Jorge Noda é conferencista, escritor, professor, coach, conselheiro e consultor ministerial. É bacharel em teologia. Estudou por um ano e meio no Reformed Theological Seminary em Jackson, MS, Mississippi. É graduado pelo Instituto Haggai em Maui, Hawaii, EUA e também docente do mesmo instituto. É diretor do Instituto de Liderança Estratégica e tem se dedicado ao aperfeiçoamento de líderes em organizações cristãs. Conversamos com ele a respeito de vários assuntos atuais que envolvem a nossa fé:
01 - Nos últimos dias, um vídeo do pastor americano, Mark Driscoll tem causando muita polêmica, pois fazendo a exposição do texto de Lucas 22:42, foi enfático ao afirmar que Deus odeia algumas pessoas, ressaltando que o Senhor odeia não só o pecado, mas também o pecador que o faz deliberadamente. Qual a sua opinião sobre este comentário e sua repercussão?
Creio que nessa discussão tem havido um sério problema de semântica, isto é, a palavra “odiar” tem sido usada em sentidos diferentes. De fato, a Bíblia ensina claramente que Deus odeia não somente o pecado, mas o pecador. Textos com Sl 5:5; Sl 11:5; Lv 20:23; Pv 6:16-19; Os 9:15 são claros em relação a isso. Mas também devemos lembrar que o ódio divino, ou melhor, a ira divina, não pode ser equiparado ao ódio humano. Este é moldado pelo pecado, aquele pela perfeição de Deus. Ao mesmo, é evidente que muitos simplesmente não levam mais a sério esse aspecto do ser de Deus, apesar de todo o testemunho bíblico. Creio que esta controvérsia está sendo útil para nos levar a refletir mais ainda sobre esse assunto.
02 - A responsabilidade social da igreja é um tema que está em alta, assim como a Missão Integral. Esse pensamento tem bases calvinistas ou é heterogêneo, tendo adeptos em denominações das mais variadas correntes teológicas?
Desde que Jesus nos ordenou a sermos sal da terra e luz do mundo, a igreja cristã tem entendido que devemos fazer o bem a todos, especialmente aos da família da fé. Historicamente falando, a Reforma Protestante, por exemplo, foi marcada por profundas reformas sociais. Nos grandes despertamentos espirituais através dos séculos, uma das consequências mais evidentes do avivamento era a compaixão pelos pobres e o engajamento com as causas sociais. Talvez o perigo que enfrentemos aqui é reduzir a missão da igreja às causas sociais. Infelizmente, alguns segmentos do protestantismo atual tem optado por privilegiar esse aspecto em detrimento da pregação do evangelho e da espiritualidade bíblica, deixando assim de promover uma verdadeira missão integral, isto é, completa.
03 - O senhor tem se dedicado a capacitação de líderes cristãos em técnicas de planejamento estratégico. Como preparar as lideranças para desenvolverem estas habilidades gerenciais, mas evitando que os conceitos administrativos influenciem de forma negativa a visão que temos sobre papel da igreja, e do serviço cristão?
Basta nos atermos a todos os princípios que Deus nos ensinou em sua palavra. Desde Gênesis a Apocalipse encontramos um Deus organizado e que gosta de organização, encontramos um Deus que planeja e deseja que seu povo planeje, um Deus que estabelece objetivos e nos encoraja a também alcançarmos objetivos. Creio que só nas Escrituras temos orientação mais do que suficiente para fazermos a sua vontade, realizando a sua obra. Ao mesmo tempo, creio que toda a verdade é a verdade de Deus. Se, pela graça comum, Deus tem dado aos estudiosos da administração e pensamento estratégico percepções que não conflitam com a Palavra de Deus e pode ser ferramentas na missão da igreja, devemos usá-los para a glória de Deus e o bem das pessoas.
04 - No livro "O Caos Carismático", o pastor Jonh MacArthur combate várias distorções apregoadas pelo movimento neopentecostal, e deixa clara sua posição: crê que os dons espirituais, como o de línguas, cessaram. Em seu livro "Somos Deuses?" também é feito um profundo estudo bíblico a respeito das heresias deste mesmo movimento, no entanto a questão da contemporaneidade dos dons não é tratada. Qual o seu posicionamento acerca deste controverso assunto? Estes dons realmente cessaram ou ainda existem, mas é utilizados de forma abusivas por algumas igrejas, o que acaba deixando muitas pessoas céticas com relação a eles?
Não vejo nenhuma justificativa bíblica para afirmar a cessação dos dons espirituais. Pelo contrário, creio que até a volta de Jesus precisaremos deles para edificar a igreja e cumprir a missão. Ao mesmo tempo, devo dizer que tenho profundas reservas em relação àquilo que as pessoas chamam hoje de dons espirituais. Diversas práticas comuns nas igrejas de hoje não tem qualquer sustentação bíblica e tem provocado sérios danos à proclamação do evangelho. Os dons jamais foram dados para promover o mercantilismo ou o culto de celebridades, eles foram dados para a edificação da igreja e para a glória de Deus.
05 - Por fim, gostaríamos de agradecer a sua participação, ressaltando que estamos muito honrados com a sua presença neste espaço, pois sempre foi um Pastor muito admirado por todos nós. Para concluir esta entrevista, desejamos que nos deixe algum versículo e uma mensagem para os jovens que acessam este blog.
“Quer vocês comam ou bebam façam tudo para a glória de Deus” (1 Co 10:31). A razão da nossa existência aqui e na eternidade é a adoração a Deus. Por isso, quero incentivar cada um dos leitores a buscarem, acima de tudo, que Deus seja exaltado através de suas palavras, ações, motivações e sonhos.
Pr. Jorge Issao Noda
@jorgenoda
@rodrigolgd
Quero desde já externar minha admiração por essa mocidade, e pela bela entrevista com o pastor Jorge Noda, certamente um dos pastores mais amados da cidade de Campina Grande.
ResponderExcluirParabéns a todos.