imóvel livre de hipoteca mais seguro que a mão que firma todo o universo? Pensamos que estamos no controle de nossas vidas. A dor nos desperta desta imensa tolice. É por isso que muitas vezes, em um minuto tudo vira pó e os planos se desmancham. Se nós somos mera neblina, que dirá de nossos sonhos tão frágeis? A verdade indubitável encontra-se na consciência bíblica de nossas limitações, como afirma o poeta:
Desenho planos, traço a vida, como se eu fosse autor
Pura ilusão eu sei, e acordo sempre que há dor. [...]
Ainda que a vida às vezes doa contigo eu quero prosseguir
Não sei pra onde, quando, nem muito menos como
Mas sem com que eu vou
Sei a quem eu vou seguir (Gladir Cabral)
As decepções são alertas do Senhor. Deus as usa para nos lembrar de nossa fragilidade. Nossa alma só está segura quando repousa Nele. Sem ansiedade, e sem a tola pretensão de controlar os rumos de nossa vida.
Quando os sonhos que transformamos em ídolos tornam-se pó diante de nossos olhos, a misericórdia do Senhor nos acolhe, enxuga nossas lágrimas e aplica a nossos corações a mais preciosa promessa para os momentos de dor: Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele o fará (Salmos 37:5).
É assim que devemos andar. Olhos fitos Nele e corações curvados diante de sua soberania. Ele deseja ser o nosso único recurso infalível, e para isso irá frustrar todas as nossas rotas de fuga, todos os sonhos que nos prometam estabilidade a parte Dele. E quanto isto ocorrer, levante a cabeça e siga. Confie no mestre que vai à sua frente. Ele cuida de seu povo e seu grande e soberano plano jamais será frustrado. Os teus podem se frustrar, mas os dele não. E acredite: os Dele são sempre melhores. Viva pela fé!

Pb. Rodrigo Ribeiro

terça-feira, 10 de março de 2015

Rejeitando a Governança de Deus: Uma exposição de 1 Samuel 12




Temos ouvido e aprendido em nossa carreira cristã sobre a soberania de Deus e sobre o seu governo eterno sobre tudo. Esse, sem dúvidas, é o atributo de Deus que mais deve dar segurança aos seus filhos. Pois nenhum dos seus desígnios será frustrado e todas suas promessas serão cumpridas.
No livro de 1 Samuel capítulo 12, vemos a narrativa da ocasião em que Samuel resigna o seu cargo e entrega ao povo o governo de um rei. Pois o povo de Israel clamara anteriormente por essa forma de governo, alegando que as outras nações têm um rei para si que governa absolutamente sobre o povo.  E, antes de fazer qualquer exposição do capítulo 12 de 1 Samuel, lembro-me paralelamente do conhecido texto de Romanos 12:2:
 ”E não vos conformeis com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus”. 
O primeiro erro é identificado desde a motivação do povo de Israel em parecerem-se mais com o mundo, com a forma de governo das regiões vizinhas. No entanto, sigamos no texto de nosso estudo para tentarmos extrair fielmente o que nos dizem as escrituras. Leiamos:
Então disse Samuel a todo o Israel: Eis que ouvi a vossa voz em tudo quanto me dissestes, e constituí sobre vós um rei.
Agora, pois, eis que o rei vai adiante de vós. Eu já envelheci e encaneci, e eis que meus filhos estão convosco, e tenho andado diante de vós desde a minha mocidade até ao dia de hoje.
Eis-me aqui; testificai contra mim perante o Senhor, e perante o seu ungido, a quem o boi tomei, a quem o jumento tomei, e a quem defraudei, a quem tenho oprimido, e de cuja mão tenho recebido suborno e com ele encobri os meus olhos, e vo-lo restituirei.
Então disseram: Em nada nos defraudaste, nem nos oprimiste, nem recebeste coisa alguma da mão de ninguém.
E ele lhes disse: O Senhor seja testemunha contra vós, e o seu ungido seja hoje testemunha, que nada tendes achado na minha mão. E disse o povo: Ele é testemunha.
1 Samuel 12:1-5
O profeta começa sua defesa declarando ao povo a sua integridade na obra que o Senhor havia entregado em suas mãos. O povo queria um rei, como em outros povos. Mas Samuel os adverte sobre os impostos, opressão e outras consequências do que aconteceria após essa mudança na nação de Israel, enquanto mostra também que nunca foi achado em opressão para com o povo. 
E prosseguimos:
Então disse Samuel ao povo: O Senhor é o que escolheu a Moisés e a Arão, e tirou a vossos pais da terra do Egito.
Agora, pois, ponde-vos aqui em pé, e pleitearei convosco perante o Senhor, sobre todos os atos de justiça do Senhor, que fez a vós e a vossos pais.
Havendo entrado Jacó no Egito, vossos pais clamaram ao Senhor, e o Senhor enviou a Moisés e a Arão que tiraram a vossos pais do Egito, e os fizeram habitar neste lugar.
Porém esqueceram-se do Senhor seu Deus; então os vendeu à mão de Sísera, capitão do exército de Hazor, e na mão dos filisteus, e na mão do rei dos moabitas, que pelejaram contra eles.
E clamaram ao Senhor, e disseram: Pecamos, pois deixamos ao Senhor, e servimos aos baalins e astarotes; agora, pois, livra-nos da mão de nossos inimigos, e te serviremos.
E o Senhor enviou a Jerubaal, e a Bedã, e a Jefté, e a Samuel; e livrou-vos da mão de vossos inimigos em redor, e habitastes seguros.
1 Samuel 12:6-11
Aqui está um ponto deste capítulo que muito me encanta e deve ser perceptível aos nossos olhos constantemente nas escrituras. Após defender-se e em exortação ao povo, Samuel não opta por falar por si próprio e também não há uma nova revelação em que o povo seja exortado. Mas Samuel faz menção aos acontecimentos anteriores, ou seja, às escrituras. 
É disso que nós precisamos. Púlpitos que preguem os ‘acontecimentos anteriores’, pregadores que tenham um fiel compromisso com as escrituras; que rejeitem veementemente outras revelações, outro evangelho, outro Cristo. É assim que Samuel combate a rejeição a governança de Deus: fazendo menção à própria Palavra de Deus.
E é sobre essa rejeição que o próximo versículo fala. Vejamos:
E vendo vós que Naás, rei dos filhos de Amom, vinha contra evós, me dissestes: Não, mas reinará sobre nós um rei; sendo, porém, o Senhor vosso Deus, o vosso rei.
1 Samuel 12:12
Aqui fica claro o ponto chave da nossa observação. O tema central sobre o que estamos discorrendo. O povo de Israel, a quem Deus havia operado maravilhas, dado livramentos, conduzido desde Abraão, Moisés até aqui, rejeitou o senhorio de Deus. Rejeitou a sua governança.
Oh, igreja! Vens fazendo isso repetidamente nos tempos. Todas as vezes que rejeita a palavra de Deus, sempre que diz que seu juízo de valor é melhor do que o de Deus; rejeitas o governo de Deus!
Ora, não foi isso que fez Adão quando decidiu que comeria do fruto desobedecendo a Deus? Por esse instante julgou Adão que a sua vontade era melhor que a vontade do seu Criador. Por esse instante, constituiu sobre si um rei que não era o Deus Todo Poderoso. Constituiu-se rei sobre sua vontade.
O fato é que Deus reina sobre a história da humanidade e não há nada que jamais tenha saído do controle de suas poderosas mãos. E, da mesma forma que a queda de Adão não foi um contratempo, o propósito eterno de Deus estava se cumprindo na vinda de um rei sobre Israel. Um dia, sobre esta nação, reinaria aquele que é Rei dos reis. E que o seu trono seria eterno! Glória a Deus!
E essa soberania já começa a revelar-se em outros atributos de Deus revelados nos próximos versículos: a sua misericórdia e a sua justiça. Trazendo o povo um chamado a obediência e pactuando novamente com o seu povo. Leiamos:
Agora, pois, vedes aí o rei que elegestes e que pedistes; e eis que o Senhor tem posto sobre vós um rei.
Se temerdes ao Senhor, e o servirdes, e derdes ouvidos à sua voz, e não fordes rebeldes ao mandado do Senhor, assim vós, como o rei que reina sobre vós, seguireis o Senhor vosso Deus.
Mas se não derdes ouvidos à voz do Senhor, e antes fordes rebeldes ao mandado do Senhor, a mão do Senhor será contra vós, como o era contra vossos pais.
1 Samuel 12:13-15
Que grande maravilha! Se dependesse de Israel qualquer ponto do cumprimento do pacto feito a Abraão, não teríamos hoje as boas novas do Evangelho. Mas Deus, em seu imenso amor, senso de justiça, misericórdia e soberania selou sozinho o pacto feito com Abraão (Gênesis 15:12-20). Deus é soberano! E ele mostra isso através do profeta Samuel dos versos seguintes:
Ponde-vos também agora aqui, e vede esta grande coisa que o Senhor vai fazer diante dos vossos olhos.
Não é hoje a sega do trigo? Clamarei, pois, ao Senhor, e dará trovões e chuva; e sabereis e vereis que é grande a vossa maldade, que tendes feito perante o Senhor, pedindo para vós um rei.
Então invocou Samuel ao Senhor, e o Senhor deu trovões e chuva naquele dia; por isso todo o povo temeu sobremaneira ao Senhor e a Samuel.
1 Samuel 12:16-18
O Deus de Israel é poderoso! Nada foge das suas mãos. Antes de dar ao povo um rei, Ele prova sua soberania. Aí é como se ele estivesse dizendo ao povo: ‘Vocês querem um rei sobre si, como os outros povos. Mas eu faço a minha vontade e EU colocarei sobre vocês o rei que pedem’.
O povo temeu o que Deus poderia lhes fazer. Pois o que diferenciava o povo de Israel dos demais povos era o governo e o senhorio do Deus Vivo indo adiante deles e ordenando tanto a lei, quanto dando as diretrizes do que haveria de ser feito. Agora, o poder de Deus se mostrou mais uma vez ao seu povo que se rebelara contra Ele. Por isso a palavra diz que eles temeram ao Senhor e a Samuel, o profeta do Senhor. 
Estamos terminando o capítulo e aos nossos olhos, vemos que a ira do Senhor deveria consumir esse povo rebelde. Mas se olharmos nossas faces no espelho das escrituras, veremos que esse povo rebelde somos nós, todas as vezes que decidimos que a nossa vontade é melhor do que o senhorio de Deus. Mas, por causa do Seu nome, da Sua fidelidade ao pacto, Deus usa de misericórdia para o seu povo, sempre os trazendo ao arrependimento e à obediência:
Então disse Samuel ao povo: Não temais; vós tendes cometido todo este mal; porém não vos desvieis de seguir ao Senhor, mas servi ao Senhor com todo o vosso coração.
E não vos desvieis; pois seguiríeis as vaidades, que nada aproveitam, e tampouco vos livrarão, porque vaidades são.
Pois o Senhor, por causa do seu grande nome, não desamparará o seu povo; porque aprouve ao Senhor fazer-vos o seu povo.
1 Samuel 12:20-22
Como não ser quebrado por Deus ao ler esse capítulo das escrituras? Quantas facetas do nosso Senhor nos são reveladas nessa passagem? Deus é fiel a Si. Ele é santo, justo, irado, misericordioso, amoroso, compassivo. E temos visto isso no que temos lido agora. O capítulo é encerrado com o sacerdote continuando cumprindo a sua função:
E quanto a mim, longe de mim que eu peque contra o Senhor, deixando de orar por vós; antes vos ensinarei o caminho bom e direito.
Tão-somente temei ao Senhor, e servi-o fielmente com todo o vosso coração; porque vede quão grandiosas coisas vos fez.
Porém, se perseverardes em fazer mal, perecereis, assim vós como o vosso rei.
1 Samuel 12:23-25
O sacerdote ora pelo povo, admoesta o povo, pastoreia. E esse final nos dá a segurança em um Deus soberano, que sustenta os seus sacerdotes e que os susterá até a sua vinda. Nos dá uma nova perspectiva de governo onde ele continua soberano, mas temos a figura de um rei, apontando posteriormente para Cristo como também na sua intervenção sacerdotal através de Samuel. Cristo é o Rei soberano e o Sacerdote Supremo.
Nos alegremos e confiemos pois nEle. O Rei dos reis, Soberano sobre toda a terra e que tem o trono e o reino estabelecido até a eternidade. Somente a Ele toda a Glória.

Walisson Alves