Geralmente nutrimos uma noção de nós mesmos que nem sempre corresponde à realidade. Achamos que está tudo bem, que conhecemos a Bíblia, que vivemos de acordo com ela e até criticamos a superficialidade da teologia dos nossos irmãos pentecostais. Perdura, no entanto, uma realidade muito triste: olhamos para as ruínas do lado de fora dos nossos muros, quando a destruição está rondando o sossego do nosso próprio regato.
Você já reparou como as família não tem se preocupado em aplicar o mandamento de amar o próximo dentro de casa? Nossas crianças sabem falar de cor o mandamento que resume a segunda tábua da lei, mas não sabem demonstrar carinho uma pela outra. Certa vez vi uma cena que me entristeceu muito. Um menino morrendo de sono numa igreja desejava se recostar no ombro de sua irmã mais velha, e ela, sem piedade alguma, o empurrava trazendo-lhe frustração e muito incômodo. Enquanto via aquela cena, eu me perguntava: por que irmãos crentes vivem assim? Quanto custa demonstrar compaixão e amor por quem vive ao nosso lado todos os dias e de quem sentiremos muita falta no futuro?
É muito comum o sentimento de frustração e remorso de quem teve oportunidade de amar e não o fez, quando já é tarde demais para correr atrás do prejuízo. Eu fico me lembrando de quando eu convivia com meus irmãos quando eu era criança. Foram muitas oportunidades de demonstrar carinho, atenção, amizade, que já se foram. Hoje moro a seis horas e meia de distância de uma irmã e de um irmão, dez horas do outro e oito horas da outra. Morro de saudades deles e não posso vê-los na hora em que quero. Jamais pensei em minha infância que eu ficaria distante deles. Provavelmente, ficarei a cerca de 12 horas de avião de distância deles no ano que vem. Queria voltar no tempo para fazer cafuné nas minhas irmãs, para andar de mãos dadas com elas no Shopping, para brincar mais com meus irmãos, conversar mais sobre carros, máquinas e games, e brigar menos com todos eles, mas o tempo não volta jamais.
Por que você, que hoje tem seus irmãos perto de você deveria tratá-lo apenas com rivalidade? Trate com amor! O mandamento de amar o próximo começa dentro de casa. Se você não ama a seu irmão, a quem vê, como amará a Deus, a quem não vê? Além disso, a Palavra de Deus nos exorta a amar o próximo não apenas de lábios ou de língua, mas de fato e de verdade. Não é só dizer “eu te amo” de vez em quando; é necessário ir além, fazer favores, buscar água quando ele pedir, pegar a toalha de banho quando ele entra no chuveiro e esquece, sem reclamar. A coisa mais rara hoje em dia é ver um irmão deitado no colo do outro recebendo carinho e afeto. Sim, alguma coisa está profunda e gravemente errada!
Se você leu essas palavras, e se elas pesaram em seu coração, não defenda sua consciência; não formule racionalizações para justificar sua omissão e falta de amor. Admita que você tem sido relapso quanto ao mandamento de amar o próximo dentro de casa. Quer alguém mais próximo do que o irmão ou irmã que mora na mesma casa? Se tem alguém que precisa o tempo todo de nosso amor, é o irmão com quem moramos. Peça perdão a Deus por sua atitude e se esforce a amar de fato e de verdade aquele que passa pelas mesmas lutas e alegrias que você no contexto familiar. Quando vêm as alegrias, vocês estão juntos; quando vêm as tristezas, vocês estão juntos também.
Ame agora, enquanto é tempo. Um dia o conto de fadas vai acabar e a realidade vai colocar milhares de quilômetros de separação. Aí só restará a saudade e a comunicação remota, quiçá a frustração de não ter amado como deveria antes. Infelizmente, será tarde demais.
REV. CHALES MELO
Publicado em: http://www.ipb.org.br/informativos/amor-de-irmaos-1488
Intercâmbio feito por Cícero da Silva Pereira
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