Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de
particular interpretação.
Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.
2 Pedro 1:20-21
Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.
2 Pedro 1:20-21
No evageliquês
brasileiro, não foi difícil encontrar certos comentários nos blogs reformados,
em que aquele que comenta pergunta coisas como “quantas almas já ganhou para Cristo” , “fale de uma coisa que você
conhece” , “não toque no ungido de Deus” ou “você é um frustrado que nunca
falou em línguas ou não possuí dom de profecia” , etc. Os artigos que
geraram tais comentários são aqueles que falam algo sobre megapastores “ungidos”
de nossa atualidade, ou que falam sobre monergismo e sinergismo, calvinismo,
dom espirituais. As agressões que esses comentários contém são as mais absurdas
e demonstram a falta de leitura da bíblia e em função disto, uma conseqüente interpretação
pessoal acerca de assuntos tratados no Santo Livro.
Infelizmente
as interpretações pessoais são bastante freqüentes em tudo e todos que se usam
o termo “evangélico” ao nosso redor. Não se faz uma análise acurada e tudo o
que chega aos nossos ouvidos com o nome de
origem cristã, logo é tida como “ah,
se é de Deus...”. Assim, cada vez mais os evangélicos brasileiros aceitam o
que quer que sejam em detrimento às Sagradas Escrituras simplesmente por fazer
pouco uso delas, tornando-se cada vez mais carismáticos.
“Apesar de vários desejarem atribuir à
Bíblia uma posição destacada de autoridade em sua vida, as Escrituras, com
muita freqüência, ocupam segundo lugar em definir o que eles crêem (o primeiro
é a experiência)” [1]
A
fundamentação da fé cristã deve ser o ponto de partida para toda e qualquer
experiência vivida e não as experiências fundamentando a fé, do contrário é
negligencia a Palavra de Deus. Contudo, não parece existir um limite para a
criatividade do religioso povo brasileiro que passa desde revelações em sonhos,
palavras proféticas e etc. até chegar no quase culto a símbolos ou objetos (as
meias e rosas ungidas, os copos com água em cima da TV, novas unções,
apostolados etc.). Essa falta de limite tem destruído, até certo ponto, a
possibilidade de um crescimento qualitativo do cristianismo no Brasil, aliás,
se é que podemos chamar de cristianismo certas práticas neopentecostais.
Talvez a
maior causa de todo a desordem teológica que temos vivido hoje seja fruto da
desordem quando se ‘estuda’ a Bíblia. Primeiro se lê um texto isolado, que
contenha alguma afirmação que sirva para o que se acha, depois ao seu bel prazer explicar a passagem como se
ela fosse uma alegoria de carnaval bem enfeitada e que chega até a ser
desejável a medida que a aplicação da palavra aumenta a emoção em 1000% e afaga
o ego de quem ouve. Triste realidade! A alegorização das Escrituras tem o mal
de fazer muitos seguidores famintos em ouvir que Deus esqueceu-se da justiça e
passou a ser somente misericordioso, tão lastimável que muitos passam a crer em
qualquer outro ser, menos no Deus verdadeiro.
Por fim, o evangelho
relativizado, mal interpretado e mal exposto é , digamos, “o mal do século”
para o cristianismo, de forma que as pessoas não se vêem mais como pecadoras
nem muito menos reconhecem a dependência de Deus para todo e qualquer propósito
de vida.
As interpretações particulares da Escritura
Sagrada lamentavelmente constituem, em nossos dias, a forma moderna de se
apostatar da genuína fé, pois as experiências não podem ser validas em si
mesmas e nem opiniões próprias constituem a verdade revelada por Deus, mas sim a
inerrante Palavra de Deus devidamente estudada, corretamente interpretada (não pelo
que creio, mas pelo que o Espírito da Verdade revelar) e coerentemente exposta.
É o evangelho que mostra ao homem a sua condição diante de Deus e não o homem
que condiciona o evangelho a ser o que ele imagina que é, diante de Deus.
[1] MacARTHUR, John. O caos carismático. São José dos
Campos-SP. Editora Fiel. 395p.
Por Felipe Medeiros
@Felipe_ipb
Ótimo texto a respeito de uma realidade triste. Enquanto predominar em nosso meio a normatividade das experiências ao invés da supremacia da Palavras, estaremos diante deste cenário deprimente.
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