sexta-feira, 25 de julho de 2014

O Fracasso do Cristão e a Misericórdia de Deus

Ao contrário da imagem sempre forte que muitos tentam passar, a vida do cristão é regada de fracassos. Fracassos por desobedecer a seu mestre, fracassos por ser provado e cair, por não conseguir seguir de forma fiel, por não agüentar a dor de ser cristão e muitas vezes ceder.

Devemos antes de qualquer coisa, constatar o problema. Em 1 João 1:8 o apóstolo diz que nos enganamos a nós mesmos quando afirmamos que estamos sem pecados. Paulo fala que não há um justo sequer, ninguém que busque a Deus (Rm 3:10-11). É verdade, perecemos por nós mesmos. Jesus disse que no mundo passaríamos por aflições. No salmo 31 – salmo Davídico, - o salmista revela sua dor no verso 10.

Gasta-se a minha vida na tristeza, e os meus anos, em gemidos; debilita-se a minha força, por causa da minha iniquidade, e os meus ossos se consomem.

Salmos 31:10

A fraqueza é a sina do homem caído. Criar forças é sua luta diária. Possivelmente passaremos dias sem força alguma, mais que isso, teremos vontade de desistir e esquecer-nos de tudo isso. Por diversas vezes nos vemos angustiados pelos nossos erros. Dizemos que amamos um Deus perfeito e ainda assim o entristecemos com nossos pecados (Rm 7:15). A angústia entra em nosso coração e mesmo quando o pecado é particular nos envergonhamos, nos entristecemos, e queremos nos esconder. As nossas iniquidades nos matam diariamente. É árduo!

Além disso, sofremos perseguições (2 Tm 3:12). Não somente os nossos pecados nos tiram a paz, mas também a maldade incrustada no coração de outros homens. Em diversos momentos da história, o povo de Deus foi humilhado e exilado. Muitos cristãos foram torturados por professarem Cristo como Senhor e Salvador.

Paulo sofreu como poucos. Em 1 Co 15:9, afirma que ele mesmo perseguiu a igreja e por isso não era digno do título de apóstolo. Após sua conversão, ele abandonou a antiga vida e provou as consequências dos seus antigos atos. Viveu parte da vida na prisão (Fp 1:13), sofreu com questionamentos quanto a seu ministério (2 Co 12:12), foi açoitado, apedrejado e passou por perigos de morte em diversos lugares (2 Co11:23-27). Ainda assim ele diz que o seu viver é Cristo, e o morrer é lucro (Fp 1:21).

Nos dias de hoje, em nosso país, talvez a perseguição não seja tão aberta, mas, com certeza não podemos desconsiderá-la. Somos “convidados” pela sociedade a abrir mãos dos nossos princípios e dos mandamentos do Senhor. Às vezes nos entristecemos mais ainda por isso vir de familiares próximos, amigos e não muito raramente, dos próprios irmãos em Cristo (1 Co 8:6). A zombaria contra os cristãos verdadeiros é real e deve ser tratada com muito cuidado.

O que fazer então com as nossas angústias? Nos versículo 14 a 16, ele continua.

Quanto a mim, confio em ti, Senhor. Eu disse, tu és o meu Deus. Nas tuas mãos, estão os meus dias. Livra-me das mãos dos meus inimigos e dos meus perseguidores. Faze resplandecer o teu rosto sobre o teu servo; salva-me por tua misericórdia.

Salmos 31:14-16

Davi, sofrido, fracassado e humano, confiou em Deus. Preferiu lançar suas tristezas no Senhor e pedir que Ele resplandecesse seu rosto sobre ele, além disso, pede “Salva-me pela tua bondade”. Apesar de tudo, Deus nos salvou, nos deu vida e nos amou antes da fundação do mundo. Como então iremos ficar ansiosos e preocupados com fracassos, quando temos um Deus em que podemos chorar, lançar nossas tristezas e receber salvação? Deus controla a história e a nossa vida. Essa certeza deve nos servir de consolo em períodos de aflições (2 Co 7:6). Devemos apresentar nossas súplicas a Deus (Fp 4:6)

Quais são os resultados em depositar a nossa confiança em Deus? Nos versos 22-23, Davi completa.

Após falhar, cair, viver com angústias e dizer que viveu como um morto para as pessoas (v12), o salmista revela porque devemos confiar no Senhor. Assustados, nós pensamos como ele, que estamos “cortados” dos olhos de Deus, porém o Senhor ouve as nossas súplicas e preserva os fiéis (v22-23). O consolo de Deus é sempre presente e nos faz regozijar (v7). Em 2 Co 1:3-6, o apóstolo Paulo nos lembra que temos um Deus de toda consolação e que o sofrimento de Cristo se manifesta a nosso favor. Mesmo atribulados e aflitos, somos confortados. Assim, a paz que excede todo entendimento guarda nosso coração em Cristo (Fp 4:7). Por fim, são deixadas duas ordens.

Sede fortes, e revigore-se o vosso coração, vós todos que esperais no Senhor.
Salmos 31:24

Sedes fortes! Deus nos salva com sua misericórdia, mas não podemos usar isso como desculpa para relaxarmos (Rm 6:1-2). A vida cristã não pode ser levada de qualquer jeito. Temos que nos sujeitar a Deus, não podemos ser como o cavalo e a mula que precisam de cabresto e freio (Sl 32:9). Guardar os mandamentos é dever de todo homem, e não podemos fugir dele, pois Deus julgará até o encoberto (Ec 12:13-14). Se semearmos a carne, colheremos corrupção, mas se plantarmos o Espírito, colheremos vida eterna (Gl 6:8-9). Somente nEle podemos revigorar o nosso coração e continuar a caminhada.

Fácil com certeza não é. Mas Cristo nos deixou o Espírito Santo (Jo 14:16-17). Ele é o nosso consolador. Ele está conosco e habita em nós, e se amamos a Cristo, guardaremos suas palavras (Jo 14:23).


Vivemos uma vida cheia de fracassos, cheia de erros, tal qual o rei Davi, nos vemos desesperados (v9-13), mas também devemos confiar (v7-8, 19-20) e louvar a Deus (v21-25). A vitória do cristão é certa, porque não foi feita por nenhum homem falho. Foi produzida pelo único Deus confiável, fiel, misericordioso e soberano, que tem uma vontade boa, perfeita e agradável (Rm 12:12), através do seu filho na cruz. Por causa dEle temos nossas dívidas eternas quitadas, tudo está pago (Jo 19:30). Nossos fracassos não nos tiram de suas mãos poderosas, elas nos acalentam sempre que fracassamos. Nossas dificuldades não nos impedem de seguirmos o caminho correto, antes, sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Ele (Rm 8:28). Como dito antes, os nossos pecados nos matam todos os dias, mas as misericórdias do Senhor se renovam a cada manhã (Lm 3:21-22). Glórias a Deus por isso!

Matheus Gonzaga
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