quarta-feira, 22 de abril de 2015

Pecados Mortificados



"Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena; prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e avareza, que é idolatria" (Colossenses 3.5)
Enquanto deixarmos que pecados de estimação ocupe o trono no coração, a Graça e Santidade sempre se mostrará excessivamente fraca e baixa em nós. Porém, quando tais pecados são destronamos e mortificados pelo poder da Espada do Espírito, Graça e Santidade rapidamente se tornarão mais e mais fortes em nós. 
Quando um homem toma veneno, nada o fará melhor até que aquele veneno seja posto para fora. Pecados não confessados é um veneno para a alma. E amenos que ele seja vomitado e lançado fora pela prática do arrependimento e o exercício da fé no sangue de Cristo, a alma nunca crescerá em Graça e Santidade.

Se, após você ter conseguido subjulgar todas as suas corrupções e os seus mais ousados desejos, quiser atingir graus mais elevados de santidade, Oh, não pense que seus ídolos de ouro e de prata, facilmente irão baixar suas armas e renderem-se com facilidade aos seus pés. Lembre-se que o pecado que tenazmente nos assedia, fará tudo o que ele puder para manter o seu espaço, por isso, é que você precisa se opor a ele com todas as suas forças e esmagá-lo completamente.
Oh! irmãos, lidem com seus pecados como os Filisteus lidaram com Sanção, furou seus olhos e o fez trabalhar forçado num moinho da mortificação, até que toda a sua força foi consumida. 
Li a respeito de um homem que, quando perguntado sobre qual a melhor maneira para mortificar o pecado, respondeu: 

Primeiramente, o melhor meio de mortificar o pecado é meditando sobre morte.
Segundo, medite sobre o dia do Juízo;
Terceiro, medite sobre a alegria do Céu;
Quarto, medite sobre os tormentos do inferno;
Quinto, medite sobre a morte e sofrimento de Jesus;

Sem dúvida que esta ultima fechou com chave de ouro. 
Pois, a visão diária do nosso Salvador sangrando, gemendo, morrendo é a unica coisa que subjulga e mortifica os pecados de estimação. Ô amigos! nunca deixem de olhar para o Cristo Crucificado, até que virtudes fluam dEle para a crucificação daqueles pecados que assediam, os quais fazem o possível para impedir o crescimento e o florescimento da santidade.

(Thomas Brooks)

Publicado e Editado por Clélio Simões
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terça-feira, 21 de abril de 2015

A falta de confessionalidade como razão do caos teológico contemporâneo



Organizar a fé em sistematizações ou resumi-la em credos não é algo somente dos séculos XVI em diante, os judeus usavam a Shema (duas primeiras seções da Torá) para professar a sua fé (exemplo encontrado em Deuteronômio 6:4-9). As varias declarações de fé encontradas no Novo Testamento (João 4:42 , 6:14, 6:69) além do Credo Apostólico datado dos primeiros séculos da igreja cristã que tinha função pedagógica para o batismo dos novos na fé e para combater as heresias da época.
Após o marco da Reforma Protestante, em 31 de Outubro de 1517, o cristianismo teria a sua principal divisão em função dos abusos encontrados em diversos pontos da doutrina da Igreja Católica Romana e embora Lutero inicialmente não tivesse a intenção se fundar uma nova religião, mas sim purificar a igreja de tais desvios e para que ficassem claras as intenções de Lutero, as 95 teses constituíam a exposição publica e escrita dos desvios. Contudo, a resposta protestante aos abusos da ICAR gradualmente foram copilados nos Cinco Solas e também no moto Ecclesia Reformata et Semper Reformanda Est. Posteriormente as confissões de fé Belga (1561), Catecismo de Heidenberg (1563), Segunda Confissão Helvética (1566), Cânones de Dort (1618-1619), Confissão de Fé de Westminster (1647) e seus Catecismos Maior e Menor (1648).
Augustus Nicodemus fala que comumente alguns dos lemas reformados são usados e entendidos de maneira diferente em nossos dias, por exemplo o moto Ecclesia Reformata et Semper Reformanda Est (A Igreja é reformada e está sempre se reformando). Nicodemus diz que o holandês calvinista Gisbertus Voetius (1589-1676), que escreveu tal moto na época do Sinodo de Dort, dificilmente estava se referindo a ‘igreja estar sempre mudando’, de forma que a voz passiva do “Ecclesia Reformata” lembra que o agente da reforma não é a igreja, mas sim o Espírito Santo, que leva os cristãos às Escrituras, entendendo que a verdade não muda [1] . Mas em nossos dias não é bem assim que acontece. Evocando para si a justificativa de que a igreja “está sempre se reformando”, as mais variadas aberrações entraram na igreja com a interpretação errônea que isto significava novas interpretações que não tem nenhum comprometimento com as Escrituras.
Toda falsa doutrina tem como principal argumento o recebimento de novas revelações da parte de Deus, ou seja, começam então a negar o Só a Escritura e assim ao contrário do que pensam ser o progresso da igreja, voltam as práticas da ICAR e regressam a uma situação de obscuridade da qual contrasta fortemente com a iluminação do Verdadeiro Espírito que nos chama a Palavra e somente a ela. A falta de apego confessional deságua na livre interpretação pessoal dos textos bíblicos e não na livre consulta (CFW cap. 1. V), porém é necessário não menosprezar a história da Igreja, onde os Pais da Igreja se esmeraram para explicar passagens e fundamentar a fé cristã, inclusive não rejeitando a doutrina apostólica, mas se apoiando nela.
É obvio que a subscrever uma confissão não é incoerente, a Bíblia é infalível, as confissões não. A autoridade das confissões é vinda da própria Bíblia, por isso ser confessional significa entender que tal confissão é a interpretação mais harmoniosa do Sagrado Texto e isto não coloca a confissão acima das Escrituras nem deixa de lado o lema Só a Escritura. Joel Beeke cita que os primeiros reformadores reconheciam o serviço que as confissões prestavam à igreja na adoração (tarefa doxológica), o testemunho (tarefa proclamadora), o ensino (tarefa didática) e a defesa da fé (a tarefa disciplinadora), ou seja, nas confissões a igreja declara no que ela crê [2].
Sérios desvios doutrinários como o arminianismo, adventismo, mormonismo, liberalismo, neopentecostalismo e etc. tem aparecido pela falta de apego às confissões reformadas. Os Cânones de Dort, por exemplo, foram os cinco artigos escrito contra os seguidores dos ensinos de Armínio. Eles foram elaborados em 154 sessões durante sete meses, rejeitado os ensinos dos remonstrantes. Uma volta no arminianismo, em função do pentecostalismo, não teria ocorrido se fosse levado em conta o trabalho do Sínodo de Dort. Talvez fosse possível evitar a força que neopentecostalismo tem desde Charles Finney. Não obstante Ellen G. White não teria influenciado com seus escritos a volta às praticas da lei cerimonial e civil de Israel por parte do adventismo, quem sabe Joseph Smith Jr tivesse suas duvidas sanadas antes das mesmas o levar a fundar a religião mórmon ou mais talvez ainda mais importante nos nossos dias, o liberalismo teológico fosse apenas uma clara blasfêmia contra Deus.
Claramente o abandono das confissões da época da reforma constitui um perigo que nos fez chegar até o atual quadro de caos no meio evangélico. Somos filhos de um retorno efetivo às Escrituras, principalmente com Lutero e Calvino, mas claramente a ausência literal ou funcional do apego as confissões reformadas como o trabalho da vida dos reformadores e dos Pais da Igreja, nos tem feito perceber a necessidade da ‘igreja ser reformada e sempre se reformar’. Não nesse sentido em que a Palavra é diluída nos achismos das seitas, mas no sentido de volta às Escrituras guiada pelo Espírito Santo.
É importante frisar que não se trata de tornar qualquer confissão um ídolo, mas sim tentar abandonar o ídolo da interpretação particular das escrituras, ou seja, o ídolo do “eu”. Não há duvidas que o espírito deste século tem usado de estratégias que se valem do argumento da comparação das confissões com a tradição romana, para diminuir obra do Espírito ao longo da história da igreja. Confissão alguma tem caráter igual ou superior às Escrituras, inclusive as próprias confissões claramente expressam a inerrância bíblica, algo que tanto a tradição católica nega (igualando-se a Palavra) quanto os líderes carismáticos que negam efetivamente com suas novas revelações e interpretações, a autoridade bíblica.
Um cristianismo confessional sem dúvida expõe mais do que um credo aos de fora da comunhão, o cristianismo confessional tem contribuído para que os próprios cristãos sejam mais conhecedores da Palavra e não sejam levados por qualquer vento de doutrina que se proliferam aos montes à medida que a volta de Cristo se aproxima. Que Deus nos dê a graça de poder encontrar na Sua Palavra a verdadeira espada do Espírito!


[2] BEEKE, Joel R. Vivendo para a glória de Deus. Capítulo 2: pág. 35. Editora Fiel, 2010.


Felipe Medeiros

felipealexandremedeiros@outlook.com

sábado, 18 de abril de 2015

O que é um calvinista? Com a Palavra Augustus Nicodemus



1 – Creio que Deus predestinou tudo o que acontece. O Deus que determinou todas as coisas é um Deus pessoal, inteligente, justo, santo e bom, que traçou seus planos infalíveis levando em conta a responsabilidade moral de suas criaturas. Ele não é uma força impessoal, como o destino. Portanto, as decisões que tomamos não são mera ilusão e nossa sensação de liberdade ao tomá-las não é uma farsa. Eu acredito que as nossas decisões e escolhas são bem reais e que fazem a diferença. Elas não são uma brincadeira de mau gosto da parte de Deus. De uma maneira para mim misteriosa, porém perfeitamente compatível com um Deus onipotente e infinito, ele consegue ser soberano sem que a vontade de suas criaturas seja violentada. Ao mesmo tempo, ao final, sempre prevalecerá aquilo que Deus já determinou desde a eternidade. Encaro essa relação entre a soberania de Deus e a responsabilidade humana como sendo parte dos mistérios acerca do ser Deus, como a doutrina da Trindade e das duas naturezas de Cristo

2 – Creio que Deus predestinou desde a eternidade aqueles que irão se salvar. Esta convicção não me impede de orar pelos descrentes e evangelizar. Ao contrário, evangelizo com esperança, pois Deus haverá de salvar pecadores. Creio que Deus já sabe, mas oro assim mesmo. Sei que ele ouve e responde, e que minhas orações fazem a diferença. Sei também que, ao final, através de minhas orações, Deus terá realizado toda a sua vontade. Não sei como ele faz isso. Mas, não me incomoda nem um pouco. Não creio que minha oração seja um movimento ilusório no tabuleiro da soberania divina.

3 – Não creio que Deus predestinou todos para a salvação. Da mesma forma, não creio que ele foi injusto e nem que ele fez acepção de pessoas para com aqueles que não foram eleitos. Não creio que Deus tenha predestinado inocentes ao inferno, pois não há inocentes entre os membros da raça humana. E nem acredito que ele tenha deixado de conceder sua graça a quem merecia recebê-la, pois igualmente não há pessoa alguma que mereça qualquer coisa de Deus, a não ser a justa condenação por seus pecados. Deus predestinou para a salvação pecadores perdidos, merecedores do inferno. Ao deixar de predestinar alguns, ele não cometeu injustiça alguma, no meu entender, pois não tinha qualquer obrigação moral, legal ou emocional de lhes oferecer qualquer coisa.

4 – Creio que Deus sabe o futuro, não porque previu o que ia acontecer, mas porque já determinou tudo que acontecerá. Por isso, entendo que a presciência de que a Bíblia fala é decorrente da predestinação, e não o contrário. Negar a predestinação e insistir somente na presciência de Deus com o alvo de proteger a liberdade do homem levanta outros problemas. Quem criou o que Deus previu? E, se Deus conhece antecipadamente a decisão livre que um homem vai tomar no futuro, então ela não é mais uma decisão livre.

5 – Creio que apesar de ter decretado tudo que existe desde a eternidade, Deus acompanha a execução de seus planos dentro do tempo, e se comunica conosco nessa condição. Quando a Bíblia fala de um jeito que parece que Deus nem conhece o futuro e que muda de ideia algumas vezes, é Deus falando como se estivesse dentro do tempo e acompanhando em sequência, ao nosso lado, os acontecimentos. É a única maneira pela qual ele pode se fazer compreensível a nós. Quem melhor explica isso é John Frame, no livro "Não Há Outro Deus," da Editora Cultura Cristã, que recomendo entusiasticamente.

6 – Creio que Deus é soberano e bom. A contradição que parece haver entre um Deus soberano e bom que governa totalmente o universo, por um lado, e por outro, e a presença do mal nesse universo é apenas aparente e, por enquanto, sem explicação. Diante da perversidade e dos horrores desse mundo, alguns dizem que Deus é soberano mas não é bom, pois permite tudo isto. Outros, que ele é bom mas não é soberano, pois não consegue impedir tais coisas. Para mim, a Bíblia diz claramente que Deus não somente é soberano e bom – mas que ele é santo e odeia o mal. Ao mesmo tempo, a Bíblia reconhece a presença do mal do mundo e a realidade da dor e do sofrimento que esse mal traz. Ainda assim, não oferece qualquer explicação sobre como essas duas realidades podem existir ao mesmo tempo. Simplesmente afirma ambas e pede que vivamos na certeza de que um dia Deus haverá, mediante Jesus Cristo, de extinguir completamente o mal e seus efeitos nesse mundo.

Deve ter ficado claro que um calvinista, para mim, é basicamente um cristão que aceita o que a Bíblia diz sobre a relação entre Deus e o homem e reconhece que não tem todas as explicações para as questões levantadas. Para muitos, esse retrato é de alguém teologicamente fraco e no mínimo confuso. Mas, na verdade, é o retrato de quem deseja calar onde a Bíblia se cala.

Treco do artigo Os seis pontos do meu calvinismo, publicado em http://tempora-mores.blogspot.com.br/search?q=soberania

Iris Bernardo

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Reformado ou deformado? Algumas reflexões sobre teoria e prática





Temos acompanhado atualmente um grande número de evangélicos, especialmente os jovens, aderindo às doutrinas reformadas como modelo doutrinário. Isto nos alegra, pois é sempre bom ver crentes querendo conhecer mais a Deus através da arcabouço de teses  reformadas. Porém, o que de um lado  nos traz alegria, por outro lado gera uma preocupação enorme ao constatarmos que muitas dessas adesões são feitas apenas por modismo (pra onde a galera tá indo, eu também vou). Poderiam perguntar: "Mas não é bom, pois no meio disso tudo tem gente comprometida?".  Seria, se esta adesão fosse simplesmente fogo de palha, mas não é. E pior, é uma adesão sem compromisso com os princípios bíblico-reformados. E isto causa uma anomalia, uma deformação, um reformado longe do sola scriptura, um cristianismo sem Cristo, um ateísmo prático. Verdadeiras deformações. Estas manifestações não só passam longe dos princípios da reforma como fazem muitos se afastarem deles. Há também aqueles que já vivem em igrejas reformadas e até professaram a fé, acham bonito o modelo reformado, mas na prática vivem do jeito que querem e não desejam prestar contas a ninguém.

Onde quero chegar? No simples fato de que é moda se dizer reformado, mas viver de acordo com isto são outros quinhentos. Ou seja, por mais que se diga cristão reformado e até professe publicamente tal fé, é no viver que isto vai se manifestar.  O grande estopim disto tudo é que, quando se trata de viver as Escrituras, começa-se a relativizar as Escrituras. Eu sei que a Bíblia diz assim, mas.. não tem nada demais. E assim, de nada demais em nada demais, vai se tentando fazer largo um caminho que é estreito, e forçar uma porta também estreita. 

Quando se pergunta a posição de um crente sobre determinado assunto, a resposta começa assim: "Na minha opinião...", quando devia ser: "Conforme as Escrituras..". E assim poderíamos expressar melhor a unidade do pensamento cristão sobre família, governo, trabalho, descanso muitos outros assuntos presentes em nossa visa e que fazem parte de nossa estada nesse mundo. Quando trocamos a Escritura pelo que achamos, caímos no pecado da idolatria e passamos a viver como senhores de nossas vidas. Não, não é assim, pois o "sola scriptura"  (2 Tm 3.15-15) deve ser uma constante em nossas vidas e viver longe disso só vai trazer juízo (Os 4.6). Ao colocarmos as Escrituras acima de nosso pensar, glorificamos a Deus, mortificamos nossa carne e vivemos, na prática, o lema igreja reformada sempre reformando. O oposto também causa prejuízos enormes: à igreja, pois um testemunho de vida longe das Escrituras afeta a todos os membros; ao crente que vive longe dos princípios das Escrituras; e também aos perdidos, que em vez de serem exortados a confessarem e se arrependerem de seus pecados, são estimulados a continuarem atolados em sua miséria por cristãos deformados em sua prática de vida. Será que pensamos nisto quando mantemos ou estimulamos crentes a namorarem descrentes? A Bíblia é clara quando diz não haver comunhão entre luz e trevas. Mas mesmo assim, muitos jovens enveredam por esses caminhos, e quando são exortados, sejam por pais ou por outros crentes, se dizem julgados e não admitem estar fazendo nada de errado. Sexo antes do casamento? Como Deus pode reprovar o amor? estes são apenas  alguns exemplos. No seu livro Ouro de Tolo (p. 13), publicado pela Editora Fiel, John MacArthur afirma que 

"De fato, o discernimento está tão  na moda quanto a verdade absoluta e a humildade. Fazer distinções e julgamentos claros contradiz os valores relativistas da cultura moderna. O pluralismo e a diversidade tem sido exaltados como virtudes mais elevadas do que a verdade. Não devemos estabelecer limites definitivos ou afirmar qualquer absoluto. Isto é considerado retrógrado e deselegante. E, embora esta atitude para com o discernimento bíblico seja esperada do mundo secular, ela tem sido cada vez mais abraçada por um número cada vez mais de cristãos evangélicos.

O livro é de 2005, mas mostra claramente o mal que assola o evangelicalismo brasileiro.

A vida de renúncia está cada vez mais longe dos cristãos modernos. Parece até que textos como Mt 16.25 e 1 Pe 3.8-17 sumiram das Bíblias do povo. Queremos viver uma vida nos regalando do bom e do melhor por aqui, como se isto fosse tudo que temos. A filosofia do "comamos e bebamos que amanhã morreremos" tem afetado os crentes, e estes tem corrido desenfreadamente atrás do tesouro corruptível e deixando o que tem realmente valor em segundo plano (Mt 6.20). É promoção no trabalho, melhores salários, aquisição de mais bens de consumo, nem que pra isso morramos de trabalhar relegando a família, o descanso e o Dia do Senhor.  Como pais dizemos que queremos nosso filhos crescendo piedosamente, mas o entupimos da atividades, preparando-o para este mundo e não para glorificar a Deus neste mundo;dizemos querer nossas filhas sendo esposas submissas e piedosas, mas na prática, enfatizamos o curso superior que ela deve fazer do que qualquer outra coisa. Estas coisas citadas são legítimas, mas se colocadas em primeiro plano desonram a Deus, afastam o crente do culto, pois a atividade (ou trabalho para os adultos) é sempre mais importante. Queremos uma igreja fiel às Escrituras, mas relativizamos a aplicação dos princípios bíblicos por medo de perder membros e a disciplina, uma das marcas distintivas de uma igreja, vai se tornando peça de museu.

No aspecto litúrgico, os cultos tem sido cada vez mais centralizado o homem, as celebrações tem sido cada vez mais transformadas em shows w pastores e cantores se fazem artistas se apresentando enquanto o público sai satisfeito por ter visto o espetáculo da fé. Lamentável. O Soli Deo Gloria há muito tem dado lugar ao Glória ao homem. O pecador , em vez de ser confrontado com seu pecado, tem seu ego massageado, o crente, em vez de prestar um culto a Deus, que receber entretenimento de qualidade. Sobre este assunto e falando especificamente sobre pregação MacArthur diz:

"A pregação 'sensível aos interessados' nutre pessoas centralizadas em seu próprio bem estar. Quando você diz às pessoas que o principal ministério da igreja é consertar para elas o que estiver de errado nesta vida - suprir suas necessidades, ajudá-las a enfrentar seus desapontamentos neste mundo e coisas assim - a mensagem que você está enviando é que os problemas desta vida são mais importantes do que a glória de Deus e a majestade de Cristo. Novamente, isto corrompe a vedadeira adoração."

O cenário é caótico. Em vez de reformados, temos verdadeiros cristão deformados. Mas Deus é fiel com a sua Palavra e sustenta seu povo. Mesmo em meio ao caos, o remanescente é sustentado (veja o exemplo do profeta Jeremias), Josué e Calebe, entre outros outros. Todos estes testemunharam momentos terríveis de desobediência na história do povo de Deus, mas foram sustentados por Deus e se mantiveram firmes na fé.  Assim tem sido com pastores e igrejas que tem, mesmo em meio a dificuldades, pecado e apostasia, mantem-se fiéis a Deus, aos princípios bíblicos e confessionais, sendo sal e luz  neste mundo mergulhado na podridão do pecado. Jovens buscando relacionamentos saudáveis, castos e santos. Mulheres submissas aos seus maridos e homens que amam suas esposas a ponto de dar a sua vida por elas, e assim refletindo a graça do amor de Cristo por seu povo. Pais que orientam seus filhos nos princípios bíblicos, no caminho em que devem andar, vendo-os crescer em estatura, graça e sabedoria, da qual o princípio é o temos ao Senhor (Pv 1.7). Cristãos comprometidos com o mandato cultural, manifestando a glória de Deus nesta sociedade pervertida, sendo bons servos, patrões, alunos, professores, motoristas, e em tudo que Deus nos colocar a fim de glorificar o seu santo nome. Deus nos conduza a estar neste rol. Através da santa reforma pela palavra, abandonamos o conformar-se com o século (deformação), tomando a forma de Cristo (2 Co 3.18), para a glória dele.

Deus nos abençoe

Presb. Cicero Pereira