O nosso tema do mês é “surpreendidos pela graça na história”. Fiquei meditando numa questão intrigante: como algo que já passou, é apenas história, passado, pode nos surpreender? Costumamos idealizar como surpreendente algo que não esperamos (ou esperávamos) e que de forma inesperada surge ante nós. Uma das conclusões a que cheguei está num fato comum às pessoas do nosso tempo e, infelizmente, também da igreja: a quase inexistência do ato da contemplação, da reflexão. Hoje, pensar em usar um tempo para refletir, para análise ou para simples (que de simples não tem nada) contemplação dos atos de Deus em nossas vidas, é tomado como tempo perdido, jogado fora, visto podermos estar fazendo algo produtivo em vez de simplesmente pararmos, inertes. Pois bem, vamos analisar alguns pontos que considero importantes para confirmar a tese de que precisamos parar, refletir, para aí sim, sermos surpreendidos pela graça na história.
A análise sincera, reflexão e contemplação são orientadas na Bíblia. No Salmo 139, versos 23 e 24, Davi clama que Deus seja o condutor desta reflexão. Já no salmo 103, o mesmo Davi convoca o povo a enxergar, vislumbrar e louvar a Deus pelas maravilhas no meio do seu povo e pela maravilhosa ação de sua misericórdia. E é aqui o ponto principal. Ao fazermos esta viagem para trás, é impossível não nos maravilharmos com o agir de Deus em nossas vidas. Foram tantos os milagres, as correções, as manifestações de amor, livramento e tudo mais, que o único pensamento sincero e honesto de nossa parte é o de surpresa, pois vemos em meio a tanta bênção de Deus, muita incredulidade e ingratidão em nosso coração. E novamente surpresa: o perdão e a disciplina graciosos de um Deus que nos ama, nos adotou e tem cuidado de nós e vai sempre cuidar.
Por fim, este processo nos surpreende pelo fato de, mesmo olhando para o que Deus fez, conseguimos, pela sua surpreendente graça, ter a certeza de que ele continuará executando a nossa história. História esta que ele mesmo já escreveu, antes que houvesse mundo (Sl 139.16). Neste ponto concordamos com Paulo, quando conclama os Filipenses a crer que Deus os conduzirá até o fim da carreira que Ele propôs (Fp 1.6). Só nos resta abrirmos nossos lábios e proferirmos as palavras com as quais Davi iniciou e concluiu o salmo 103: “Bendize, ó minha alma ao Senhor”.
Presb. Cicero Pereira
"...Bendize,ó minha alma,ao Senhor,e não se esqueças de nem um só de seus benefícios..."
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