Em virtude de sua natureza pecaminosa, é possível -- mais possível do que imaginamos -- que ela ceda à tentação e passe a viver de modo contrário à sua vontade e à sua formação religiosa. A crise de fé e de conduta pode durar pouco ou muito tempo.
Por ser verdadeiramente comprometida com Cristo, essa pessoa entristece o Espírito que a selou para o dia da redenção final e entristece a si mesma, além de prejudicar ou interromper a sua comunhão com Deus. Ela também sofre porque a mão do Senhor pesa dia e noite sobre a sua cabeça (Sl 32.4) e a sua consciência a incomoda muito. Isso acontece mesmo que a igreja não saiba o que ela está fazendo de errado. É exatamente essa pessoa que precisa de restauração.
Temos dois exemplos clássicos de restauração, um no Antigo Testamento e o outro no Novo Testamento. Depois de cometer adultério com Bate-Seba e de mandar matar o marido dela, Davi logicamente precisava ser restaurado. Depois de negar covardemente o Senhor Jesus na madrugada da Sexta-Feira da Paixão, Pedro precisava ser restaurado.
Engana-se quem pensa que a restauração é necessária apenas para os cristãos que cometem pecados públicos e escandalosos, como os de Davi, de Pedro e daquele membro da igreja de Corinto que abusou sexualmente da mulher do próprio pai (1Co 5.1). O personagem do Salmo 73 precisava de restauração tanto quanto os acima mencionados. O problema de Asafe não era moral, mas uma crise de fé muito séria. Ele quase perdeu a confiança em Deus quando chegou à errada conclusão de que não adianta coisa alguma conservar-se puro e ter as mãos limpas do pecado, já que os ímpios sofrem menos do que os justos. A ponto de romper com Deus, o cantor precisava ter sua fé restaurada, o que aconteceu quando o Senhor lhe falou ao coração (Sl 73.17).
A restauração pode e deve acontecer depois de qualquer acidente de percurso, depois de qualquer escorregão moral, depois de qualquer queda, depois de qualquer desvio, depois de qualquer trapalhada, depois de qualquer período de frieza espiritual, depois de qualquer crise de fé, depois de qualquer desastre ético, depois de qualquer escândalo, depois de qualquer aborrecimento com a igreja militante.
A restauração espiritual traz de volta a paz interior, a alegria, o entusiasmo, a delícia da comunhão com Deus, a vontade de ler a Bíblia e de orar, a disposição para negar-se a si mesmo e para servir a Deus, à igreja e ao próximo!
Elben Lenz Magalhães Cézar é pastor jubilado da IPB, pastor emérito da Igreja Presbiteriana de Viçosa, diretor de redação e jornalista responsável da Revista Ultimato. Texto publicado na edição 348 (maio-junho 2014).
Com a palavra feita por Cícero Pereira
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